Você está na página 1de 19

CONHECER A MINHA FAMILIA PARA SABER QUEM EU SOU

O AMOR QUE CURA É O MESMO QUE ADOECE

Leila Abdul Ghani

Março 2021
Índice
I introdução
Faz alguns anos que venho buscando em minha caminhada me conhecer, olhar para
dentro de mim, perceber o que afinal meus sintomas, sentimentos e ações falam sobre
a pessoa que me tornei.
Em 2012, iniciei um processo que transformou a minha vida, uma viagem que eu
jamais imaginei que me traria até o ponto em que estou hoje. Fiz um Workshop de
Bert & Sophie Hellinger, eu já havia conhecido as constelações familiares através dos
livros do Bert, já havia lido as ordens do amor e as ordens da ajuda e instintivamente
comecei os meus processos de constelação reunindo amigos e colocando em prática
meus estudos, como dizia o Bert “você foi pescada”, eu fiquei totalmente absorvida e
apaixonada pela técnica e até eu mesma ficava relutante ao escutar dos meus amigos
os benefícios que as constelações estavam promovendo na vida deles. Na época eu era
trabalhadora de um centro espírita e eu constelava os trabalhadores amigos da casa.
Seguiram-se momentos de descoberta, de encontro comigo mesma e com a minha
história. Momentos por vezes dolorosos e difíceis de entender, mas hoje vejo o quanto
foram muito importantes e quanto eu cresci nesta jornada que eu decidi trilhar.
Eu passei por tantas escolas de iniciação, terapêutica indiana, Ayurveda, Reiki, Tantra,
tantos processos querendo entender a mim mesma e as dores que assolavam a minha
alma.
Você leitor deve estar se perguntando de que dores estou falando e para entender isso
vou contar um pouco da minha história pessoal.
Meu nome é Leila Abdul Ghani, sou libanesa naturalizada brasileira, costumo dizer que
a história da minha vida daria um enredo de filme, quando criança pensava que era
uma história de aventura do bem contra o mal, e que eu era uma princesa presa na
torre do castelo, na verdade, não tinha nenhum castelo, e eu também não estava
presa, assim eu me sentia.
Na escola eu inventava histórias, com diversas narrativas e de alguma forma eu
sempre era a vítima, a injustiçada, e ao mesmo tempo a menina rebelde, a
incompreendida, minha relação com a minha mãe era distante, o que me dava mais
motivos para eu me sentir o lado fraco da força.
Eu nasci em Trípoli, cidade litorânea ao norte do Líbano, sou filha do segundo
casamento da minha mãe, de meu pai sou a primogênita, tenho mais dois irmãos filhos
de meus pais, o Mohamed e a Dania irmãos queridos e muito amados.
Das minhas recordações de infância, grande parte dessa construção de memórias vem
de fotografias, algumas poucas lembranças de meu pai, porém eram lembranças muito
agradáveis. Lembro do meu pai brincar comigo, sustentando minha barriga com as
pernas para que eu desse uma cambalhota para trás. Lembro também de olhar meu
pai pelo buraco da fechadura, quando ele ia ao seu banheiro, tinhamos um banheiro
turco em casa no Líbano, meu pai tinha o seu banheiro que era diferente, e lembro
que tinha a sensação que eu gostava bem mais de usar o banheiro do meu pai por isso.
Outra lembrança que povoa a minha mente é uma briga de tapas entre meus pais um
segurando a mão do outro para se defenderem e muita gritaria, quando olho para essa
cena me vejo em um canto chorando e sozinha. Depois disso, medo, solidão e vazio.
A história que me contam é que meu pai depois de uma discussão com a minha mãe,
saiu comigo de casa e me levou para outra cidade, e lá, ficamos escondidos por um
tempo.
Essa cena marcou minha vida, eu estava sozinha no jardim e vejo a minha mãe chegar
e me chamar, e eu, sair correndo para encontra-la e meu pai atrás de mim falando
para eu não ir. Minha mãe me pegando no colo me enfiando no taxi, meu pai atrás
querendo entrar no carro e o taxi partindo.
Meu pai ficando para trás, e assim, começou uma perseguição tipo filme de aventura
mesmo, como “siga aquele carro”!!! Eu ficava imaginando meu pai dizer ao motorista
que estava nos seguindo logo atrás.
Um misto de alegria por ver a minha mãe, e ao mesmo tempo, medo de estar fazendo
