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Escola FUTURO Formação Profissional

ENSINO MÉDIO – 2ª FASE

Língua Portuguesa

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Escola FUTURO Formação Profissional /Língua Portuguesa / 2ª Fase Ensino Médio

UNIDADE I

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22ªª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa
Nesta Fase Continuaremos a estudar Movimentos Literários a
Partir do Classicismo ou Renascimento.

O Classicismo ou Renascimento surge quatro séculos depois do início do Trovadorismo, em


Portugal. O Classicismo, também chamado de Quingentésimo por ter se manifestado no
século XVI, em l527 (pela data), quando o poeta Sá de Miranda retorna da Itália trazendo as
características desse novo estilo.

CLASSICISMO ou RENASCIMENTO (1527-1580)

Soneto

Luís de Camões

Eu cantarei de amor tão docemente,

por uns termos em si tão concertados,

que dois mil acidentes namorados

faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,

pintando mil segredos delicados,

brandas iras, suspiros magoados,

teimosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto de

vossa vista branda e rigorosa, contentar-

me hei dizendo a menor parte.

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Escola FUTURO Formação Profissional /Língua Portuguesa / 2ª Fase Ensino Médio

Porém, para cantar de vosso gesto

a composição alta e milagrosa,

aqui falta

saber,

engenho

e arte.

ORIGEM E CONTEXTO
HISTÓRICO

Durante o século XIV, a Europa começava a se preparar para uma grande


transformação política, econômica e cultural que teve seu auge ou apogeu nos
séculos XV e XVI, chamado de classicismo, também conhecido como
quingentésimo, já que

se manifestou no século XVI, em l527, quando o poeta Sá de Miranda retornou da Itália


trazendo as características desse novo estilo. Este fato marcou o início dos tempos modernos.
Esse período, pela história passa a ser conhecido como Renascimento, onde o homem passa
a ser redescobrir, mudar de valores, ter uma nova visão do mundo.

A sociedade que era dominada pelo teocentrismo medieval passa a dar lugar ao
antropocentrismo, ou seja, a valorização do homem, onde o homem passa a ser o centro dos
estudos e a exaltação da natureza humana, pois o homem começa a entender sua capacidade
realizadora: ele pode conquistar inventar, criar, produzir e fazer qualquer outra coisa. Esse
caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas "trevas" da Idade Média, embora
já estivesse existido na Antiguidade clássica, como exemplo na civilização grega. No início do
século XVI, ocorre o renascimento do Antropocentrismo. No Renascimento, as obras passam
a perder o primitivismo e a ingenuidade das obras medievais e a ganhar um aprimoramento
técnico igual ou até superior as obras da antiguidade.

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

O homem do Renascimento se identifica na cultura greco-latina que passa a ser os valores da


época. Além de Integrar a seu universo artístico os deuses da mitologia grega, isto porque os
deuses têm características humanas, como por exemplo, sentimentos, o homem
renascentista procura compreender o mundo sob a luz da razão, e faz a associação do
equilíbrio entre razão e emoção, as noções de beleza, bem e verdade.

A concepção estética que teve a base no Humanismo e no Renascimento convencionou-se


chamar Classicismo, isto porque os clássicos eram os antigos filósofos greco-latinos que por

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sua influência e saber poderiam ser considerados importantes ao ponto de serem estudado
em “classes”.

CARACTERÍSTICAS

» Imitação dos autores greco-latinos: como exemplo: Homero, Aristóteles, que eram gregos;
Cícero, Virgílio, Horácio que eram latinos.

Um exemplo da influência desses autores pode ser vista em um trecho do poema de


Camões,abaixo :

“As armas e os barões assinalados”.


Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Traprobana,
(Camões, Os lusíadas)

• Preocupação com a forma: Rígida exigência quanto à métrica e a rima dos poemas;
acentuada preocupação com a correção gramatical, principalmente com a clareza na
expressão do pensamento, a sobriedade e a lógica; preocupa-se com a observância das
distinções ou diferenças entre os gêneros literários.

