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1ª FASE – ENSINO MÉDIO

Física

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UNIDAE I

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INTRODUÇÃO

O ensino da física faz parte da educação básica na formação do cidadão e deve atender tanto
aquelas pessoas que darão continuidade aos seus estudos, quanto àquelas que depois do
ensino médio não terão mais contato escolar com essa disciplina. Segundo o PCN+ Ensino
Médio:

“A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de competências¨, específicas


que permitam perceber e lidar com os fenômenos naturais e tecnológicos, presentes
tanto no cotidiano mais imediato quanto na compreensão do universo Distante, a partir
de princípios, leis e modelos por ela construídos. Isso implica, também, a introdução à
linguagem própria da Física, que faz uso de conceitos e terminologia bem definidos,
além de suas formas de expressão que envolvem, muitas vezes, tabelas, gráficos ou
relações matemáticas”

(BRASIL, 2002, p.59).

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SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDAS (S.I)

INTRODUÇÃO

Antes de iniciar o estudo de alguma teoria Física, é importante entender alguns conceitos
básicos e fundamentais. Neste primeiro texto vamos estudar as unidades e a importância do
Sistema Internacional de Unidades (SI).

O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um conjunto de definições, ou sistema de


unidades, que tem como objetivo uniformizar as medições. Na 14ª CGPM foi acordado que no
Sistema Internacional teríamos apenas uma unidade para cada grandeza. No Sistema
Internacional de Unidades (SI) existem sete unidades básicas que podem ser utilizadas para
derivar todas as outras. Estas sete unidades básicas são:

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MEDIDAS DE COMPRIMENTO

Metro

A palavra metro vem do grego métron e significa "o que mede". Foi estabelecido
inicialmente que a medida do metro seria a décima milionésima parte da distância do
Pólo Norte ao Equador, no meridiano que passa por Paris. No Brasil o metro foi
adotado oficialmente em 1928.

Múltiplos e Submúltiplos do Metro

Além da unidade fundamental de comprimento, o metro, existe ainda os seus


múltiplos e submúltiplos, cujos nomes são formados com o uso dos prefixos: quilo,
hecto, deca, deci, centi e mili. Observe o quadro:

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os


submúltiplos, para pequenas distâncias.

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MEDIDA DE CAPACIDADE

Litro

A quantidade de líquido é igual ao volume interno de um recipiente, afinal quando enchemos


este recipiente, o líquido assume a forma do mesmo. Capacidade é o volume interno de um
recipiente. A unidade fundamental de capacidade chama-se litro.
Múltiplos e submúltiplos do litro

4. MEDIDA DE MASSA

Massa é a quantidade de matéria que um corpo possui, sendo, portanto,


constante em qualquer lugar da terra ou fora dela.

Peso de um corpo é a força com que esse corpo é atraído (gravidade) para o
centro da terra. Varia de acordo com o local em que o corpo se encontra. Por
exemplo:

A massa do homem na Terra ou na Lua tem o mesmo valor. O peso, no entanto, é seis vezes
maior na terra do que na lua.

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Explica-se esse fenômeno pelo fato da gravidade terrestre ser 6 vezes superior à gravidade
lunar.

Obs: A palavra grama, empregada no sentido de "unidade de medida de massa de um corpo"


é um substantivo masculino. Assim 200g, lê-se "duzentos gramas".

Quilograma

A unidade fundamental de massa chama-se quilograma.

Apesar de o quilograma ser a unidade fundamental de massa, utilizamos na prática o grama


como unidade principal de massa.

Múltiplos e Submúltiplos do grama

Observe que cada unidade de volume é dez vezes maior que a unidade imediatamente
inferior.

MEDIDA DE TEMPO

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É comum em nosso dia-a-dia pergunta do tipo:

Qual a duração dessa partida de futebol?

Qual o tempo dessa viagem?

Qual a duração desse curso?

Qual o melhor tempo obtido por esse corredor?

Todas essas perguntas serão respondidas tomando por base uma unidade padrão de medida
de tempo.

A unidade de tempo escolhida como padrão no Sistema Internacional (SI) é o segundo.

Múltiplos e Submúltiplos do Segundo

São submúltiplos do segundo:

Décimo de segundo

Centésimo de segundo

<!--[endif]-->Milésimo de segundo

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Cuidado: Nunca escreva 2,40h como forma de representar 2 h 40 min. Pois o sistema de
medidas de tempo não é decimal.

Medidas de Comprimento

Leitura das Medidas de Comprimento

A leitura das medidas de comprimentos pode ser efetuada com o auxílio do quadro de
unidades. Exemplos: Leia a seguinte medida: 15,048 m.

Seqüência prática
1º) Escrever o quadro de unidades:

km hm dam m dm cm mm

2º) Colocar o número no quadro de unidades, localizando o último algarismo da parte


inteira sob a sua respectiva.

km hm dam m dm cm mm

1 5, 0 4 8
3º) Ler a parte inteira acompanhada da unidade de medida do seu último algarismo e a
parte decimal acompanhada da unidade de medida do último algarismo da mesma.