algo errado de não ter obedecido ao meu pai.
Falei que era um filme de ação, a meu ver, enquanto criança de cinco anos de idade.
Chegamos em nosso prédio, minha mãe me fez subir as escadas correndo, entramos
no apartamento e a porta foi trancada. Depois esmurrada por meu pai que queria
entrar, choro muito choro, eu falava “deixa meu pai entrar!!!” Mas nada acontecia.
O apartamento estava vazio, cadê os moveis? cadê tudo? Aonde estão as minhas
coisas? A resposta foi que iriamos viajar.
Naquela noite fomos para a casa de uma tia em outra cidade: Beirute. E depois: Brasil,
e depois nenhuma outra lembrança apenas vazio.
Cresci idealizando um herói, um pai, me sentindo a própria cinderela escravizada pela
madrasta. Ela tirou o meu pai de mim, e toda vez que eu perguntava, mamãe dizia, que
ela tinha feito o melhor para mim e para os meus irmãos . Dizia que meu pai nunca se
importou com os filhos, que era uma pessoa acomodada e que não trabalhava, que
dependia de dar golpe nos outros, de tirar proveito das crenças das pessoas que
acreditavam que ele era uma pessoa com poderes místicos, sobrenaturais.
Charlatão era o que minha mãe e meus tios diziam: “não pense nele vai ser melhor
para você”, e não é que eu não consegui parar de pensar nesse “super herói”,
utilizando desse poder para me salvar, bem isso nunca aconteceu...Charlatão era o que
minha mãe e meus tios diziam: “Não pense nele, vai ser melhor para você”, e não é
que eu não consegui parar de pensar nesse “super herói”, utilizando desse poder para
me salvar, bem isso nunca aconteceu...
Lealdades parentais invisíveis, este conceito aponta para a dinâmica de auto
sabotagem, segundo Bert Hellinger, as crianças são boas, fazem tudo pelos pais,
sacrificam-se a serviço de seu sistema. “Não existem crianças difíceis. Existem
sistemas difíceis, algo que, em suas famílias, está desordenado. A principal desordem
em uma família é a exclusão ou o esquecimento de um de seus membros. O que faz
então, a criança difícil? Olha para os que estão excluídos ou esquecidos. Assim que
estes esquecidos são reintegrados de forma visível, as crianças se sentem aliviadas.
Aconteceu, fui uma criança problema, com déficit de atenção, rebelde, que com 7
anos fugiu de casa. Eu imaginava que se eu chegasse até o horizonte que eu visualizava
da minha janela meu pai estaria lá, andei por horas a fio. Anoiteceu e nada de eu
chegar a esse horizonte, estava com fome e cansada, muito cansada...Parei uma
mulher na rua falei que estava com fome, e perguntei se ela não queria me adotar,
pois eu havia fugido de casa. Eu não tinha nenhum documento, apenas a roupa do
corpo e tinha na minha cabeça o telefone de uma tia.
A mulher me deu um lanche e me levou até a sua casa, ligou para a minha tia, que foi
me buscar e me levou de volta para casa, onde eu levei a maior surra da minha vida.
Apanhei com uma tabua que tinha o formato de uma folha, meu corpo ficou
parecendo uma planta roxa.
Com dez anos, tentei me matar, tomando todos os comprimidos da gaveta de
remédios da minha mãe, e graças a providência divina não havia nenhum
medicamento que pudesse ali me matar apenas analgésicos. Ninguém da minha
família entendia de psicóloga infantil, muito menos depressão infantil, esse meu
comportamento é visto até hoje como uma forma de chamar atenção.
A minha vida seguiu, sentia que ninguém me conhecia, ninguém era capaz de me
entender. Eu adorava a escola, adorava ler, para mim triste era o fim de semana. Onde
eu não podia ver os meus amigos e tinha que ficar em casa. Hoje sei que vivi um
processo de alienação parental, e reconheço as marcas na minha postura e no meu
comportamento. Eu só fui reencontrar meu pai 16 anos depois, com 21 anos e minha
liberdade ilusória. Com 21, fui ao Líbano enfim encontrar meu herói, idealizei tanto
esse pai que quando eu o encontro ele não passa de um homem estranho, comum e
desconhecido, não correspondia a minha ilusão infantil, mas aquele abraço, aquele
colo, não me deixaram duvidas, encontrei uma parte de mim que faltava, uma parte
minha que era comum, estranha e desconhecida de mim mesma.