• Construção frasal: ocorre a inversão dos termos na oração e de outras no mesmo


período, isto devido ainfluência latina.

• Utilização da mitologia greco-latina: para dar um efeito mais artístico, porque os


personagens mitológicos simbolizam ações, demonstram sentimentos e atitudes
humanas.

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• Universalidade e impessoalidade: ampla preocupação com as verdades eternas e


universais, não levando em conta opiniões particulares e o pessoal, não se tem opinião
do autor.

• Temas de interesse da época: como os descobrimentos e as expansões marítimas.

• Idealismo: A arte clássica era naturalista e objetiva; a realidade era idealizada pelo
artista. A mulher amada era descrita como a Mulher Ideal, igual aos anjos; a natureza
era vista como uma região paradisíaca, onde a paz e a harmonia de bosques e florestas
eram mostradas.

PRINCIPAIS AUTORES PORTUGUESES

Luís Vaz de Camões: (1525? -1580), O escritor


mais conhecido e destacado do classicismo
português. Escreveu poesias líricas e épicas,
além de várias peças teatrais. A obra Os
Lusíadas, foi publicada em 1572, mostra muito
bem como era a visão do mundo e dos homens
na época, algo próprio do classicismo. Serviu
como matéria informativa, ou melhor, como
uma reportagem de um dos fatos mais
importantes da história portuguesa. O poema
tem como tema principal a narração da viagem
de Vasco da Gama as Índias, o enfoque maior é
no povo português, em como conseguiu
conquistar novas terras, por isso o

enfoque é no povo e não em alguém específico.

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Francisco de Miranda: (1495-1558), seus trabalhos giraram em torno da poesia e a comédia.


Por ter vivido algum tempo na Itália, ele introduziu em Portugal o soneto, uma nova forma
poética com base na arte renascentista.

Bernardim Ribeiro: (1482-1552), sua obra de destaque foi Menina e Moça, publicada em 1554.

Antônio Ferreira: (1528-1569), Sua obra principal foi A castro (ou Tragédia de D.Inês de
Castro), escrita em versos, publicada em 1587, em Portugal.

Como Luís de Camões foi o mais destacado e conhecido poeta português deste período, será
dado maior ênfase a ele.

CAMÕES LÍRICO

A obra lírica camoniana foi publicada postumamente, em 1595, sob o título Rimas.

Camões cultivou as duas tendências presentes na época: a forma poética tradicional, chamada
medida velha (versos redondilhos maiores e menores) e a medida nova (versos decassílabos
heroicos e sáficos, ou seja, os sonetos). Sua obra pode ser considerada síntese entre a tradição
poética portuguesa e as inovações renascentistas.

A base do amor para os poetas clássicos fundamentava-se, em três pensamentos diferentes:


o racionalismo, a idealização e o espiritualismo.

Outro poeta que influenciou os poetas portugueses foi o filósofo grego Platão.

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PLATONISMO

Platão, (129-347 a.C), influenciou muitas das poesias de Camões. Principalmente no


que se refere a Beleza e ao Amor. Para Platão, que tinha um pensamento meio espiritual,
nossa alma, que segundo ele está presa ao corpo na vida terrena, passa a ligar-se a beleza,
isto porque a pequena memória de uma Beleza soberana contemplada em outro universo. O
amor platônico é na verdade, a supremacia em direção a Beleza que ultrapassa a pessoa e os
prazeres dos sentidos.

OS LUSÍADAS

Estrutura: Publicado em
1572, Os lusíadas é considerado o
maior poema épico da língua
portuguesa. Constituído de dez cantos.
Canto é a maior unidade de composição
da epopeia, estando para esse gênero
como o capítulo está para o romance.
Os lusíadas somam 1102 estrofes, em oitava-rima [ABABABCC]. Ao todo, são 8816 versos
decassílabos.

Título: Lusíadas - significa 'Lusitanos', ou seja, são os próprios lusos, em sua alma como em sua
ação.

