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CURSO DE PSICANÁLISE CLÍNICA

FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO

PATERNIDADE DEFORMADA
E AS PATOLOGIAS DE UMA ADOLESCENTE –
UM ESTUDO DE CASO À LUZ DA PSICANÁLISE

VOLTA REDONDA
2022
2

Francisco de Assis Carvalho

PATERNIDADE DEFORMADA
E AS PATOLOGIAS DE UMA ADOLESCENTE –
Um Estudo De Caso À Luz Da Psicanálise

Artigo apresentado como requisito parcial


para obtenção do título de Psicanalista
Clínica, pelo Curso de Psicanálise Clínica
da Escola de Psicanálise Neide Silveira.

Orientadora: Prof.ª. Neide da Cunha Silveira


Psicanalista Clínica

Volta Redonda
2022
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5
2 DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO 6
3 UMA GESTAÇÃO TURBULENTA 7
4 ALIENAÇÃO PARENTAL 10
4.1 A FALTA DA MÃE 10
4.2 A CULPA E O ABANDONO 14
5 O ABANDONO DO PAI PRESENTE 16
6 CONCLUSÃO 19
7 REFERÊNCIAS 20
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PATERNIDADE DEFORMADA
E AS PATOLOGIAS DE UMA ADOLESCENTE
Um Estudo de Caso à Luz da Psicanálise

Francisco de Assis Carvalho


Neide da Cunha Silveira

Resumo
Este artigo trata de um caso real observado a partir de atendimento de terapia
psicanalítica e se propõe a relacionar as patologias da psiquê de uma adolescente
com as interferências negativas de seu pai, a partir do seu período gestacional. No
bojo do trabalho são abordadas as fases pontuais da vida da adolescente nas quais
as ações consideradas equivocadas do pai ocorreram, sendo as mesmas analisadas
à luz dos conceitos psicanalíticos de formação e desenvolvimento da psiquê humana,
apresentando o que seria ideal segundo o pensamento psicanalítico, os equívocos
cometidos pelo pai e a relação desses equívocos e das experiências traumáticas
vividas pela, então, criança como consequência dos mesmos, e sua relação com as
patologias resultantes das deformações do aparelho psíquico. A produção deste artigo
visa um propósito maior, qual seja, a mobilização rumo a uma conscientização cada
vez maior das pessoas quanto à atenção que se deve dar às necessidades psíquicas
da criança – um adulto em formação – como um germe de uma futura psicoeducação
acessível a toda população.

Palavras-chave: psiquê, estrutura psíquica, ambiente, Winnicott, Klein, Freud.


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1 INTRODUÇÃO:

O comportamento humano e, principalmente, a diversidade que se observa nas ações


e reações, na organização e verbalização de pensamentos, na interpretação e
interação com um mesmo evento, principalmente entre pessoas nascidas e criadas
em um mesmo ambiente, sempre apontou para o fato de que o ser humano é mais do
que o seu meio e mais do que uma organização fisiológica.

A descoberta de Freud de um aparelho psíquico que não apenas armazena memórias


de forma estática e inerte, mas ao contrário, que é dinâmico e cujo funcionamento é
determinante nos sentimentos, desejos e escolhas do indivíduo lançou luz sobre os
diferentes comportamentos observados.

Uma vez que as pesquisas de Freud tenham sido motivadas pelos numerosos casos
de histeria cuja causa não era encontrada nas investigações da fisiologia dos
pacientes, a descoberta do aparelho psíquico revelou também que esta estrutura
psíquica não tem a sua formação a partir apenas das informações genéticas, como o
é a estrutura fisiológica, mas também, por todas as experiências vividas pelo indivíduo
a partir do seu nascimento – segundo Freud – ou da sua concepção – conforme
psicanalistas posteriores a Freud. Assim sendo, a histeria era, grosso modo, o produto
final resultante da matéria prima fornecida, principalmente pela família deste indivíduo
(histérico), mas também, por toda a sociedade que o cercou, para a formação e
funcionamento deste aparelho psíquico.

Os casos de histeria se constituíram na força propulsora de Freud para a investigação


do inconsciente, uma vez que o número alarmante de casos e a inviabilidade de
convívio social por parte da pessoa acometida de histeria alarmavam a sociedade de
então. Porém, o avanço nos estudos do aparelho psíquico acabou por revelar que
todo comportamento humano, bom ou mal, relevante ou indiferente, é determinado
pelas informações que este recebe durante, principalmente, seus primeiros anos de
vida, mas que continuaram influenciando-o ao longo de toda a sua vida.

Uma vez compreendido que a estrutura psíquica não nasce pronta, do ponto de vista
de completude, mas que é construída a partir das informações recebidas do seu meio,
deduz-se, com facilidade, que os pais ou adultos responsáveis são determinantes na
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formação da base da estrutura psíquica de uma criança e que o tratamento


dispensado diretamente a esta, ou indiretamente, pela estrutura física ou pela
dinâmica do ambiente ao qual a criança está exposta, sendo estes considerados
salutares ou insalubres, determinará a saúde psíquica que se revelará em um adulto
equilibrado e ajustado socialmente, ou a enfermidade psíquica manifesta em
desajustes comportamentais e/ou doenças psicossomáticas.

