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Classicismo

O que é?

O Classicismo corresponde a um movimento artístico cultural que ocorreu


durante o período do Renascimento (a partir do século XV) na Europa.
O nome do movimento que marca o fim da Idade Média e o início da
Idade Moderna, faz referência aos modelos clássicos (greco-romano).
No campo da literatura, Classicismo é o nome dado aos estilos literários
que vigoravam no século XVI, na época do Renascimento. Por isso, a
produção desse período também é chamada de Literatura Renascentista.
Contexto Histórico

Na idade Média, período que durou dez séculos (V ao XV), o principal atributo da
sociedade era a religião.
Esse momento esteve marcado pelo teocentrismo, cujo lema eram os dogmas e
preceitos da Igreja Católica, que cada vez mais adquiria fiéis.
Assim, pessoas que estivessem contra ou questionassem esses dogmas, eram
excomungados, além de sofrer alijamento da sociedade, ou em último caso, a morte.
O humanismo, que surgiu a partir do século XV na Europa, começou a questionar
diversas questões uma vez que o cientificismo despontava.
Muitos estudiosos foram
capazes de propor novas formas
de análise do mundo e da vida,
que estivessem além do divino.
Ou seja, apresentavam questões
baseadas na racionalidade
humana e no antropocentrismo
(homem no centro do mundo).
Esse momento esteve marcado por grandes transformações e
descobertas históricas:

 as Grandes Navegações;
 a Reforma Protestante (que levou a uma crise religiosa) encabeçada por Martinho Lutero;
 a invenção da Imprensa pelo alemão Gutenberg;
 o fim do sistema feudal (início do capitalismo);
 o cientificismo de Copérnico e Galileu.
Foi nesse contexto que as pessoas buscavam novas expressões artísticas pautadas no equilíbrio
clássico.
Assim, surgiu o renascimento cultural, período de grandes transformações artísticas, culturais, políticas
e que espalhou-se por todo o continente europeu.
Principais Características

O período da Antiguidade era visto pelos artistas


renascentistas como a época em que havia a
perfeição estética e que deveria ser um modelo a
ser seguido, através da imitação, já que
acreditavam não ser possível superar tão superior
arte.
A arte clássica não procura produzir obras
originais, mas imitar a natureza como ela é e se
inspirar em autores classificados como perfeitos.
Mimese é o nome atribuído à noção de imitação da
arte utilizada pelos artistas clássicos. Esse
pensamento filosófico foi muito difundido por
Platão e Aristóteles.
Entre as características do Classicismo mais marcantes estão:

Universalismo: conceito que defende o fato de algumas ideias terem aplicabilidade universal, nesse caso a
individualidade perde espaço para as teorias universais.
Antropocentrismo: ideia que coloca a humanidade no centro de entendimento dos próprios humanos, no qual o universo
deve ser entendido a partir da sua relação como o ser humano.
Nacionalismo: sentimento de valorização da nação, obras voltadas para histórias nacionais.
Razão e racionalismo: O predomínio da razão nas obras de arte era evidente entre as características do Classicismo.
Neoplatonismo: admiração platônica do amor e da sensualidade.
Paganismo: no contexto histórico se refere à mitologia grega e romana, mas é identificado como religiões politeístas, ou
seja, que possuem mais de um deus, muito comum na Antiguidade.
Objetividade: a observação da realidade, os autores e artistas prezavam pela simplicidade, concisão e clareza das obras.
Observação: qualidade importante para serem utilizadas, principalmente em relação à natureza e ao universo que
proporcionavam à experimentação da Mimese, uma forma de imitar a natureza em suas obras.
Representação nas artes visuais

Apesar de compartilhar uma reverência aos modelos da antiguidade, o Classicismo pode variar muito
em sua interpretação e aplicação conforme a escolha da categoria artística a ser retratada (pintura,
arquitetura, literatura e música).
A tradição clássica não se extinguiu durante a Idade Média. Devido aos esforços dos italianos dos
séculos XV e XVI para absorver o conteúdo greco-romano, o Renascimento teve na Itália como o
primeiro período do Classicismo radical após a antiguidade.
O arquiteto do século XV, Leon Battista Alberti, equiparou o Classicismo a “Beleza” e definiu o termo
na arquitetura como “a harmonia e concordância de todas as partes obtidas seguindo regras bem
fundamentadas [baseadas no estudo de trabalhos antigos] e resultando em uma unidade tal que nada
poderia ser acrescentado, retirado ou alterado, exceto para o pior”.
Nas artes visuais, o Classicismo da Renascença é
sintetizado em obras como: David de Michelangelo,
no homem vitruviano, de Leonardo Da Vinci e no
Palazzo Caprini de Donato Bramante de 1510. Os
artistas sembre buscavam uma proporção perfeita,
simetria, valorização da figura humana, perspectiva,
etc.
Talvez nenhuma época artística tenha
sido igualmente rica e tão talentosa
com grandes pintores como o
Renascimento.