Todos nós temos as lealdades invisíveis. Temos lealdade com sistemas de crenças, com
nossos irmãos, com nossos membros familiares, com nossa religião, tribo, nação, com
nossos avós, para tantas coisas diferentes, temos lealdade para grupos de pessoas que
nem mesmo sabemos.
O que acontece quando você cresce em uma família e seu irmão ou irmã, tem uma
deficiência, você é capaz de ter e ser e fazer mais do que eles? Mais do que seus
irmãos? Você se atreve a ser mais feliz que estes indivíduos? E se seus ancestrais
foram perseguidos, e se foram escravizados? Você é capaz de dizer a seus ancestrais:
“Por favor me abençoem para que eu tenha a coragem para tentar e ser mais feliz que
vocês!”.
Ou você precisa ser leal ao sofrimento? E se seus avós sobreviveram ao holocausto.
E se você tem sangue indígena e vem de uma nação que foi colonizada E se você vier
da Bolivia, Peru ou Nova Zelândia ou Austrália ou Canada ou Estados Unidos, nações
onde os povos indígenas foram massacrados ou foram marginalizados ou foram
apagados do mapa por causa das doenças, ou simplesmente assassinados.
Você se permite ter tudo e deixar sua magnificência brilhar levando em conta o que
aconteceu antes? Isto pode ser igualmente verdadeiro se você é o neto ou
descendente de um perpetrador, ou a vítima deste! Em meu trabalho com
constelações, observei que isto não faz nenhuma diferença. Se você é descendente do
dono dos escravos você como que sabota seu próprio sucesso, por meio de alcoolismo,
por problemas financeiros, pelo consumo de drogas ou até mesmo por suicídio, da
mesma forma como se você fosse descendente dos escravos. De fato, o descendente
dos escravos ou dos colonizados, ou o descendente do dono de escravos e dos
colonizadores, compartilham um destino muito similar. Quem carrega um peso maior?
Em minha experiência o peso é igualmente grande. Fazer esta declaração pode me
trazer muitos problemas, pois muitas pessoas estão focados em fazer a vitima muito
mais importante que o perpetrador.
O ciclo só para quando percebemos nossa própria lealdade, sempre vai haver uma
área de falta que nós não nos permitimos.
Eu não me permito ter tudo porque meu irmão foi deixado para trás ... meus pais
sofreram tanto para me dar o que tenho, não terei mais do que eles, não serei mais
feliz que eles...eu posso não ter o amor de minha vida pois o marido de minha mãe
morreu ou a minha mãe ficou tão desapontada com seu marido e por lealdade a ela eu
terei menos...terei todo dinheiro, mas não o marido...terei a grande carreira, mas não
terei os filhos. E assim, nós nos limitamos, por lealdades que de alguma forma
compensam as desonras e desrespeito àqueles que as sofreram. Isto é o que acontece.
Por isso cabe a nós olhar para o que é realmente necessário, para o que é real.
O que acontece quando somos leais ao sofrimento dos outros? Simplesmente
geramos mais sofrimento. Assim gerações de pessoas podem crescer odiando outro
grupo de pessoas por nenhum outro motivo a não ser... foi o que os pais fizeram, e os
avôs fizeram, e os bisavôs fizeram antes destes...vimos isto na Europa entre católicos e
protestantes, vimos isto entre cristãos e muçulmanos, entre pessoas negras e pessoas
brancas, pessoas de direita e de esquerda etc.
Este tipo de lealdade é destrutiva, não é saudável, estou falando da lealdade da
criança para com seus pais. Se eu sou leal à tristeza do meu pai, ou à sua depressão e
me torno triste e deprimida exatamente como ele de uma forma muito distorcida,
estou próxima a ele e existe então a esperança de que alcançarei o que queria. Me
fundir, ser trazida para dentro de seu coração, ter a experiência de estar fundida ao
amor dele. Se eu sou leal à raiva da minha mãe, para com estas pessoas ou aquela
pessoa, então me torno próxima a ela. E assim podemos nos tornar muito leais ao
sofrimento de pai e de mãe, dos avós e de todos os nossos ancestrais.
Trata-se aqui de Lealdade, qual lealdade é saudável e qual não é. Toda lealdade que
diminuir quem você é e que restringe aquilo que você pode vir a ser, restringe sua
própria magnificência, restringe sua energia vital, isto não é saudável!
Muito disto pode ser simplesmente: Ser leal às necessidades de um dos pais.
Eu escutei tantas vezes pessoas descrevendo sua mãe ou seu pai como seu melhor
amigo. E a pergunta é, a amizade é saudável? Porque se este é seu melhor amigo
então você não tem uma mãe. E o que muitas vezes encontro é lealdade à infelicidade
dele ou dela (pai / mãe) e isto restringe muitas, muitas coisas.
Assim nós teremos uma boa carreira, mas não relacionamentos afetivos ou temos o
relacionamento afetivo mas não a saúde. E estas são algumas das principais áreas:
saúde, riqueza, felicidade, amor e nós iremos apanhar uma destas e colocar para fora
porque não podemos ter mais que ela, mais que ele ou mais do que aqueles
ancestrais.
E se você disser não para tudo isto, é uma negação ao que você mesmo é. É necessário
olhar para o que é, para a realidade, aceitar a vida com tudo de bom e tudo de ruim.
Eu mesma, sou um produto da roda do destino e sim, outros sofreram por causa disto.
Portanto se eu minimizar minha vida e obscurecer minha luz por causa deste
sofrimento passado por outros, então isto fará com que todos estes movimentos, toda
esta sobrevivência alcançada, seja à toa, meus ancestrais queriam que eu prosperasse
apesar de tudo aquilo pelo qual tiveram que passar. Não queriam que eu sofresse por
honra a eles. Isto é uma honra deslocada, aprendi isso depois de muito sofrimento e
muitas perdas.
O crescimento interior passa muito por esse processo de “quebrar pedras” necessário
para esse encontro consigo mesmo, as constelações me deram a ferramenta para essa
pesquisa interior, e nesta pesquisa, nesta investigação encontrei a minha família, não a
família que eu enquanto criança idealizei, encontrei a minha família real. Encontrei a
minha história, os meus antepassados, muitos dos dramas familiares e sofrimentos.
Encontrei os meus traumas e o quanto todos eles dificultavam a minha vida e o quanto
esses traumas me limitavam a viver uma vida infantilizada.
Muitas e tantas vezes perguntei a mim mesma: Porque? Porque me sinto assim,
porque essa angustia? Porque as coisas não dão certo comigo, tudo começa bem e
termina sempre muito mal, porque não conseguia transpor as dificuldades? PORQUÊ?
Em 2012 eu fui constelada por Bert Hellinger, me emociono até hoje ao lembrar foi um
dos processos mais dolorosos por que passei, no fim da minha constelação ele disse
“você esta morta” o que isso queria dizer? como assim morta? Eu estou aqui vivinha
da silva . Tantas e tantas indagações, tantas perguntas sem resposta e agora?
Ao longo da minha terapia com constelações familiares com professores maravilhosos
como Sahwenya Passuelo, Joyce Doralice Matos que a propósito tive o prazer de
conhecer em 2012 e que viraram irmãs de alma, e foram elas que me auxiliaram neste
processo de entendimento de mim mesma.
Não pensem que foi simples e que foi fácil, não foi porque eu tinha um véu sobre as
minhas percepções da realidade, eu não fui autorizada pela minha família de origem a
enxergar a realidade como ela é, a minha percepção da realidade era muito distorcida.
Percebi o quanto as constelações, essa dinâmica maravilhosa é importante, e da
grandeza da conexão com este amor que cura e liberta. E foi através das constelações
que encontrei as respostas que eu procurava.
Neste Ebook pretendo compartilhar um pouco do meu caminho .
Tudo começou quando eu me separei do pai da minha filha, e a separação foi difícil,
dolorosa para todos, e muito mais para a minha pequena Sofhia. Eu a via repetindo
minha história e eu faria qualquer coisa para descobrir como parar isso. E foi assim que
comecei a trilhar realmente o meu caminho de desenvolvimento pessoal, o meu
autoconhecimento e aceitação da minha própria história.
Espero de coração que a minha partilha possa ser contribuição e testemunho para
outras pessoas que precisem desta linguagem amorosa que Bert Hellinger nos ofertou.

