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Resumão

Física 2

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Física

Introdução à Física – Unidades e suas conversões – Sl

Resumo

Primeiramente cabe distinguir três conceitos: Grandeza física, Unidade de medida e Conversão.

Grandeza física: tudo aquilo que pode ser medido, acompanhada de uma unidade de medida.
Ex.: Um pedaço de madeira de massa 2 g.

“MASSA” Grandeza física


“2” Medida da grandeza física chamada massa
Uma unidade de medida da grandeza física chamada
“g”
massa

Note que o pronome indeterminado “uma” não foi a toa. De fato, o grama (g) é “uma” e não “a” medida de
unidade da grandeza física chamada massa. Podemos ter mais de uma unidade de medida para a mesma
grandeza física e, por isso, por ventura convertemos uma unidade de medida em outra. Por exemplo, podemos
converter grama (g) para quilograma (kg) e vice-versa. Este processo se justifica histórica, social e
culturalmente.
No entanto, em 1960 desenvolveu-se o Sistema Internacional de Unidades (S.I.). Sempre que você ouvir seus
professores de Física aqui do Descomplica falando “ [...] na unidade do S.I. [...]” já sabe que é para converter
determinada unidade usual para a unidade padrão!
Sistema Internacional de Unidades é a forma moderna do sistema métrico e é geralmente um sistema
de unidade de medida concebido em torno de sete unidades básicas e da conveniência do número dez. É o
sistema de medição mais usado do mundo, tanto no comércio todos os dias e, sobretudo, na ciência. O SI é
um conjunto sistematizado e padronizado de definições para unidade de medida, utilizado em quase todo o
mundo moderno, que visa a uniformizar e facilitar as medições e as relações internacionais daí decorrentes.

1. Unidades do S.I.
1.1. Básicas
Definiram-se sete grandezas físicas postas como básicas ou fundamentais. Por conseguinte, passaram a
existir sete unidades básicas correspondentes — as unidades básicas do SI — descritas na tabela, na coluna
à esquerda. A partir delas, podem-se derivar todas as outras unidades existentes. As unidades básicas do SI
são dimensionalmente independentes entre si.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Internacional_de_Unidades

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Para mais informações sobre a correta escrita de unidades S.I. basta clicar aqui.
Se você tiver curiosidade sobre o assunto, pode acessar os seguintes links para um estudo mais aprofundado,
basta clicar nos nomes: inmetro, bbc, inovação tecnológica, scielo.
Repito: Somente se você tiver tempo e curiosidade, pois nada do que se encontra nos links acima será cobrado
numa questão de vestibular para você!

2. Principais Unidades de medida e suas conversões


Tomando como base o S.I., vamos voltar ao ensino fundamental e relembrar que para convertermos a unidade
metro nos seus submúltiplos ou nos seus subdivisores, temos que:

E isto será válido para qualquer unidade!


Vejamos o caso da unidade de área (m²):

Vejamos o caso da unidade de volume (m³):

Obs.: 1 litro (L ou ℓ) = 1 dm³.

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3. Potências de base 10
Dentro dos vários campos da Física os estudos se deparam com corpos ou quantidades que são muito
grandes ou muito pequenas, quando comparadas as quantidades usuais.
Exemplo 1: velocidade média de um carro dentro de uma cidade: 6,0 m/s
velocidade aproximada da luz no vácuo: 300000000 m/s
tamanho médio de uma pessoa adulta: 1,70 m
tamanho médio de uma célula: 0,000030 m

Esse tipo de representação, em muitos casos, dificulta a operação matemática ou mesmo o entendimento
real da quantidade medida. Uma forma de representar essas quantidades é pela utilização de fatores
multiplicativos que permitem a escrita num formato mais “amigável”, e que facilitam a realização de
operações matemáticas, denominada notação científica.

Para podermos escrever os números em formato de notação científica, precisamos compreender o que são
as chamadas potências de base 10, pois são elas que fornecerão o formato mais simplificado para os
algarismos que reescreveremos.

