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Aulas de Literatura Francesa dos seculos XVII e XVIII

Aula 07-02-2023
Construção do sujeito na tragédia e no romance franceses dos séculos XVII
e XVIII
Ao longo do séc. XVII a grande aspiração dos autores é o conhecimento do
homem nas suas diferentes vertentes. O conhecimento do humano é o um
dos objetivos fundamentais dos autores. As emoções e os sentimentos do
homem estão presentes nas obras. Vamos estudar o texto dramático e o
romance.
Vamos analisar dois seculos, que têm uma continuidade, mas também uma
rutura. O tema do conhecimento do homem evolui do sec. XVII ao XVIII,
tanto como na ficção dramática como na romanesca.
1. Sujeito trágico na tragédia e romance do Grand Siècle
 Racine, Britannicus (1669)
 Mme de La Fayette, La princesses de Montpensier (1662)
2. Sujeito e identidade nas Lumières
 Voltaire, Candice (1759)
 Jean-Jacques Rousseau, Les rêveries du promeneur solitaire
(1776/1782)
Estes textos são emblemáticos destes séculos.
As primeiras aulas serão mais expositivas, a professora tenta sempre
introduzir a cadeira com vídeos a matéria.
Fazer a leitura em casa dos textos.
Avaliação Periódica:
Haverá duas frequências (70%)
 28 de março
 18 de maio
Apresentações Orais/escritas (20%)
Participação Oral (10%)
Há a possibilidade da realização de um trabalho de investigação. Este
trabalho que prossupõe um acompanhamento da parte da Professora. Este
trabalho não é obrigatório.
Horário de Atendimento da Professora: terça-feira das 16h às 17h
ID: martateixeiraanacleto
Aula 09-02-2023
Vamos falar do contexto histórico-cultural do séc. XVII francês. A peça de
Racine é representada na segunda metade do século, isto é importante para
perceber como evolui o teatro nesta época.
Momentos Históricos
Ao séc. XVII associamos ao Rei sol – Luís XIV. Até à década de 80 falava-
se do classicismo. O sec. Clássico é uma marca inconfundível deste
período, não houve uma completa classificação deste período, tem sido a
vir contrariada pois é marcada por uma grande instabilidade – temos de
substituir este século por um século em grande movimento. O sec. XVII é
falado o Caos e a Ordem - o Caos nunca deixou de existir (guerras e
barroco) e a Ordem (a ordem foi sendo construída não só por Luís XIV …).
Para compreendermos o seculo XVII temos de recuar ao seculo XVI, e para
isso temos de perceber que houve uma guerra entre os protestante e
cristãos.
A literatura do séc. XVII situou-se em guerras de religião.
La reine Margot – A professora mostrou o trailer do filme – O confronto da
exuberância, da festa, do fausto, da festa, com a guerra da frança. Neste
trailer está bem presente essa ideia do confronto, retrata muito bem este
período e que não deixa que a ordem e do classicismo seja a total
representação do século. O século XVII é a data das guerras de religião.
Período de Regência – grande instabilidade politica.
Richelieu é uma figura fundamental, desde cedo viu com o teatro é uma
arma para chegar ao poder absoluto, foi um grande protetor do teatro.
Louis XIII (1627-1642) – Édit de Grâce d’Ales (1629)
A Franca no seculo tem dois períodos de regência.
Mazarin é uma figura também importante no que diz respeito ao teatro.
Anne d’Austriche a França é abalada com guerras civis que tiveram como
pano de fundo a guerra das religiões.
Louis 14 quando chega ao trono tem uma França totalmente fragilizada, e
com o seu Colbert pede ajuda para erguer a França.
Versailles – Os jardins clássicos de Versailles com a sua simetria mostram
o desejo da Ordem. Estes jardins são emblemáticos da Corte de Louis XIV.
Dentro de Versailles há uma sala com espelhos, para representar a ilusão e
da teatralidade.
Louis XIV desde sempre se quis ligar dentro da corte com personalidades
ligadas às artes – Poder absoluto, a sua monarquia é uma monarquia de
direito divino, ele dizia que o seu reinado tinha sido fornecido por Deus.
Moliére, Racine, Boileu, Le Brun, Lully (músico italiano, músico preferido
de Loius XIV), estes são alguns artistas que frequentavam a Corte de Louis
XIV. Lully compõem músicas para Louis XIV para este dançar ao som das
suas melodias, a dança e o teatro é uma forma de intervenção em termos
políticos, até porque um romance é escrito e o efeito do teatro é imediato e
por isso, tem um efeito politico enorme.
Le Roi Dance – A professora mostrou o trailer - filme que representa muito
bem a dança de Louis XIV ao som da melodia de Lully. A política está
muito próxima da arte. O filme mostra bem como há uma ligação estreita
entre politica e arte (música, teatro). A própria corte está envolvida nessa
dimensão do espetáculo. Estes aspetos históricos acompanham a evolução
das artes do século XVII. Mais uma vez, do ponto vista da cultura e das
artes, nós não podemos dizer que há um classicismo do inicio ao fim do
século. Chama-se “Os classicismos”, Caos e Ordem. Predomina uma
estética Barroca e lentamente vamos encontrando fatores que determinam
uma certa ordem e que vão desembocar nos classicismo de Louis XIV - o
racionalismo (século da razão) se vai também exercer.
“Plaire et instruire” – a literatura devia agradar ma também tinha de instruir
moralmente o leitor e o publico em geral.
Querelles – mostram a oscilação entre o Caos e a Ordem. São emblemática
deste século, vai-se construindo os alicerces como língua francesa que vai
substituir o latim e o grego - Os autores da linguística francesa queriam que
isto acontecesse. Vai-se construindo a imagem do herói e a imagem do
homem de corte, moderado – imagem da Ordem e do Classicismo. (Le
“héros” / L”honnêt homme”
Dois momentos marcados pela história do pensamento religioso:
 A força imaginativa - período barroco
 A racionalização do gosto – construído em escolas francesas, na
Académie Française (vigia a prática da literatura e da língua
francesa, mas também se fazia o julgamento das obras).
A época da imaginação concentra-se nos primeiros tempos do sec. XVII.
Podemos constatar o teatro barroco, o teatro é ilusão, é a metamorfose, o
teatro é um teatro para olhar (existiam salas de espetáculo em Paris que
faziam voar os atores para o público - vinham engenheiros e arquitetos para
construir essas máquinas, estas máquinas parecem quase contemporâneos,
o público sentia-se parte do espetáculo o que é algo muito atual para época
em que isso aconteceu).
O barroco não termina em 1640, pois em muitas peças de Racine nós
encontramos marcas do barroco no teatro barroco.
Chapelain vai vigiar a literatura francesa.
Para além da Academia Francesa há academias privadas que são marcantes
na medida em que através das leituras feitas podemos constatar que tipo de
literatura se privilegia na época. Eram leituras feitas em grandes salões,
estes tornaram-se cada vez mais fechados sobre si próprios (“Le Carte de
Tendre” – mapa alegórico, emblema da Préciosité, o percurso do mapa há
vários lugares como a indiferença, … , há um percurso que o amante deve
evitar para chegar ao amor verdadeiro.
Préciosité – fenómeno cultural, através da literatura chegar a um ideal de
vida em sociedade e a um ideal humano – o verdadeiro amor não é o amor
carnal, mas a verdadeira amizade. Há sempre a procura de um ideal na
própria literatura.
A par desta corrente de pensamento, encontramos outras formas de
pensamento que se vinculam a ideia da Ordem (Descartes). O ideal
absoluto da “generosité”, o “généreux” é aqueles que pode fazer grandes
feitos, capaz de se autocontrolar para atingir um absoluto de si próprio. Se
se controla as paixões, tinha-se a ideia de que se dominava o universo.
Jansénisme – corrente religiosa do século 17 ligada à abadia de Port-Royal.
Os eleitos conseguem ultrapassar a marca desse pecado original, para o
Jean, o homem é escravo das suas paixões, os únicos eleitos são aqueles
que dominam as paixões, os eleitos estão predestinados a alcançar a
dimensão da salvação do homem – pensamento muito pessimista, esta
visão marca os tecto de Racine e os textos de Mme de Lafayette. Como se
Deus estivesse escondido para os homens (Pascal desenvolve nos seus
textos), apenas alguns os conseguem ver, os eleitos.
Libertinage – Acompanham tratados sobre a forma de viver na corte. Estas
corrente não são antagónicas, coexistem no sec. 17 francês. Encontramos
esta corrente de pensamento completamente diferente, os libertinos são
livres-pensadores que rejeitam completamente essa ideia de um absoluto
religioso, querem um pensamento positivo dos homens – D. Jean é um
libertino, “Eu acredito que 2 e 2 são 4 e 4 e 4 são 8”, pensamento racional e
não divino. Há uma crença de que o libertino acredita naquilo em que pode
ser observado. Os escritores nesta corrente vão ter eco no século XVIII, são
vistos como uma continuidade com os Libertinos.
Constata-se que o século 17 não é um século unificado. Há uma
consolidação da Ordem na segunda metade do séc. 17, “Querelle des
Anciens et des Modern’s". Este período é uma síntese do período do século
XVII.
A Querelle dos “Les Anciens” (aqueles que definem que o comtemporaneo
deve emitar a antiguidade clássica, acreditam que é a marca essencial da
cultura) – La Fontaine, Boileau, Racine, La Bruyère, Fénelon. E também, a
Querelle dos “Les Modernes” (exilados políticos que estavam exilados em
Inglaterra regressaram e trouxeram novas ideias, a ideia liberal, o poder não
deve ser absoluto, mas deve ser relativo, vai ser fundamental na filosofia
das Lumièrs, rejeitavam a antiguidade clássica e apoiavam-se na ideia de
progresso das ciências. Defendiam que a pedagogia podia ser veiculada não
indo à antiguidade clássica mas veiculadas na ideia dos contos de fadas,
histórias que as avós contavam às crianças).
Podemos constatar a ideia de novos valores (Les Modern’s) em França, no
filme Le Roi Dance. Há momentos de decadência e ostentação que são
marcas do próprio seculo XVII. É demonstrado que o estado vacila, mostra
bem as próprias oscilações de Louis XIV.
Paradigma do herói, ideia do Deus escondido – vamos encontrar nas obras
de Racine e Mme de Lafayette.
O Caos e Ordem é um ciclo que marca o século XVII francês – século que
procura estudar o homem através de diversas vias, o seculo da vida em
sociedade e o reflexo que essa vida em sociedade se reflete na literatura.
Aula 14-02-2023
Dramaturgia França século XVII
Poética dramática Barroca
- Corneille, L’Illusion Comique (1635-36) – Esta peça “A ilusão cómica”, o
adjetivo cómico significava teatral. Corneille constrói uma peça em que o
teatro está dentro do teatro, estabelece três níveis diferentes. O primeiro
nível tem certas personagens, o segundo nível tem haver com a vida de
Pridamant (teatro de relação amorosa e sentimental, de encontros e
desencontros). No último ato, Pridamant assiste a uma mudança de
Chindor, a sua morte. No terceiro nível a tragédia representada porque
Pridamant se tornou ator.
A professora mostrou uma Encenação de Éric Vigner para o Théâtre
Lorient (2015) – Há um adimensão de ilusão que é criada. No fundo, a
representação da tragédia de teatro dentro do teatro.
- “Théâtre-miroir”
- Trompe-l’oiel
Aula 16-02-2022
Falámos da poética dramática clássica – foi-se instituindo em França ao
longo do sec. 17, não há uma fronteira nítida entre o teatro barroco e o
clássico. A partir dos anos 30 consolidou-se a poética dramática clássica.
Estas poéticas tinham convenções dramáticas (personagens – todas devem
ser necessários e imprescindíveis para que a ação se desenvolva, e a
composição e a estrutura – a composição obedece aos princípios
gramaticais, há um princípio e o fim na ação, com cenas principais e
secundárias e regras. Os papéis dos confidentes são quase de protagonistas.
2.Consolidação da “poética dramática clássica”
- Chapelian, Lettre sur les vingt-quatre heurs
Regras:
- Vraisemblance”/Verosilmilhança – o publico deve acreditar que a ação é
verdadeira, parece ser verdadeira, para que o texto possa ter um efeito
pedagógico.