Este artigo se propõe a apresentar um estudo de caso de uma adolescente que


procurou ajuda terapêutica aos 16 anos de idade e que possui patologias psíquicas
que comprometem suas relações sociais, afetivas e, também, sua integridade física.
A investigação psicanalítica aponta a relação com o pai como a causa principal das
patologias. Assim, neste artigo as patologias psíquicas identificadas nesta
adolescente serão pontuadas separadamente e relacionadas, do ponto de vista dos
estudos psicanalíticos, com as experiências vividas com seu pai desde sua infância.

Sendo este um estudo de um caso real, tratado em um atendimento de estágio, esta


adolescente receberá o codinome de “Juma”, a fim de preservar sua privacidade.

2 DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO

Juma procurou a terapia apresentando como queixa principal sua insegurança nos
relacionamentos afetivos, dizendo que, mesmo o atual namorado dando todas as
provas de fidelidade, ela vivia assombrada com a desconfiança de que estava sendo
traída e brigava com ele. Porém, à medida em que as sessões de terapia avançavam,
ficava claro que os problemas eram muito maiores.

Quando Juma nasceu, os pais já estavam separados. O pai tem um histórico de


violência contra as mulheres com quem se envolve e sua mãe sofreu agressões
durante a gravidez e, também, depois da separação. Antes de completar 3 anos de
idade ela já morava com o pai e os avós paternos e estes proibiam que a mãe e a
família materna tivessem contato com ela. Desde muito nova apanhava muito do pai
e da avó. Em uma ocasião o pai a derrubou da escada e ela fraturou o braço. Ela ia
para a escola de Vã e chorava quando os colegas eram recebidos pelos pais na saída
da Escola e ela ia sozinha na Vã. Acreditava que a mãe não a amava e, por isso,
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tinha ido embora. Aos 14 anos decidiu ir morar com a mãe, por não aguentar
agressões e ofensas do pai. A mãe a acolheu, mas como a mãe tinha outro filho mais
novo e que demandava atenção, ela morria de ciúmes. Neste período, começou a
namorar, mas o namorado ficava com outras meninas e não fazia questão de
esconder. Além disso, a ofendia e agredia. Entre os 14 anos e os 15 anos, tentou se
suicidar duas vezes. Após esses dois episódios o pai, que tem um filho do atual
relacionamento, passou a dar atenção apenas a este filho e a tratá-la como uma
estranha. Com 15 anos teve um segundo namorado a quem ela mendigava carinho e
atenção. O namoro durou 4 meses e o rapaz desapareceu sem dar satisfação.
Quando ela descobriu, ele estava trabalhando e morando em outra cidade. Neste
período a mãe, com quem ela estava tendo um bom relacionamento, foi diagnosticada
com câncer e faleceu 1 ano depois, cerca de 1 mês antes do início da terapia.
Atualmente mora com a avó materna que, segundo ela, é alcoólatra. Juma está
namorando um homem de 30 anos de idade, mas a família não sabe. Se relacionaram
por cerca de 2 meses e havia três meses que ele estava preso por tráfico de drogas.
Embora Juma seja uma menina de beleza rara, sendo, inclusive, usada como modelo
fotográfico em um estúdio de sua cidade, se acha feia e, por isso, é insegura nos
relacionamentos. Quando iniciou a terapia, estava sendo transferida de escola pela
segunda vez por causa de problemas de relacionamento com colegas, os quais
evoluíam a ponto de a permanência ficar insuportável. Juma tem crises constantes
de ansiedade e, quando não está na escola, fica trancada dentro do quarto e dorme a
maior parte do tempo. Por algumas vezes, durante a terapia, chorava e dizia que
queria ter morrido no lugar da mãe.

3 UMA GESTAÇÃO TURBULENTA

Diferentemente do que muitos creem e postulam, inclusive fundamentando


equivocadamente no conceito freudiano de que o inconsciente se forma a partir do
nascimento, a psicanálise sempre postulou, a partir do próprio Freud, que
experiências pré-natais produzem memórias que ficam armazenadas no inconsciente
e que interferem no comportamento pós-natal (Elisa/marina).
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Porém, a realidade acerca da vida intrauterina permaneceu oculta por muitos anos,
não permitindo o avanço das pesquisas da formação da psiquê do bebê. Isto começou
a mudar com o avanço da ciência e, a partir da década de 70, com o surgimento da
ultrassonografia e a possibilidade de enxergar o bebê e observar suas reações diante
dos estímulos tanto da mãe quanto do ambiente, possibilitando avançar além do
imaginário do senso comum.