2. Conceito de família

Família é um conjunto de pessoas que possui um grau de parentesco ou não entre si


que vivem na mesma casa formando um lar.
Lembro da minha infância deslocada, como se eu não fizesse parte daquele contexto
de família, e na minha juventude de ter o desejo profundo de sair de casa e ter a
minha independência, como se eu não tivesse família. Mas na verdade eu sempre tive
família o que o conceito de família nos diz: pessoas... que vivem na mesma casa.
Mas então o que é que eu tanto buscava?
Quando eu tinha mais ou menos 1 ano e meio minha mãe se separou do meu pai e eu
fiquei com meu pai e meus avós e tios paternos até mais ou menos os 2 anos e meio,
parece pouco, mas descobri que esse afastamento gerou em mim o que estudando
constelações é chamado de amor interrompido pela mãe. Que fez que eu criasse a
ilusão na minha cabeça que minha mãe não era a minha mãe. E que grande parte dos
meus relacionamentos serem catastróficos era meu entendimento de afetos
interrompido. Estudando muito mais tarde neurociência afetiva ficou claro, nítido
como meu cérebro respondia e quais mecanismos de defesa eu usava para me
proteger da dor do desamparo apreendido lá com um ano e meio de vida.
Com 5 anos outra separação, minha mãe quando se separou do meu pai no Líbano
raptou os 3 filhos e trouxe ao Brasil e a dor e a sensação de não pertencer aumentou
ainda mais, a minha satisfação era a leitura, era por onde eu escapava, viajava,
sonhava o sonho de outros autores, chorava e ria com outras histórias para não olhar
para a minha dor.
Com 8 anos mais ou menos minha mãe fez uma viagem para o Canadá, sem nos avisar,
ficamos 1 mês na casa do meu tio e lembro de eu ficar na porta esperando a minha
mãe voltar, toda vez que a campainha tocava meu coração disparava, esse mês foi
muito, muito longo e triste.
O tempo passou eu cresci com esse desamparo, e sempre que eu pensava em família
eu sentia um aperto dentro do peito... família me lembrava abuso ... e era um tema
muito doloroso para mim... e eu cresci com uma imagem deturpada de família,
acreditava em uma realidade fantasiosa sobre família.
O que na verdade eu buscava? O que eu queria encontrar na família?

Hoje eu sei que eu buscava o meu lugar, eu queria pertencer, eu queria sentir que fazia
parte ...

Então família é muito mais do que pessoas que vivem na mesma casa. Família é um pacto de
amor, é um vínculo que se cria logo mesmo antes do nascimento, desde aquele momento em
que a alma escolhe nascer naquele sistema familiar, naqueles pais, naquela história... isso é
família. Como diz minha amiga Nishta Cris Barreto, o amor é como um pé de figo, quanto mais
você colhe mais frutos ele te dá, quanto mais amor você dá, mais amor você recebe de volta.

Porém a minha leitura de afetos não me permitia ver a realidade dessa maneira, a minha
leitura de afetos havia sido interrompida lá trás na minha primeira infância, e por muitos e
muitos anos ela orientou a minha realidade e a minha maneira de lidar com o amor e com a
família.

3. O que é ilusão ? O que é realidade?

O que é Ilusão?

O que é realidade?

O que é realidade para você?

Você vê com os seus próprios olhos?

Será que estou vendo do mesmo jeito que você vê?

A forma como eu vejo, o modo de compreender aquilo que vejo, é exatamente igual ao seu?
Certamente não. Cada um tem a forma de perceber a realidade.

A minha realidade é diferente da realidade do outro, o que muda é a percepção de cada um.
Nosso olhar, para um tema específico ou para um determinado fato, tem sempre uma
interpretação própria, subjetiva, moldada pelas lentes das nossas experiências de vida e da
nossa visão do mundo.