15 metros e 48 milímetros
Outros exemplos:

6,07 km lê-se "seis quilômetros e sete decâmetros"

lê-se "oitenta e dois decâmetros e cento e sete


82,107 dam
centímetros".

0,003 m lê-se "três milímetros".

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Transformação de Unidades

Observe as seguintes transformações:


Transforme 16,584hm em m.

km hm dam m dm cm mm

Para transformar hm em m (duas posições à direita) devemos multiplicar por 100 (10
x 10).

16,584 x 100 = 1.658,4


Ou seja:

16,584hm = 1.658,4m

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UNIDADE II

Vetores

Grandezas Escalares

Grandezas físicas como tempo, por exemplo, 5 segundos, ficam perfeitamente definidas
quando são especificados o seu módulo (5) e sua unidade de medida (segundo). Estas
grandezas físicas que são completamente definidas quando são especificados o seu módulo e
a sua unidade de medida são denominadas grandezas escalares. A temperatura, área,
volume, são também grandezas escalares.

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Grandezas Vetoriais

Quando você está se deslocando de uma posição para outra, basta você dizer que percorreu
uma distância igual a 5 m?

Você precisa especificar, além da distância (módulo), a direção e o sentido em que ocorre
este deslocamento.

Quando o PUCK sofre um deslocamento de uma posição A


para uma posição B, esta mudança de posição é definida
pelo segmento de reta AB orientado, que une a posição
inicial com a final, denominado neste caso de deslocamento

(fig. 1).

Figura 1 - Deslocamento do PUCK de uma posição A para B.

Observe que o deslocamento não fica perfeitamente definido se for dada apenas a distância
percorrida (por exemplo, 5,0 cm); há necessidade de especificar a direção e o sentido do
deslocamento. Estas grandezas que são completamente definidas quando são especificados o
seu módulo, direção e sentido, são denominadas grandezas vetoriais.

Outras grandezas vetoriais: velocidade, aceleração, força. . .

Vetores

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A representação matemática de uma grandeza vetorial é o vetor representado graficamente


pelo segmento de reta orientado (Fig. 1), que apresenta as seguintes características:

Módulo do vetor - é dado pelo comprimento do segmento em uma escala adequada


(d = 5 cm).

Direção do vetor - é dada pela reta suporte do segmento (30o com a horizontal).

Sentido do vetor - é dado pela seta colocada na extremidade do segmento.

Notação:
ou d: vetor deslocamento a:

vetor aceleração

V: vetor velocidade

Exemplo de vetores: a fig. 2 representa um cruzamento de ruas, tal que você, situado em O,
pode realizar os deslocamentos indicados pelos vetores d1, d2, d3, e d4. Diferenciando estes
vetores segundo suas características, tem-se que:

Os vetores d1 e d3 têm a mesma direção, mesmo módulo, e sentidos


opostos.

Os vetores d2 e d4 têm a mesma direção, módulos diferentes e sentidos


opostos.
Os vetores d1 e d2 têm o mesmo módulo, direções e sentidos diferentes.

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Os vetores d3 e d4 têm módulos, direções e sentidos diferentes.

Figura 2 - Vetores deslocamento.

Adição de dois vetores

Considere que o PUCK realizou os seguintes deslocamentos: 3,0 cm na direção vertical, no


sentido de baixo para cima (d1), e 4,0 cm na direção horizontal (d2), no sentido da esquerda
para a direita (fig. 5).

O deslocamento resultante não é simplesmente uma soma algébrica (3 + 4), porque os dois
vetores d1 e d2 têm direções e sentidos diferentes.

Há dois métodos, geométricos, para realizar a adição dos dois vetores, dr = d1 + d2, que são:

: consiste em colocar a origem


do segundo vetor coincidente
com a extremidade do primeiro vetor, e o vetor soma (ou vetor
resultante) é o que fecha o triângulo (origem coincidente com a
origem Figura 3 - Adição de dois vetores: do primeiro e extremidade coincidente com a

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Método da triangulação extremidade do segundo) (Fig. 3).

: consiste em colocar as
origens dos dois vetores coincidentes e construir um
paralelogramo; o vetor soma (ou vetor resultante) será
dado pela diagonal do paralelogramo cuja origem
Figura 4 - Adição de dois vetores: coincide com a dos dois vetores (Fig. 4). A outra diagonal

Método do paralelogramo será o vetor diferença.

Adição de dois vetores perpendiculares entre si

Geometricamente, aplica-se o método da triangulação ou do


paralelogramo (fig. 5) para determinar o vetor resultante dr.

Figura 5 - Adição de dois vetores perpendiculares entre si

Determina-se o módulo do vetor resultante aplicando-se o teorema de Pitágoras para o


triângulo ABC da fig. 5.

dr2= d12+ (1)


d22

Aplicação numérica

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Sendo d1 = 3 cm e d2 = 4 cm, o módulo do vetor resultante dré calculado substituindo estes

valores em (1): dr2 = 32 + 42 = 25 dr = 5 cm

Observação: O vetor diferença é obtido de modo análogo ao vetor soma; basta fazer a soma
do primeiro vetor com o oposto do segundo vetor.

d = d1 + ( -d2)

Componentes de um vetor

Considere o vetor deslocamento d como sendo o da fig. 6a. Para determinar as componentes
do vetor, adota-se um sistema de eixos cartesianos. As componentes do vetor d, segundo as
direções x e y, são as projeções ortogonais do vetor nas duas direções.