A ciência hoje já comprova que o feto percebe e reage aos estímulos que o rodeiam,
podendo sentir conforto e alegria, bem como desconforto e tristeza, e apresentando
comportamento equivalente aos respectivos sentimentos, o que prova o
funcionamento mental, sendo mesmo possível, através dessa somatização, identificar
traços de personalidade deste bebê que ainda não nasceu e comprová-los após seu
nascimento (Elisa/Marina).

Elane/Andréa citam Winnicott em seu conceito de “preocupação materna primária,


que consiste em um estado psicológico da mãe que a permite se conectar com o bebê,
interagindo com ele e estimulando o seu desenvolvimento. Compreendendo que a
condição emocional da mãe produz estímulos que contribuem para o desenvolvimento
do bebê, naturalmente se depreende que um ambiente hostil no qual a mãe se sinta
desamparada, ameaçada, insegura, esta condição emocional será transmitida ao feto,
afetando a formação do seu aparelho psíquico.

Ainda a respeito do impacto do estado emocional da mãe no psiquismo do bebê no


período pré-natal, a ciência nos dá contas de que esta preocupação é relevante e
fundamentada:

“uma mãe sob forte tensão emocional tende a apresentar alterações


hormonais que ultrapassam a barreira placentária e ocasionam mudanças no
equilíbrio psicofisiológico fetal. É pelo cordão umbilical que surge a inter-
relação física e emocional entre mãe e filho, portanto os primeiros contatos
com o meio externo são através das reações emocionais da mãe, frente ao
que ela pensa, sente e vivencia. Com isso, alterações neurais, hormonais e
humorais da mãe, devido a alguma perturbação emocional, são levadas ao
feto pelo cordão umbilical, agindo diretamente no seu estado emocional,
registrando assim marcas em seu psiquismo que serão decisivas na sua
formação psicoemocional.” (AZEVEDO et al., 2012 – pag.4)
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No conceito winnicottiano de “mãe suficientemente boa” está implícita a necessidade


do apoio do pai ou daquele que o substitua na construção do ambiente seguro que
permite à mãe viver esta conexão psíquica com seu bebê, se permitindo fragilizar em
favor de seu bebê, confiante de que está protegida, compreendida e amparada.
Porém, o próprio Winnicott reconheceu a realidade de muitas mães que não
desfrutavam desta parceria:

“[...] no meu trabalho, aprendi muito sobre as dificuldades que as mães


enfrentam quando não desfrutam uma aposição favorável. Talvez tenham
grandes dificuldades pessoais, de modo que não podem ter um bom
desempenho, mesmo quando são capazes de ver o caminho; ou têm maridos
que estão longe, ou que não fornecem um apoio adequado, ou que
interferem, que são até ciumentos; algumas não têm maridos, mas têm ainda
que criar o bebê” (Winnicott, 1993ª/1993 apud SOARES, 2015 – pag.26).

A conexão mãe-bebê que deve ser desenvolvida durante a gestação e que se estende
após o nascimento é responsável por produzir sensação de acolhimento e segurança
no bebê, promovendo as condições necessárias para seu desenvolvimento psíquico.
Mas se o ambiente inóspito impede a mãe de se voltar para dentro de si e para o seu
bebê e, por isso, se sente desamparada, isto poderá desenvolver no bebê patologias
de desamparo (Elane/Andréa).

Diante deste exposto, voltando os olhos para o caso de Juma, durante o período de
sua gestação, período no qual sua mãe deveria se sentir amada, cuidada, protegida
e suportada nas demandas externas – ambiente seguro - para criar e desenvolver a
conexão psíquica com ela, experimentou, ao invés disso, medo, dor, desamparo,
sendo agredida, ofendida e desamparada por aquele que deveria protegê-la. Toda
esta carga emocional transmitida a Juma durante sua gestação pode se constituir na
base de suas neuroses e, se assim for, comportamentos como se apegar ao
namorado, mesmo quando ele se apresenta infiel, desatencioso, ofensivo e agressivo,
pode estar relacionado com este desamparo primário, de modo que, ainda que não
houvesse nenhuma outra experiência traumática após seu nascimento, sua
experiência pré-natal já justificaria este comportamento.
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4 ALIENTAÇÃO PARENTAL

Não HÁ informação disponível acerca do tempo pós-natal que Juma desfrutou da


companhia da mãe e nem das experiências vividas nesse período. O que se pode
conjecturar é que o fato de a mãe ter sofrido agressões durante a gravidez e ter dado
à luz já separada do pai, e de Juma já estar alienada da companhia da mãe antes dos
3 anos de idade, é que este intervalo tenha sido conturbado o bastante para abalar as
emoções da mãe, comprometendo, assim, as emoções da criança por ela cuidada.

Porém, o ponto a ser abordado aqui é o prejuízo causado a Juma por conta de a mãe
ter sido abruptamente subtraída de sua vida, tendo ela consciência de que a mãe
estava vida, porém, longe.