A definição de Pintura renascentista surge


na Itália durante o século XV e funda um
espírito forjado de ideais novas e forças
criadoras. Desenvolve-se nas cidades
italianas de Roma, Nápoles e, sobretudo,
em Florença e Veneza (principais centros
que possuíam, entre os séculos XV e
XVI, condições económicas, políticas,
sociais e culturais propícias ao
desenvolvimento das artes como a
pintura), com inspiração no Humanismo.
Esta é a famosa Mona Lisa, de
Leonardo da Vinci, provavelmente a
pintura mais famosa do mundo.
Esse é o teto da Capela Sistina, vários paineis que retratam histórias essenciais do Gênesis.
Michelangelo pintou esse teto sozinho, em pouco mais de quatro anos, desenvolvendo seu estilo
enquanto trabalhava.
Uma das esculturas mais conhecidas do
período renascentista, sem dúvida, é Pietá
(1499), de Michelangelo. Realizada em
mármore, a peça tem dimensões de 174 x 195
cm e encontra-se na Basílica de São Pedro,
no Vaticano.
Classicismo literário

Dentro da categoria artística do Classicismo, a literatura foi uma das que mais se destacaram, pelo fato
dos artistas da época utilizarem muitos recursos providos da Antiguidade em seus textos.
As características do Classicismo literário são baseadas principalmente no uso de formas com importância
voltada para o seu rigor. A estruturação poética era fixa de dez sílabas métricas, modelo decassílabo, em
substituição à redondilha maior, que possuía sete sílabas métricas, além das estrofes delimitadas e da
presença de rimas.
Outra característica comum era o uso excessivo das figuras de linguagem como o paradoxo, a antítese e
principalmente a personificação. Na obra “Os Lusíadas”, o autor Luís Vaz de Camões personifica
elementos da natureza em deuses gregos.
Classicismo em Portugal

O classicismo em Portugal, assim como o desenvolvido em outros países da Europa,


valorizou temáticas neoplatônicas, vinculadas à concepção de amor teorizada por Platão na
Grécia Antiga, segundo a qual o amor se concretizaria somente no plano das ideias, e não a
partir da matéria carnal. Porém, em razão do forte contexto de navegações e de expansões
territoriais vivido por Portugal no período do classicismo, esse movimento artístico no país
valorizou, sobretudo, o aspecto nacionalista, já que os grandes feitos nacionais, como as
conquistas do povo português, foram exaltados na poesia épica de Luís Vaz de Camões
Francisco de Sá de Miranda

Pioneiro do classicismo em Portugal, Sá de Miranda nasceu em


Coimbra, em 1481, e morreu em Amares, interior do
território português, em 1558. Fez Direito na Universidade
de Lisboa e frequentou a Corte até 1521, data em que partiu
para a Itália. Regressou a Portugal em 1526, depois de
grande convívio com escritores e artistas italianos.

Foi o responsável por introduzir o verso decassílabo em


Portugal, ou seja, o verso constituído por dez sílabas
métricas. Além disso, foi pioneiro na composição de
sextinas, tercetos e oitavas, influenciando muitos outros
poetas. Leia um de seus sonetos:
SONETO 17

Este retrato vosso é o sinal


ao longe do que sois, por desamparo
destes olhos de cá, porque um tão claro
lume não pode ser vista mortal.
Nesse soneto, com rimas ABBA nos
Quem tirou nunca o sol por natural? dois quartetos, o poeta expressa a voz
Nem viu, se nuvens não fazem reparo, de um eu lírico que, tendo da sua amada
em noite escura ao longe aceso um faro? apenas um retrato como lembrança,
dirige-lhe a interlocução, sem, no
Agora se não vê, ora vê mal.
entanto, obter resposta. Assim como em
outros sonetos do autor sobre temática
Para uns tais olhos, que ninguém espera amorosa, nota-se nesses versos a
de face a face, gram remédio fora presença do amor platônico, o qual só
acertar o pintor ver-vos sorrindo. tem existência espiritual.