A potência é um produto de números (fatores) iguais, resultante de uma operação matemática que
denominada potenciação, onde:

sendo a o número que se repete e n indica o número de vezes que multiplicamos a por ele mesmo.
Exemplo 2: 10º = 1 10¹ = 10 10² = 10x10 = 100
10³ = 10x10x10 = 100 104 = 10x10x10x10 = 10000

No caso de a potência estar colocada no divisor de uma operação matemática, é possível também representar
o resultado dessa operação utilizando a base 10. Para isso precisamos lembrar apenas que existe uma regra
básica quando realizamos o produto ou a divisão entre bases iguais, onde no produto devemos repetir a base
e somar os expoentes e no caso da divisão devemos repetir a base e subtrair os expoentes.

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Se considerarmos essas relações, vamos considerar que exista uma certa base como divisor de 1( 𝑛 ), nessa
𝑎
condição teremos que a representação será da forma 𝑎 −𝑛 visto que:

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Exemplo 3:
1 1 1 1
= = 10−1 = = 10−2
10 10¹ 100 10²

1 1 1 1
= = 10−3 = = 10−4
10 10³ 10000 104

As bases 10 e seus respectivos expoentes fornecem, além da facilitação nas operações matemáticas,
representar as quantidades pelo uso de prefixos que indicam por qual fator o número é multiplicado e alguns
deles podem são mostrados na tabela 1.

4. Escrevendo um número em Notação Científica e Regras de Arredondamento


Para escrevermos um número em notação científica utilizamos o seguinte formato:

onde 𝑎 ∈ 𝕽, 1 ≤ 𝑎 < 10, ou seja, a é um número real 𝕽 maior ou igual a 1 e menor que 10, com apenas uma
casa decimal, e n é um número inteiro qualquer.

No entanto, é fácil perceber que podemos ter problemas em escrever esses números, pois no caso de certos
algarismos será necessária a realização de alguma aproximação para sua total adequação ao formato
desejado da notação científica. Vejamos alguns exemplos:
a) 150.000.000.000 = 1,5. 1011 (a vírgula deslocou-se 11 casas para a esquerda).
b) 0,000000000000000458 = 4,58. 10−16 (a vírgula deslocou-se 16 casas para a direita).
c) 0,4589 = 4,589. 10−1 (a vírgula deslocou 1 casa para a direita).

5. Ordem de grandeza (OG)


Determinar a ordem de grandeza de uma medida consiste em fornecer, como resultado, a potência de 10
mais próxima do valor encontrado para a grandeza. Para isso é necessário comparar o valor de a com √10,
tal que temos a seguinte regra:
𝑎 ≥ √10 → 𝑛 + 1
𝑎. 10𝑛 → {
𝑎 < √10 → 𝑛

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Física

Ou seja, se a for maior ou igual à √10, então a OG será a base 10n+1. Caso contrário, se a for menor que √10,
então a OG será a base 10n.

Segue um Mapa mental sobre o assunto! :D

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Exercícios

1. SEU OLHAR
Na eternidade
Eu quisera ter
Tantos anos-luz
Quantos fosse precisar
Pra cruzar o túnel
Do tempo do seu olhar
Gilberto Gil, 1984.

Gilberto Gil usa na letra da música a palavra composta ANOS-LUZ. O sentido prático, em geral, não é
obrigatoriamente o mesmo que na ciência. Na Física, um ano luz é uma medida que relaciona a
velocidade da luz e o tempo de um ano e que, portanto, se refere a
a) tempo.
b) aceleração.
c) distância.
d) velocidade.
e) luminosidade.

2. De acordo com os dados da tabela e os conhecimentos sobre unidades e escalas de tempo, assinale a
alternativa correta.