4.1 A FALTA DA MÃE

Consideremos, a princípio, o vazio causado pela falta da mãe. A relação entre a


criança e sua mãe no início da sua vida é algo tão íntimo que, segundo Freud, para a
criança e mãe é apenas uma extensão dela mesma e é na medida em que sua psiquê
vai se desenvolvendo que seu EGO vai se formando, que ele se diferencia da mãe.

Ao tratar desta relação mãe-bebê, Melanie Klein fala sobre o amor e o ódio sentidos
pelo bebê em relação à sua mãe e sobre a responsabilidade desta mãe, bem como
sua capacidade inata, caso sua psiquê esteja equilibrada, em compreender a
dinâmica emocional da criança e dar-lhe o a atenção e suporte necessários para o
seu desenvolvimento.

“A mãe é o primeiro objeto de amor e ódio do bebê. Ele a ama nos momentos
em que ela satisfaz suas necessidades e a odeia quando seus desejos não
são atendidos e ele sente algum desconforto. Neste momento, surgem
sentimentos agressivos e o bebê é tomado por impulsos de destruir seu
objeto de amor, pois acredita que ele tem relação com todos os seus
sentimentos bons ou ruins. Esses sentimentos de ódio e agressividade
causam no bebê sensações de sufocamento, falta de ar, dentre outros
estados dolorosos, sentidos por ele como capazes de destruir seu corpo,
fazendo com que a agressividade e o medo cresçam.” (KLEIN, 1937/1996
apud PINHEIRO, 2017 – pag,15)”
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No processo de desenvolvimento do bebê através do qual ele passa da condição de


dependência absoluta para a de dependência relativa, fase esta em que ele percebe
que a mãe já não lhe atende tão prontamente quanto antes e que o “não” começa a
fazer parte da sua vida – momento que, segundo Melanie Klein, a criança sai do
estado esquizo-paranóide e passa para o estado depressivo - é também o momento
em que ela caminha na direção de encontrar o pai, o que possibilita a criança transferir
aquela característica dura que começa a perceber na mãe amável e que ela precisa
amar para não perder, para a pessoa do pai. Desta forma, o pai começa a participar,
de fato, da relação mãe-bebê, oferecendo proteção à mãe e garantindo a segurança
necessária para que a criança expresse seus sentimentos destrutivos sem temer
perder o amor da mãe. A seguir, um texto que traduz o pensamento de Winnicott:

“Assim, o pai irá se constituindo como uma duplicação da figura materna, isto
a partir da percepção da criança, tendo em vista a manifestação de aspectos
mais parentais, diríamos, aspectos mais duros e severos, implacáveis,
indestrutíveis, até tornar-se, no futuro do amadurecimento do lactente, uma
figura capaz de suportar, diferentemente da mãe, o ódio e a destrutividade
advinda do bebê” (SOARES, 2015 – pag.30)

Tudo isso tem como propósito preservar a íntima relação entre a mãe e a criança,
possibilitando que a criança desenvolva e expresse as suas emoções enquanto a mãe
as interpreta. A mãe, portanto, não é uma mera cuidadora que dá banho, alimenta e
põe a criança para dormir, de modo que qualquer outra pessoa possa substitui-la. O
vínculo psíquico entre a mãe e a criança possibilita um cuidado que vai além da mera
manutenção da existência. Marlina, desenvolvendo este conceito, fundamenta-se em
Melanie Klein: “[...] Klein aborda a questão do planejamento para a estabilidade emocional da
criança, enfatizando os cuidados necessários da mãe e da família no desenvolvimento da criança. A
mãe atua como receptáculo das angústias e do desamparo inicial da criança.” (TOSTA, 2013 – pag.9)

Citando Winnicott, reforça o imprescindível papel da mãe em desenvolver na criança


o desejo de viver. “Para Winnicott, é especialmente no início da vida que as mães são
imprescindíveis, pois carregam consigo a tarefa de proteger a continuidade de ser do bebê.” (TOSTA,
2013 – pag.9).
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Portanto, é este ambiente familiar, que compreende fundamentalmente uma mãe que
se identifica com a criança e interpreta suas emoções, e um pai que protege a mãe
tanto das preocupações externas quanto das investidas da criança, o responsável por
desenvolver na criança este sentimento de desenvolvimento, de oportunidades, de
expectativas que faz com que a este seu humano em construção acredite que a vida
vale a pena.

Voltando nossas atenções para o caso de Juma, a escolha do pai em impedir a relação
da filha com sua mãe, roubou dela todo este cuidado materno essencial, inserindo-a
em um ambiente no qual apenas as necessidades físicas, como alimentação,
vestimenta, abrigo e transporte eram supridas, enquanto que as necessidades
psíquicas e emocionais, em um momento crucial da formação das mesmas, foram
completamente ignoradas.

