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RBEn, 31 : 517-524, 1978

MATER N I DADE E MÃE DESAMPARADA

,;. D ra. Ni lz a T eres a Rotter Pelá


* D ra. Cé il a de Alm ei da F errei ra Santos

RBEn/08

PELA, N.T.R., SANTOS, C.A.F. - Maternidade e mãe desamparada. Rev. Bras. Enf.; DF,
31 : 517-524, 1978.

"Embora muitas culturas possam remodelar os fatos da geração


de filhos, a gravidez permanece visível, incapaz de ser escon­
dida, exceto àentro da área das grandes cidades ou das socie­
dades complexas. E mantem-se, de forma absoluta, a diferença
entre a mulher que deu a luz a um filho e a que não deu".

MARGARETH MEAD

o aborto tem sido muito estudado, natal, e que quando a procuram, o fa­
mas razões para levar a têrmo a gravi­ zem tardiamente (PELA, 1972) .
dez em condições sociais adversas para
KLEIN ( 1972) atenta para o fato de
a mãe, não tem merecido igual atenção.
existir, na mãe solteira jovem, sentimen­
Vários autores analisam a situação de to de ambivalência entre seus tradicio­
desamparo dentro do contexto de assis­ nais sistemas de valores e seus anseios
tência somática. Na avaliação do risco de liberdade. Lembra que as j ovens mães
gravídico, as condições sociais, inclusive ' não devem ser estereotipadas, pois cada
a situação de desamparo da gestante, qual tem seu próprio contexto de vida
tem sido levada em consideração (ClARI
particular e que o único fato comum é
JúNIOR & ALMEIDA, 1972) ; foi cons­
o nascimento de uma criança.
tatado que os riscos de mortalidade peri­
Estudo realizado, em um pais onde há
natal são duas os três vezes maiores en­
tre os filhos de paelentes de vida con­ abortamento legal, constatou que em 229

j ugal irregular WARVALHEIRO, 1970) j ovens solteiras grávidas, 151 elegeram


e que, estes tipos de pacientes são as assistência pré-natal e 78 optaram pelo
que mais se omitem da assistência pré- abortamento legal (FISCHMAN, 1975) .

• Docentes da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP.

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PELA, N.T.R., SANTOS, C.A.F. - Maternidade e mãe desamparada. Rev. Bras. Enl. ; DF.
31 : 517-524, 1978.

No presente estudo pretendemos iden­ apoio e por qualquer motivo, inclusive


tificar alguns elementos de apoio que a a morte.
mãe encontra para manter-se grávida,
bem como conhecer as razões que ale ­ RESULTADOS E DISCUSSAO
gam para levar a têrmo a gestação ape­
sar das condições sociais desfavoráveis. Foram entrevistadas 1.831 puérperas
Com o conhecimento dos elementos de durante o período de internação. Destas
apoio, poder-se-á, através do fortaleci­ 1 .586 (86,6 % ) eram casadas e 245 \< 13,4 % )
mento desses elementos, desenvolver não casadas.

uma politica mais eficiente de profilaxia Declararam-se abandonadas pelo pai


do aborto como também proporcionar da criança durante o período de gesta­
maior segurança na orientação e cuida­ ção ll3 puésperas : - 13 casadas ( ll.5 % )
dos prestados à gestante nessa situação. e 100 (88,5 % ) puérperas não casadas.
Considerando-se separadamente os dois
METODOLOGIA grupos, 1.586 casadas e 245 não casadas
comprova-se, como era de se esperar,
Foram entrevistadas, em um período maior incidência de abandono entre as
de 6 meses, 1.831 puérperas internadas não casadas, 100 (40,8% ) que entre as

em : - um hospital do tipo gratuito, um casadas 13 (0,8 % ) .