Notação:

dx: componente dovetor d na direção x dy:

componente do vetor d na direção y

Vamos entender o que seriam estas projeções. Para projetar o vetor


na direção x basta traçar uma perpendicular da extremidade do vetor
até o eixo x e na direção y traça-se outra perpendicular da
extremidade do vetor até o eixo y; estas projeções são as
componentes retangulares dx e dy do vetor d (fig. 6a).

Figura 6a - Os vetores dx e dy são as componentes retangulares do vetor d.

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Qual o significado das componentes do vetor? Significa que os dois vetores componentes
atuando nas direções x e y podem substituir o vetor d, produzindo o mesmo efeito.

Para determinar os valores destas componentes, aplicam-se as relações trigonométricas para


o triângulo retângulo OAB (fig.6a ou 6b).

Figura 6b - Triângulo retângulo OAB.

Para o triângulo OAB da fig. 6b, que é o da mesmo da fig. 6a, valem as relações:

sen = cateto oposto / hipotenusa = dy / d.

Resolvendo para dy, tem-se que:

dy = d sen componente vertical do vetor d na direção Y (2a)

cos = cateto adjacente / hipotenusa = dx / d.

Resolvendo para dx , tem-se que:

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dx = d cos componente horizontal do vetor d na direção X (2b)

Aplicação numérica

Considerando que o módulo do vetor deslocamento é igual a 3,0 m, e


o ângulo que este deslocamento faz com a direção X é igual a 60 o, determinar as
componentes deste vetor, dx e dy.

Substituindo em (2b):

dx = d cos = 3,0 cos 60o = 3,0 * 0,50

dx = 1,5
m

Substituindo em (2a):

o
dy = d sen = 3,0 sen 60 = 3,0 * 0,87

dy 2,6 m

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ANÁLISE GRÁFICA DO MOVIMENTO

Vetores velocidade e aceleração

Movendo vetores

Quando vamos fazer a adição ou a diferença de dois vetores graficamente, precisamos mover
o vetor tal que ele tenha sua origem coincidente com um novo ponto.

Vamos ver como se faz esta translação geometricamente.

Figura 1

(A) Os vetores deslocamento S1 e S2.

(B) Movendo um vetor (S1).

Para mover um vetor (S1) para uma nova posição temos que, primeiro, desenhar uma reta
paralela com o auxílio de uma régua e um transferidor como mostra a fig. 1B, transportando o
vetor paralelamente para a nova posição.
Para colocar o comprimento do vetor na nova posição, pode-se usar um pedaço de papel ou
um compasso para medir o comprimento na posição inicial e transportar esta medida para a
nova posição. O erro é menor medindo-se desta forma do que com régua.

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Figura 2

(A) Adição de dois vetores (triangulação).

(B) Diferença entre dois vetores (triangulação).

As fig. 2A e 2B mostram como se faz a adição e a diferença entre dois vetores S1 e S2 (fig. 1A),
usando o método da triangulação.

A adição de dois vetores (fig. 2A) foi realizada movendo-se o vetor S2 tal que a origem dele
coincidisse com a extremidadede S1.

O vetor soma S1 + S2 é o vetor que fecha o triângulo, cuja origem coincide com a origem do
primeiro vetor e a extremidade coincide com a extremidade do segundo vetor.

A diferença entre os dois vetores (S2 e S1) foi realizada movendo-se o vetor S1 (fig. 2B),
considerando o vetor oposto (- S1).

O vetor diferença S2 - S1 é o vetor que fecha o triângulo, cuja origem coincide com a origem
do vetor S2 e a extremidade coincide com a extremidade do vetor - S1.

Se quisermos a diferença S1 - S2, devemos mover o vetor S2, considerando o oposto dele (-

S2).

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Vetor velocidade

Sabemos que V = S/ t =(S2 - S1)/ t (1)

Podemos determinar a direção e o sentido do vetor V determinando a diferença entre dois


vetores deslocamento graficamente, usando a regra do paralelogramo ou da triangulação (fig.
2B). O módulo é determinando dividindo-se a medida do vetor S por t.

O vetor V tem a mesma direção e o mesmo sentido de S; o módulo de V é proporcional a


S.

Vetor aceleração

O vetor aceleração é dado pela relação:

A=V/t (2)

Esta relação pode se reescrita em função de S. Como V = S / t , substituindo em (2),


obtemos:

A = ( S / t) / t

2
A= S / t (3)

A vantagem da equação (3) é que expressando a aceleração em termos do vetor diferença S, a


direção e o sentido do vetor A são os mesmos de S e o módulo de A é proporcional a

S.