Certamente grandes prejuízos decorrentes desta falta poderão ser identificados em


uma observação mais cuidadosa dos sentimentos, ações e reações desta adolescente
diante dos desafios e, principalmente, das frustrações que se apresentam
naturalmente no curso diário da vida. Porém, um deles pode ser destacado e ilustrado
na narrativa inicialmente apresentada de sua vida, qual seja, as duas tentativas de
suicídio, ações estas que revelam a falha da família em construir a crença de que “a
vida vale a pena”.

4.2 A CULPA E O ABANDONO

Uma segunda consideração acerca do prejuízo da alienação parental está exatamente


no pensamento e sentimento que Juma nutriu durante praticamente toda a sua
infância: “Minha mãe não gosta de mim!”. Este pensamento naturalmente dá à luz a
outro pensamento: “Se minha mãe, que é boa, não gosta de mim, eu devo seu má!”.
Aqui temos rejeição e culpa.

Para entender como esta deformação da realidade acontece na vida da criança é


preciso atentar para o processo de desenvolvimento da sua estrutura psíquica que é
extraordinária no intervalo entre 1 ano e 5 anos, onde, no início deste intervalo, em
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seu processo natural de amadurecimento, como descreve Rafaela, nos pensamentos


de Winnicott: “O bebê amadurece e, a partir dos cuidados maternos, avançando na direção da
independência, encontra o pai.” (SOARES, 2015 – pag.30). Este encontro, segundo Winnicott,
será marcado pela aparição do “não”, que é um dos primeiros sinais do pai na vida da
criança.

“Uma palavra a mais acerca do “não” de uma mãe. Não é esse o primeiro
sinal de pai? Em parte, os pais são como mães e podem ficar tomando conta
do bebê e fazer todo o gênero de coisas como uma mulher. Mas, como pais,
parece-me que eles aparecem pela primeira vez no horizonte do bebê como
aquele aspecto inflexível da mãe que a habilita a dizer “não” e a sustentar a
negativa com firmeza. Gradualmente, e com sorte, este princípio do “não”
passa a estar consubstanciado no próprio homem, o Papai, que passa a ser
amado e poderá aplicar a ocasional palmada sem perder nada. Mas ele tem
de merecer o direito a dar palmadas se pretender dá-las e, para adquirir esse
direito, deverá fazer coisas como ter uma presença assídua no lar e não estar
do lado da criança contra a mãe. No começo, vocês podem não gostar da
ideia de consubstanciar o “não”; mas talvez aceitem o que pretendo dizer
quando lembro que as crianças pequenas gostam que se lhes diga “não”.
(WINNICOTT, 1993f, p. 44 apud ROSA, 2009).”.

Porém, no final deste intervalo, a criança que muito já avançou no seu


amadurecimento, ainda é tão imatura que está vivenciando o estágio Edípico,
rivalizando com o pai pelo amor da mãe, sendo totalmente dependente de uma firmeza
amorosa e cuidadosa do pai para que tenha segurança suficiente para vencer esta
etapa. Assim, Rhafaela volta a citar Winnicott:

“É devido à confiança que a criança tem na relação com o pai que a


triangulação edípica pode ser experienciada, pois, sem uma base de
segurança, ela tem poucas condições de fazer uma experiência genuína de
rivalidade. É pelo fato de o pai ser presente e confiável que o menino pode,
por exemplo, experimentar odiá-lo e desejar destituí-lo, e é igualmente por
causa dessa mesma confiança que o pai pode fazer valer sua autoridade,
elevar a voz, impedir, cercear, discordar e brigar com a criança. Se não há o
pré-requisito da confiança, todas essas importantes e necessárias
intervenções paternas facilmente se tornam vivências esvaziadas ou, por
outro lado, aterrorizantes, e deixam a criança sem alternativa, danificando
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uma experiência de confronto que, a princípio, seria boa e resultaria em


amadurecimento pessoal (ROSA, 2010, p. 9).”

O texto deixa claro a fragilidade psíquica e a inaptidão para elaborar acontecimentos


que envolvem sentimentos e desdobramentos mais complexos. Esta fragilidade é
pontuada por Freud e evidenciada em “As Implicações do divórcio no desenvolvimento
psíquico na primeira infância na perspectiva psicanalítica”, onde é descrito, para fins
e tratar sobre esta fragilidade da estrutura psíquica infantil no que tange a elaboração
da ausência do pai ou da mãe. Tratando sobre o intervalo entre 1 e 3 anos de idade,
considerada por Freud como a fase anal, o projeto acadêmico citado fala sobre os
riscos pontuados por Freud caso os pais não conduzam bem esta fase da criança.

“No entanto, as respostas parentais inadequadas, de acordo com Freud,


podem acarretar resultados negativos. Se os pais levam uma abordagem que
é muito branda, Freud sugeriu que poderia se desenvolver uma
personalidade anal-expulsiva, em que o indivíduo tem uma personalidade
confusa ou destrutiva. Se os pais são muito rigorosos ou começam o
treinamento do toalete muito cedo, Freud acreditava que uma personalidade
anal-retentiva se desenvolveria, na qual o indivíduo é rigoroso, ordenado,
rígido e obsessivo.” (FREUD, 1901-1905 - Universidade Federal de Itajubá,
2018 – pag. 5).