Herói: O herói de Os lusíadas não é Vasco da Gama, mas sim todo povo português [do qual
Vasco da Gama é digno representante].

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Tema: Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do


passado; em outras palavras, a história de Portugal.

Ação: A ação histórica- a viagem de Vasco da Gama, onde são também apresentados fatos
importantes da história de Portugal;

A ação mitológica- luta entre Vênus [protetora dos portugueses] e Baco [adversário desses
navegantes].

Partes:

1ª parte - Proposição do assunto [canto I, estrofes 1, 2 e 3]

2ª parte - Invocação às musas [ canto I, estrofes 4 e 5]

3ª parte - Dedicatória a Dom Sebastião [canto I, estrofes 6 a 18]

4ª parte - Narração da viagem de Vasco da Gama [ estrofes 19 a 1045]

5ª parte - Epílogo contendo um fecho dramático a respeito da cobiça [estrofes 1046 a 1102]

No nosso dia a dia utilizamos a escrita para nos comunicarmos com as pessoas que nos
cercam, por isso é imprescindível que saibamos escrever corretamente

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UNIDADE II

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A NOVA ORTOGRAFIA

Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram


reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto
completo passa a ser:

ABCDEFGHIJ
KLMNOPQRS
T U V W X Y Z

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa
língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:

Naescrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);


Naescrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground,
windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

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Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser
pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era Como fica

agüentar aguentar
argüir arguir
bilíngüe bilíngue
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
eqüestre equestre
freqüente frequente
lingüeta lingueta
lingüiça linguiça
qüinqüênio quinquênio
sagüi sagui

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seqüência sequência
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.


Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das


palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico
na penúltima sílaba).

2.

Como era Como fica

alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
apóia (verbo apoiar)apoia

apóio (verbo apoiar)apoio


asteróide asteroide

bóia boia
celulóide celuloide
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
debilóide debiloide
epopéia epopeia

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estóico estoico
estréia estreia
estréio (verbo estrear) estreio
geléia geleia
heróico heroico
idéia ideia
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
paranóia paranoia
paranóico paranoico
platéia plateia
tramóia tramoia

Atenção:

Essaregra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as
palavras oxítonas e os monossílabos tônicos terminados em éis e ói(s). Exemplos: papéis,
herói, heróis, dói (verbo doer), sóis.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois
de um ditongo.

Como era Como fica

baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva*

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cauíla cauila**

* bacaiuva = certo tipo de palmeira


**cauila = avarento

Atenção: Sea palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o
acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí;

Seo i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece. Exemplos:


guaíba, Guaíra.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como fica

abençôo abençoo

crêem (verbo crer) creem

dêem (verbo dar) deem

dôo (verbo doar) doo

enjôo enjoo

lêem (verbo ler) leem

magôo (verbo magoar) magoo

perdôo (verbo perdoar) perdoo

povôo (verbo povoar) povoo

vêem (verbo ver) veem

vôos voos

zôo zoo

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. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s),


pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era Como fica

Ele pára o carro. Ele para o carro.

Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.

Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.

Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.

Comi uma pêra. Comi uma pera.


Atenção:

- Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo


poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente
do indicativo, na 3ª pessoa do singular.

Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

- Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo:


Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir,
assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos:

Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.

Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.

Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.


Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

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Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

- É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em


alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da
fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles)
arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como
aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos
admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do
subjuntivo e também do imperativo. Veja:

Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.


Exemplos:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

Se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.


Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as
outras): verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,
enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas,
delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

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Uso do hífen compostos

1. Usa-se o hífen nas palavras


compostas que não apresentam elementos de ligação. Exemplos: guarda-chuva, arco-íris, boa-
fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira,
pão-duro, bate-boca.

*Exceções: Não se usa o hífen em certas


palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.

2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos
de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu,
rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.

3. Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação. Exemplos: pé


de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula,
camisa de força, cara de pau, olho de sogra.

Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. Exemplos: Maria vai com as outras,
leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de
sete cabeças, faz de conta.

* Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao


deus-dará, à queima-roupa.

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4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo.


Exemplos: gota-d'água, pé-d'água.

5. Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de


lugares), com ou sem elementos de ligação. Exemplos: Belo Horizonte - belo-horizontino
Porto Alegre - porto-alegrense

Mato Grosso do Sul - mato-grossense-do-sul

Rio Grande do Norte - rio-grandense-do-norte

África do Sul - sul-africano

6. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de
plantas,flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. Exemplos: bem-
te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebreda-
patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-daíndia.

Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas
são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares:

a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas


vértebras).

b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).Uso do hífen com
prefixos

As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti,
super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto,
eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).

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Casos gerais

1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:


anti-higiênico anti-
histórico macro-história
mini-hotel proto-
história sobre-humano
super-homem ultra-
humano

2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra.
Exemplos: micro-ondas
anti-inflacionário sub-
bibliotecário inter-
regional

3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a
outra palavra. Exemplos:

autoescola antiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo

* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começarpor r ou s, dobram-se essas letras.
Exemplos:

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minissaia
antirracismo
ultrassom semirreta
Casos particulares

1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r.
Exemplos: sub-
região sub-reitor
sub-regional sob-
roda

2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.
Exemplos:
circum-murado circum-
navegação pan-americano

3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
Exemplos:

além-mar além- pós-


túmulo aquém- graduação
mar ex-aluno ex- pré-história
diretor ex- pré-vestibular
hospedeiro ex- pró-europeu
prefeito ex- recém-casado
presidente recém-
nascido sem-
terra vice-rei

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4. O prefixo cojunta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h.
Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas
letras. Exemplos:

coobrigação coerdeiro
coedição corréu
coeducar corresponsável
cofundador cosseno
coabitação

5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e.
Exemplos:

preexistente reescrever
preelaborar reedição

6. Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por
b, d ou r. Exemplos:

ad-digital ad- ob-rogar ab-


renal rogar

Outros casos do uso do hífen

1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos:


(acordo de) não agressão (isto é um) quase delito

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2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l. Exemplos:

mal-entendido mal-humorado
mal-estar mal-limpo
* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação. Exemplo:
mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro,
mal de sete dias.
3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas,
como açu, guaçu, mirim. Exemplos:

capim-açu amoré-guaçu
anajá-mirim

4. Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.

Exemplos:
ponte Rio-Niterói eixo
Rio-São Paulo

5. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de


palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:

Na cidade, conta-se que ele foi viajar.

O diretor foi receber os ex--alunos.

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UNIDADE III

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GÊNEROS TEXTUAIS
Crônica e conto

Onde termina a “crônica” e começa o “conto”? Esse é o questionamento que, não raro, tenho
visto.

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

Com efeito, muitas vezes a crônica confunde-se com o conto. Mas, que fique bem entendido,
não é qualquer crônica que se assemelha ao conto. Quando a crônica recebe um tratamento
linguístico mais apurado, como o uso de várias figuras de linguagem, quando um pequeno
enredo é desenvolvido, principalmente com diálogo; é que ela traça fronteiras muito próximas
do conto. Tão próxima, que muitas vezes, é difícil estabelecer uma linha divisória. No entanto,
podemos enumerar algumas características da crônica que podem ser confrontadas com as
do conto.

ELEMENTOS DA NARRATIVA
Personagens
Enquanto o contista mergulha de ponta-cabeça na construção da personagem, o cronista age
de maneira mais solta. As personagens não têm descrição psicológica profunda; são
levemente caracterizadas (uma ou duas características), suficientes para compor seus traços
genéricos, com os quais, qualquer pessoa pode se identificar.
Nas crônicas de Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), por exemplo, as personagens-parentes
são construídas em torno de uma única ideia ou característica: Rosa mundo é o distraído; Alta
mirando, o mau-caráter; Bonifácio, o nacionalista xenófobo, isto é, que tem aversão a
estrangeiros.