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Para determinar graficamente o vetor A, o primeiro passo é construir o vetor diferençça S.


Este vetor aponta na mesma direção e sentido de A. Medimos o comprimento deste vetor S
em centímetros, e em seguida dividimos o resultado por t2 (fig. 2).
Repetindo este processo para cada duas posições sucessivas de uma trajetória, obtemos um
quadro detalhado da aceleração do movimento.

Vamos aplicar este processo, considerando que a trajetória do movimento do PUCK seja o da
fig.3. (Huggins, 1979)

Figura 3 - Determinando os vetores S1e S2 em uma trajetória do PUCK


Medindo os comprimentos destes vetores S 1e S2(fig. 3)que são iguais a 1 cm e
considerando os intervalos de tempo t1 e t2 entre duas posições sucessivas iguais a 0,1s,
obtemos os valores das acelerações nas posições (1) e (2):

A1 = A2 = S/ t2 = (1 cm) / (0,1)2 = 100 cm/s2 e a direção e o sentido de A1 e de

A2sãoos mesmos de S1e S2, respectivamente.

Deste modo obtemos as acelerações A1, A2, A3,...Angraficamente.

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Teoria Cinética dos Gases

O modelo de Bernoulli

Daniel Bernoulli, em 1738, foi o primeiro a entender a


pressão atmosférica em termos moleculares. Ele imaginou
um cilindro vertical, fechado com um pistão no topo, o pistão
tendo um peso sobre ele, ambos o pistão e o peso sendo
suportados pela pressão dentro do cilindro. Ele descreveu o
que ocorria dentro do cilindro da seguinte forma: "imagine que a cavidade contenha
partículas muito pequenas, que movimentam-se frenéticamente para lá e para cá, de modo
que quando estas partículas batam no pistão elas o sustentam com repetidos impactos,
formando um fluido que expande sobre si caso o peso for retirado ou diminuido ..." É triste
dizer que seu relato, apesar de correto, não foi aceito de maneira geral. A maioria dos
cientistas acreditavam que as moléculas de um gás estavam em repouso, repelindo-se à
distância, fixas de alguma forma por um éter. Newton mostrou que PV = constante era uma
consequência dessa teoria, se a repulsão dependesse inversamente com o quadrado da
distância. De fato, em 1820 um inglês, John Herapath, deduziu uma relação entre pressão e
velocidade molecular dada abaixo, e tentou publicá-la pela Royal Society (a acadmeia de
ciências britânica). Foi rejeitada pelo presidente, Humphry Davy, que replicou que igualando
pressão e temperatura, como feito por Herapath, implicava que deveria existir um zero
absoluto de temperatura, uma idéia que Davy relutava em aceitar.

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O elo entre energia molecular e pressão

Não é dificil extender o modelo de Bernoulli em termos de uma descrição quantitativa,


relacionando a pressão de um gás com as velocidades moleculares. Como um exercício,
vamos considerar uma partícula de massa m, movimentando-se rapidamente de um lado para
outro com velocidade v dentro de um cilindro estreito de comprimento L com um pistão em
um extremo, de modo que todo o movimento é ao longo da mesma direção. Obviamente, o
pistão não sente uma força contínua, mas uma série de impactos igualmente espaçados. No
entanto, se o pistão for muito mais pesado que a partícula, isto terá o mesmo efeito que uma
força suave durante tempos longos comparados com o intervalo entre os impactos.

Usando a lei de Newton na forma força = taxa de variação do momento, vemos que o
momento de uma partícula muda de 2mv a cada vez que ela atinge o pistão. O tempo entre
impactos é 2L/v, de modo que a freqência entre impactos é v/2L por segundo. Isto significa

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que se não houvesse uma força de equilíbrio, por conservação de momento a partícula iria
causar uma mudança no momento da pistão de 2mv.v/2L unidades por segundo. Isto é a taxa
de variação do momento, e logo deve ser igual à força de equilíbrio, que é portanto

F = mv2/L [7.1]

Agora podemos generalizar ao caso de muitas partículas que movimentam-se frenéticamente


dentro de uma caixa retangular de comprimento L na direção x (que é ao longo de uma das
arestas do cubo). A força total em um lado de área A perpendicular à direção x é a soma de
cada termo devido a uma partícula, sendo que o que importa é a velocidade na direção x.

A pressão é a força por unidade de área, P = F/A. É claro que não sabemos qual são as
velocidades verdadeiras das moléculas em um gás, mas vamos ver que não precisamos destes
detalhes. Se somarmos N contribuições, uma para cada partícula da caixa, cada contribuição
sendo proporcional a vx2 para cada partícula, a soma resulta em N vezes o valor médio de vx2.
Isto é,

[7.2]

onde existem N partículas em uma caixa de volume V.