- “Bienséances” (La Mesnardière) – o papel moralizador do texto
dramático, a obra deve moralizar o espetador. Tanto a ação e o vocabulário
devem estar de acordo com a ética da época – não havia violência, por
exemplo.
- “Trois unités” / Regra das “três unidades” – Uma das regras fundamentais
do teatro clássico - ação, tempo e lugar. A ação deve ser coesa, deve haver
uma lógica no decorrer da ação, deve haver uma coerência entre as cenas
do desenlace e as cenas da exposição. O tempo nunca deve ultrapassar as
24horas, a ação não deve passar o tempo da própria representação, a peça é
representada muitas vezes, num momento muito avançada da ação (mostra
factos anteriores da própria ação). O lugar prossupõe que em palco se
represente um lugar único, mantém-se no texto de Racine e na
representação que iremos ver. A verosimilhança tem a ver com o lugar,
uma vez que há apenas um cenário para que seja mais credível para os
espetadores.
Os textos de Racine enquadram-se na época em que o teatro clássico
predomina.
Racine
Racine é um dos grandes autores do classicismo francês, fazia parte da
corte de Versailles e era historiador oficial de Louis XIV
22 de dezembro de 1639 – Data de nascimento
Racine teve uma infância difícil, fica órfão de mãe e pai aos quatro anos.
Racine é educado pela avó em Port-Royal, onde faz os seus estudos.
Através da avó tem uma visão pessimista do mundo, o homem dominado
pelas paixões. A linguagem raciniana mostra a sua visão do mundo, um
pessimismo central existente na literatura do séc. XVII. Há outros fatores
que contribuem para esta visão de uma humanidade fraca.
Racine vê o homem sempre marcado pelo pecado original e vê a perspetiva
humana de uma forma verdadeiramente trágica.
Em 1663 Racine relaciona-se com Boileau e Móliere, leva uma vida
associada aos meios libertinos, e liberta-se dos constrangimentos impostos
por a escola de Port Royal.
Racine não produziu muitas peças, mas produziu peças que marcaram uma
época do teatro francês. As peças pretendem moralizar o público, ele
cultiva nas suas peças a essência trágica. Racine explora a ação trágica,
uma tragédia sem ação, explora o interior e a psicologia das personagens, a
complexidade do interior das personagens. O texto literário de Racine deve
ser verosímil, e mostrar o interior das personagens e a sua evolução. A obra
de Racine ilustra a contenção da estética clássica. Os conflitos não são
conflitos de ação, mas são conflitos interiores. As pessoas são vitimas de
um destino ou da vingança dos deuses – a fatalidade e o destino (coisas que
o homem não pode combater), o amor e o ciúme. O motivo político institui-
se na conceção dos momentos trágicos da personagem. O herói é marcado
pelo um destino inexorável, combate inutilmente esse próprio destino que
se torna algo obsessivo nos texto de Racine. Há uma série de forças
contrárias que o levam a fazer escolhas, e que fazem com que o desenlace
não seja favorável. O trágico nasce desse culminar da tragédias que vão
culminar no herói – paixão irracional que lhe tira toda a capacidade de ação
– suicídio em palco da personagem. As paixões são irracionais, que
mostram o lado egoísta do homem que o leva a ser agressivo, mas fatal.
Britannicus foi uma peça que não teve grande êxito (teve poucas
representações), é uma tragédia que recupera uma tragédia romana. O tema
primordial é a morte do herói, a morte do inocente. Ao mesmo tempo, a
ação é de um homem que mata o seu irmão, é um laço trágico. Há uma
rutura estática pois é uma peça muito simples do ponto de vista estético da
ação, a ação desenvolve-se no interior das personagens.
A professora mostrou um inicio de um filme da peça de Britannicus,
mostrando os atores/encenadores (2018) – O encenador Stephan pretende
meter em palco uma intriga politica que estão interligadas com a psicologia
com as próprias personagens. Portanto, esse espaço da palavra política que
o encenador quer colocar em palco. Depois, passou nos cinemas francês.
Na comédia francesa há uma sinopse do resumo da peça e uma análise dos
vários vetores do desenrolar da peça. Ao representar uma sala
contemporânea não quis evocar um espaço realista (conhecido pelos
espetadores), mas sim um lugar de poder atual. Esses jogos políticos podem
acontecer no Eliseu, na casa Branca, no CRE Melim na Rússia.
Britannicus
Primeiro Prefácio:
Os aspetos colocados em enfase neste primeiro prefácio feitos por Racine
tem indicações da caracterização de Britannicus descrevendo a sua
personagem. O herói de uma tragédia normalmente era um herói mais
velho e o facto de ter escolhido um homem mais jovem mostrou a
crueldade do homem. Esta escolha poderia ser polémica, mas este aspeto é
valorizado por Garret. Racine tenta fazer um teatro atual. Um herói trágico
que é capaz de suscitar a compaixão no espetador. Recuperou uma
personagem antiga, inventou uma personagem para introduzir a paixão.
A ação nesta tragédia é estruturada através de várias conclusões mostrando
que esta peça obedece às regras clássicas. No final o destino das
personagens deve ser efetivamente conhecido. É um desenlace completo,
como deve acontecer no texto dramático clássico. Ele está a responder a
críticas que foram feitas ao texto. É uma ação que avança gradualmente
(“s’avançant par dégres vers sa fin”).
Segundo Prefácio:
Feito depois da representação da peça e é feito na medida em que a peça
não correspondeu às expetativas de Racine. Evoca Tacite como fonte da
sua tragédia. Nero tem uma certa ambiguidade na sua caracterização.
Agrippine tem um carácter de ódio, as duas desgraças de Agrippine e de
Britannicus.
São os aspetos que Racine desenvolve nestes dois prefácios, tentando
responder que de facto não é uma tragédia conseguida.
Aula 23-02-2023
Britannicus
Ato I – Cena de exposição típica, onde está Agripina e a sua confidente
Albina.
A peça tem uma economia de atores, são utilizados poucos atores.
Nero e Brittanicus não são propriamente irmãos, mas o pai de um está
casado com a mãe do outro.
Como é que a partir desta cena podemos caracterizar as personagens? E
que informações são veiculadas relativamente à intriga?
Esta cena é composta por uma das protagonistas (Agripina).
No fundo o retrato de Agripina a partir da cena podemos observar que ela é
obsessiva e quer ficar com o trono. No início Agripina espera à porta do
quarto de Nero porque ele raptou alguém (Júnia), é este rapto que
desencadeia a ação. Agripina refere na primeira réplica há uma declaração
de guerra entre os dois “irmãos”. Agripina sente-se instável a nível politico
porque Nero não a procura mais e o facto de se ter revelado contra
Britannicus é algo que ela também não domina.
Albina na terceira réplica reforça que o Nero só está no lugar onde está
graças à sua mãe, e temos uma ambivalência/incerteza que leva a que
Agripina sinta alguma instabilidade (Agripina instável que nos é mostrado).
Retrato de Nero (verso 31) – No inico era amável, mas depois tornou-se
frio – imagem do monstro que nasce. “Orgulho” e a “tirania” são conceitos
importantes nesta cena em que há uma caracterização de Nero. A
instabilidade domina Agripina, o seu próprio discurso, ou por ciúme, ou
por amor, ou ódio ou a vontade de acabar com o esse amor ou a punição
que Agripine lhes deu. Agripine é adjuvante de Britannicus e de Junie mas
ao mesmo tempo é oponente politicamente.
Agripine tentou justificar-se, diz que os apoiou, mas sabe que contribui-o
(…). A partir entre essa sobreposição entre amor e ódio, na última réplica
(verso 88) podemos retirar traços para o perfil de Agripine – Há uma
caracterização dela própria, o estado de Agripine é de frustração uma vez
que se sente a acompanhar o declínio de Nero. Há um tempo passado e um
tempo presente – “A poderosa alma desse grande corpo era eu.”. No
presente ela sente-se uma personagem em decadência (à porta do quarto),
ignorada pro Nero, mulher abandonada pelo poder e muito próxima de que
o seu poder se esgote, personagem solitária. O encenador optou aqui por o
elemento central ser a porta gigante, e as cadeiras afastadas, para mostrar a
solidão de Agripina, esta imagem vai condicionar toda a peça.
É por sentir o medo da desgraça, por sentir que essa enorme ambição
política pode esgotar-se que Agripine espera Nero à porta do seu quarto.
Cena II
Entrada de Burro – O Governador de Nero e que vai sofre algumas
alterações no seu perfil nomeadamente a sua relação com Nero.
Burro tem uma imagem de Nero, neste momento, defende Nero para
contrariar as palavras de Agripine, através da sua sabedoria politica. Burro
no inicio da cena podemos observar que se apresenta um tipo de politico
virtuoso “Burro sempre teve pela mentira horror…”, pretende justificar o
comportamento de Nero, havendo uma oposição entre Agripine, Nero e
Burro.
“Até quando…
“Filha, esposa, irmã…” – As interrogações continuam no discurso de
Agripine porque ela se sente numa situação de grande instabilidade.
César – o imperador
A Imagem de Nero que Agripine contrapõem que acaba por denegrir Nero
é o rapto, esse rapto é dito na cena e é dito de uma forma metafórica nos
versos 225 e 226. “De súbito Nero se transforma em raptor/E decide
arrebatar a irmã (Junie) de Sileno?” – Burro tenta sempre justificar as ações
de Nero, tenta fazer com que Agripine ultrapasse as coisas que pensa más
de Nero.
Burro diz-nos o porquê dela ter apoiado esse amor, ela quer o império para
reinar, pode ser uma estratégia para contornar esta situação e voltar a reinar
– a partilhar o império mas desta vez, com Britannicus – Burro está a
sublinhar essa obsessão pelo pode de Agripine (poder e a paixão).
Cena III
“Em suma, …” – ideia do homem miserável.
O discurso de Brittanicus é um discurso político que perdeu o lugar de
imperador. É também uma imagem de um homem fraco, subordinado a
Narcise. Nero não intervém ainda nesta cena.
Aula 28-02-2023
Nós conseguimos aceder através do discurso de Agripine a caracterização
de Nero. Agripine dialoga com Albine, dando-nos um retrato das
personagens. Falam sobre a ação, nomeadamente o facto de Nero ter
raptado Junie.
A intriga política cruza-se com a intriga sentimental. A figura de
Britannicus é uma personagem fragilizada. Este é o herói da peça, a
tragédia reside, centra não só na morte de Britannicus como também a
desgraça de Agripine.
No Ato I Nero não intervém, sendo este o principal causador do conflito.
Ato II – triangulo amoroso entre Nero, Britannicus e Junie
Que definições podemos encontrar sobre o conceito de paixão, e a que nos
leva? Á desgraça.
Narcise é o confidente de Britannicus.
Como é que a paixão é mostrada por Racine nestas duas cenas?
O espetador traça um retrato de Britannicus e Narcise. O espetador não
esperava por este confronto sendo Narcise o confidente de Britannicus.
As características de Nero são bem visíveis neste diálogo entre os dois.
A paixão de Nero por Junie é talvez o único elemento de verdade, ainda
que Nero esteja consciente de que essa paixão vai ser contrária ao desejo de
Britannicus e aos desejos de Agripine.
Verso 382 “ – descreve a paixão por Junie,
Junie, nos versos seguintes é caracterizada no verso 389, uma visão
idealizada dela. “Ai, Narciso…Por um obscuro…”, uma heroína idealizada.
“Novo amor”, pois Nero é casado.
Narcise revela que estará sempre do lado de Nero, há uma traição de
Narcise a Britannicus, uma vez que Narcise quer conquistar o poder, esta
atitude é completamente condenável. Nero é imperador. Narcise diz
relativamente ao poder de Nero (verso 490), Nero é o mestre do poder e
também domina Agripine – é o poder de Nero que lhe confere o poder, os
sentimentos de Junie – A imagem da traição, imagem extremamente
negativa de Narcise, inclusivamente com instintos de vingança.
A presença de um certo dilema, não nos podemos esquecer que no prefácio
Racine diz que Nero é um monstro que está a nascer. Existe algum dilema
que mostra como ele não ainda completamente uma figura monstruosa.