Em geral, não têm nomes: é a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona de casa.
Ou, se têm, são nomes comuns, como: dona Nena, seu Chiquinho, para só citar esses nomes.
Às vezes, o cronista cria personagens,mas sempre a partir de uma matriz real, isto é, pessoas
reais que se tornam personagens.

Narrador
Enquanto no conto o narrador (protagonista ou observador) é um personagem. Na crônica, o
cronista sequer tem a preocupação de colocar-se na pele de um narrador-personagem. Assim,

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

quem narra uma crônica é o seu autor mesmo; pois, o cronista parte de experiências próprias,
de fatos que testemunhou (com certo envolvimento) ou dos quais participou:

Diz que era um menino de uma precocidade extraordinária e agente percebe logo que o
menino era um chato, pois não existe nada mais chato que menino precoce e velho assanhado.

Mas deixemos de filosofias e narremos; diz que o menino era tão precoce que nasceu falando.
(PORTO, Sérgio; O Menino Precoce; in: Garoto Linha Dura)

Por isso, a crônica tem, quase sempre, um caráter confessional, autobiográfico.


Em alguns casos a narrativa é feita na terceira pessoa através de pessoas reais que se tornam
personagens envolvidas em acontecimentos reais.

O Assunto
Conforme vimos nofragmento, o assunto de uma crônica é sempre resultado daquilo que o
cronista colhe em suas conversas; das frases que ouve; das pessoas que observa; das situações
que registra; dos flagrantes de esquina; dos fatos do noticiário; dos incidentes domésticos e
coisas que acontecem nas ruas. Portanto, o assunto da crônica, geralmente, está centrado em
uma experiência pessoal. Ao passo que o conto, não raro, é produto da imaginação, da ficção.
O cronista “pode” numa mesma crônica abordar diversos assuntos, desde que estes estejam
ligados entre si por uma mesma linha de raciocínio.

O Desfecho
No conto há um conflito e, geralmente, um desfecho para ele. Como a finalidade da crônica é
analisar as circunstâncias de um fato e não concluí -lo, o desfecho é, praticamente, inexistente.

“Vamos supor que você surpreenda um garoto pobre tremendo de frio e olhado fixamente
para um pulôver novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente crônica. Você
relataria o flash, a cena em si, mas não o desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

disso. Acabando de "pintar" o quadro, terminaria o texto, deixando ao leitor a tarefa de refletir
sobre a miséria, a fome, a má distribuição de renda, a injustiça social etc. É essa, muitas vezes,
a finalidade da crônica e a intenção do cronista. Seu texto não tem resolução, não tem moral
como na fábula, é aberto para que cada leitor crie o final que melhor desejar. O cronista, no
fundo, deseja que seu leitor seja um cautor.” (ASESBP, Associação dos Escritores de Bragança
Paulista).

A Linguagem
O cronista procura trazer para suas crônicas a oralidade das ruas. Daí ser predominante nas
crônicas a linguagem coloquial. Muitas vezes, o cronista rompe com os padrões linguísticos;
desrespeita a norma culta para introduzir um linguajar de bate-papo (do botequim, da
esquina), de conversa-fiada todos carregados de gírias.

“[...], pois o artista que deseje cumprir sua função primordial de antena do seu povo, captando
tudo aquilo que nós outros não estamos aparelhados para depreender, terá que explorar as
potencialidades da língua; buscando uma construção frasal que provoque significações várias
(mas não gratuitas ou ocasionais), descortinando para o público uma paisagem até então
obscurecida ou ignorada por completo.” (SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1985. Série
Princípios)

O Diálogo
É a presença do diálogo na crônica, que faz com que ela se aproxime do conto. Mas, na crônica,
o diálogo é forma de interação com o leitor, principalmente, através de perguntas lançadas ao
ar; ou então, para manter um formato que se aproxime do bate-papo, sua característica
marcante:

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

[...] Ainda ontem, parado às seis e meia da tarde na esquina das Avenidas Montagne com
ChampsElysées, na certeza de que não encontraria um táxi, disse para o operador de rádio de
uma emissora carioca que estava comigo:

— O jeito é a gente ir de metrô.