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No próximo passo notamos que as partículas estão igualmente se movendo em todas as


direções, de modo que o valor médio de vx2 deve ser o mesmo que os de vy2 ou vz2, e como v2
= vx2 + vy2 + vz2, obtemos que

[7.3]

Isto é um resultado impressionantemente simples! A pressão macroscópica de um gás é


diretamente relacionada à energia cinética média por molécula. É claro que não consideramos
as complicações devido às interações entre as partículas, nosso resultado serve para gases
como o ar em temperatura ambiente já que estas interações são muito pequenas. Além do
mais, é bem conhecido experimentalmente que a maioria dos gases satisfazem a lei dos gases
ideais sob um grande intervalo de temperatura

PV = nRT [7.4]

para n moles de gás, isto é, n = N/NA, com NA igual ao número de Avogadro e R a constante
do gás.

Introduzindo a constante de Boltzmann k = R/NA, é fácil combinar nosso resultado para a


pressão e a lei dos gases ideais para obtermos que a energia cinética média molecular é
proporcional à temperatura absoluta,

[7.5]

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A constante de Boltzmann é k = 1,38 x 10-23 joules/K.

A distribuição de velocidades de Maxwell


Cerca de 1850, várias dificuldades com as teorias existentes de calor, tais como a teoria
calórica, levaram algumas pessoas a olharem novamente para a teoria cinética de Bernoulli,
mas pouco progresso foi realizado até que Maxwell atacou o problema em 1859. Maxwell
trabalhou com o modelo de Bernoulli, em que os átomos ou moléculas em um gás sofrem
colisões elásticas entre si, obedecem às leis de Newton, e colidem umas nas outras (e nos
lados dos recipiente) com trajetórias em linha reta antes das colisões (Na realidade as colisões
são um pouco inelásticas com os lados -- as moléculas podem excitar ou de-excitar vibrações
nas paredes, isto é a maneira com a qual o gás e o recipiente entram em equilíbrio térmico).
Maxwell observou que era praticamente impossível tentar analisar o sistema usando as leis de
Newton, mesmo que isto possa ser feito em princípio. O problema é que existem muitas
variáveis para só para começar a escrever as equações. Por outro lado, ele observou que uma
descrição completa de como cada molécula se move não é necessária. O que era necessário
era alguma compreensão de como este modelo microscópico estava conectado com as
propriedades macroscópicas , que representam as médias de um número enorme de
moléculas..

A informação microscópica relevante não é o conhecimento das posições e velocidades de


cada molécula a cada instante de tempo, mas a sua função distribuição. Isto é o mesmo que
dizer que percentagem de moléculas está em certa parte do recipiente, e que percentagens
possuem velocidades dentro de certo intervalo, a cada instante de tempo. Para um gás em
equilíbrio térmico, a função distribuição é independente do tempo. Ignorando pequenas
correções devido à gravidade, o gás se distribuirá uniformemente no recipiente, de modo que
o único dado desconhecido é a função distribuição de velocidade.

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Maxwell encontrou que a distribuição de velocidade das moléculas de gás em equilíbrio


térmico pelos seguintes argumentos baseados em simetria. Para um gás de N partículas, seja
Nf(vx)dvx o número de partículas tendo velocidade na direção x entre vx e vx + dvx . Em outras
palavras, f(vx)dvxé a fração de todas as partículas que possuem velocidade na direção x
dentro no intervalo entre vx e vx + dvx.

Mas, não existe nada especial com relação a direção x -- para moléculas em um recepiente
fechado, pelo menos longe das paredes, todas as direções são iguais, de modo que a mesma
função f dará a distribuição de probabilidade para as outras direções. A probabilidade para a
velocidade ficar entre vx e vx + dvx, vy e vy + dvy, e vz e vz + dvzserá:

Nf(vx)dvxf(vy)dvyf(vz)dvz = Nf(vx) f(vy) f(vz) dvxdvydvz [7.6]

Note que esta função distribuição, quando integrada sobre todas as possíveis três
componentes das velocidades dá o número total de partículas N, como deveria ser. Agora
vem a parte inteligente - como toda a direção é tão boa quanto qualquer outra, a função deve
depender apenas da velocidade total da partícula, e não em cada componente da velocidade
separadamente. Logo, Maxwell argumentou que,

f(vx) f(vy) f(vz) = F(vx2 + vy2 + vz2) [7.7]

onde F é uma outra função desconhecida. No entanto, é aparente que o produto das funções
na esquerda está refletido na soma das velocidades na direita. Isto somente aconteceria se as
variáveis aparecessem em um expoente nas funções à esquerda. De fato, é fácil verificar que
esta equação é resolvida por uma função da forma:

[7.8]

onde A e B são constantes arbitrárias. De acordo com Maxwell, devemos por um sinal menos
no expoente porque deve existir menos partículas à medida que vamos para velocidades
mais altas -- certamente não um número divergente que resultaria se o sinal fosse o contrário.
Multiplicando as dsitribuições de velocidades para as três direções temos a distribuição em

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termos da velocidade da partícula v. No entanto, a função distribuição natural é aquela que


dá o número de partículas possuindo velocidade entre v e v + dv.