hospital do tipo previdência social e um


MAES ABANDONADAS : Características
hospital de atendimento misto ( gratuito
da amostra
e previdência) . Destas entrevistadas, ll3
pacientes eram mães abandonadas e
As ll3 puérperas que foram abando­
constituiram a amostra de investigação.
nadas pelo pai da criança tinham idade
que variavam de 15 a 38 anos, eram de
baixa escolaridade (93,8% instrução in­
�ODO
ferior ao ginasial completo e 18,5 % eram
analfabetas) e baixa renda.
Os dados foram obtidos mediante en­
trevista, orientadá por formulário. Na amostra estudada a maior parte,
71 (62,8 % )das mães, estava tendo seu
Um estudo preliminar com ll2 puérpe­
primeiro filho e 42 (37,2 % ) delas j á ha­
ras internadas foi efetuado a fim de tes­
viam tido gravidez anterior. Dentre as
tar o formulário e padronizar as ' entre­
primíparas, 5 (7,1·% ) eram casadas e 7
vistadoras.
(9,9 % ) não eram casadas mas haviam
Através da entrevista, obteve-se in­
tido vida marital com o pai da criança .
formações sobre : identificação da pa ­
As 59 (83,0 % ) restantes não eram casa­
ciente, idade, nível sócio econômico, es­
das e não haviam tido vínculo marital
tado civil e condições de amparo e de­
com o pai da criança.
samparo por parte do pai da criança.
A partir deste ítem prosseguia-se a en­ Já haviam tido gravidez anterior : -
trevista apenas com as mães desampa­ 8 ( 19,1 % ) casadas ; 18 (42,8 % ) não
radas, coletando dados sobre : - tempo casadas que haviam tido vida marital
de abandono, amparo de familiares, mo­ com o pai da criança e 16 (38,1 % ) não
tivação . para levar a gestação a_ têrmo casadas que não haviam tido vida ma­
e intenção de criar ou doar o filho. rital com o pai da criança.

Classificou -se como mãe desamparada Na tabela I pode-se observar que a


pelo pai da criança, aquela que não re­ maioria tinha idade inferior a 25 anos
cebia dele qualquer auxilio financeiro ou e vinculava-se à categoria profissional

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TABELA I - Ocupação · e idade das 113 mães abandonadas pelo pai da criança

Não
Prendas Assalar i ado As salariado
Total
mfJ{pa1
Domésticas
manual manual

14 t-- 20 26 9 1 1 37

20 I- 25 22 16 6 5 1 50

25 I- 30 7 7 3 17

30 t-- 35 3 1 4

35 f- 40 3 1 1 5

TOTAL 61 34 7 10 1 1 13

* Segundo cri tério de PEREIRA , 1 9 69 .

prendas domésticas ou manual assala­ e 30 estavam desamparadas pela famí­


riado. lia.
Nossos resultados são semelhantes ao É interessante observar (Tabela lI)
de SELLEW e FURFEY ( 1951) que afir­ que das 75 que nunca haviam constituído
mam ser as crianças ilegítimas filhos de família com o pai da criança 58 (77,3% )
mães j ovens de baixa camada social. recebiam amparo da famiUa. Este alto
KLEIN ( 1973) cita um estudo realizado índice de amparo sugere a mudança de
entre 46.000 mães solteiras na Califórnia. uma prãtica social observada no pas­
o qual conclui que o estereótipo da mãe sado, isto é, o abandono da mãe solteira.
solteira ser pobre com baixo nível de pela família por ter ela violentado seu
educação e de cor preta estã mudando, sistema de valores relativos à gestação.
visto os índices de maternidade ilegítima BRYAN-LOGAN e DANCY (1974) cha­
estarem aumentando entre brancas. mam a atenção para a situação do rela­
Segundo a tabela II, 75 (66,3 % ) das cionamento familiar entre a mãe sol­
puérperas não casadas não tiveram lar teira e seus familiares, principalmente
constituído com o pai da criança e das o relacionamento com a sua mãe, pois a
25 (22,1 % ) que viveram maritalmente 18 situação de crise da mãe solteira faz com
foram abandonadas antes d o términa do que reapareçam em suas mães sentimen­
2.° trismestre de gestação e 7 no 3.0 tri­ tos relacionados com situações passadas.
mestre de gestação sendo 1 por morte do Este fato chama a atenção no sentido
companheiro. Das 13 casadas 3 tiveram. da enfermeira ter um trabalho a desen­
como causa do abandono, a morte do volver não só j unto à mãe solteira mas
marido. Das 10 que foram abandonas, também promovendo condições de adap­
7 abandonos ocorreram antes do término tação sadia e de manutenção da estabi­
do 2.0 trimestre de gestação e 3 no 3.0 lidade famUlar.
trimestre. Toda j ovem mãe é ansiosa a respeito
Das 113 puérperas abandonadas 83 re­ do cuidado com seu "bebê" e a mãe sol­
ceberam amparo da família de origem teira o é muito mais, pois além do pro-