Espaço Percorrido (m) Tempo de prova

Atletismo Corrida 100 9,69 s


Nado livre 50 21,30 s
Atletismo Corrida 1500 4 min 01,63 s
Nado livre 1500 14 min 41,54 s
Volta de
Classificação
5200 1 min 29,619 s
de um carro de
Fórmula-1

a) A diferença de tempo entre as provas de 1500 m do nado livre e de 1500 m do atletismo é de dez
minutos, quarenta segundos e novecentos e dez milésimos de segundo.
b) O tempo da prova de 50 m do nado livre é de vinte e um segundos e trinta décimos de segundo.
c) O tempo da prova de 1500 m do nado livre é de quatorze minutos, quarenta e um segundos e
quinhentos e quarenta centésimos de segundo.
d) A diferença de tempo entre as provas de 100 m do atletismo e a de 50 metros do nado livre é de
onze segundos e sessenta e um centésimos de segundo.
e) A volta de classificação da Fórmula-1 é de um minuto, vinte e nove segundos e seiscentos e
dezenove centésimos de segundo.

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3. A medida de certo comprimento foi apresentada com o valor 2,954  103 m. Levando-se em conta a
teoria dos algarismos significativos, essa medida foi feita com um instrumento cuja menor divisão era
o
a) quilômetro.
b) hectômetro.
c) decâmetro.
d) metro.
e) decímetro.

4. Uma caixa mede 1,5 cm x 40,00 m x 22 mm. O seu volume é:


a) 132,0 litros
b) 23,10 × 104 litros
c) 1320 × 10-2 litros
d) 2310 × 10-4 litros
e) 132,0 × 10-2 litros

5. Você está viajando a uma velocidade de 1 km/min. Sua velocidade em km/h é:


a) 3600.
b) 1/60.
c) 3,6.
d) 60.
e) 1/3600.

6. Os valores das grandezas físicas:


- volume igual a 45 dm3,
- velocidade igual a 54 km/h,
- densidade igual a 13,6 × 103 kg/m3,

transformando-se suas unidades, respectivamente, para cm3, m/s e g/cm3, ficarão:


a) 4,5 × 104 cm3, 15 m/s e 13,6 g/cm3
b) 4,5 × 103 cm3, 15 m/s e 13,6 g/cm3
c) 4,5 × 104 cm3, 25 m/s e 13,6 g/cm3
d) 4,5 × 103 cm3, 15 m/s e 136 g/cm3
e) 4,5 × 102 cm3, 1,5 × 102 m/s e 1,36 × 102 g/cm3

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7. O intervalo de tempo de 2,4 minutos equivale, no Sistema Internacional de unidades (SI), a:


a) 24 segundos.
b) 124 segundos.
c) 144 segundos.
d) 160 segundos.
e) 240 segundos.

8. O Brasil adota o Sistema Internacional de Unidades – SI, porém, há unidades em uso no Brasil que não
fazem parte do SI.
Nesse contexto, assinale a anternativa incorreta:
a) A unidade de capacidade volumétrica litro, mesmo não sendo incluída no SI, é admitida para uso
geral e tem como símbolo oficial a letra (manuscrita) podendo ser simbolizada pela letra L
(maiúscula).
b) Somente as unidades que levam o nome de cientistas devem ser representadas por letras
maiúsculas, as demais com letras minúsculas.
c) As unidades de pressão centímetro de Hg, milibar e PSI (lib/pol2) são muito usadas e não fazem
parte do SI.
d) A unidade quilograma (kg) excepcionalmente pode ser utilizada como unidade de massa e de peso.

9. Um tenista, numa brilhante jogada durante um treino, atirou a bola de tênis para o outro lado da quadra.
Instantes depois, foi anunciado que a bola atingiu uma velocidade escalar média de 151,2 km/h.
Expresse essa velocidade no sistema internacional de unidades.
a) 42 m/s.
b) 36 m/s
c) 42 km/s
d) 57 m/s
e) 57 km/s

10. Considere os três comprimentos seguintes:


d1=0,521km, d2=5,21.10-2m e d3=5,21.106mm.