É importante imaginar uma distribuição de partículas no espaço de velocidades, um espaço


tri-dimensional (vx, vy, vz), onde cada partícula é representada por um ponto tendo
coordenadas correspondendo à velocidade da partícula. Assim, todos os pontos que ficam em
uma superfície esférica centrada na origem correspondem à mesma velocidade. Logo, o
número de partículas possuindo velocidades entre v e v + dv é igual ao número de pontos
dentro de duas esferas centradas na origem, com raios v e v + dv. Este é um espaço que
2
substitui o pequeno volume dvxdvydvz. O volume de uma casca esférica é dv. Logo, a
distribuição de probabilidade como função da velocidade é:

[7.9]

As constantes A e B podem ser determinadas integrando-se a distribuição de probabilidades


sobre todas as velocidades para encontrar o número total de partículas N, e sua energia total
E.

Como uma partícula movendo-se com velocidade v possui energia cinética ½mv2, podemos
usar a distribuição de probabilidade para encontrar a energia cinética média por partícula:

[7.10]
O numerador é a energia total, o denominador é o número total de partículas. Note que uma
constante desconhecida A cancela entre o denominador e o numerador. Substituindo o valor
de f(v) nas integrais, achamos

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[7.11]

Substituindo o valor da energia cinética média em termos da temperatura do gás,

[7.12]

achamos que B = m/2kT, de modo que

[7.13]

A constante de proporcionalidade é obtida integrando-se sobre todas as velocidades e


igualando o resultado final a unidade (já que fatorizamos o número de partículas N na nossa
definição de f(v).) O resultado final é:

[7.14]

Note que esta função aumenta parabolicamente de zero para pequenas velocidades, chega a
um máximo, e a partir daí diminui exponencialmente. À medida que a temperatura aumenta,
a posição do máximo se desloca para a direita. A área total sob essa curva é sempre unitária
(isto é, igual a um), por definição.

A distribuição de Boltzmann

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Existem duas características importantes na distribuição de Maxwell para um gás ideal que
devemos enfatizar:

1. Existe em média uma energia ½kT em cada grau de liberdade

2. A probabilidade de uma molécula ter energia E é proporcional a e-E/kT.

Entendemos por "grau de liberdade" um modo pelo qual a molécula pode se mover
livremente, e portanto possuir energia - neste caso, as direções x, y, e z, resultando na energia
cinética total 3.½kT.

Boltzman generalizou estas características da distribuição de Maxwell para sistemas grandes


arbitrários. Ele foi o primeiro a observar uma profunda conecção entre o conceito
termodinâmico de entropia e a análise estatística dos estados possíveis de um grande sistema
- que um aumento na entropia de um sistema com o tempo é uma mudança nas variáveis
macroscópicas correspondendo ao maior número possível de rearranjos microscópicos. Ele
mostrou que os números de estados possíveis para uma dada energia são muito maiores para
valores macroscópicos correspondendo ao equilíbrio térmico. Por exemplo, para uma dada
energia existem muito mais rearranjos microscópicos possíveis das moléculas de gás em que o
gás é essencialmente uniformemente distribuído em uma caixa do que existem
correspondendo a todas as moléculas de gás estando no lado esquerdo da caixa. Logo, se um
litro de gás ao passar do tempo passa por todos os estados de rearranjos microscópicos, de
fato existe uma probabilidade muito negligivel de todas elas estarem no lado esquerdo em
um tempo igual a idade do universo. Logo, se arrumarmos para que todas as partículas
estejam no lado esquerdo usando um pistão para empurrá-las, e se removermos rapidamente
o pistão, elas rapidamente tenderão a uma distribuição espalhada uniformemente pela caixa.

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Boltzmann provou que a entropia termodinâmica S de um sistema (a uma dada energia E) era
relacionada ao número W de estados microscópicos possíveis por meio de S = k logW, onde k
é a constante de Boltzmann. A seguir, ele foi capaz de estabelecer que para qualquer sistema
grande ou pequeno em equilíbrio térmico a temperatura T, a probabilidade de se encontrar
um estado a uma energia particular E é proporcional a e-E/kT. Ela é chamada de distribuição
de Boltzmann.

Nota histórica: A análise de Boltzmann para a entropia em termos de configurações


microscópicas foi ridicularizada por algumas das figuras mais poderosas do meio científico
alemão, liderado pelo famoso químico W. Ostwald, o qual não acreditava em átomos!
Boltzmann estava oprimido por esses ataques e pela sua própria saúde fraca, e se suicidou em
1906. Ostwald ganhou o prêmio Nobel em 1909.

Equipartição de energia e calores específicos

Retornando à análise de Maxwell para o gás em uma caixa, dissemos que a energia cinética
média total por molécula é 1,5kT. Da primeira lei da termodinâmica temos que a quantidade
de calor que podemos colocar em n moles de um gás a volume constante é dado por

V int (à volume constante) [7.15]

já que o volume é constante, e nenhum trabalho é realizado. int é a energia interna do gás,
em forma de energia cinética das moléculas. Usando [7.5] temos que para um gás com

NAmoléculas (1 mol) K A k . Logo, o calor específico por molécula é 1,5k, e


como k = R/NA, o calor específico por mole a volume constante fica.