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TABELA I! - Estado civil, condição ôe amparo pela família, tempo de abandono


em meses das 113 mães abandonadas pelo pai da criança.

nao
Condições casada
casada
do Total
Abandono *F *D F D

A
B
O � 3 2 1 4 2 9
A
N
D 3 � � 4 4 3 II
O
N 6 � 9 1 2 9 2 14
O

M
O I-- 3 1 1
O
R
3� 6 2 2
T
6 1- 9 1
E
1

NUNCA 58 17 75
VIVEU

TOTAL 8 5 75 25 113

*F - Amparo p e l a Famíl i a *D - Des amp aro p e l a Famí lia

blema adaptativo à maternidade apre­ freqüentemente IIl:!1nlfestos (gosta de


senta maior sentimento de ambivalência. criança, medo de abortar, acha pecado
Portanto o trabalho da enfermeira é de ou crime) do que a promessa de apoio
grande importância, por ser um elemen­ de familiares, de terceiros ou do próprio
to que pode ajudá-la a procurar soluções pai da criança.
realisticas e socialmente aceitas para su­ O desej o direto ou indiretamente ma­
perar seus conflitos (DONNEL e GLICK, nifesto de interromper a gravidez pode
1954; CAPLAN, 1961) . ser observado em 25 (22,1 % ) casos 16
(64% ) , medo de abortar; 4 ( 16% ) , não
rI - MAES ABANDONADAS : Motivos sabia como abortar; 4 (16 % ) , falha de
para levarem a gestação a termo. técnica abortiva e 1 (4% ) , o pai da pa­

A análise dos motivos declarados para ciente não permitiu) .


levar a termo a gravidez apesar de c 0I1 - A manifestação do sentimento de auto ­
dições adversas (Tabela lI! ) evidencia punição apareceu em 4 (3,5 % ) casos
elementos afetivos-emocionais como mais (tinham que pagar o erro) .

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A maior freqüência de abandono das dos históriCQ e comparativo no estudo