E ele: Comigo não, velhinho. Trem em cima da terra já dá bronca, não sou eu que entro num
trem que corre num buraco. (PORTO, Sérgio; Cartão-postal; in: Rosa mundo e os outros) Essa
forma de interatividade cria uma importante cumplicidade com o leitor.

Conclusão
A crônica tem, hoje, uma linguagem própria, um espaço definido e independente - no jornal
ou em qualquer outro veículo de comunicação. Não é superior ou inferior ao conto (como é
classificada por alguns críticos). Ela é literatura graças ao trabalho consciente dos
cronistasescritores, que fizeram e fazem de seu ofício uma profissão de fé.

“[...] Conscientes do papel de historiadores do momento fugaz, eles informavam o que se


passava a seu redor com a intenção de deixar um testemunho para a posteridade" (ARNT,
Héris. Jornalismo literário. In: Revista Logos: comunicação e universidade. Rio de Janeiro:
UERJ, Faculdade de Comunicação Social; Vol. 1, p.24; 1990.

Machado de Assis, Olavo Bilac, Humberto Campos, Raquel de Queirós ou Rachel de Queiroz,
Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Rubens Braga, Paulo Mendes, Paulo Francis,
Arnaldo Jabor, Érico Veríssimo e tantos outros, cultivaram-na ou cultivam-na com peculiar
engenhosidade, criatividade e assiduidade.

Notícia é um texto informativo

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

LEIA:

EUA criam núcleo para mentira oficial

Com autorização de George Bush, o


Pentágono criou um núcleo para
difundir notícias, inclusive falsas,na
mídia de países aliados ou inimigos. A
decisão foi justificada como parte da
guerra de propagandacontra o terror.

O Departamento de
Influência
Estratégica teve seu plano de ação elaborado por um antigoassessor do presidente Carter. Em
Washington, militares consideraram a iniciativa ilegal e nociva àcredibilidade dos EUA.

Os alvos do novo órgão americano de inteligência incluem até a Europa Ocidental.


JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, 20 fev. 2002. Primeira página.

A Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal
se destina. Caracteriza-se por uma linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo
que a transmite. Deve ter o predomínio da função referencial da linguagem. Há predominância
da narração.

É possível analisar a estrutura da notícia de duas formas: a partir da estrutura de um parágrafo


informativo clássico; ou a partir da pirâmide invertida. Assim, a disposição das informações de
uma notícia segue uma ordem de importância, estabelecida pelo jornalista.

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

A organização do texto na notícia

MANCHETE: Para chamar atenção dos leitores, ele se inicia com uma objetividade, com os
verbos no presente. É também chamada de título. Na notícia que nós lemos a manchete é
“EUA criam para mentira oficial”.
LEAD: consiste num parágrafo que apresenta um relato sucinto dos aspectos essenciais da
notícia, cujo objetivo é dar informações básicas ao leitor e motivá-lo a continuar a leitura.
Precisa, normalmente, responder às questões fundamentais do jornalismo: o quê, quem,
quando, onde, como e por quê. Corposão os demais parágrafos da notícia, nos quais se
apresentam o detalhamento do exposto no “lead”, fornecendo ao leitor novas informações
em ordem cronológica ou de importância.

O FATO noticiado é, então, essencial na produção das notícias jornalísticas. Nelas, comunicam-
se apenas fatos importantes, que podem interessar a muitas pessoas. Fatos corriqueiros,
mesmo que sejam novidades, não servem para a constituição das notícias de jornal, pois não
chamam a atenção de grandes grupos de leitores.

O LEITOR: “para quem se escreve”, sempre presente nas situações de produção de linguagem.
É preciso considerá-lo para saber “como” escrever. Uma vez que os jornais são dirigidos a
diferentes públicos, a seleção dos fatos noticiados e o modo de escrever as notícias dependem
do perfil do público a quem o jornal (seu espaço de circulação) é dirigido, interferindo no estilo
da redação do texto.