A posição de Nero relativamente à mulher (paixão de Junie e casamento
com Octavie). Nero ainda tem um pouco de ternura por Octavie, ainda que
haja um afastamento da mulher. Narcise tenta convencer o Nero a terminar
o casamento com Octavie, Nero tem uma degradação ética da personagem.
A proposta de Narcise a Nero é uma proposta que mostra o jogo duplo que
este faz com Britannicus. “Que esperais, Senhor, para repudiar essa
dama?”.
Toda a linguagem de Narcise (linguagem de persuasão) no fundo mostra
essa moral degradante da personagem, mostra o traço trágico que leva à
morte de Britannicus.
No Ato I e no Ato II tudo se concentro para mostrar a morte de Britannicus
e à desgraça de Agripine. O final da cena mostra que Nero está pronto a
vingar-se de Britannicus e Agripine, uma vez que Narcise é um agente
duplo.
– Revelação clara como agente duplo e como um traidor (Narcise).
O que é que Nero vai propor a Narcise que Britannicus veja a Junie. Parece
ser uma penitencia, contudo há um desejo de vingança. Esta cena mostra,
do ponto de vista moral aquilo que não deve ser feito, onde se mostra a
paixão através de vocábulos com “obsessão”, “veneno”, (…).
O contraste entre amor e razão. O amor é um sentimento que o humano não
consegue dominar. Racine utiliza muito este contraste.
O ciúme é mostrado e é praticado.
Junie – imagem da virtude, personagem isolada.
Verso 414/15 – Nero vê Junie relativamente à corte em que ela não se
enquadra, é alguém que aparece na corte completamente nova. Junie não se
enquadra. É graças à singularidade de Junie que faz com que Nero se
apaixone mais.
“Essa virtude nova que aparece na corte e a existência de Junie nessa
virtude que incendeia mais essa paixão.”
Cena III – diálogo com Nero e Junie (Nero raptou-a)
Junie entra em palco. Junie ia ver Octavie. Nero surge e revela a Junie do
facto dela se esconder da corte. (verso 541) – Junie afasta-se sempre da
corte pois é uma figura virtuosa. Nero começa por dizer que ele como
imperador é que vai designar o futuro marido de Junie – ele acha que pode
dominar Junie.
Quais são os argumentos de Nero para querer casar com Junie? Ele diz que
está destinado, o poder de Nero confere-lhe esse desejo de ficar com ela.
Junie tem uma radical oposição do ponto de vista moral entre os dois.
A indignidade de Nero e a dignidade de Junie – (verso 610 e seguintes) A
família de Junie morreu cedo, vivendo na escuridão por ter perdido a
família.
Verso 627 – “Senhor, o céu conhece o fundo do que eu penso…” – Julie
tem vergonha da proposta que Nero lhe faz, o crime de ter feito com que
Nero se divorciasse de Octavie – o verdadeiro crime para Junie é que ele
queira substituir Octavie por Junie.
Junie tem um amor verdadeiro por Britannicus, ao contrário do que tem por
Nero.
A arte do fingimento – arte que prevalece na corte (o fingimento amoroso e
politico) – a corte como lugar de dissimulação.
Oposição clara entre Nero e a sua corte e a paixão virtuosa entre Junie e
Britannicus.
(verso 664) – “Podia tê-lo proibido…” – Desagregação do par para poder
reinar, para poder casar com Junie. Nero diz a Junie (verso 669) para fngir
não amar Britannicus para que este não perceba que a ama, ele não quer
que Britannicus veja que Nero está com ciúmes.
Junie contraria essa proposta de Nero, uma vez que ela já disse tantas vezes
que o amava, sendo sincera ao contrário de Nero. Nero assim, ameaça
matar Britannicus. Há uma crueldade extrema de Nero ao impor que Junie
não exprima qualquer sentimento por Britannicus e se o fizer este mesmo
morre – anúncio da morte de Britannicus.
A figura de Nero vai-se mostrando cada vez mais cruel.
Racine privilegia a virtude, a visão do mundo que se destaca nesta cena.
Aula 02-03-2023
Cena VI –
Estas cenas finais reúnem Britannicus e Junie.
Como é que Junie surge nesta cena? Quais são os versos que mostram que
Junie cedem à pressão de Nero?
Verso 707 – “Nada dizeis? Que gelo! Que acolhimento!” – Britannicus
deu-se conta da mudança de Junie.
Eufemismo – prevê uma atenuação do pensamento, aquilo que é interdito
não é dito, é dito de forma camuflada.
Junie não responde de forma explicita, o olhar de Nero está sempre
presente. O olhar é uma forma de exprimir a paixão, no texto vemos
referencia a vários tipos de olhar. Neste caso, ela fixa-se no olhar de Nero.
O controlo da paixão decorre da vontade de Nero e desse olhar de Nero. Há
uma personalização das paredes, transfere-se o olhar de Nero para as
próprias paredes.
Britannicus a partir daqui dá-nos uma imagem muito perturbadora do amor.
“Já pode o vosso amor suportar o cativeiro?” – No fundo, a ingenuidade de
Britannicus leva-o a considerar que a sua paixão é legitima porque foi
aprovada por Agripine (mãe de Nero) e o próprio povo romano legitimará
essa paixão, Roma condena o amor entre Nero e Junie. Há razões históricas
que o levam a pensar que a sua paixão é legitima.
Há uma contra-argumentação de Junie.
Acaba por ser vitima da leitura errada, mostra que não consegue saber qual
é a verdade.
Britannicus é vítima da paixão e da crueldade de Nero e de uma leitura
errada dos versos de Junie. Portanto, é assim que irá continuar, uma vez
que Narcise é seu aliado. No entanto, Narcise é falso.
Cena VIII
A crueldade de Nero é reforçada uma vez que
A violência do amor verdadeiro, o amor causa uma violência nos amantes –
Tema de Racine.
Nero vê o amor entre os dois, Britannicus e Junie.
“Um amor tão violento… ignora” – Á medida que a peça se desenvolve
encontramos um Nero mais cruel, Nero aqui é implacável relativamente a
Britannicus.
Narcise vê mais uma oportunidade para atingir o poder, fazendo a vontade
a Nero. De alguma forma, Narcise vai-se tornando uma personagem
odioso, na medida em que faz um jogo politico. O encenador pretende
mostrar a contemporaneidade deste jogo político.
Ato III – este ato é fundamental para compreender a natureza dos conflitos
e como Racine o explora do ponto de vista trágico.
Cena I, II, III, IV – Estas cenas apoiam-se nas personagens de Nero e
Agripine.
Cena I - Nero e Burro falam sobre a paixão de Nero de Junie.
Na cena II Burro antevê a crueldade Nero.
Agripine está contra a circuntância da paixão de Nero, pois teme em perder
o poder.
Verso 815 – Fala da cólera de Agripine, “Senhora, pelos deuses, escondei a
vossa indignação!”
Agripine “Dão-me uma rival…”
Ela será substituída por aquela que será a amante de Nero, não é uma
questão de moral sentimental mas uma questão de poder. Se Octavie for
substituída, deixará de ter o pode. Agripine tem a cede do poder. Agripine é
uma personagem que tem consciência da perda do poder, de não ser mais
ninguém sem este poder.
São estas 4 cenas que vão enquadrar a cena 5 e 6.
A cena VI é uma cena onde contracenam Britannicus e Narcise. Narcise
serve Nero e, portanto, esta cena irá justificar a cena VII, onde vamos
encontrar um diálogo muito importante entre Junie e Britannicus.
A posição de Agripine face a Britannicus – Como sabemos ela apoia a
relação de Britannicus e Junie, uma vez que lhe dava poder. Britannicus
pensa que Agripine não quer mais manter esse poder. Então, a posição de
Agripine é firme, porque está consciente que junto de Nero já não tem
qualquer poder, por isso põem-se do lado de Britannicus. Agripine não dá o
seu apoio por causa do amor ser virtuoso, mas porque quer consquistar ou
reconquistar o poder – lógica da honra subvertida, onde Racine mostra que
a corrupção politica (algo atual) é o que está em causa. O amor não é
manifestado por Agripine por questões morais, mas sim políticos.
Cena VI
No diálogo de Narcise podemos perceber que Narcise cumpriu as ordens de
Nero. Verso 925 – Deduz-se que Nero pede a Narcise que no fundo reforce
a ideia de que Junie já não ama Brtannicus e sim Nero. O espetador percebe
que houve um discurso anterior de Narcise a cerca de Britannicus. O
discurso condenável de Narcise não se mostra em palco, Racine não coloca
esse discurso que mostra o facto de Narcise ser uma personagem
detestável, mas deduzimos o conteúdo desse discurso nas falas posteriores
(“Não, Narciso…tranquilidade) – Nestes versos Britannicus confessa que
se sente traído mas como a ama tanto não quer acreditar. Ele de facto
pretende saber a verdade – a imagem da paixão irracional e do esforço de
verdade, Britannicus não é capaz de dominar a sua paixão do ponto de vista
racional, ele é incapaz de ver a verdade, pretendo ver Junie. A vontade de
justificar o futuro ódio por Junie leva no fundo a perceber este encontro.
Cena VII – Caracterização da paixão e de Junie.
No ínicio da cena a reação de Britannicus às palavras de Junie, ele fica
reticente e confuso com as atitudes dela e de certa forma, quer que ele se
molde com os pedidos dela. Há uma interpretação errada de Britannicus do
discurso de Junie, uma vez que Narcise foi contar-lhe uma mentira (que
Junie é amante de Nero). O herói é vítima dessa dissimulação o que o vai
conduzir à morte, há aqui um momento em que Britannicus não acredita em
Junie.
Britannicus só tem a lucidez para ver a verdade quando Junie conta que foi
ameaçada por Nero. (Verso 977 – “Durante anos! Confesso que estou
desesperado …” – não consegue ultrapassar o facto de Junie amar Nero,
pois é uma situação injusta.
A imagem do outro que se ama que está sempre escrita naquele que é
amado. Essa imagem torna-se mesmo obsessiva.
Britannicus é que devia estar no poder mas é Nero que está, Britannicus é
vitima dessa injustiça mas pior ainda para ela é ser vitima do desamor de
Junie – Isto ultrapassa qualquer outra injustiça no mundo. É perante essa
confissão que Junie confessa a verdade, denunciando Nero dizendo que
estava a escutá-los.
Junie a partir desta cena tem uma imagem de estar disposta a sacrificar-se
por Britannicus. Temos uma heroína generosa (généreuse), no sentido em
que é capaz de ultrapassar os obstáculos, imagem do herói em Racine. É
capaz de ultrapassar os obstáculos para proteger Britannicus. Ela é mais
forte que Britannicus, pois ela é capaz de fingir para salvar Britannicus, há
uma imagem de fidelidade e de firmeza, ela é capaz de dominar a paixão
para salvar o destino trágico de Britannicus.
As expressões que caracterizam esta paixão são: “imagem sempre bem
presente”, “desesperado”, “me obrigais a partir” – cura para não sofrer,
esquecer-se de Junie, “cruel”, “o olhar fingidor”, “tormento”, “desordem”,
“aflitivo”, “inquieto”, “dissimulada”, “perder a cor”, “dor”, “enclausurado”
Isotopia – é o mesmo que um campo semântico, uma isotopia da paixão e
nesse campo semântico podemos por estas palavras que constroem esse
campo semântico, constroem essa isotopia.
No final do ato mostra-se como a peça desencaminha para o desenlace.
Vemos a separação dos amantes. Pela primeira vez Britannicus e Nero são
chamados de irmãos por Junie.
Nero assume-se aqui já como um monstro, ele é implacável, manda prender
Britannicus e Agripine. Junie tem como destino fugir para o templo das
Vestais, vai publicitar a concretização da paixão por Nero, o próprio
desenlace desenha-se aqui. O Ato IV será já um ato de concretização.
Ato IV – Cena II e III – preparar
Aula 07-03-2023
Sugere o desenlace (cena 8) da peça, o conflito entre irmãos que é muito
típico na tragédia Raciniana. O discurso de Nero aponta sempre para a
ironia.