pacientes pelos companheiros ou esposos dos fenômenos que lhe interessam. O
ocorreu no 1.0 trimestre de gravidez em­ fato recorrente deve ser buscado em ou­
bora não haja diferenças marcantes em tros tempos ou outros espaços culturais
relação aos outros trimestres de gravidez. dada a impossibilidade de montar em
Das 113 puérperas abandonadas pelo laboratório grupos controles que facili­
pai da criança 100 (88,4 % ) declararam­ tem a interpretação dos achados dos
se interessadas em criar o filho e 13 grupos experimentais ou de observação.
( 11,6 % ) pretendem doá-lo. Por isso, a fim de analisar o signi­
Das que pretendem criar 13 ( 13 % ) são ficado dos dados de nossos estudos bus­
casadas, 22 (22% ) viveram maritalmente camos em relato de antropólogos o com­
com o pai da criança ; 65 (65 % ) nunca portamento de outros grupos face à ma­
viveram com o pai da criança. ternidade.
Entre as 13 que doarão o filho 3 Margareth Mead ( 1971 ) a luz do exa­
(23,1 % ) viveram mãritalmente com o me de dados antropológicos de inúme­
pai da criança e 10 (76,9 % ) nunca vi­ ros povos pesquisados concluiu : - a con­
veram com o pai da criança. cepção e o nascimento são fenômenos
Entre as não casadas 12% das que vi­ tão concretos e ineludiveis quanto à
veram maritalmente com o pai da cri­ morte ; a ligação nutriz da mãe com a
ança doarão o filho e 13,3% das que não criança está biologicamente programada
viveram maritalmente tem esta intenção. e aparece j á nas transformações que
Observa-se que o desejo de criar o ocorrem durante todo o período de ges­
filho, mesmo sendo ilegítimO é muito tação, parto e puerpério. Esta programa­
maior do que o desejo de doá-lo. Nossos ção requer mecanismos sociais complica­
achados diferem dos citados por KLEIN dos para que possam ser desfeitos inte­
( 1973) . Este encontrou que metade das gralmente. Examinando alguns grupos
mulheres grávidas solteiras doam seus onde os padrões sociais levam a mãe a
filhos mas aproximam-se dos de FIS ­ matar seus próprios filhos, a autora mos­
CHMAN ( 1975) cuj a amostra estudada, tra este comportamento como fruto de
de 151 j ovens gráVidas não casadas não um processo de socialização que leva os
encontrou nenhuma que mostrasse in­ seres humanos a valorizar o status mais
teresse em doar o filho. do que qualquer outra coisa na vida. Diz
As ligações afetivas com a criança, ao a autora :
lado de valores morais e religiosos, pa­ "Naquelas sociedades que têm um ri­
recem ser os elementos mais identifica­ tual de legitimidade ultra-elaborado, de
dos pelas pacientes para manterem-se modo que os homens se mantém como
grávidas apesar da falta do amparo do bons provedores (do orçamento domés­
pai da criança. Ao ser essa premissa co­ tico) somente ao custo do ostracismo
locada vale salientar que a grande maio­ social da mãe solteira, a mãe de uma
ria (77,3 % ) das não casadas que não criança ilegítima poderá abandoná-la ou
tiveram compromisso de união conjugal, mesmo eliminá-la se o sentido de per­
com lar em comum, com o pai da cri­ tencer a seu sexo for prOfundamente dis­
ança, recebiam apoio da familia. torcido no caso da mulher, mascarando­
Levanta-se aqui a dúvida sobre se a se a expulsão da criança com uma anes­
gravidez foi mantida por sentimentos tesia que a impede de tomar consciên­
morais afetivos ou pelo amparo que re­ cia de que deu a luz, onde sua atividade
cebiam dos familiares . nutriz foi substituída por uma fórmula
A sociologia e antropologia necessi­ prescrita por um pediatra, lá também
tam freqüentemente recorrer aos méto- poderemos encontrar sérios distúrbios

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Tabela I I I - Motivos dec larados· p ara levar a termo a gravide z ; tempo de aban
dono e pre tensão de criar o f i lho .

Nunca
O r 3 3 t- 6 6 1- 9 Viveu
MOTIVO PELO Total
QUAL LEVOU A TERMO
A GRAVIDEZ s* N* S N S N S N

Gos ta de criança - que r i a o fi lho 1 8 1 19 29

Medo de abortar 2 1 2 1 9 1 16

Acha p ecado e/ou crime 1 2 11 2 16

De s conhe cia a gravidez 2 6 2 10

Pos s ui outros f i lhos 2 2 2 1 7

Não s àbia como abortar 1 3 1 4

Tinha apoio de fami liares ; pa-


trões e amigos 1 1 3 5

Dó da criança 2 1 2 1 6

Prome s s a de casamento 4 1 5

Falha tecni ca abortiva 4 4

Tinha que p agar o erro 1 2 1 4

Prome s s a de continuar com o ama-


sio 1 1 2

Crianças nada tem a ver c'om o pr�


b lema 'd os p ai s ' . 2 2

Marido abandonou-a há uma s emana 1 1

Pai dela não deixou 1 1

TOTAL 10 11 2 14 1 65 10 113

* S - Pretende criar o fi lho


* N - Pretende doar a criança

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PELA.. N.T.R., SANTOS, C.A;F. - Maternidade e me desamparada. Bey. BI-u. EDf.; .])11':
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nas atitudes maternais, histúrbios que nal gera crises habitacionais, de ' energia,
poderão difundir-se em toda uma classe de alimentos, poluição ambíental, etc.
ou região, podendo tomar-se de tanta Por outro lado, povos que limitam ou
importância social quanto pessoal". limitaram excessivamente sua natalida­