CV = 1,5R [7.16]
De fato, isto é confirmado experimentalmente para gases monoatômicos. No entanto,
encontramos que gases com moléculas diatômicas possuem calores específicos de 2,5R e
mesmo 3,5R. Isto não é difícil de entender - estas moléculas possuem mais graus de liberdade.
Uma molécula em forma de alteres pode girar em torno de duas direções perpendiculares ao

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seu eixo. Uma molécula diatômica também pode vibrar. Tal simples movimenta de oscilador
harmônico possui tanto energia cinética quanto potencial, e tem energia total kT em
equilíbrio térmico. Assim, explicação razoável para os calores específicos de vários gases pode
ser obtida supondo uma contribuição ½k para cada grau de liberdade. Mas, existem
problemas. Porque um alteres não pode girar em torno de seu eixo de simetria? Porque
átomos monoatômicos não giram? E mais estranho ainda: porque o calor específico do
hidrogênio, 2,5R a temperatura ambiente, cai para 1,5R a baixas temperaturas. Estes
problemas não foram resolvidos até o aparecimento da mecânica quântica.

Para obtermos o calor específico a pressão constante, notamos que nesse caso a

transferência de calor para o sistema é dada por P (à pressão constante)


[7.16]

Como já discutimos antes, a energia interna de um gás somente depende de sua temperatura,

logo, da primeira lei, temos que int - P - P -

onde na última passagem usamos a equação dos gases ideais para calcular . Usando
[7.15] e dividindo ambos os lados por temos que

CV = CP - R , ou CP - CV = R [7.17]

Os dados experimentais estão em excelente concordância com a previsão acima baseada na


teoria cinética dos gases.

Movimento Browniano

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Uma das demonstrações mais convincentes de que gases são realmente feitos de moléculas
rápidas é o movimento Browniano, o movimento frenético de pequenas partículas, tais como
fragmentos de cinzas na fumaça. Este movimento foi notado pela primeira vez por um
botânico escocês, que inicialmente supôs que estava observando criaturas vivas, mas então
observou que o mesmo movimento em partículas inorgânicas. Einstein mostrou como usar o
movimento Browniano para determinar o tamanho de átomos.

TERMODINAMICA

CALOR, TRABALHO E RENDIMENTO

A troca e a transformação de energia são fenômenos que ocorrem constantemente na


natureza. Basta esfregarmos as nossas mãos para percebermos o aumento da temperatura
delas. Nesse caso, temos uma transformação da energia mecânica em calor. Esse é só um dos
muitos exemplos que ocorrem frequentemente ao nosso redor.

A termodinâmica trata do estudo da relação entre o calor e o trabalho, ou, de uma maneira
mais prática, o estudo de métodos para a transformação e energia térmica em energia de
movimento.

Essa ciência teve impulso especialmente durante a revolução industrial, quando o trabalho
que era realizado por homens ou animais começou a ser substituído por máquinas. Os
trabalhos dos cientistas da época levaram-nos a duas leis de caráter muito amplo e aplicável a
qualquer sistema na natureza.

A primeira lei da termodinâmica, que é o princípio da conservação da energia aplicada a


sistemas termodinâmicos.

A segunda lei da termodinâmica, que nos mostra as limitações impostas pela natureza quando
se transforma calor em trabalho.

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Para entendê-las, é preciso inicialmente compreender duas grandezas físicas importantes: o


trabalho e a energia interna.

O TRABALHO

Imagine que você tem alguns livros que precisam ser guardados em uma estante. Para tal
tarefa, você precisa aplicar uma força nos livros. Será necessário deslocá-los e guardá-los na
estante. Na física, quando temos força e um conseqüente deslocamento, dizemos que houve
a realização de trabalho.
Na termodinâmica, o trabalho tem um papel fundamental, pois ele pode ser considerado
como o objetivo final da construção de uma máquina térmica. Nas antigas maquinas a vapor,
por exemplo, gerava-se calor com a queima de combustível, como o carvão. O resultado final
era o movimento, ou seja, a realização de trabalho.

De modo geral, na termodinâmica, o trabalho pode ser determinado através de um método


gráfico. Considere um gráfico de pressão por volume, como mostrado na figura abaixo.

O trabalho é numericamente igual à área entre a curva do gráfico e o eixo do volume.

Para que o trabalho de um sistema seja diferente de zero, é obrigatória uma variação de
volume do sistema. Em transformações isométricas, ou seja, com volume constante, o
trabalho vale zero. Da relação de trabalho e variação de volume temos:

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Unidade de trabalho: no sistema internacional, o trabalho é medido em joules


.

ENERGIA INTERNA

Na física é muito comum usarmos o termo sistema, por isso é importante entendermos o que
isso significa. Na termodinâmica podemos considerar um sistema como um conjunto de
muitas partículas, como por exemplo, um gás.

Em um gás, há um número muito grande de moléculas que estão em constante estado de


movimentação. Definimos a energia interna como a energia de movimentação dessas
moléculas, ou seja, a soma das energias cinéticas das moléculas que constituem esse gás.
Determinar a energia interna de um gás não é uma tarefa simples, mas se considerarmos este
gás como um gás perfeito, a energia interna pode ser determinada pela lei de Joule.