Verso 1025 – Nero está a consentir na relação amorosa de Britannicus e
Junie.
O ódio de Nero relativamente a Britannicus e por oposição a pureza dos
sentimentos de Britannicus e também de Junie (verso 1070). Nesta cena se
desenha um desenlace que marcado obviamente pelo ciúme quando no
final (verso 1079), Nero reage ao facto de Junie querer se afastar da paixão.
Nero pede aos guardas que retenham Junie e que prendam Britannicus no
quarto de Octavie.
O ódio entre irmãos está presente nestas cenas.
Ato IV – No ato III Nero manda prender Junie e Britannicus (previsível).
No ato IV um certo suspense, apresentam-se várias soluções possíveis para
o desenlace o que acrescenta algum dramatismo. Explora-se a essência
trágica, Racine trabalha numa tragédia sem muita ação, mas pela análise
profunda psicológica das personagens.
Cena II – Réplica de grande dimensão.
Versos 1117 e 1118 – Agripine
1119 e 1122 – Agripine tinha o objetivo de Nero ficar no trono ainda que
este pertence-se a Britannicus.
Aborda-se também da adoção por parte de pai de Britannicus.
No verso 1165 há uma menção ao Burro que sempre foi leal ao seu filho
(Nero). O Burro é mencionado algumas vezes.
Tudo isto são intrigas palacianas, há uma estratégia de Agripine para que o
povo aplauda a Nero.
1211 a 1214 – Nero apaixona-se do dia para a noite. Agripine mostra uma
viragem, justificando o seu abalo à paixão de Nero por Junie. Assim, ela
condena esta paixão, vendo como uma forma de demonstrar o ódio que
Nero tem por Britannicus.
Verso 1218 – Ela sente que Nero lhe corta toda a liberdade política. Marca-
se uma viragem política no discurso de Agripine.
Versos até ao fim da página –
Verso 1229/1230 – introdução do diálogo de Nero, Nero começa a
enfrentar a sua mãe, afirmando que sabe que tudo o que ela fez foi em
benefício próprio. Estes versos revelam bem como Nero desconstrói a
estratégia de Agripine, que ela o fez para ela própria e para mais ninguém.
A desgraça de Agripine e a tragédia de Nero.
1250 a 1253 – traição por parte da mãe por ela ter tomado o partido de
Britannicus e Junie. Nero confronta Agripine com a mudança que se
centrou nela própria em termos políticos.
1277-1280 – Agipine apoia só um filho (Nero) porque seria uma
estrangeira na corte de Nero. Se Britannicus fosse imperador ela seria
condenada. Ela sublinha o comportamento altamente condenável (1279) –
Ela ultrapassou tudo sem uma perspetiva moral para fazer de Nero
imperador.
No final desta réplica ela propõe a Nero (manipulação) que se ele quiser
pode mandá-la matar, desde que o povo continue a suportá-lo como
imperador. Há aqui um jogo de chantagem, todos os sentimentos de
Agripine são hiperbólicos.
Há um desenlace possível, aquele que Agripine propõe – parece haver um
retrocesso – Técnica de suspense de Racine. Há essa viragem para que
Agripine proponha um desenlace (1288). A proposta é a reconciliação entre
Britannicus e Junie. Nestes versos está uma emoção política e uma emoção
pessoal (a emoção de mãe). Este é um desenlace possível que fica em
suspense. Nero parece concordar momentaneamente.
Há uma autocaracterização de Agripine e uma caracterização feita por Nero
– mostra todas a manobras de Agripine em benefício dela própria. As duas
personagens são odiosas, ambas querem o poder absoluto.
Oposição entre passado e presente. Agripine fala do presente.
Hipotético desenlace – Há um desenlace que não é possível na tragédia, há
um confronto do espetador entre o desenlace positivista e o destino que se
sabia desde o inicio. Assim não era um desenlace verosímil porque o
espetador conhece a história de Roma.
Nero e Burro (cena entre os dois) – contrasta dramaticamente com a cena
anterior, é também uma solução equacionada em muitas tragédias de
Racine.
Cena III – Como é que Racine constrói o contraste dramático entre o início
desta cena e da cena anterior? Os versos que enunciam este contraste (…),
Burro acredita na mudança de Nero. Racine traça o perfil de Burro como
um homem de estado irrepreensível, é esse o desejo de Burro. Nero
constrói a imagem de reconciliação dos irmãos (verso 1314 – Racine corta
as duas partes do verso para salientar essa contraposição ainda que Nero já
utilize a palavra “rival”) – Há uma crueldade de Nero obvia, podemos
deduzir que o desenlace mais obvio para este verso é a morte de
Britannicus. A morte deste encontra-se aqui inscrita nos versos de Nero. O
espanto de Burro é no fundo, o espanto do espetador. A justificação de
Nero para esta atitude (1315) é de não quer dar o trono a Agripine e a
Britannicus. Nero pensa que é uma forma de se libertar de Agripine e de
Britannicus, se os matar. Nero torna-se uma personagem mais odiosa
relativamente a Burro e ao espetador.
Súplica de Burro a Nero – Há toda uma estratégia argumentativa. Os
argumentos de Burro para que Nero não assassine Britannicus são de que
Nero vai ser odiado pelo povo. Verso 1337 – “Mas Senhor…” – A ideia
valorizada por Burro e por Racine no prefácio – a ideia de que o reinado de
Nero nos primeiros tempos são anos de grande empatia com o povo em que
Nero era virtuoso.
A rima e o paralelismo dos versos mostra uma antítese entre “virtude” e
“crime” – reforça o confronto antagónico. A metáfora do sangue torna
Nero mais cruel (imagem catastrófica).
Burro estabelece na súplica um contraste entre os recursos que o espetador
possa visualizar o passado de Nero (Verso 1355) – Racine nesta réplica de
Burro mostra um discurso indireto livre de Britannicus. É como se Burro
ressuscita-se o Nero do passado colocando uma visão mais clara do
passado e uma visão que contrasta ainda mais com o presente (desejo de
Nero de matar Britannicus).
A ideia da mudança é uma ideia importante para percebermos o próprio
Nero. Burro, perante esta situação, tem uma atitude de demarcação de
Nero, conserva a honra e portanto, afasta-se de Nero (versos 1375/1376).
Didascália - última tentativa de Burro para conseguir uma mudança de
Nero.
No final da cena a estratégia de Burro é dizer que Britannicus não o odeia
(a Nero) – 1386 – Nero não aceita a proposta nem a rejeita, o último verso
de Nero (1390) é um verso ambíguo, que mais uma vez deixa o desenlace
em aberto, há uma outra possibilidade de mudança e portanto, isso faz parte
do suspense que vai depois tornar ainda mais trágico o desenlace real.
Ato V – Cena I analisar

Aula 09-03-2023
Na cena III do ato IV o final fica em aberto uma atitude de hipotética
reconciliação que o espetador sabe que não se irá conceder que torna ainda
mais trágico o final, na medida em que o final é adiado sucessivamente, e
fica em suspense.
A cena IV opõe-se à cena III, nesta cena vemos como esse final em aberto
é um final falso, que não irá acontecer. Nesta cena há uma contraposição ao
poder entre Narcise e Burro. Esta é uma cena muito importante.
Cena IV do Ato IV – Cena fundamental para entender como Nero é o
monstro cruel. Qual é o retrato que podemos traçar de Nero?
Na primeira réplica Narcise anuncia que preparou o veneno (o espetador vê
que existe uma cumplicidade entre Nero e Narcise, na medida em que
Narcise já tem o veneno preparado).
“poção” – palavra importante, veneno, esta palavra circula nesta história.
Nero – Assume essa reconciliação, este perfil de Nero adequa-se a outras
situações de mudança, mas aqui há uma construção plena de Nero – faceta
mais humana de Nero. No retrato de Nero ainda permanecem virtudes, isto
é uma imagem muito efémera de Nero.
Narcise tenta convencê-lo a matar o irmão, metendo a imagem de Nero
como um cobarde. Narcise diz a Nero relativamente a Agripine – (1415)
pede um apelo à realidade.
Narcise diz que Agripine já tinha reconquistado o poder, e diz isso para que
Nero dispute o poder com Agripine.
Narcise é uma personagem detestável, talvez ainda mais que Nero, constrói
esse argumento para desencadear o ódio de Nero.
Nesta fase Nero ainda não está totalmente rendido, ele ainda preserva
alguns valores “A Burro fiz uma promessa…”
1427 – Nero quer evitar com uma atitude de nobreza, ficar com uma atitude
de envenenador, ela ainda preserva o valor da honra que é um valor que
deve prevalecer enquanto imperador. Ele quer afastar-se dessa figura de
envenenador, uma figura degradante.
Narcise assim, ainda tem ainda mais argumentos plausíveis (contra-
argumentação). (1439) Narcise diz que será um ato de fraqueza se Nero
mostrar a reconciliação. O povo de Roma gosta do poder, daquele que
exerce o poder sobre ele, ele terá o povo de Roma rendido se ele exercer o
trono com crueldade.
Roma vai sempre encontrar motivos de recriminar Britannicus e Octavie.
Há um apelo à vaidade de Nero, de este ter um poder absoluto. A atitude de
Nero é uma atitude paralela à de Louis XIV.
Nero mostra o seu último gesto de nobreza na última réplica grande.
Narcise diz que Burro pode ocultar alguma verdade e não dizer sempre
aquilo que pensa. Pode haver alguma dissimulação em Burro.
Nero sugere em discurso indireto livre. Nesse discurso o povo diz que Nero
é cobarde (verso 1468).
A argumentação de Narcise e a utilização do discurso indireto livre tem um
efeito final de persuasão em Nero. Aqui se enuncia o desenlace real. Nero
não diz “vamos matar Britannicus” mas “vamos ver o que vai acontecer”.
O texto clássico deve obedecer às “bienséances” /decoro.
Litote – fugura retórica do texto clássico e Raciniano que prevê que o
discurso seja atenuado, isto é, não se diz tudo o que se pode dizer (espécie
de eufemismo). É contra as bienséances dizer em palco que um imperador
dizer que vai matar alguém.
O desenlace irá acontecer no Ato V. Iremos encontrar um final fechado, um
espaço fechado sobre si próprio (simbologia).

Ato V
Cena I – desenvolve o suspense que já encontrámos no Ato IV e vai
desenvolver-se ainda mais as personagens Junie e Britannicus.
“Mas é certo que continuo a temer” – ela teme por um final trágico.
Ela questiona a sinceridade de Nero, uma vez que ainda há pouco Nero
disse que amava e que estava cheio de raiva e do nada, mudou e quer
reconciliar-se com Britannicus.
A técnica do suspense prolonga-se aqui na medida em que Britannicus é
uma personagem que vive na ilusão de haver uma reconciliação. Há uma
certa ingenuidade, é um herói “generose” – 1511 (acreditando há uma
cumplicidade entre Agripine e Junie)
(verso 1411) – Britannicus diz que perdoa Nero e lhe deixa o trono que lhe
pertencia justamente porque está feliz na relação com Junie. É uma visão
idealizado do amor e do mundo, visão filtrada pela virtude e daí que seja
possível um final feliz. Junie é uma personagem lucida do conhecimento do
mundo, ao contrário de Britannicus. (1508) – o discurso de Junie é muito
interrogativo.
1519 e seguintes – Junie é alguém que acaba de chegar á corte sem os
vícios da corte. Junie caracteriza a corte de Nero que no fundo é a corte de
Louis XIV, como uma corte falsa, uma corte onde a virtude não está
presente, ligam apenas ao superficial.
Relação de Metonímia/ de contiguidade – figura próxima da metáfora, mas
que implica relações de contiguidade.
Há um crescendo na argumentação de Junie (1536 e seguintes), ela diz que
tudi lhe é suspeito. Ela tem uma visão oposta a Britannicus relativamente a
Nero. Ela acha que Nero não mudou.
A cor negra aparece como metáfora da paixão – ambiente sombrio que
marca os momentos finais da peça de Racine.
Nero teria escolhido fazer a sua vingança de noite – presságio.
Há uma antevisão de Junie do desenlace real. Junie prevê que Britannicus
irá morrer.