A primeira observação que se toma de correm ou enfrentaram o risco da ex­

necessário lazer é o fato de não termos tinção como grupo.

um paralelo que permita sa�r quantas A discussão teórica e estatística dos


mulheres abandonadas optaram pela in­ dados demográficos mascara o fato de
terrupção da gravidez visto que traba­ que o nascimento de uma criança é an­
lhamos com a população de puérperas. tes de tudo um fato individual, fruto da
Sabe-se que uma das maiores dificul­ opção ou descuido de um par heterose­
dades é detectar a população real de xual.
abortos em um pais onde o aborto é pas­ A análise dos dados acima, mostra
sivel de punição legal � entretanto su­ qual a camada de nossa sociedade que
gestivo. o fato de que 6% da população está com comportamento de mudança
entrevistada se declararam mãe-aban­ '
de padrões vigentes, e sugere os canaiS
donada e levasse sua gestação a termo. mais efetivos de sustentação para aque­
Pelas observações de Margareth Mead, las que ficam grávidas sem terem o am­
fruto de estudos em outros contextos, paro dos pais das crianças.
podemos admitir que isto significa uma
permissão da sociedade para que o even­ CONCLUSAO
to ocorra. Chama também atenção o fato
de isto ocorrer em determinada camada - Entre 1.831 pacientes entrevistadas
de sociedade, de baixo nivel sócio-eco­ 1 13 (6,1 % ) declararam-se abandonadas
nômico e de baixa escolaridade. lato re­ pelo pai da criança.
vela desconhecimentos ou dificuldades - O abandono ocorre, em ordem de­
para uso de medidas anti-concepcionais? crescente, entre as não casadas sem vin..,
Chama a atenção o fato de '15 (66,3 % ) culo conjugal (75) ; não casadas que ti­
não terem tido vinculo conjugal com os veram vida conjugal (25) e casadas (13) .
pais da criança, sugerindo serem crlan­ - As mães abandonadas no presente
ças geradas em relações sexuais casuais estudo eram de baixo nivel sócio-econô­
ou passageiras. A atitude das famillas mico e baixa escolaridade.
dessas puérperas foi de aceitação em 58 - Entre as 1 13 puérperas abandona­
casos (77,3 % ) mostrando, nesta camada das 83 recebiam amparo da familia .
. de população um respeito pelo fato bio"; - Das 75 não casadas que nunca ha­
lógico, religioso ou moral superior ao viam constituido familla com o pai da
respeito às normas sociais (legitimidade criança 58 (77,3 % ) recebiam amparo da
da familia) . familia.
O pequeno número de mães 13 ( 11,6% ) - A morte como fator de abandono
dispostas a doar seus filhos mostra que ocorreu entre 3 pacientes casadas e 1
também estão mais dispostas a enfren­ não casada mas que havia tido vida con­
tar normas sociais por falarem mais for­ jugal com o pai da criança.
te os valores religiosos, morais ou laços - Motivações afetivo-emocionala mos­
afetivos desenvolvidos com a criança. traram-se mais freqüentes que a ' pro­
Hoj e vivemos em sociedades comple­ messa de apoio de familiares ou ter­

xas, urbanizadas nas quais o problema ceiros.

do equillbrio populacional é constante­ - A maioria ( 100 pacientes) preten­


mente lembrado. O aumento populacio - dem criar o filho e 13 pretendem doá-los.

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- A pretensão de doar o filho ocor­ e 13,3% das não casadas sem vinculo
reu entre 12,0% das não casadas que ti­ marital com o pai da criança e não
veram vida marital com o pai da criança ocorreu entre as casadas.

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