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CINEMÁTICA
A primeira parte da mecânica clássica que iremos tratar será a cinemática. Isso ocorre devido
a sua maior facilidade de entendimento (por a mesma ser relacionada ao cotidiano e de fácil ob-
servação) e também por sua descrição matemática ser simples. A cinemática foi também do ponto
de vista histórico uma das primeiras áreas desenvolvidas. Aristóteles (384 a.C-322 a.C) e Arqui-
medes de Siracusa (287 a.C- 212 a.C) desenvolviam estudos neste ramo da ciência. No século
II, Cláudio Ptolemeu (90-168) realizou alguns trabalhos relacionados a essa área da mecânica.
Nomes como Nicolau Copérnico (1473-1543), Johannes Kepler (1571-1630), Galileu Galilei
(1564-1642), dentro outros, foram fundamentais para o desenvolvimento da cinemática como hoje
a conhecemos. Porém, quem melhor compilou o conhecimento até então desenvolvido, preencheu
várias lacunas deste conhecimento e criou a maior parte da matemática (cálculo diferencial e in-
tegral) que usamos hoje na descrição dos movimentos foi Isaac Newton (1643-1727). Em sua
obra intitulada Philosophiae Naturalis Principia Mathematica ele revolucionou o conhecimento
da mecânica (não somente da cinemática) e explicou vários fenômenos até então sem descrições
científicas corretas. Essa é talvez a maior obra da vida de Newton e da história das ciências natu-
rais.
A palavra cinemática se origina do grego kinema, que significa movimento. Logo, estudaremos
agora o ramo da mecânica que se preocupa com o movimento, sem levar em conta suas causas.
Em um primeiro momento conheceremos movimentos unidimensionais e, em seguida, trabalha-
remos com movimentos bi-dimensionais. Fenômenos relacionados a causa do movimento serão
posteriormente estudados no ramo da mecânica que conhecemos como DINÂMICA.
Capítulo 2. CINEMÁTICA 72
Todos os diferentes comportamentos da natureza que podemos medir chamamos de GRANDEZA FÍSICA.
Perceba que nem todo comportamento que vemos na natureza podemos mensurar. Por exemplo,
sentimentos são comportamentos que vemos por padrão na natureza mas não podemos medir.
Logo, são exemplos para o que não é uma grandeza física. Não basta ser uma característica da
natureza. É necessário que possamos medir e atribuir valor a essa característica.
Estudaremos dois tipos de grandezas físicas
Uma grandeza escalar é toda grandeza física que somente a informação de seu valor numérico
(módulo) é o suficiente para dar todo conhecimento a respeito desta. Por exemplo, ao perguntar-
mos a idade de alguém, se esta pessoa falar um valor numérico (15 anos) teremos toda informação
2.2.2 Unidades
Agora que definimos que grandeza física é uma característica da natureza que podemos mensu-
rar, devemos perceber que a forma que medimos algo pode variar. Por exemplo, podemos medir a
grandeza física comprimento em metros, polegadas, jardas, milhas, pés e de várias outras maneiras.
A essas diferentes formas de medir damos o nome de UNIDADES. Ou seja
Resumindo o que foi dito até aqui. Uma característica da natureza que pode ser medida é
chamada de GRANDEZA FÍSICA. Essa mesma característica só pode ser atribuída a uma única
GRANDEZA FÍSICA. Ou seja, não podemos chamar a característica da natureza que existe entre
você e o livro de comprimento e também a característica relacionada ao movimento do livro,
quando este é arremessado, de comprimento. Por serem características diferentes usamos palavras
diferentes. No caso, comprimento e velocidade.