Britannicus contra-argumenta no final dizendo que a juventude da Junie a
leva a ver um final trágico - a argumentação de Britannicus está errada. A
ironia trágica vem de Junie a ter razão. A ironia trágica advém de até do
próprio espetador saber o desenlace real.
Ironia trágica - O espetador conhece o desenlace, mesmo havendo dois
argumentos o espetador sabe a verdade.
Cena III
Agripine é também uma personagem iludida, não tanto a ilusão da
reconciliação, mas a de poder. São visões diferentes, a de Junie e
Britannicus, mas que contrastam com a visão de Junie que é a visão real
num futuro próximo.
Agripine é uma personagem tão iludida quanto Britannicus, mas por razões
diferentes. Na cena II há uma despedida de Junie e Britannicus – uma
despedida feliz. Britannicus matém-se nesse cenário de um final feliz.
Na cena III explora esse confronto entre o desenlace previsto por Agripine
e o desenlace previsto por Junie. Agripine vê que Junie está desconfiada,
“Algum pranto vos deixa vista obscurecida?”.
Agripine seleciona essa imagem sombria de Junie.
O argumento de Junie para explicar essa nuvem sombria que a atormenta –
Junie ama Britannicus e por isso, tem medo da relação amorosa. Por outro
lado, a corte é uma corte de mudança (corte de máscaras), ela pensa que
Nero podia realmente reconciliar-se com Britannicus.
Racine faz novamente durar a Ironia Trágica – com a contra-argumentação
de Agripine. Agripine constrói uma imagem de Nero, dizendo que ela
confia nele porque ele jurou e fez promessas. Mais uma vez, numa visão
ingénua, mas não tão ingenua como Britannicus. Ela constrói uma imagem
de Nero (1525) muito humanizada.
No fundo, é quase a imagem do filho pródigo da Bíblia, que vem encontrar
Agripine e que lhe vem dar o poder. Agripine faz um jogo subtil entre as
emoções e o poder.
Agripine faz um retrato de si própria, um retrato de poder, ela é a imagem
eufórica, funcionando assim a Ironia Trágica uma vez que Britannicus
morre no final e que Agripine será afastada do poder – Agripine não tem a
lucidez de Junie. Agripine é tão sedenta de poder que ela projeta já a sua
imagem de poder dela num futuro próximo quando o espetador sabe que
isso não vai acontecer. – Ilusão do destino de Agripine.

De acordo com as regras de decoro a morte de Britannicus não pode surgir


em palco mas há uma personagem (Burro) que faz o relato da morte mas
esse relato deve ser tão realista quanto possível, o espetador deve ser capaz
de figurar tudo o que está a ser relatado na sua cabeça.
Burro é assim, quem trás a noticia da morte de Britanicus.
Cena V – A tragédia de Racine é tanto a morte de Britannicus e a desgraça
de Agripine. Uma vez que a morte de Britannicus faz com que Agripine
tenha de sair da corte.
Há uma aparente reconciliação, fazem um brinde e nesse brinde está o
veneno. Assim, morre Britannicus.
Palavras de Nero em Discurso Indireto Livre que atualizam a cena mas que
por outro lado, insistem na crueldade de Nero. Burro é um homem de
virtude e é ele que profere o discurso indireto livre que é como se fosse
Nero a dizer.
Revela-se a traição de Nero.
As pessoas que estavam a assistir á reconciliação, acham “normal” porque
este tipo de procedimento é normal numa corte.
Revela-se a traição de Narcise.
1646 – A corte é odiosa, mais uma vez há uma relação metonímica coma
corte de Louis XIV. Burro vai afastar-se dessa corte e vai chorar a morte de
Britannicus e chorar a traição de Nero (figura do mal).
Burro é uma personagem fiel aos princípios do bem e do moral.
Aula 14/04/2023
Ato V - Na Cena VI nós encontramos 4 personagens fundamentais para o
desenlace do romance – Agripine, Nero, Narcise e Burro.
Nesta cena consideramos o discurso de Agripine.
Nero tem uma reação perante Agripine, ele nega as acusações de Agripine,
tornando-se uma personagem mais odiosa, na medida em que nega aquilo
que é verdade e todos sabem.
A morte de Britannicus é vista com o um golpe do destino. Narcise é tão ou
mais odioso do que Nero, uma vez que mais cedo ou mais tarde ele iria
virar-se contra Agripine – num discurso argumentativo Narcise diz que
Agripine não conhecia Britannicus. Estes versos tornam mais odiosos Nero
e Narcise, tentam dar uma leitura diferente relativamente à morte de
Britannicus.
1672 – Réplica de Agripine – Agripine diz que por causa disto ele vai ser
conhecido e que não vai parar aqui e que vai fazer o mesmo com Agripine.
Como se no fundo acaba-se o monstro Nero, Agripine prevê que o império
de Nero seja cheio de intrigas políticas.
Repara-se como o encenador veste Narcise (gravata), mostrando que ele era
um politico e um homem de estado. Não é uma morte física, mas uma
morte psicológica de Agripine, no sentido de afastamento do poder.
Ela nunca o deixará tranquilo porque alguém o julgará num futuro, ele vai
ser punido por Roma como um tirano cruel.
1682 – A sede de ver sangue por parte de Nero. Esta réplica é um presságio
de Agripine, em que Nero será castigado e visto como um monstro por
Roma.
Cena VII – Constrói-se um retrato de Nero a partir do presente. Burro diz
que a partir daqui haverá uma sucessão de crimes.
Diz a Burro que ele será morto por Nero.
Burro retrata um retrato de Nero sendo este retrato de uma pessoa fria e
apática e que se foi tornando cada vez pior. Para Burro a sua morte será um
alivio, o mundo de Racine é visto como um mundo de monstros. Há uma
galeria de monstros nas tragédias racinianos (Nero e Narcise fazem parte
dessa galeria de monstros racinianos). A morte de Burro será uma forma de
libertação desse mundo. Este é um retrato de Nero de tirano.
“Ministro importuno” – Burro, que não consegue enfrentar a tirania de
Nero. A morte será a sua solução.
Paralelismo entre a ficção e a própria realidade histórica.
Cena VIII – Na última cena no teatro clássico descreve o destino das
personagens, fechando o ciclo da personagem. É uma síntese da tragédia.
Albine é quem dá vários aspetos da ação e que nos diz no seu discurso que
Junie desmaiou. Junie olhou para a estátua de Augusto e decidiu entregar-
se ao tempo das vegetais (morte simbólica). A estratégia discursiva que
Albine utiliza é utilização do discurso indireto livre. Dá-nos a conhecer as
últimas palavras de Junie antes da sua morte.
1727 – Augusto é a figura tutelar da família de Junie. A raça de Augusto
está a ser ameaçado por Nero. Ela diz a Augusto que se entrega aos deuses
imortais que fazem parte da própria virtude de Augusto, ela entrega-se para
consagrar a sua pureza.
Foge da tentativa de se entregar a Nero.
Albine apoia Junie e por isso, não apoia Nero. O próprio povo que entre
Junie no tempo das vegetais que garante a sua pureza e apoia esse gesto de
pureza que Junie tem, este gesto é de uma heroína generóose.
“Narcise mais audaz…” – Narcise quer deter Junie e não a deixar ir para o
templo onde ela quer entrar. No fundo a atitude de Narcise é para agradar a
Nero.
Narcise foi morto pelo povo – “mão profana” – Narcise é a mais odiosa das
personagens e, portanto, ele ao impedir Junie de se integrar ele profana esse
gesto de virtude de Junie.
Roma = Povo
César abandona Narcise às mãos que o mataram, essas mãos são o povo de
Roma.
Último retrato de Nero – A reação de Nero perante o espetáculo que existia
era uma reação de solidão.
Aula 16/03/2023
Romance Sec. XVII
O teatro é a marca mais especifica do sec. XVII. O romance, a partir do
sec. XVI passa a ser também muito lido, influenciando-se pelas novelas
italianas e espanholas.
Romance Barroco – De facto, há uma diversidade grande de textos nessa
época que podem ser arrumados de texto sentimental, de histórias trágicas e
textos cómicos.
As personagens são estereotipadas e amores idealizados.
Há um realismo na intriga, não conseguiram libertar-se de formas líricas.
A intriga principal é a intriga dos amores d’Astrée e de Céladon. O amores
desse par sofrem imensos obstáculos, já que as suas famílias são rivais.
Descrição de uma paisagem utópica – prevenção do espaço.
Guerras de religião do sec. XVII
Movimento libertino – os autores deste movimento pretendem introduzir a
ideia da naturalidade, mas também de liberdade compositiva. Na medida,
em que os romances eram esquemáticos na sua construção, seguindo um
plano. D. Quixote é um romance paradigma do movimento libertino.
Charles Sorel, Histoire Comique de Francion – o herói é ligado ao romance
picaresco espanhol. Roamnce onde o herói viaja (há um itinerário de
aventuras), cada vez que para num lugar tem uma aventura.
Le Berger Extravagant – Romance pastoril. Há um burgues de Paris que lê
muitos romances pastoris e vai-se tornando no herói dos livros que lê.
Cyrano de Bergerac, L’Autre Monde e Les États du Soleil - textos de ficção
científica, onde se faz uma critica à sociedade da época. São sociedade
feitas à imagem da lua e do sol. O romance para ele é um espaço de
liberdade, um espaço de fantasia.
Princípio de verosimilhança –
1613 – Cervantes, Novelas exemplares
1657 – Segrais, Les Nouvelles Françaises
1669 – Guilleragues, Lettres Portugaises

A novela, muitas vezes, descreve momentos recentes, são marcadas pela


brevidade e têm uma moral muito obvia. São um espeljo da sociedade
moderna, em que o leitor pode se identificar facilmente com as
personagens da novela (verossimilhança interior).
A ficção e a realidade são fatores de verossimilhança.
Os nomes correspondem a nomes reais fora da ação.
Há uma tentativa de desenvolver a densidade psicológica das personagens.
Tema: Fraqueza humana.
As novelas Histoire de La Princesse de Montpensier e La Comtesse de
Tende são um esboço de La princeses de Clèves – Há uma critica por parte
de Madame La feiet à corte da época, escreve monólogos interiores que
exploram muito mais um conteúdo psicológico das personagens. A visão
do mundo jansenista que se transpõe no texto de Madame La Feiete.
A marca da Preciostée -
Aula 21/03/2023
La Princesse de Monpensier
Esta novela tem como fator importante o destino, o destino terá um papel
crucial, tendo uma autonomia própria. Foi um texto marcante para que o
texto clássico se afirmasse. A rapidez da intriga, o principio da
verosimilhança, interioridade da ação, a moralização que o texto deve
conter, por isso o texto foi um modelo do género de novela. A ação não se
desenrola num passado longínquo, a ação é colocada na França do sec. XVI
e nas guerras de religião. Ao contrário dos textos barrocos, isto é uma
simples história de amor onde o autor explora o interior das personagens.
Há um jogo constante entre a história e a ficção e acaba por mostrar que os
seus textos são verosímeis.
A protagonista ocupa o centro do drama e à volta desta personagem giram
3 personagens centrais. Os três amam (o principe (o marido com quem ela
casou por obrigação), o duque, o conde (que ama profundamente, tem um
papel bastante ambíguo) a protagonista. Depois o Duque danju é outra
personagem central além destas 3. A intriga situa-se nesta conjugação de
forças.
Inicialmente temos uma breve descrição do passado da protagonista e
depois entramos na matéria diegética. Há dois tempos fortes na narrativa, o
tempo da corte e por outro lado, temos momentos no campo onde a
princesa se encontra o Duque de Guise.
Toda a narrativa se encaminha para uma cena noturna, a cena do quarto.
Toda a história leva aos sentimentos profundos e amorosos das
personagens. Há uma simplicidade da intriga, o narrador é heterodiegético
(não pertence à história e relata a história na 3ª pessoa).
Pág. 19 à 22 – Guerra civil, desorde, a oposição entre esses dois elementos
na narrativa. A guerra civil e o amor.
História e a história.