Isto posto, como a mente da criança elabora a situação de repentina ausência de um


dos pais? A verdade é que é impossível que não haja algum prejuízo, uma vez que,
segundo Winnicott, a luta pela autonomia está atrelada ao sentimento de segurança
e, a instabilidade percebida pela criança diante da separação dos pais e do fato de
não saber como será a vida neste novo formato faz com que a criança se sinta
naturalmente insegura.

Quando os pais conduzem o processo de separação em um ambiente de diálogo e


respeito, de maneira que a criança não seja exposta a cenas de hostilidade, e após a
separação ambos se esforçam para se fazerem presentes na vida da criança, os
prejuízos são menores. Ainda assim, a mudança da frase “papai e mamãe se amam
e, por isso, estão juntos.”, para frase “papai e mamãe não se amam mais e, por isso,
se separaram.”, faz surgir na mente da criança uma terceira frase: “se meus pais
deixaram de se amar, eles também podem deixar de me amar?”. Assim, mesmo
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quando a separação é habilidosa e cuidadosamente conduzida, prejuízos serão


colhidos.

Do contrário, caso típico tratado neste estudo de caso, onde agressões, ofensas e
alienação parental, destacando o fato de que a criança foi alienada da mãe, os
prejuízos são antevistos na literatura winnicottiana, que afirma acerca da criança
exposta a agressões e abusos entre os pais,

“que um estado físico de pais que brigam vive dentro dela e, daí em diante,
uma quantidade de energia é dirigida para o controle da relação má
internalizada. Em certos momentos, essa relação má internalizada assume o
controle e a criança passa a se comportar como se estivesse possuída pelos
pais que brigam (WINNICOTT, 1988, p. 361 - Universidade Federal de
Itajubá, 2018 – pag. 8).”

Além disso, há uma lista de outros problemas que acometem a criança que vive a
experiência da separação dos pais e da alienação parental, apresentada neste projeto
acadêmico da Universidade Federal de Itajubá - “As Implicações do divórcio no
desenvolvimento psíquico na primeira infância na perspectiva psicanalítica”, como
segue: sintomas de inibição; desconfiança e dificuldade de relacionamento; problemas
com sono e alimentação; sentimento de culpa; conflitos de lealdade; impotência na
vida afetiva; baixa autoestima; vergonha; raiva; agressividade; ansiedade de
separação e problemas somáticos.

No caso em estudo, podemos afirmar que o medo, a insegurança e o desamparo


sentidos ainda na fase pré-natal em face das agressões sofridas pela mãe, somados
a um pós-natal de insegurança diante de um ambiente que não era suficientemente
bom e que criava dificuldades para que a mãe fosse suficientemente boa e que, em
consequência disso, produzia um estímulo negativo que, ao invés de mover Juma na
busca pela autonomia, ao contrário, a movia na direção de um apego maior à mãe, e
somado ainda a um terceiro evento negativo, qual seja, a separação da mãe, torna o
sentimento de abandono cada vez maior e com raízes mais profundas na sua estrutura
psíquica.

Assim, a menina cujo falso self se apresenta como modelo fotográfico e que exibe
fotos sensuais nas redes sociais, tem seu verdadeiro self deformado, se achando feia,
porque se fosse bonita, não teria sido desamparada pelo pai e abandonada pela mãe.
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Também, por se achar feia e ter sido rejeitada pelo pai e pela mãe, se sujeita aos
maus tratos dos homens com quem se relaciona, a final de contas, pensa que não
deve merecer coisa melhor. E, mesmo sendo maltratada, se apega e se permite viver
uma relação abusiva por não querer viver mais um abandono. Winnicott afirma que:

“[...] o verdadeiro Self aparece assim que ocorre qualquer organização


mental. Por outro lado e, levando em consideração a provisão ambiental, se
existe a falha no manejo materno há consequentemente a formação do falso
Self, também organizando de forma defensiva na mente. O falso Self
organiza-se com a intenção de manter o indivíduo distante do mundo real;
mundo este que, em sua fantasia subjetiva, é ruim, falho e cheio de
perturbações.” (ANDRADE, 2010 – Pag.20)

Como se tudo isso não bastasse, a agressividade do pai em relação à mãe e,


posteriormente, a agressão sofrida pelo pai e pela avó, e que, conforme Winnicott,
vivem dentro dela, no final da infância a dominam e se manifestam em direção aos
familiares, colegas de escola, professores e direção, tornando necessário a constante
mudança de escola.

O ABANDONO DO PAI PRESENTE

Neste tópico quero tratar do prejuízo duplo vivido por Juma que, tendo sido furtada da
presença e do relacionamento com a mãe – mãe ausente – acabou sofrendo também
o abandono do pai, o qual, embora fisicamente presente, não só não supriu a falta da
mãe, o que lhe era impossível, mas também não cumpriu com seu papel de pai naquilo
que lhe seria possível e que, o fazendo, diminuiria o prejuízo já produzido por ele na
vida da filha.