Por realidade e perfeição eu entendo a mesma coisa (Baruch Espinosa)


Isso quer dizer que a realidade não erra, a realidade não se questiona a si mesma
a realidade não pensa que uma árvore não deveria ser mais reta ou mais curva, a
realidade não pensa se um ser humano deveria estar mais saudável ou mais doente a
realidade apenas é. E segundo Espinosa é perfeita tal como ela é, para se dizer essa
frase o indivíduo deve ser quase um santo, a maioria de nós olha para a realidade e a
acusa de ser como é, NÃO QUEREMOS ACEITAR A REALIDADE, PREFERIMOS A DOR DA
ILUSÃO.

NÓS SOMOS MUITO HÁBEIS EM CONVERTER REALIDADE COM PROBLEMAS

Existem 3 realidades: a minha, a sua e a realidade como ela é.


Aqui vou abrir um parêntese, olharemos para a verdade interior. A verdade interior não é uma
confissão que fazemos para outra pessoa. Não é uma política de discurso honesto. É algo
muito mais profundo e poderoso.

A verdade interior é uma percepção e mais do que uma percepção. É uma observação sem
julgamentos do que está acontecendo dentro de você enquanto pondera suas revelações
íntimas, NÃO QUEIRA ENCONTRAR CULPADOS, MUITO MENOS INOCENTAR NINGUÉM,
OLHEMOS PARA A REALIDADE COMO ELA É, NÃO COMO IMAGINAMOS QUE É. Cada um de nós
é muito mais do que nossas mentes limitadas, somos muito mais do que nossos corpos, somos
seres transcendentais. quanto mais você despertar para o poder da sua consciência, mais
poderoso se tornará. O universo virá ao seu auxílio com mais facilidade, a vida se torna um
milagre.

4. A depressão
“A pessoa deprimida é, em geral, aquela que não tomou um dos seus pais “Bert
Hellinger.
Bert Hellinger diz que a depressão é uma recusa em aceitar a vida, através das
constelações entrei em contato com a minha negação em aceitar a vida.
Sendo o Amor a força que tudo move e cria... que amor é esse que me leva a negar a
minha própria vida?
“Quando uma criança é prematuramente separada de sua mãe (às vezes, de seu pai),
principalmente quando ainda é muito pequena para entender essa separação, e de
modo especial, quando ela envolve um risco de vida, acontece uma interrupção no
movimento de amor em direção à mãe (ou em direção ao pai). Quanto menor a
criança, tanto mais importante é a mãe, devido à estreita ligação física”
Bert Hellinger
Com um ano e meio aconteceu meu movimento interrompido com a minha mãe e aos
cinco ocorre o movimento interrompido com o meu pai.
“Também o depressivo não receber de seus pais, mesmo que se disponha a dar muito
em sua vida. A depressão pode ser denominada “doença das raízes”. É como se o
depressivo tivesse sido separado de suas raízes, os pais, ficasse privado da seiva e
secasse. QUEM se limita a dar sem receber torna-se oco e vazio, caindo finalmente em
depressão. Com isso já não pode dar e é obrigado a aceitar ajuda em sua doença.
Também aqui podemos indagar: “Que força mais profunda de amor dificulta a alguém
receber de seus pais, e mais tarde, também de outras pessoas? Algumas crianças
pequenas já percebem, ao olhar para os seus pais, que eles estão onerados com
destinos difíceis. Então algo diz na alma delas: ’Agora não posso vir e exigir algo de
meus pais, pois eles não suportarão. Eles podem ficar mal ou mesmo morrer se eu
pegar algo deles” Assim essa criança poupa os seus pais, firma-se nas próprias pernas e
diz a si mesma: “vou conseguir sozinha”.
Se esse padrão se mantém, a pessoa frequentemente vai à exaustão, com todas as
consequências’’.
Quando eu nasci meu irmão mais velho filho do primeiro casamento da minha mãe
tinha 5 anos, meu irmão mais velho por uma intercorrência médica que não aconteceu
na época teve o fluxo de oxigênio no cérebro interrompido desenvolvendo uma
paralisia cerebral, meu irmão não movimenta o corpo do pescoço para baixo, não tem
nenhuma coordenação motora.
Bem quando eu nasci fiquei ictérica e minha mãe com medo de acontecer comigo o
que houve com meu irmão não me amamentou. Então foi como se eu assumisse para
mim mesma que nada mais podia receber da minha mãe, que nada podia exigir dela...
e apesar da dor do abandono sempre me julguei capaz de não precisar de ninguém, eu
acreditava que sozinha eu iria conseguir suportar tudo, essa leitura de afetos foi o
melhor que eu consegui produzir para lidar com a dor. Esse sentir me levou ao máximo
das minhas forças pondo em risco todas as minhas capacidades físicas e mentais,
caindo em um poço escuro, onde por mais que eu fizesse, não conseguia sair.