Onde:

Essa relação matemática mostra que a energia interna e a temperatura estão relacionadas de
maneira direta: para que ocorra uma variação de energia interna é necessário que ocorra uma
variação de temperatura do sistema. Resumindo:

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No Sistema Internacional, a energia interna é medida em joules e a temperatura, em Kelvin.

A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA.

Como foi mencionado anteriormente, a primeira lei da termodinâmica é o princípio da


conservação de energia aplicado a sistemas termodinâmicos. O princípio da conservação da
energia baseia-se no fato de que a energia não é criada e nem destruída, mas sim
transformada.

Ao se fornecer calor ao sistema, podemos observar a ocorrência de duas situações possíveis.


Um aumento de temperatura e uma expansão do gás. O aumento de temperatura representa
o aumento de energia interna do sistema e a expansão do gás representa a realização de
trabalho.

Pode-se concluir que o calor fornecido ao sistema foi transformado na variação de energia
interna e na realização de trabalho. Desta conclusão, chega-se à primeira lei da
termodinâmica, que é definida da seguinte forma.

TRANSFORMAÇÕES CÍCLICAS

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Uma transformação cíclica ocorre quando o estado inicial do sistema coincide com o estado
final. Em um diagrama de pressão por volume a curva que representa essa transformação é
fechada, como representado na figura abaixo.

O cálculo da área dentro da curva dará o valor numérico do trabalho realizado no ciclo. Esses
ciclos podem ser apresentados nos sentidos horário ou
anti-horário.

-horário: Ciclo motor

Ciclo refrigerador

As transformações cíclicas são extremamente importantes para o nosso cotidiano, pois as


máquinas térmicas que utilizamos diariamente, como o motor do automóvel e a geladeira,
funcionam desta maneira.

SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA


Na natureza, encontramos a energia em diversas formas: energia nuclear, elétrica, mecânica,
solar dentre outras, e é possível transformá-las integralmente em calor. Quando lixa uma
mesa, através do atrito, você transforma integralmente o trabalho em calor com muita
facilidade.

O processo inverso, ou seja, transformar o calor em trabalho não é tão simples e está sujeito a
certas restrições. Dessas restrições veio a segunda lei da termodinâmica que pode ser
enunciada da seguinte forma:

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Não é possível construir uma máquina térmica que transforme integralmente o calor em
trabalho.

Em outras palavras, é impossível construir uma máquina térmica com 100% de eficiência.

MÁQUINAS TÉRMICAS

Uma máquina térmica é um equipamento que pode transformar calor em trabalho. Esses
aparelhos funcionam entre duas fontes, uma quente e uma fria, e do fluxo de calor da fonte
quente para a fonte fria, parte é transformada em trabalho, como esquematizado na figura
abaixo.

É importante saber calcular o rendimento destas máquinas. Para uma máquina térmica, o
rendimento é determinado pela seguinte relação:

Uma imposição da segunda lei da termodinâmica é que nenhuma máquina térmica tem
rendimento de 100%, por isso vale a seguinte condição:

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Como a transformação de calor em energia mecânica não é um processo espontâneo, o


rendimento de uma máquina térmica é baixo.

Será possível estimar o rendimento máximo de uma máquina térmica se soubermos os


valores das temperaturas das fontes quente e fria. Esse rendimento foi demonstrado pelo
engenheiro Nicolas Sadi Carnot, que propôs a seguinte relação:

Observe que para termos um bom rendimento, é necessário que a máquina opere entre uma
temperatura muito alta e uma muito baixa.

MOTORES A COMBUSTÃO

Historicamente, o primeiro motor desse tipo foi construído em 1867, pelo engenheiro alemão
Nikolaus Otto e foi baseado nas antigas máquinas a vapor. Esse tipo de motor é constituído de
duas partes principais, o carburador e o cilindro.

Nos automóveis atuais, o carburador foi substituído pela injeção eletrônica, que é responsável
por uma mistura mais eficiente de oxigênio e gasolina. O funcionamento desses
equipamentos pode ser resumido em quatro etapas e por isso eles são chamados de motores
de quatro tempos. Observe a figura abaixo.

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Primeiro tempo, a admissão


A válvula de admissão é aberta e o pistão aspira a mistura de ar e gasolina.

Segundo tempo, a compressão


A válvula de admissão é fechada, e a mistura é comprimida pelo pistão.

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Terceiro tempo, a explosão


Na parte superior do cilindro está a vela que provoca uma faísca e uma explosão da mistura.
Esta explosão aumenta a pressão do gás que empurra o pistão para baixo enquanto que a sua
temperatura cai de maneira significativa. Durante esse processo, as válvulas de admissão e
escape permanecem fechadas.

Quarto tempo, o escape

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A válvula de admissão permanece fechada, enquanto que a de escape se abre. Os gases


residuais da explosão saem por essa válvula e pelo tubo de escapamento.

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