Pág. 20 - A intriga sentimental e heroína apresentam-se de forma a mostrar
que o Duque de Guise será o primeiro amor da princesa. Este irá esconder o
seu amor com muito cuidado, vendo nela uma grande beleza. Alguém
impediu que o Duque de Guise se declarasse à princesa, uma vez que o
cardeal de Lorena não o deixava, devido a situações de poder.
Le desorde de la amour – O Duque levou como uma ofensa pessoal o facto
da princesa casar-se com o principe.
“e o seu amor próprio levou-o a receber esta quebra de palavra como um
insulto insuportável. O seu ressentimento explodiu em breve, apesar das
reprimendas do cardeal de Lorraine e do duque de Aumale, seus tios, que
não queriam persistir numa coisa que viam não poder impedir: e ele ficou
tão furioso, na presença do jovem príncipe de Monpensier, que nasceu
entre eles um ódio que só terminou com as suas vidas. Mademoiselle de
Mézière.”
O casamento é descrito de uma forma pouco descritiva. O príncipe retira a
princesa para Champigny para evitar o cerco de Paris, que haviam
declarado guerra ao rei novamente. Um acontecimento histórico e real que
interfere no casamento, não se trata de uma pausa narrativa mas de uma
mera aulsão que interceta o casamento. A princesa apenas obedece aos que
os pais querem.
Há aqui um triangulo amoroso, o Duque de Guise, o príncipe e a princesa.
O Duque de Guise tem uma relação escondida com a princesa o que era
comum na corte.
O próprio final desta narrativa (a morte da Madame Monpensier), alude-se
a valores que fazem parte da corte e de que no fundo esta se pretende
distanciar por uma questão de bonsience.
Página 32 – o tema do silencio e das paixões escondidas.
A violência crescente entre católicos e protestantes acompanham as idas e
vindas de Guise, as aproximações de Madama Monpensier com duque de
Guise. Esta aproximação dá-se num momento de paz. Há sempre um
momento história, de guerra ou paz, condiciona os momentos das
personagens – momentos chaves na ficção.
O primeiro encontro de Madame Monpensier e Duque de Guise.
Texto – Centra-se no Conde Chabanes. Este é forte de espírito
Madame de Monpensier tem características físicas descritas no texto como
uma visão hiperbólica da virtude e da sua beleza.
A amizade e cumplicidade entre os dois (madame e conde Chabanes) vai
permitir-se revelar um segredo, estando iludida a ponto de pensar que essa
paixão tinha acabado.
Aula 11-04-2023
Trabalho sobre os temas – trabalho de investigação facultativo
A escritora de Madame de Lafayette tem o tema do segredo, a revelação do
segredo, dado que desconhece a paixão por ela própria. Madame
Monpensier é uma personagem que não está inscrita na corte, a sua paixão
pelo duque de Guise está a desaparecer. A construção gramatical do texto
mostra essa hipérbole. O tema do segredo e, portanto, o desvendar do
segredo faz de Chabanne o seu confidente e intermediário. No âmbito do
exagero dos sentimentos que vai levar à morte da personagem.
Página 34 – Chabanne está sempre numa posição dupla.
Página 49 (mais ou menos a meio) – revelação completa do segredo de
Madame Monpensier relativamente a Chabanne, o texto continua a refletir
o efeito de Chabanne.
Página 50 (meio da página) – o jogo de palavras é típico da escrita
preciosee, jogos sentimentais que estão em causa e que são equacionados
quando se retrata a personagem de Chbanne. A narradora utiliza uma
focalização interna que Madame de Lafayette utiliza nos seus romances
para mostrar o psicológico desta personagem.
O jogo de palavras é constante dando continuidade à focalização interna de
Chabanne. O sofrimento maior de Chabanne perante o amor que tem pela
Madame Monpensier. Portanto é a personagem mais trabalhada (Chabanne)
pela escritora.
Página 28/29 – Galantoune – vive das suas próprias conquistas amorosas.
Descreve-se esse encontro. Há uma singularidade da princesa, onde se
utiliza a hipérbole. A beleza extraordinária da protagonista e de
personagem simples, acaba por ser uma coisa de romance, ultrapassa o
comum e realidade.
Aula 18-04-2023
O último texto da Princesa de Monpasier relata-se a morte de Chabanne,
marcada pela ironia trágica, foi reconhecido como protestante e por isso,
foi assassinado. No entanto, ele é católico. Há uma ironia trágica que
envolve o desenlace desta personagem. Há assim, um equívoco, havendo
uma morte absurda (primeiro momento do texto).
Pág. 63– Na sequência do relato da morte de Chabanne, encontramos uma
alusão do Duc de Guise e à sua paixão pela princesa. Apresenta-se vários
factos do Duc de Guise, como o afastamento pela princesa mostrando a
ideia de que a paixão é completamente efémera. A paixão é excessiva só
que há uma deslocação dessa paixão para Madame Monpensier e Madame
(…). O Duc de Guise é um homem de corte, um galão, comportamento de
corte.
O comportamento de corte de Duc de Guise tem vários efeitos na Princess
de Monpensier: ela estava infeliz porque tem um peso na consciência vai
ser fundamental para explicar a morte da princesa que é no fundo uma
doença que se prolonga e que tem um final fatal, dadas as duas
circunstâncias, a morte de Chabanne e infidelidade de Duc de Guise. Há
uma auto comissão pela própria infidelidade de Madame Monpensier por o
príncipe.
Para além destas duas circunstâncias que contribuem para a morte da
princesa, também a ingratidão do Duc de Guise, isto é, estamos no espaço
de galanteio. Madame Monpensier soube da traição do Duc de Guise
justamente pelos rumores.
O tempo verbal utilizado no final é condicional passado, tem um valor de
hipótese, uma hipótese que não é quase possível -sentido da fatalidade. A
mensagem que a narradora e a autora pretendem sublinhar neste final como
um final moralizante, utilizando-se o “se”. Ideia de que se a ética tivesse
conduzido as suas ações ela teria sido uma princesa feliz. Este final tem
uma sintonia com o resto da narrativa, final típico da novela clássica. O
destino condiciona as ações, apenas os eleitos (os generoos) conseguem
ultrapassar essa fatalidade. Há um final completamente negativo,
acentuando-se a ideia do destino – distanciamento da focalização do
narrador (focalização omnisciente).
Encontramos poucos momentos onde o narrador comenta os efeitos
negativos da paixão - Pág. 52.
Focalização interna – mostra o psicológico das personagens.
Pág. 37 (segundo parágrafo)
Pág. 40 (a meio da página) – Há aqui um exame de consciência em que a
princesa se culpa pela paixão de Duc de Guise.
Pág. 54 (a meio da página) – Há aqui de novo um exame de consciência
através da focalização interna. A alegria de ir ver o Duc de Guise, mas uma
ação contrária à sua virtude e que a leva a se pôr numa situação de extrema
infelicidade.
Há uma série de momentos de focalização interna e focalização
interventiva (comentário da narradora) que vão explicar a moralização do
desenlace da novela.
Pág. 56 (a meio do último parágrafo) – Na cena noturna de Madame
Monpensier e Duc de Guise, a dor sentida por Chabanne vendo que esse
encontro iria acontecer há uma atitude de tentativa de suicídio.
O desenlace marca uma ideia pessimista.
Monpensier apresenta uma representação emblemática do romance
clássico, concentrando uma visão do mundo pessimista, entendendo o
destino do homem.
O século XVIII – As “Lumières”
 “Querelle des Anciens et des Modernes” – Os antigos acreditavam
no conhecimento absoluto do mundo.
 Os “Anciens”
La Fontaine; Racine, Boileau; La Bruyère
 Os “Modernes”
Perrault, História e contos do tempo das moralidades (1697)
Fontenelle, Digression sur les Anciens et les Modernes (1687)
Newton; Locke (filósofo inglês que escreveu um ensaio sobre o
entendimento humano - relativismo)
O facto das viagens se tornarem comuns, o conhecimento de novos
acrescentaram saber ao mundo francês. Há uma influência do estrangeiro
muito importante, como África e América. Inglaterra também é um novo
mundo, com a multiplicidade das opiniões religiões, terra onde havia ideias
liberais.
O padrão do século XVIII é sem dúvida, o filosofo. O filósofo é irmão do
libertino. Durmasais, “Philosophe” in Encyclopédie, faz uma definição de
filósofo. O filósofo e a razão, o filosofo mostra as suas ideias na visão dos
factos, os princípios apenas nascem da observação dos factos. A honra é
fundamental para um filósofo, este ama a sociedade civil, entende que deve
estar ao serviço da sociedade civil. O filósofo deve ser um membro útil na
sociedade civil, deve ser um homem honesto relativamente à sociedade. O
verdadeiro filósofo é um homem honesto que age sempre através da razão,
tem uma função critica e age através da experiência. O filósofo deve agir
em sociedade, ser sociável (conceito de filantropia – amor pelo outro). O
filósofo deve ser útil (valor burgues) aos outros, deve viver em sociedade.
O filósofo é a vanguarda da nova burguesia. Um filósofo deve estra em
extrema ligação com a natureza para atingir a felicidade.
As “Lumières” são um tempo da filosofia, as viagens filosóficas e as
narrativas utópicas. Valores como o relativismo, a tolerância, esperança no
progresso, confiança na razão, a procura do prazer e da felicidade, fazem
parte deste modelo/emblema que é o filosofo – outras formas de ver o
mundo.
A ideia da relegião – Voltaire acredita num deus que é um deus de todos os
homens, de todos os mundos e de todos os tempos. Não há quela ideia da
igreja católica.
As “Lumières” são uma espécie de humanismo racionalista, apoiando-se na
experiência, havendo um certo ceticismo de que é impossível ter um
conhecimento do mundo inteiro.
Locke, Essai sur l’entendement humain, 1690 – O conhecimento nunca é
absoluto é sempre relativo. Essa relatividade que funciona através da
relação deve ter sido em conta no conhecimento do mundo.
Condillac pões as sensações no cento das atividades humanas. É através
das sensações que nós conseguimos chegar ao conhecimento das coisas.
O movimento das luzes tem implicações a novel da religião. Havendo
filósofos ateus e sobretudo, encontramos anticlericalismo e o deísmo.
O deísmo de Voltaire - acreditar num deus pessoal, um deus bondoso.
Muito critico relativamente à igreja e até às instituições, como a
Universidade de Coimbra. Há uma separação da religião e da
espiritualidade.
Há uma ligação também com a política, muitas vezes os filósofos forma
políticos. Defense-se a liberdade e a igualdade, a condição feminina, a luta
pela abolição da escravatura, uma educação cívica aberta a todos.
Estas características/ideias dos filósofos que vão caracterizar a Revolução
Francesa. Há um combate do poder absoluto de Louis XIV.
Na ciência muitos filósofos eram cientistas – as ciências experimentais.
Acredita-se que as ciências contribuem para o progresso do homem, é
nessa época que nascem as ciências humanas – a relação do ser humano
com os outros seres e as coisas.
Aula 20-04-2023
O conhecimento é sempre relativo e deve ser construído através da
observação dos factos.
Há nomes que se destacam no universo dos philosophes: Diderot, Voltaire,
D’Alembert, Lockem Condillac, Jean-Jacques Rousseau. Muitos destes
filósofos são escritores de política, há uma personalidade parisiense, o
escritor é também um filósofo e torna-se um especialista do mundo. Nesta
época é de realçar géneros como as confissões, as memorias e os diários
íntimos serem publicados.
Os cafés passam a ser centrais na vida intelectual, e, portanto, a passagem
do salão para o café passa a ser uma abertura da cultura à sociedade (Café
de la Régence e o Café Propcope). Esta abertura da cultura à sociedade é
também evidente na Encyclopédie, onde colaboraram todos os filósofos –
existem 17 volumes e 11 volumes de gravuras. Esta é uma obra que
pretende mostrar o progresso nas várias áreas e saber, esta obra é uma
forma de proteste contra o dogmatismo, a religião, contrariando a igreja.
Nela encontramos artigos sobre literatura, ciências, religião, etc. Há edições
proibidas ainda hoje em vários locais do mundo, sendo esta uma polémica
ainda hoje. Esta obra tinha como objetivo não só revelar o estado de
conhecimento nas diversas ciências humanas e exatas, mas também sendo
uma obra de progresso e com um impacto ideológico enorme, é uma obra
que pretende buscar a felicidade do homem.