Os pais da psicanálise não se furtaram de tratar da agressividade infantil como algo


natural e mesmo necessário para sua organização psíquica, carecendo a criança de
uma pai que estabelece os limites, mas que lida com naturalidade e amor com a
criança que está em desenvolvimento.

Ao tratar desse tema, Freud o relaciona com o complexo de Édipo, mas o projeta para
um período anterior à fase fálica. Assim, valoriza a estreita relação que a criança tem
com a mãe, independentemente de ser menino ou menina, relacionando os impulsos
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agressivos como parte da organização psíquica diante do estímulo da libido que


acontece a partir do toque da mãe no corpo da criança ao acariciá-la ou fazer sua
higiene. Esta agressividade é natural e parte do processo de organização das
emoções e, havendo um ambiente saudável, as estruturas psíquicas se organizarão
e a hostilidade sessará. Daniela cita Freud, quando afirma:

“E essa história, afirma Freud (1905/1996) tem início quando o corpo da


criança passa a receber os cuidados dos quais tanto precisa. A ternura com
que a mãe ou seu substituto envolve o bebê promove uma erogeneização do
seu pequeno corpo, despertando-o para a pulsão sexual e,
consequentemente, para a vida. Dessa forma, não importa em que meio
familiar ou sociocultural a criança se desenvolve, o complexo de Édipo
sempre estará presente, interferindo no processo de constituição do sujeito
e, consequentemente, nas estruturas clínicas, principalmente nas neuroses e
nos caminhos sem psicopatologias.” (COUTO, 2017 – pag.3)

Melanie Klein também trata desta agressividade infantil e quando aborda a fase
sádico-anal, fase que nos interessa em articular, por coincidir com a fase em que
Juma, a criança do nosso estudo de caso, se encontra sob os cuidados do pai e
alienada da mãe, fala sobre uma agressividade e o ódio sentidos pelos familiares e
que se manifesta nos objetos e no ambiente. Daniela assim descreve a visão de Klein:

“Klein (1933/1996) percebeu que em análise, a criança, cujas pulsões


agressivas estão em seu ponto máximo, dá vazão ao seu sadismo rasgando,
cortando, quebrando, molhando, queimando, enfim, atacando objetos que,
em sua fantasia, representam pais e irmãos. Quando as brincadeiras
destrutivas dão lugar a brincadeiras construtivas como pintar ao invés de
sujar toda a sala com as tintas, é sinal de que a ansiedade da criança
diminuiu. Isso traz consequências positivas para a relação dela com os pais
e irmãos, possibilitando uma relação de objeto mais madura e o
desenvolvimento do sentimento social.” (COUTO, 2017 – pag.5)

A compreensão é de que esta agressividade é necessária no sentido de transportar o


impulso sádico para o mundo externo, o que dá à criança o controle e diminui a sua
ansiedade. a agressão agora é sobre elementos que ele manuseia e não sobre uma
mãe internalizada, a qual ele tem medo de destruir.

Já Winnicott, ao tratar desta agressividade, dá uma importância muito grande à figura


do pai, cuja função, na sua visão, é de permitir que a criança vivencie livremente esta
agressividade, se interpondo entre a criança e a mãe, para que a criança não tema
destruir a mãe.
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Rafaela expõe o pensamento de Winnicott de que esta expressão de violência é


necessária e saudável e que sua vivência permitirá à criança conquistar confiança e
autonomia e que, por isso mesmo, os pais não devem se sentir ameaçados e muito
menos, interpretar essas ações como manifestação de maldade.

“[...] sobreviver à agressividade da criança significa “não retaliar, não


moralizar, nem rejeitar – e obviamente não o humilhar a fim de mostrar quem
manda ali. Ou seja, os pais não devem compreender a destrutividade como
uma artimanha da criança para chamar a atenção e manipular e tampouco,
devem tomar atitudes rígidas tendo como objetivo ‘cortar o mal pela raiz”
(SOARES, 2015 – pag.34)

Assim, entendemos que o grande papel do pai nesta fase é de colocar como uma
cerca, a qual estabelece os limites sem se apresentar como ameaça. esta atitude
fornece proteção para mãe, proteção para a criança e a construção de uma imagem
paterna protetora, o porto seguro para a criança, independentemente de ser o menino
que rivaliza com o pai ou a menina que se apega ao pai.

Ao voltarmos nossos olhos para a história de Juma, o que temos é uma criança que
não só tem a necessidade natural de externar sua pulsão sádica e ser compreendida,
como tem um grande sentimento de insegurança e de abandono, o que a faz ainda
mais carente de compreensão e acolhimento. no entanto, o que ela recebe é uma mão
corretora pesada tanto do pai quanto da avó, como se uma dor ou mágoa em relação
à mãe se dirigisse agora para a filha.