PIRÂMIDE INVERTIDA

Técnica de redação jornalística pela qual as informações mais importantes são dadas no
início do texto e as demais vêm em seguida, de modo que as dispensáveis
fiquem no final.

Um leitor competente sabe que todo texto carrega marca das intenções, opiniões, valores e

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visões de mundo de quem o


escreve. E desvendar tudo isso não
é tarefa fácil, muito pelo contrário,
requer leitura atenta e constante.

ADJETIVO

Eu não tinha este rosto de


hoje, assim calmo, assim triste,
assim magro, nem estes olhos tão
vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida a minha


face?

O poema se estrutura numa comparação entre ela era no passado e como ela é no presente.
São utilizadas determinadas palavras, que, aos poucos, vão descrevendo a pessoa que fala e
revelando algumas de suas características. Veja:

Rosto calmo, triste, magro


Mãos paradas, frias, mortas
Olhos vazios
Lábios amargos
Mudança simples, certa, fácil.

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

As palavras em destaque estão caracterizando os substantivos a que se referem; elas


informam como é o rosto, o lábio, como são os olhos, as mãos, etc. Todas essas palavras são
adjetivos.

Locução adjetiva

Vamos retornar dois versos do poema Retrato:

Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;

Além de paradas e frias o substantivo mãos apresenta outra característica: Sem força.

A expressão “sem força” é uma locução adjetiva, pois tem a função de adjetivo.

Realismo-Naturalismo

O Realismo-Naturalismo desenvolveu-se na segunda metade do séc. XIX, com o objetivo de


contestar a visão subjetiva do mundo, expressa pelos românticos. A situação histórica
favorecida o aparecimento de um estilo que apresentasse uma visão materialista do mundo.
Nada de fantasia descomedida ou de enredos constituídos de peripécias praticadas por jovens
apaixonados. Agora, a arte deveria revelar a realidade em todos os seus aspectos. O Realismo
brasileiro diferenciou-se do modelo europeu. Enquanto o primeiro se preocupou em valorizar
a análise psicológica do homem, o segundo ocupou-se com aspectos sociais e políticos da
realidade.

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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Panorama Europeu

A segunda metade do século XIX ,foi marcada por acontecimentos que transformaram a
mentalidade do homem. Nessa época, a burguesia havia se consolidado como classe
dominante e, graças à Revolução Industrial, era notável o avanço científico e tecnológico.

O olhar científico observava o mundo. A ciência era considerada capaz de explicar toda a
realidade e de atender às necessidades intelectuais do homem.

Se de um lado a burguesia aumentava seu capital; de outra a classe menos favorecida sofria
as consequências negativas do "progresso".

Doutrinas Científico-Filosóficas da Época

- Darwinismo: Charles Darwin revolucionou o meio intelectual e chocou aqueles que


acreditavam na origem divina do homem. Estava estabelecido o conflito entre a CIÊNCIA e a
IGREJA.

- Socialismo Marxista: Karl Marx aponta a luta de classes como definidora da história
da sociedade. Segundo ele, "o trabalhador é o único produzir riqueza, tendo, portanto, o
direito de usufruir totalmente o fruto de seu trabalho".

- Positivismo: Para Auguste Comte o método científico da experiência é bastante para


a explicação do universo. Nada pode ser explicado por meio de forças ocultas ou imateriais.
Percebe - se que há uma valorização total dos aspectos materiais.

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- Determinismo: Hippolyte Taine sistematizou o Determinismo. Propondo que todas as


ações do homem são decorrentes de leis físicas, químicas, biológicas e históricas. O homem
é produto do meio e cujo comportamento influenciado por circunstâncias externas e pela
hereditariedade.