Associado a esta nova forma de ver o mundo que decorre da querela dos
antigos e modernos há uma série de valores que ficam, a intolerância, a
igualdade, a fraternidade. A abertura ao cosmopolitismo, são uma série de
valores que estão na abertura do período das “lumiéres”.
Os géneros
 Comédia Social: Marivaux, L´île des esclaves (1725) – defende a
abolição da escravatura.
 Diálogo: romance epistolar – Rousseau, La Nouvelle Héloise (1761)
– romance que é constituído por cartas que são escritas de
personagens do romance para personagens do romance. É através
dessas cartas que configuram a ação e as personagens. A entidade é
revelada nesse subgénero. O emblema máximo deste tipo de
romance é este de Rousseau, existe um diálogo constante entre as
cartas e essas cartas constituem um macro diálogo nesse romance –
onde se exprime os sentimentos sempre com o intuito da
verosimilhança (mostrar que o texto é efetivamente real quando se
trata de um texto fictício).
 Conto filosófico - Voltaire
 Narrativa de viagens utópicas
O romance é o género do século XVIII, apoiando-se em contos filosóficos
e textos íntimos.
Voltaire
É de facto uma figura central revolucionária, nasceu em 1694 e faleceu em
1778. O seu nome verdadeiro é François-Marie Arouet. No fundo, o século
XVIII é marcado por Voltaire, este é um revolucionário e encarna o espírito
de philosophe.
Voltaire dedica-se à física, astrologia, química. Escreve em 1636 a epistola
a Newton onde descreve as filosofias de Newton.
Voltaire tem experiência em várias cortes.
Cap.I, Cap.III, Cap. VI, Cap. VIII, Cap. XVII, Cap. 19, cap. 20 e cap. 30
Ironia profunda de Voltaire
Cap.III – tema da guerra
Cap I analisar TPC
Análise do Cap. I
O capítulo começa com a localização inicial da obra, na Vestefália (região
da Alemanha) no castelo do barão Thunder-tentronckh.
Apresentando o protagonista “…, havia um jovem a quem a natureza
dotara das maneiras mais afáveis.”, isto é, era um jovem talvez com uma
personalidade agradável e cativante, esta “maneira afável” de ser comportar
é algo que o jovem possuía de forma natural, fazendo parte da sua
personalidade.
O nome Cândido em Voltaire é um símbolo, representando a inocência e a
pureza. A fisionomia de Cândido era um reflexo exato da sua
personalidade, sendo uma pessoa transparente, que não esconde os seus
sentimentos ou os seus pensamentos, uma pessoa de bom coração.
Era um homem justo e correto, agia de acordo com os princípios éticos. A
“retidão” está ligada à transparência e também à honestidade.
Linha 6 - "Os criados mais antigos em casa tinham suspeitas de que fosse
filho da irmã do senhor barão e de um bom e honrado gentil-homem da
vizinhança, com quem a menina nunca se quis casar, porque ele só
conseguira provar setenta e um contados de nobreza, e porque o resto da
sua árvore genealógica se perdera na injúria do tempo."
Os criados mais antigos da casa suspeitavam que Cândido era filho de uma
relação entre a irmão do barão e um homem da vizinhança. Esta suspeita
surgiu porque a irmã não se queria casar com este homem, pois não
conseguia provar a sua nobreza, sendo que a sua árvore genealógica se
perdeu no tempo. Aqui apresenta-se uma crítica à importância exagerada
que se dava à nobreza e à linhagem.
 Voltaire mostra-nos que muitas vezes, as pessoas eram julgadas não
pelo seu carácter, mas pela sua origem social e pela sua linhagem.
 Este excerto também mostra que as mulheres na altura as mulheres
tinham pouca liberdade para escolher com quem queriam ficar. A
irmã do barão não se quis casar com o vizinho, apesar de ser um
“gentil-homem”, graças à sua origem social.~
"O senhor barão era um dos senhores mais poderosos da Vestefália, porque
o seu castelo tinha uma porta e janelas. O salão até estava adornado com
uma tapeçaria. Em caso de necessidade, todos os cães que guardavam as
capoeiras formavam uma matilha; os palafreneiros serviam de picadores e
o vigário da aldeia era o capelão-mor. Todos os tratavam por monsenhor e
riam das histórias que ele contava."
Este excerto é uma critica irónica à nobreza na época. Voltaire refere que o
barão era poderoso por ter portas e janelas, sendo isto uma sátira, um
mundo onde valoriza coisas superficiais, em vez da sabedoria ou do
caracter de uma pessoa – crítica da sociedade da época, observamos o
ridículo do pensamento da época.
Os cães que pareciam uma matilha e os palafreneiros serviam de picadores
(Os palafreneiros que eram os criados que cuidavam dos cavalos
transformavam-se em picadores, isto é, praticavam de touradas, deporto da
época, usam uma lança para espetar o touro.) – Aqui mostra-se a
decadência moral da nobreza naquela época, o poder do senhor barão era
baseado na violência e na crueldade e não em valores morais.
O vigário é um padre, servindo a igreja. No entanto, aqui o vigário é
apresentado como uma personagem que tem a ver com a nobreza e o poder,
sendo um capelão-mor (senhor feudal) do senhor barão. Esta também
poderá ser uma critica à igreja de Voltaire, pode significar que na época a
igreja aliava-se com a nobreza para ter também a riqueza nas suas mãos –
mostrando uma forma de corrupção e uma certa hipocrisia, pois a igreja
deveria estar ligada à moralidade.
As pessoas “riam das histórias que ele contava” e divertiam-se coma as
suas histórias, mesmo que as histórias tivessem a ver com o contexto
religioso, as pessoas não o levavam a sério. – Crítica a falta de seriedade
com que a religião era exercida na época. O vigário não possui formação
detalhada sobre a igreja, não tem um conhecimento sobre o que é a religião
e a sua história. No entanto, mesmo assim, é tratado como “monsenhor”,
tendo um grande respeito por este.
"A senhora baronesa, que pesava cerca de trezentas e cinco libras,
desfrutava por isso de uma enorme consideração, e fazia as honras da casa
com uma dignidade que a tornava ainda mais respeitável."
Descrição da baronesa – era uma mulher obesa (descrição física), vista
como uma figura importante na sociedade. Voltaire faz uma ironia
mostrando que a aparência física não é importante para estar numa posição
social elevada, ma sim importa se a pessoa tiver riqueza. Graças à sua
riqueza esta é uma personagem que todos respeitam e têm consideração.
Há uma valorização pela riqueza e pela posição social acima de tudo. A
baronesa até podia ter qualidades como a humildade e a honestidade, mas
ela é respeitada por causa da sua riqueza. O facto de a baronesa fazer “as
honras da casa com dignidade” poderá ter haver com a superficialidade da
época, que se valoriza as aparências e as convenções sociais da época.
Cunégonde – filha do barão. Esta é descrita como uma mulher atraente,
deseja pelos homens. (linguagem coloquial)
O Precetor Pangloss era quem dava as lições a Cândido.
"Demonstrava com brilhantismo que não há efeito sem causa e que, neste
melhor dos mundos possíveis, o castelo do senhor barão era o mais belo
dos castelos possíveis e que a sua esposa era a melhor das baronesas
possíveis."
Descrição do precetor Pangloss – ele acredita na teoria do “melhor dos
mundos possíveis, a ideia de que tudo o que acontece é para o bem e que o
que o mundo em que vivemos é o melhor que poderia existir – visão
simplista e ingénua da realidade, que ignora as injustiças e o sofrimento
dentro da sociedade.
Teoria de Leibnitz – Pangloss é um seguidor deste.
“melhor dos mundos possíveis” – filosofia otimista. Crença de que Deus é
bom, e que, portanto, tudo acontece para o bem.
Cândido tem um enorme interesse por Cunégonde. No entanto, não o podia
dizer, por esta ser filha do barão.
“… Cunégonde tinha grande inclinação para as ciências, observou, sem
respirar, as repetidas experiências de que foi testemunha; viu com toda a
clareza a razão suficiente do doutor, os efeitos e as causas, e regressou toda
agitada e pensativa, cheia de desejo de se tornar sábia, pensando que ela
bem poderia ser a razão suficiente do jovem Cândido, que poderia muito
bem ser a sua.”
Cunégonde é uma personagem feminina que tem um grande interesse pelas
ciências, tem imenso interesse e é capaz de entender as explicações do
doutor. Esta quer tornar-se numa pessoa sábia tal e qual o Precetor
Pangloss. Esta é um personagem que apresenta uma rutura com a visão
tradicional da época, em que a mulher, jamais poderia ter uma grande
capacidade intelectual e com vontade de aprender e muita curiosidade. As
mulheres da época tinham limitações quanto à educação e ao acesso ao
conhecimento.
Física experimental – literalmente. Ela vê Pangloss a ter relações com a
criada e quer também!!!! Utiliza uma linguagem metafórica, ela quer
relações com Candido. – Ironia.
Voltaire mostra ao leitor várias personagens sobre um discurso irónico,
desconstruindo caricaturalmente as personagens.
Candido foi expulso por não ser aristocrata – critica social, utiliza-se numa
linguagem popular.
Aula 27/04/2023
Os diferentes exílios de Voltaire, do carácter contestatário (igualdade,
liberdade e fraternidade).
A própria estrutura do conto permite que façamos três rotas (a viagem de
Candide, a história sentimental, e a diferença entre o bem e o mal). A
história sentimental não é uma história idealizada, mas alvo de constante
caricatura.
A sua viagem permite traçar o percurso de aprendizagem do herói, onde ele
critica a filosofia de Leibnitz. Candide acredita que está a viver o melhor
dos mundos possíveis, mostra as etapas de aprendizagem (pois nas viagens
acontecem acontecimentos que marcam a história, guerras, terramoto de
Lisboa, …). A chegada ao El Dorado marca o meio da viagem (chegada a
uma utopia). Este é um romance de formação, uma narrativa de viagens.
Conto filosófico – debate de ideias muito particular e que visa combater
esse otimismo de Leibnitz.

Cap. I –
A abertura do conto, com a sua localização – Abertura como se fosse um
conto de fadas, mesmo esquema da abertura do conto de fadas. (Indicação
do espaço e desde logo o retrato do protagonista (cumpre o código dos
contos de fadas, retrato idealizado de Candide).
Depois passa-se à caracterização das outras personagens. Desde logo, o
barão tem um castelo com uma porta e janelas – a justificação é incoerente,
qualquer casa ou castelo tem uma porta e janelas – Há aqui uma ironia na
descrição. O nome do barão, é um nome que tem várias aliterações,
ridicularizando o barão.
Baronesa – caricatura
Conégonde – caricatura, descrição que não poderia haver num romance
sentimental.
Pangloss – vem do grego, PAN - Tudo, GLOSS – Língua, aquele que fala
sobre tudo. A ironia é visível, ele ensinava montes de coisas, mas é uma
mistura de muitas matérias que não fazem sentido. Ele não sabia era nada.
Voltaire quer mostrar que a teoria de Leibnitz tem bastantes falhas.
Candide vai aprendendo que este não é o melhor dos mundos.
Há sempre um efeito estilístico – afirma-se algo e depois justifica-se, como
na teoria de Leibnitz.
A candura de Candide é mostrada através deste excerto: “…, depois da
felicidade de alguém ter nascido barão de Thunder-tem-tronckh, o segundo
grau de felicidade era ser a menina Cunégonde; o terceiro era vê-la todos os
dias; e o quarto era ouvir mestre Pangloss, o maior filósofo da região e, por
conseguinte, de toda a terra.”
Os dois amantes são ridículos.
O final fecha como abriu: Lógica que mais uma vez é posta em causa.
Há sempre um abuso das relações de causalidade.
Critica à aristocracia, e ao pedantismo intelectual de Pangloss (Ele pensa
conhecer e saber muito, mas não sabe nada). Candido vai construir a sua
perceção do mundo, vai ser pela observação dos factos que vai construir
um pensamento muito relativo do mundo.
É o facto de ele ter sido expulso do castelo que vai permitir com que ele
viagem e que vai permitir que ele desconstrua a teoria de Leibnitz e
Pangloss.