Mas inda assim não sei que ele fizera,


que a graça em vós não dorme em nenhuma hora.
Falando que fará? Que fará rindo?
Luís Vaz de Camões

Considerado o mais importante escritor de língua portuguesa,


Camões foi o nome mais expressivo do classicismo
português. Por serem muito escassos os documentos
referentes à vida de Luís Vaz de Camões, estima-se que ele
tenha nascido ou em 1524 ou em 1525, em Lisboa, capital de
Portugal. Teria cursado Artes no Mosteiro de Santa Cruz, em
Coimbra. Ainda jovem, ingressou na carreira militar, tendo
servido em Marrocos, onde perdeu o olho direito. Morreu em
1580, em situação de extrema pobreza. Para saber mais sobre
a vida e a obra desse autor português, leia: Luís Vaz de
Camões.
Principais obras de Camões

Os Lusíadas

Sua obra-prima foi o poema épico Os Lusíadas, publicado em


1572 e estruturado em 10 cantos, nos quais distribuem-se 8.816
versos em oitava rima. Aos moldes das epopeias clássicas, como
Odisseia e Ilíada, o poema de Camões contém proposição,
invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Narram-se, ao longo dos 10 cantos, os feitos heroicos dos
portugueses, os quais, em 1498, lançaram-se ao mar em busca de
expansão comercial e territorial, liderados por Vasco da Gama,
comandante da expedição que descobriu o caminho para as
Índias. Leia a estrofe 3 do Canto I:
Canto I

Cessem do sábio Grego e do Troiano


As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Última estrofe da proposição, tem-se nesses
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, verses a exaltação da empreitada marítima
A quem Neptuno e Marte obedeceram: portuguesa, considerada pelo poeta superior às
Cesse tudo o que a Musa antígua canta, navegações empreendidas pelos gregos, pelo
Que outro valor mais alto se alevanta. imperador Alexandre, por Trajano. Além dessa
comparação que coloca em superioridade os
lusitanos, notam-se nesses versos referências à
mitologia greco-romana, característica
fundamental do classicismo.
Como foi típico do Renascentismo, o poema não
poderia deixar a característica antropocentrista de exaltação
do homem e de suas faculdades mentais, psicológicas, etc.
Em plena expansão marítima de Portugal e de toda a Europa,
o sentimento conquistador e heroico era completamente
oportuno para ser incutido na literatura da época.

Além de narrar o caminho para a descoberta das


índias, a epopeia fala sobre as grandes navegações, o império
português no Oriente, os reis e heróis de Portugal, dentre
outros fatos que o tornam um poema histórico, enciclopédico.
Em paralelo, desenvolve-se também uma história mitológica,
envolvendo lutas entre os deuses do Olimpo: Vênus e Marte,
Baco e Netuno.
Alma minha gentil, que te partiste
A lírica camoniana é composta
Tão cedo desta vida, descontente,
principalmente de temas amorosos,
Repousa lá no Céu eternamente
bastante influenciada pelo neoplatonismo,
E viva eu cá na terra sempre triste.
que convive com os temas sensuais,
estabelecendo quase sempre uma
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
contradição. As antíteses da presença-
Memória desta vida se consente,
ausência, amor espiritual-amor carnal,
Não te esqueças daquele amor ardente
vida-morte, sonho-realidade são muito
Que já nos olhos meus tão puro viste.
presentes em seus poemas, o que o torna
um antecipador do movimento maneirista.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
(Camões)
Sobre o classicismo é correto afirmar:

a) Movimento que faz referência aos modelos clássicos greco-romanos.


b) Presença de poemas com versos livres e brancos.
c) Memorial de Aires é um exemplo de romance classicista.
d) Possui uma linguagem informal, com uso de regionalismos.
e) Movimento que surge no século V na Europa.
Sobre o classicismo é correto afirmar:

a) Movimento que faz referência aos modelos clássicos greco-romanos.


b) Presença de poemas com versos livres e brancos.
c) Memorial de Aires é um exemplo de romance classicista.
d) Possui uma linguagem informal, com uso de regionalismos.
e) Movimento que surge no século V na Europa.
No Brasil, o período correspondente ao classicismo
europeu foi chamado de
a) Arcadismo
b) Simbolismo
c) Quinhentismo
d) Parnasianismo
e) Barroco
No Brasil, o período correspondente ao classicismo
europeu foi chamado de
a) Arcadismo
b) Simbolismo
c) Quinhentismo
d) Parnasianismo
e) Barroco
A linguagem do classicismo é

a) subjetiva e informal
b) rebuscada e culta
c) subjetiva e clássica
d) objetiva e irracional
e) objetiva e formal
A linguagem do classicismo é

a) subjetiva e informal
b) rebuscada e culta
c) subjetiva e clássica
d) objetiva e irracional
e) objetiva e formal
Miguel de Cervantes, um dos autores de grande destaque na
literatura classicista espanhola, escreveu Dom Quixote de La
Mancha. Essa obra faz uma sátira ao gênero

a) Hagiografias
b) Novelas de cavalaria
c) Poesia Palaciana
d) Prosa historiográfica
e) Nobiliários
Miguel de Cervantes, um dos autores de grande destaque na
literatura classicista espanhola, escreveu Dom Quixote de La
Mancha. Essa obra faz uma sátira ao gênero

a) Hagiografias
b) Novelas de cavalaria
c) Poesia Palaciana
d) Prosa historiográfica
e) Nobiliários

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