Uma GRANDEZA FÍSICA pode ser medida de várias formas (UNIDADES) diferentes. Mas
uma UNIDADE somente pode ser atribuída a uma determinada grandeza física. Ou seja, não
podemos dizer que um comprimento é 50kg (quilograma), pois a unidade kg está relacionada com
a massa de um objeto e não ao comprimento. Assim como também não podemos dizer que a
massa de um objeto é 5m, pois metros é unidade de comprimento. Mas podemos dizer que um
comprimento é 1000m (metro), 0,621371mi (milha), 39369,96pol (polegadas), pois todas estas
diferentes formas de medir são UNIDADES da GRANDEZA FÍSICA comprimento.
O vasto número de unidades para uma mesma grandeza física advêm de vários fatores. O
principal é a localização geográfica de onde está sendo feita a medida. Antigamente a comunicação
entre locais distantes não era como hoje em dia. Por isso havia várias formas diferentes de realizar
medidas. Em alguns locais se media comprimento usando os pés, em outro local se usava o polegar,
em outro se usava um outro parâmetro de comparação. Por esse motivo distintas unidades surgiram
para uma mesma grandeza física. Quando os meios de transporte e comunicação evoluíram, alguns
problemas surgiram. Por exemplo, uma pessoa que costumava medir distância em polegadas e
outra em metros, se não houvesse conhecimento sobre a relação entre estas duas unidades, em uma
conversa, essas pessoas não se entenderiam sobre qualquer medida para comprimento. Por isso
saber a relação entre diferentes unidades de uma mesma grandeza física é importante.
Para respeitar as diferentes culturas, mantendo a possibilidade de cada local usar suas unidades
preferidas, mas a fim de criar um padrão mundial, foram designadas as unidades básicas a que
todas demais unidades devem se relacionar. Este padrão foi chamado de
Este padrão foi criado devido as comuns dificuldades em intercâmbios de trabalhos científicos
de distintos países e em relação a produtos comercializados entre nações onde as especificações
eram dadas usando as unidades dos locais de origem. A organização de tantas grandezas físicas
era tema de estudo já há muito tempo. Na 14ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, que ocorreu
em 1971, foram então definidas 7 grandezas físicas básicas as quais seriam atribuídas unidades
padrões com que as demais deviam se relacionar.
Outros sistemas de unidades são ainda hoje em dia usados. Temos por exemplo o precursor
do S.I. conhecido como sistema MKS (metro-quilograma-segundo), o sistema CGS (centímetro-
grama-segundo), sistema imperial de unidades (origem inglesa). Neste livro faremos uso do sis-
tema internacional S.I.
2.2.4 Prefixos
Vimos então que podemos representar grandezas físicas com letras, unidades com letras e agora
veremos que também representamos alguns números com letras. A isso chamamos de prefixos.
Eis um dos grandes problemas para entendimento da física, uma mesma letra pode ter diferentes
significados. Deve-se levar em conta o contexto a que a mesma está relacionada, por exemplo, a
letra m se estiver representando uma grandeza física significa massa. Essa mesma letra m se estiver
representando uma unidade, significa metros. E veremos que a letra m, se estiver representando
um prefixo é chamada MILI e significa 10−3 .
Devemos ter clara as diferenças entre grandeza física, unidade e prefixo ao ler qualquer texto
ou problema científico. Notemos que uma unidade pode conter intrinsecamente um prefixo acom-
panhado por uma outra unidade, por exemplo, kg. A letra k é um prefixo que significa o valor
103 = 1000 e a letra g significa a unidade gramas. Com isso já podemos ver a relação que
1kg = 1000g. Note que a junção de um prefixo (k) e uma unidade (g) geram uma unidade cha-
mada kg (quilograma). Não atoa, o prefixo k é chamado QUILO. Veja que isso se repete com
outras unidades, por exemplo, a unidade km (quilômetros) é a junção do prefixo quilo e a unidade
metro. Novamente temos que 1km = 1000m.
Abaixo veremos na tabela que cada prefixo tem uma letra que o simboliza e um nome. Poderá
ser notado que alguns prefixos já são usados cotidianamente mas serão agora compreendidos como
sendo um valor matemático que o mesmo representa.