Cap. III
Como é que Candide vê essa batalha? Ele tem uma visão distorcida do
campo de batalha, uma visão otimista.
Lybless acredita que havia uma harmonia pré-estabelida.
Descrição completa da humanidade. É a perspetiva de Cândido, que vê a
pureza da terra, na perspetiva de Pangloss.
O narrador acredita na antítese que está contida na expressão, que mostra a
desconstrução do mundo utópico. A ironia de Voltaire está presente na
descrição da guerra. Toda a imagem caótica, mostra a critica à guerra e à
destruição que esta provoca.
A eficácia das teorias de Pangloss – no final diz-se “Cândido, quase a
prosternar-se… esposa”. Cândido vê a crueldade do mundo, mas não a
interpreta. Cândido ainda está cego relativamente e estas teorias.
Último parágrafo – técnica da antítese, opondo a técnica de Cândido. O
contraste funciona bem, e funciona de uma forma boa para contrastar a
realidade do mundo.
Cândido foge de toda a destruição que aquela guerra dos Búlgaros.
Aula 02/05/2023
Cap. VI: Quarta etapa – Critica à inquisição.
Marca o terramoto em Lisboa de 1755. Há um contexto histórico (o
terramoto) e um auto de fé. O auto de fé é associado à Universidade de
Coimbra, assim a inquisição era apoiada pelo estado.
“um belo auto da fé” – um auto de fé nunca é belo, há um contraste aqui,
pois é uma cerimónia que não tem nada de científico. Esta expressão
mostra a ironia de Voltaire.
Voltaire critica no facto de o auto de fé não se basear em factos científicos.
O primeiro parágrafo mostra a critica e ironia de Voltaire.
No segundo parágrafo descreve-se esse auto da fé e no fundo, tenta
justificar-se a escolha das pessoas a queimar. Cândido e Pangloss foram
escolhidos por serem queimados porque um “falou” e o outro “escutou”,
uma justificação absurda.
Descrição os trajes de Candido e Pangloss – descrição de um certo folclore
para corpos prestes a serem queimados (contraste presente nesta descrição).
“estavam pintados com chamas invertidas e diabos que não tinham caudas
nem garras; mas os diabos de Pangloss tinham cauda, garras e chamas
verticais…”
Bateram em Cândido.
Os sacrifícios foram feitos para não fazer a terra tremer. Após várias
pessoas se terem sacrificado, iria acontecer agora um terramoto. Utiliza-se
a ironia e a hipérbole.
Há aqui uma síntese de horrores que foram cometidos sobre as personagens
que acompanham Cândido. Cândido pôs em causa as teorias de Pangloss,
pela primeira vez. O capítulo é importante porque dialoga com o cap. III,
na medida em que aqui há uma oportunidade de criticar a igreja e as
instituições de poder. Por outro lado, é importante porque é uma etapa de
aprendizagem para Cândido, este coloca em causa as teorias de Pangloss e
Leibnitz. Do ponto de vista ideológico, o mal está sempre presente no
mundo, gradualmente Cândido começa a pôr em causa as lições que
recebeu de Pangloss.
Cap. VIII
Romance de Cunégonde e Cândido – Conta a história de Cunégonde. Um
universo contrário ao universo sentimental. Esta é quase uma mulher
objeto, o relato está na primeira pessoa em discurso direto e mostra de uma
forma muito clara uma acumulação de infelicidade – a destruição do
castelo do barão (os bulgaros destruíram o castelo de uma forma violenta,
com a morte do barão e da baronesa), a violação de Cunégonde de um
Búlgaro (atitude que viola os diretos da mulher).
Imagem de Cunégonde que Pangloss tem – tinha pouco espírito e pouca
filosofia (imagem positiva de Pangloss), Cunégonde acredita ainda nas
teorias de Pangloss, tudo é explicável porque há uma harmonia do mundo
pré-estabelecida. Todos estes homens abusam de Cunégonde e mesmo
assim, ele acredita ainda nesta teoria.
O auto da fé é descrito por Cunégonde de uma forma inocente, como se
fosse um espetáculo de prazer. Portanto, com uma perspetiva ingénua. A
dimensão do espetáculo que leva o narrador a descrever os factos dos
condenados.
Ela reparou no facto de Cândido estar completamente nu e o facto da pele
dele ser mais clara do que a do capitão.
Sempre com a visão quase inocente de Cunégonde, chega à conclusão de
que relativamente a Pangloss, este não perece ser o melhor dos mundos.
Cunégonde sente-se enganada por Pangloss ao ver que Cândido foi
açoitado. Reforça-se o caracter de aprendizagem do conto. Este é um dado
importante que se junta à perceção de Cândido.
Cunégonde dá graças por o ter reencontrado. Esta propõe a Cândido que
comessem a ceia, é tudo menos um gesto sentimental, ela propõe que vão
comer. Num romance sentimental não aconteceria, porque depois de um
reencontro não iriam comer, sendo isto algo tão banal.
O inquisidor iria abusar (quase violar) Cunégonde. Nos romances
sentimentais o amor romanesco é uma ilusão, o otimismo de Pangloss não
funciona. Cunégonde chegou à conclusão que tinha sido enganada por
Pangloss, come com Cândido e deixa-se manipular pelo inquisidor. Há uma
critica de Voltaire à falta de direitos das mulheres.
Continua a critica às teorias de Pangloss por parte de Voltaire.
Aula 04-05-2023
Há uma pausa na narrativa para descrever a utopia do El Dorado. A
narrativa utópica é um dos géneros mais usados no iluminismo – a chegada
à utopia corresponde a um momento nuclear do conto.
A chegado de Cândido à América é marcada pela desilusão, pois este
encontra males que Pangloss disse que não existiam.
No Paraguai refugia-se com (…) e encontra o irmão de Cunégonde.
Cândido mata o irmão por ser contra o casamento dele e Cunégonde.
É depois disto que se encontra o El Dorado. Este é algo utópico, não se
sabe exatamente qual a sua localização, sabe-se que é perto de Peru. É um
pretexto filosófico para a utopia.
Cap. XVII
Esquema da Narrativa utópica – entrada na utopia, descrição do país
utópico e depois, a saída da utopia.
É um país onde o materialismo não existe, isto é um traço da utopia, onde o
dinheiro não é importante.
Para chegar à utopia tem de se passar por muitos obstáculos.
A América é um novo mundo, encarna-se esse sonho americano.
Utopia: O valor da hospitalidade
Cap. XVIII
Paraíso artificial e fechado que não aceita sentimentos amorosos e é por
isso que Cândido quer sair.
O conhecimento é relativo e a viagem mostra isso, pois é através da
observação das coisas que nós vamos aprendendo todos os males do
mundo. Neste momento, Cândido já está num estado de maturidade grande.
Há aqui sobretudo uma descrição, é um capítulo central no romance, que
descreve uma sociedade exótico (alternativa social), uma sociedade simples
e da abundância. O espanto dos viajantes relativamente a esta terra.
Etapas do Capítulo:
1ª etapa – encontro com o ancião. O ancião contextualiza a história do El
Dorado. Este fala da religião.
2ª etapa – Chegada ao Palácio real, descrição hiperbólica.
3ª etapa – Descoberta
Aula 09-05-2023
Não há uma hierarquia, há uma tolerância social, no plano social de facto
investe-se nas ciências e por conseguinte esta utopia do El Dorado é uma
Utopia da Lumières. Há uma função critica sobre a qual Voltaire insiste, a
critica à Monarquia absoluta francesa. Uma critica há falta de justiça, às
prisões, etc. Também há uma critica da anarquia da arquitetura urbana de
Paris na época. Há uma defesa do progresso, associado aos escritores da
Encyclopedie.
Voltaire aposta nesta descrição utópica não para chegar à conclusão que
devemos chegar á utopia, Voltaire não afirma que o Homem deve viver
num país utópico, mas defende que deve valorizar valores que estão ligados
à utopia (igualdade, justiça, amizade, liberdade, fraternidade…).
A ordem do mundo utópico é demasiado racional e não tem em conta a
dimensão do sentimento, a dimensão humana. Cândido e Cacambo saem
dessa utopia, é essa dimensão humana que explica a saída dos viajantes.
Cândido faz uma critica às teorias de Pangloss, opondo o mundo do El
Dorado ao Castelo do Barão. Há uma consciência explicitia de que as
teorias de Pangloss estão erradas e, por conseguinte, a saída da utopia é
uma saída tão difícil quanto a entrada, há uma dificuldade em sair de lá
pois é um espaço fechado sobre si próprios.
Página 44 – Cenário típico da entrada e saída da utopia.
O Rei oferece máquinas voadoras (onde trabalham os matemáticos e físicos
– na utopia há um progresso no mundo das ciências), para os viajantes
saírem do país.
Há a referência de que foram 3000 físicos que trabalharam nesta máquina.
A abundância (valor da utopia) está no El Dorado.
Cândido com estas riquezas, apenas quer mostrar os carneiros a Cacambo.
O El Dorado vai-se situar entre dois espaços emblemáticos. O primeiro
espaço é o Castelo do Barão (espaço que Cândido foi expulso, castelo
corrupto) e o Jardim a cultivar (jardim corrupto, fecha o próprio conto).
Depois do capítulo do El Dorado inicia-se o segundo momento de
aprendizagem de Cândido. Inicia-se agora a viagem de regresso que ainda
tem uma paragem no Norte da América do Sul.
Capítulo XIX – Dá-nos conta do mal, Voltaire faz uma critica á
escravatura, a luta contra a escravatura é capítulo sempre citado.
Divisão do capítulo:
1ª parte – domínio da escravatura.
2ª parte – a viagem de Cândido para a Europa.

1ª Parte – Crítica á escravatura


Este é um texto emblemático da critica da escravatura. Há uma alusão ao
facto de o escravo estar mutilado, esta é uma descrição de Voltaire.
Voltaire joga com os sons da palavra “Vanderdendur”.
Há uma critica á forma como os brancos tratam os escravos. Os europeus
comem o açúcar e o preço do açúcar é o preço da mutilação – “É por esse
preço que os senhores comem açúcar na Europa.” - critica muito precisa.
Há uma grande violência nesta imagem, os maus-tratos e a violência são o
esforço que os escravos passam para que os grandes senhores tenham tudo
à sua disposição.
Este escravo não tem uma perna e uma mão.
Esta é uma etapa de aprendizagem, havendo um progresso de Cândido. Isto
nota-se que mais uma vez este mete em causa as teorias de Pangloss – “É a
mania de defender que tudo está bem quando tudo está mal.” Cândido
estabelece uma teoria do otimismo, há um progresso nítido de
aprendizagem,
Esta critica à escravatura é uma critica muito forte e muito obvia.
Lógica paradoxal, o discurso da mãe é um absurdo, ela diz que vende o
filho porque vai ser um orgulho servir os senhores brancos – “…, tens a
honra de ser escravo dos nossos senhores brancos, e com isso fazes a
felicidade do teu pai e da tua mãe.”
A própria igreja diz que todos são filhos de Adão, mas a verdade é que isso
não acontece. – Crítica à igreja de Voltaire.
2ª parte do texto – Preparação da Viagem
É o engano que o leva a perder a riqueza.
Cândido perdeu todos os carneiros.
Há uma reflexão de Cândido sobre o otimismo de Pangloss, há uma
desilusão do herói ao otimismo de Pangloss. Há uma melancolia extrema,
um estado de alma que o faz dizer “Ce Pangloss, disait-il… (pág.49).” Só
no EL Dorado é que o otimismo é possível porque no resto do mundo só
acontece desgraças.
Cunégonde está sempre em circunstâncias que a tornaram uma anti-heroina
sentimental.
Procura um companheiro que esteja cheio de desgraças, Cândido escolheu
por ser anti-filosófico. Compra a tristeza dos outros por não terem sido
escolhidos – crítica à ganância.
Este capítulo introduz a viagem de Cândido e Martin.

Capítulo 29 analisar TPC


Cândido encontra Cunégonde – retoma a história sentimental de uma forma
muito irónica.
O retrato físico de Cunégonde – anti heroína sentimental.

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