A criança que perdeu a oportunidade de ser acolhida pela mãe que está ausente, a
gora sofre a rejeição do pai que está fisicamente presente. Aquele que deveria
acolher, compreender, proteger, é aquele ofende, agride e desampara, permitindo que
outra, a avó, também ofenda, agrida e desampare.

Esta lacuna deixada pelo pai reforça o sentimento de abandono, a baixa autoestima,
o sentimento de não merecimento e o questionamento se, de fato, a vida vale a pena,
e a consequente ansiedade e depressão. Também se observa, tanto na busca por
namorados que a maltratam de desvalorizam, quanto no apego a alguém com quase
o dobro da sua idade, a busca pelo preenchimento do vazio deixado pelo pai.
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CONCLUSÃO:

O ser humano, a partir da sua fecundação até sua maturidade, passa por diversas
fases que se constituem em muito mais do que apenas crescimento e formação de
estruturas fisiológicas complexas. Sua estrutura psíquica é ainda mais complexa que
sua estrutura fisiológica e, o sucesso da fase seguinte e de tudo o que será vivenciado
por toda vida, depende da formação saudável da fase anterior.

A formação de um adulto saudável depende de muito mais que apenas alimentação,


vestimenta, abrigo e educação formal. A complexidade da estrutura psíquica do ser
humano é resultado da complexidade dos processos que envolvem cada uma das
fases da formação dela, demandando um ambiente suficientemente bom do ponto de
vista da segurança, afeto e estímulos adequados, para que cada etapa seja vencida
com sucesso.

Na composição e manutenção deste ambiente suficientemente bom está a pessoa


do pai, cuja responsabilidade de cuidar primeiro da mãe que gera e cuida da criança
e, depois, cuidar da mãe e da criança, demanda não só um senso de missão, como
também uma dedicação altruísta. A falta de qualquer um desses elementos colocará
em risco o desenvolvimento saudável da criança, produzindo um adulto com
patologias de ordem psíquica, as quais colocarão em risco qualquer projeto que se
pudesse imaginar para ele.

Conscientizar pais e futuros pais acerca da responsabilidade que envolve a tarefa da


paternidade e as consequências oriundas do fracasso da missão, assim como a
importância de buscar, bem como, facilitar o acesso à terapia como meio de diminuir
os prejuízos psíquicos de uma formação deficiente, se faz urgente, sob pena de as
gerações seguintes sofrerem cada vez mais deformações e consequência de estarem
sendo geradas por pessoas já doentes.
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REFERÊNCIAS:

• BORGES,M.L.S.F. (2005) Função Materna e Paterna, suas Vivências na


Atualidade. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/17265/1/MBorgesDISSPRT.pdf
• PINHEIRO, L.R. (2017) A Importância da Função Materna e Paterna No
Desenvolvimento do Mundo Psíquico. Disponível em:
https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/12051/1/51600190.pdf
• AZEVEDO, E.C.; MOREIRA, M.C. (2012) Psiquismo Fetal: Um Olhar
Psicanalítico. Disponível em:
http://www.sprgs.org.br/diaphora/ojs/index.php/diaphora/article/view/73/73
• SOARES, R.F. (2015) o Papel do Pai na Psicanálise winnicottiana. Dispinível
em: https://repositorio.faema.edu.br/handle/123456789/701
• CAMPOS, M.T. (2010) Ausência Paterna e Suas Repercussões Sobre o
Desenvolvimento INFANTIL. Disponível em:
(http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1442/1/Mariana%20Campos.pdf
• FREITAS, E.M.S.; MARQUES, A.M.S. (2022). A Relação Entre a Fase Pré-
Natal e a Constituição do Bebê Como Sujeito Psicanalítico. Disponível em:
https://brazilianjournalofscience.com.br/revista/article/view/54/83
• TOSTA, M.C. (2013). Síndrome de Alienação Parental: A Criança, a Família e
a Lei. Disponível em: https://www.pucrs.br/direito/wp-
content/uploads/sites/11/2018/09/marlina_tosta.pdf
• COUTO, D.P. (2017). Freud, Klein, Lacan e a Constituição do Sujeito.
Disponível em:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/23388
• UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ (2018). As Implicações do Divórcio
no Desenvolvimento Psíquico na Primeira Infância na Perspectiva
Psicanalítica. Disponível em:
https://www.redalyc.org/journal/5606/560662192036/560662192036.pdf
• ANDRADE, M. (2010). O Desenvolvimento Emocional Primitivo. Disponível em:
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• SOARES, R.F. (2015). O Papel Do Pai Na Psicanálise Winnicottiana.
Disponível em:
21

https://repositorio.faema.edu.br/bitstream/123456789/701/1/SOARES%2C%2
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%20O%20PAPEL%20DO%20PAI%20NA%20PSICAN%C3%81LISE%20WIN
NICOTTIANA.pdf

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