Panorama Brasileiro

No Brasil, as ideias positivistas encontraram um porto seguro na Faculdade de Direito do


Recife, que influenciou o grupo dirigente da Proclamação da República. A imprensa já
divulgava a validade do método científico para o desenvolvimento do conhecimento. Nessa
época, o país recebia um incremento na produção e no consumo graças ao progresso da
lavoura cafeeira, à chegada dos imigrantes europeus e à abolição do tráfico de negros, o que
possibilitou o emprego do capital disponível em atividades urbanas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REALISMO-NATURALISMO

a) Objetivismo- o escritor procura manter-se fiel à realidade, sem a idealizar;


b) Arte engajada - a literatura passa a ser veículo de denúncia social objetivando a
conscientização do leitor;

c) Personagens construídas de acordo com a realidade;

d) Predominância de espaços urbanos;

e) Exatidão para localizar tempo e espeço;

f) Amor não idealizado e relacionado à necessidade social, mas a necessidade biológica;

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

g) Linguagem simples, menos adjetivada e metafórica que a dos românticos.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O REALISMO E O NATURALISMO

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

Aluísio Azevedo

Raul Pompéia

AUTORES

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

Machado de Assis

SIMBOLISMO

O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, teatro e literatura.
Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo.

O surgimento desse estilo por um lado reflete a grande crise dos valores racionalistas da
civilização burguesa, no contexto da virada do século XIX para o século XX, e por outro inicia
a criação de novas propostas estéticas precursoras da arte da modernidade.

A Virada do Século XIX para o século XX:

 Crise do racionalismo burguês;


 Declínio das teorias positivistas e determinista;.

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

 Novas descobertas científicas e filosóficas (Einstein, Freud, Schopenhauere Nietzsche);

 Desgaste das disputas colonialistas da burguesia industrial;

 Emergência da 1ª Guerra Mundial (1914-1918);  Anúncios da Revolução Russa de


1917.

Características do Simbolismo:

 Ênfase em temas místicos, imaginários e subjetivos;


 Caráter individualista;

 Desconsideração das questões sociais abordadas pelo Realismo e Naturalismo;


 Estética marcada pela musicalidade (a poesia aproxima-se da música);
 Produção de obras de arte baseadas na intuição, descartando a lógica e a razão.

 Utilização de recursos literários como, por exemplo, a aliteração (repetição de um


fonema consonantal) e a assonância (repetição de fonemas vocálicos).

Simbolismo no Brasil

No Brasil, o simbolismo teve início no ano de 1893, com a publicação de duas obras de Cruz e
Souza: Missal (prosa) e Broqueis (poesia). O movimento simbolista na literatura brasileira teve
força até o movimento modernista do começo da década de 1920.

Características da Poesia Simbolista:

 Sugere em vez de descrever, simboliza em vez de nomear;


 Redescobre a subjetividade, o sentimentalismo, a imaginação, a sensualidade e a
espiritualidade;

 Explora o subconsciente e o inconsciente.;


 Usa predominantemente imagens sensoriais e metafísicas.;

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2ª Fase do Ensino Médio – Língua Portuguesa

 Prioriza a musicalidade, com aliterações, assonâncias,


paralelismos, repetições;
 Prefere as sinestesias, metáforas, prosopopeiase analogias como figuras de linguagem;

 Utiliza letras maiúsculas em substantivos comuns, para torná-los absolutos;


 Expressa uma religiosidade não convencional, pelo desregramento dos sentidos, da
sexualidade, das emoções, de delírios e alucinações;

 Busca o misterioso, o oculto, o vago, o caótico, o anárquico, o indefinível e o


inexprimível;

 Considera o poeta como vidente de realidades transcendentais e a poesia como


expressão de vidência mediúnica.

 Anuncia o Modernismo, em sua busca pela Poesia Pura: uma realidade tecida apenas

de palavras. Principais artistas simbolistas Literatura internacional:

 Charles Baudelaire – autor da obra As flores do mal (1857) que é considerada um


marco no simbolismo literário.
 Arthur Rimbaud
 StéphaneMallarmé
 Paul Verlaine

Literatura brasileira:

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João da Cruz e Souza (1861-1898) Alphonsus de Guimarães

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