O medo da solidão e meus relacionamentos fracassados


Se por um lado sentia a dor do abandono, por outro sentia a força da independência,
da vontade de não necessitar de ninguém, de não magoar ninguém nem de dar
trabalho, a necessidade de ser boa para todos pelo medo de voltar a ser rejeitada.
Coloquei na minha cabeça que eu precisava ser perfeita.
E nessa base construí os meus relacionamentos:
Procurei relacionamentos difíceis e mesmo impossíveis, eu era a típica mulher do dedo
podre, escutei tanto que meu pai era uma pessoa ruim, que ele era preguiçoso, que
não sabia sustentar a família, que me envolvi com todo o tipo de homem pior,
inconscientemente para poder dizer a minha mãe, você não deu conta do meu pai e eu
dou conta de homens piores que ele.
Deixei que abusassem de mim física e emocionalmente, com medo de ser rejeitada me
submetia aos abusos.
Sempre quis agradar, negando a mim mesma, meus desejos e vontades ... o outro
estava sempre em primeiro lugar.
Então, que amor é esse que se deixa auto destruir?
E a minha investigação chegou até duas personagens muito importantes: minha avó e
bisavó maternas. Nesta pesquisa familiar sobre elas, percebi o tão perto eu estava
delas, o quanto eu as amava, e o quanto admirava o seu sofrimento, mesmo não as
conhecendo.
Percebi que tinha por elas um amor tão profundo e imenso que fiz tudo para ser igual
a elas, sofrer da mesma forma, cometer os mesmos erros, sofrer as mesmas dores.
Um vínculo de amor muito forte... tudo por amor... sempre por amor.
Soube que minha bisavó lutou ainda adolescente por um amor impossível, se
entregando para ele obrigando-o a se casar com ela. Como foi esse relacionamento
com o meu bisavô? Difícil, conturbado, ficando viúva cedo com 6 filhos para cuidar.
Eu também criei para mim amores proibidos, relacionamentos impossíveis e muito
difíceis.
Então mais uma vez... o amor... o amor incondicional que segue, que imita, que venera
e que adoece, criando situações muito dolorosas para que alguém possa olhar essa
pessoa do passado que sofreu, que lutou, que viveu momentos de grande dor e que
simplesmente ninguém deu conta de ver. A família cala, a família esconde porque é
vergonhoso, porque é pecado, e esta mulher que deu vida, permanecia no monte
daquelas a quem se aponta o dedo de imoral.
Como minha bisavó Leila (temos o mesmo nome) devia ter sofrido no seu tempo por
ter se entregue antes do casamento, como devia ter sido mal falada e criticada!!! Mas
mesmo assim, seguiu a vida, dando vida.

Conexão com a criança ferida abandonada


E quando tudo parecia já ter sido visto e tocado na sua essência, através de uma
constelação, vivenciei o amor profundo por duas crianças abandonadas.
Que crianças são essa? E porque se manifesta? Teria eu na minha família alguma
criança esquecida, abandonada, entregue num orfanato, ou simplesmente tivesse
morrido e ninguém falasse dela?
Numa conversa com a minha mãe, ela confirmou que uma tia dela engravidou também
adolescente e que o bebe havia morrido, porém o campo mostrou que essa criança foi
abandonada, não sei se essa criança viveu, se nasceu, se foi entregue a alguém, se foi
entregue a uma instituição, nada se sabe sobre essa criança. Mas o sistema familiar
sente que ela existiu na nossa história e isso é o que realmente importa, e minha
bisavó Leila, enquanto amamentava dormiu em cima do bebê e ele morreu asfixiado.
Pela minha história de abandono eu me senti profundamente ligada a essas crianças, a
minha ligação amorosa estava vinculada aqueles seres esquecidos, não falados, um
grande trauma familiar, uma vergonha.

Então existe mais alguém que precisa ser visto, que precisa que lhe deem um lugar,
que precisa pertencer a família e ser reconhecida como tal, dar um olhar, dar um
abraço, olhá-las nos olhos e reconhecer a sua dor.
Entregar-lhes essa dor sendo apenas delas e seguir a minha vida livre!

O AMOR QUE CURA


Receber os meus pais e a vida que eles me deram
“Quando os pais dão a vida, agem de acordo com o mais profundo da sua
humanidade, e dão-se enquanto pais aos seus filhos exatamente como são. Não
podem adicionar qualquer coisa ao que são, nem podem deixar qualquer coisa de
fora. Pai e mãe, consumando o seu amor um pelo outro, dão aos seus filhos tudo o
que são. Assim, a primeira das Ordens do Amor é que os filhos tomam a vida como
ela lhes é dada. Uma criança não pode deixar qualquer coisa de fora da vida que lhe
é dada, nem o desejo de que ela seja diferente vai mudar alguma coisa.
Uma criança é dos seus pais. O Amor, se for para ter sucesso, requer que um filho
aceite os pais tal como são, sem medo e sem imaginar que poderia ter pais
diferentes. Afinal de contas, pais diferentes teriam filhos diferentes. Nossos pais são
os únicos possíveis para nós. Imaginar que qualquer outra coisa seja possível é uma
ilusão.
Aceitar nossos pais tal como são é um movimento muito profundo. Implica o nosso
acordo com a vida e o destino, exatamente como nos são apresentados pelos nossos
pais; com as limitações que são inerentes a isso. Com as oportunidades que damos a
nós próprios. Com o enredo no sofrimento, má sorte e culpa da nossa família, ou sua
felicidade e boa sorte, tal como pode acontecer.
Esta afirmação de nossos pais tal como são é um ato religioso. Expressa a nossa
prontidão a dar falsas expectativas, que excedem ou caem de acordo com a vida que
os nossos pais nos deram realmente. Esta afirmação religiosa estende-se para além
dos nossos pais, e assim, ao aceitar os nossos pais, devemos olhar para além deles.
Devemos ver para além deles à distância, de onde a própria vida vem, e devemos
curvarmo-nos perante o mistério da vida. Quando aceitamos os nossos pais tal como
são, reconhecemos o mistério da vida e submetemo-nos a ele.
Você pode testar o efeito desta aceitação na sua alma imaginando-se
profundamente curvado perante os seus pais e dizendo lhes, "a vida que vocês me
deram veio para mim ao preço total que vos custou, e o preço total foi o que custou.
Eu aceito-a com tudo o que vem com ela, com todas as suas limitações e
oportunidades." No momento em que estas frases são sinceramente ditas, nós
reconhecemos a vida como ela é e nossos pais como são. O coração abre-se. Quem
quer que controle essa afirmação sente-se pleno e em paz”.
De palestras de Bert Hellinger

Minha relação com a minha mãe sempre foi muito distante.


Cresci a ouvindo falar mal do meu pai, perdoar o meu pai por tudo o que ele não fez,
quando digo não fez me refiro a minha fantasia de ser salva, perdoá-lo por ele não ser
o pai idealizado por mim foi um caminho de libertação imensa.
Receber dos meus pais a VIDA e tudo o de bom que eles têm… olhá-los e perceber que
dentro de cada alma existe apenas AMOR…e que tudo o resto é aparência, é
personalidade, são máscaras e sombras pessoais…foi uma das descobertas mais
fascinantes deste meu processo.
Sinto que agora olho a minha mãe e sinto: recebo de ti a VIDA…o resto é teu. E olho
para o meu pai e digo: recebo de ti apenas a VIDA…o resto pertence
apenas a você. Curvo-me perante esta grandeza e saboreio uma imensa PAZ!
E este foi um dos passos para a transformação do AMOR QUE ADOECE…EM AMOR
CURADOR!
O olhar e reconhecimento dos excluídos
“A dinâmica fundamental num sistema familiar é que todos os membros têm um
direito igual de pertencer e não é tolerado ferir. Sempre que alguém num sistema
familiar é excluído, gera-se uma necessidade de compensação. Esta dinâmica de
compensação leva a que o membro excluído ou desdenhado seja representado por
um membro mais novo da família, que está inconsciente e sem poder fazer nada
contra essa identificação.
Muito sérias são os distúrbios no comportamento familiar nas crianças, mas
também as doenças, tendência a acidentes e comportamentos suicidas ocorrem
quando as crianças representam inconscientemente uma pessoa excluída para
satisfazer a necessidade de restituição dessa pessoa. Isto mostra uma segunda
característica da consciência do sistema familiar. Assegura justiça para os membros
mais antigos e causa injustiça para os mais novos.
Os membros mais novos da família podem ser libertados de tais enredos quando a
ordem fundamental é restabelecida; quando os membros excluídos são novamente
aceitos na família e recebem o devido respeito.
De Palestras de Bert Hellinger

E agora sim…há um lugar para todos.


Represento apenas o lado materno da minha família porque foi esse lado que
investiguei.
Posso ver que as mulheres da minha família são mulheres que excluem da sua vida os
homens com quem se casam, considerando assim excluídos também o meu
pai…futuramente exclui o meu ex-marido e até o meu primeiro filho seguiu o mesmo
caminho de exclusão.
Olhar os excluídos e recebê-los no meu coração, foi também permitir que todo o
sistema familiar os olhasse e lhes desse o devido valor e lugar no seio familiar.
Senti que deles recebi um olhar de enorme gratidão porque, através de mim, tiveram
voz…foi-lhes dado uma imagem, um reconhecimento.
Essa gratidão sinto-a na paz que o sistema vai trazendo à minha família e na forma
como tudo se vai organizando.
As constelações não são magia. Mas permitem que, na alma tudo se organize e tudo
retome o seu lugar sagrado. E nesse LUGAR…está a autêntica PAZ!

Seguindo apenas o meu sentir e a minha experiência, penso que o método das
constelações é uma ferramenta bastante útil na solução das várias dificuldades que as
crianças hoje em dia enfrentam, seja no relacionamento com pais e professores, seja
na forma como vivem as situações mais simples do dia-a-dia.
Partilha de algumas experiências
Um dia uma mãe que falava da atitude rebelde da filha dizia:
“Sabe Leila, eu cresci sem mãe, sofri muito e tenho muitos traumas, e digo isto muitas
vezes à minha filha para que ela veja o quanto ela é uma privilegiada.” Este genero de
linguagem é terrível para a criança que a ouve. Os traumas da mãe ou do pai…
pertencem apenas à eles e devem ser por eles e só por eles enfrentados. Nunca os pais
podem transportar os seus dramas familiares para a vivência dos filhos. Sem saber,
esta mãe coloca um sentimento de culpa profunda no sentir daquela criança.
Eu ainda tentei dizendo-lhe:
“Mas essa é a sua história. A história da sua filha é diferente.”
Mas a mãe continuou dizendo:
“Sim eu sei, mas só quero que ela saiba o quanto sofri para dar valor ao que tem.”
Nada mais disse e no meu silêncio pensei: “Que peso enorme esta criança transporta
dentro de si.
Os pais jamais deveriam dividir isso com seus filhos, não me excluindo por também já
ter depositado em minha filha expectativas que só diziam respeito a mim.
“As constelações familiares me conduziram a uma nova compreensão das pessoas.
Vi como estamos inseridos em nossas famílias e nossa lealdade a elas.
As ideias fundamentais de Hellinger do que significa estar inserido no contexto familiar
é que me levaram inicialmente a usar a consciência sistêmicas em minha vida.”
PRATICA
Vou partilhar duas práticas que achei muito interessantes do livro “Você é um de nós”
e que podem facilmente fazer parte da nossa experiência.
“Como fazia todos os dias, dei a eles uns exercícios de matemática. Mas ao dar as
instruções, modifiquei-as: com seus pais atrás de você – 5 exercícios e sem eles atrás
de você – 5 exercícios.
Entretanto a tarefa era observar: quando você faz cálculos com segurança_ com ou
sem o apoio interno dos pais? Mais tarde, quando os alunos começaram a gostar da
experiência pesquisaram se o apoio do pai ou da mãe era o mais eficiente. Alguns
perceberam também que um tio, uma irmã ou a avó eram boas ajudas.
Assim com a ajuda de um apoio interno muito alunos puderam aumentar seu
aproveitamento em matemática. Isto alegrou toda a turma e nos concentramos em
perguntas sistêmicas, tais como: “Quem é que me ajuda no meu campo de
trabalho?” ou “Com quem a meu lado melhoro meu aproveitamento?”
2ª – A reverência
A reverência segundo Bert Hellinger“ provoca uma mudança na alma. Podemos sentir
isso em nós quando curvamos levemente a cabeça. Que movimento nasce então na
alma! Algo emerge das profundezas, alcança a cabeça e flui para a outra pessoa. “Com
a reverência agradecemos aos nossos pais a vida que nos deram e tudo de bom que
deles recebemos; reconhecemos que o pai e a mãe são os grandes e nós os pequenos
e os tomamos com tudo o que eles são, aceitando-os profundamente. Explicar esse
movimento às crianças, como um ato simbólico de respeito e gratidão foi outra das
experiências feitas por Marianne Franke- Gricksch com os seus alunos e que passo a
transcrever como algo de grande importância:
“Era surpreendente como todos podíamos sentir exatamente o momento em que o
campo dessas relações se realizava nos representantes. Simplesmente, nesse
momento, tudo ficava ainda mais calmo.
Foram as próprias crianças que descreveram esse fato e ficavam surpresas consigo
mesmas porque todas as vezes se sentiam muito tocadas.
Sempre falavam sobre suas experiências quando representavam pais ou mães. Elas
sentiram-se bem grandes, carinhosas e muito mais sérias.
Expliquei que uma boa postura das crianças perante os pais era de respeito e
gratidão por estarem vivas. Também falava que crianças que conseguiam ter essa
postura recebiam os bons dons de seus pais e se tornavam fortes na vida.
Procuramos por atitudes ou movimentos físicos que expressassem isso. As próprias
crianças tiveram a ideia de se curvarem em frente aos pais. Seguiram-se muitas
constelações em que uma criança simplesmente se curvava em frente a seu pai ou a
sua mãe. Eles adoravam fazer isso!

CONCLUSÃO
“O Amor que cura é o mesmo que adoece… o importante é descobrir a sua Ordem!”
Termino da mesma forma como comecei: com esta frase que tanto revolucionou a
minha vida.
A minha doença, as minhas depressões, a minha vontade de morrer...está neste
AMOR? Num amor que me prende a essa criança que "morre" ou que se "esconde" e
que ninguém sabe nem quer saber?
É este amor que se fala...que adoece... mas que também cura?
Quis eu, por meio da doença, da depressão, da vontade de morrer...juntar-me de
alguma forma a essa criança sem voz?
“Constelar é uma oportunidade maravilhosa de podermos olhar de ONDE afinal
partem as nossas escolhas, ou a nossa dificuldade em levar a cabo uma escolha.”
Será que posso dizer que todas as minhas escolhas do passado...partiram desta
criança? partiram do amor que nutri por ela?...foi nesse amor?...é esse o ONDE
partiram todas as minhas escolhas?... e por isso é tão difícil para mim "levar a
cabo uma escolha"...esta NOVA ESCOLHA...este novo mundo...esta nova
Leila...tão difícil que até o meu corpo reclama por acidentes atrás de acidentes ,
porque não se quer soltar desse AMOR?
Estará neste amor a origem de tudo?....”
Ao terminar, sinto dentro de mim uma enorme GRATIDÃO por tudo que
nestes anos descobri acerca de mim e acerca da forma como posso VIVER e encarar
cada DESAFIO que a vida me oferece.
Estou verdadeiramente APAIXONADA por este caminho do TRANSPESSOAL que
colocou nos meus olhos uma nova forma de VER a minha existência.
Nada está terminado.
Tudo está em aberto, porque a vida é um constante desafio e esplendor!
Apenas posso concluir dizendo que…ESTOU PROFUNDAMENTE GRATA a todos que me
acompanharam nesse caminho.
Gratidão Leila Abdul Ghani

Bibliografia
A pratica das constelações familiares – Jacob Robert Schneider
Palestras de Bert Hellinger – Como funciona o amor
http://www.portais.org/fc/files/02amor.htm
você é um de nós – marianne Franke – Gricksh
ORDENS DA AJUDA
ORDENS DO AMOR

Você também pode gostar