Assinale alternatica que demonstra esses comprimentos em ordem crescente e a razão d 3/d1,
respectivamente:
a) 𝑑3 < 𝑑2 < 𝑑1 ; 20
b) 𝑑2 < 𝑑1 < 𝑑3 ; 20
c) 𝑑2 < 𝑑1 < 𝑑3 ; 10
d) 𝑑3 < 𝑑2 < 𝑑1 ; 10
e) 𝑑1 < 𝑑2 < 𝑑3 ; 20

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Gabarito

1. C
Ano luz é a distância percorrida pela luz em um ano.

2. D
61
21,30 – 9,69 = 11,61 = 11 + 0,61 = 11 +
100

3. C
Como 2,954 ⋅ 103 m = 2954 m, temos que o valor medido possui quatro algarismos significativos, com a
incerteza instrumental sobre o último algarismo ( 4 m) . Dessa forma, a escala possui uma menor divisão
de 10 m, ou seja, o decâmetro.

4. C
V = 0,15 dm x 400 dm x 0,22 dm = 13,2 L

5. D
1 km 1 km
= = 60 km / h
1 min (1/ 60)h

6. A
45 dm3 = 45 x 103 cm3 = 4,5 x 104 cm3
54km 54000m
54 km/h = = = 15m / s
1h 3600s
13,6  106 g
13,6  103 kg / m3 = = 13,6g / cm3
106 cm3

7. C
Sabemos que 1 minuto equivale a 60 segundos. Com isso, podemos montar uma regra da seguinte forma:
𝟏 𝐦𝐢𝐧 → 𝟔𝟎 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐧𝐝𝐨𝐬
𝟐, 𝟒 𝐦𝐢𝐧 → 𝐱 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐧𝐝𝐨𝐬

𝐱 = 𝟐, 𝟒 𝐱 𝟔𝟎 = 𝟏𝟒𝟒 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐧𝐝𝐨𝐬.

8. D
A unidade quilograma (kg) pode ser utilizada apenas como unidade de massa. A grandeza peso é uma
força e, no SI, é medida em newton.

9. A
No Sistema Internacional (SI) a velocidade escalar média é expressa (em m/s):
151,2km/h = 151,2 × 1000m/3600s = 42 m/s

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10. C
d1 = 0,521km = 521 m
d2 = 5,21.10-2 m
d3 = 5,21.106 mm = 5210 m

d2  d1  d3
d3 5210
= = 10
d1 521

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Termometria

Resumo

Introdução
Termologia é a parte da Física que estuda os fenômenos relativos ao aquecimento, resfriamento ou às
mudanças de estado físico em corpos que recebem ou cedem um determinado tipo de energia. Estudaremos,
em Termologia, as formas pelas quais essa energia, que denominaremos energia térmica, muda de local,
propagando-se através de um meio. Estudaremos, ainda, o comportamento de um modelo teórico de gás,
denominado gás perfeito, e, dentre outras coisas, as relações existentes entre a energia térmica e a energia
mecânica.
No estudo de todos os fenômenos relativos à Termologia, sempre aparece um parâmetro muito importante,
denominado temperatura, capaz de definir o estado térmico do sistema físico estudado. Assim, iniciaremos
o nosso estudo de Termologia conceituando a temperatura e estabelecendo processos e regras usados para
sua medição.

Temperatura
Grandeza que caracteriza o estado térmico de um sistema.

É comum as pessoas avaliarem o estado térmico de um corpo pela sensação de quente ou frio que sentem
ao tocá-lo. Até que ponto, entretanto, podemos confiar nessa sensação? Muitas vezes pessoas diferentes em
um mesmo ambiente experimentam sensações térmicas diferentes! Note que isso ocorre porque as
sensações de quente e frio são individuais e subjetivas, dependendo do indivíduo e das condições a que ele
está sujeito.

Agora você deve estar se perguntando: como podemos avaliar fisicamente esse “quente” e esse “frio”?

Imaginemos um balão de borracha, fechado, com ar em seu interior. O ar, como sabemos, é constituído de
pequenas partículas que se movimentam em todas as direções. Agora, vamos aquecer o ar. O que acontece?
O balão estufa, aumentando de tamanho. O que provocou isso? Foi o ar em seu interior, que, ao ser aquecido,
empurrou mais fortemente as paredes elásticas, aumentando o volume do balão. Isso ocorre porque as
partículas de ar movimentam-se, possuindo certa velocidade, certa energia cinética. Quando aumentamos
a temperatura dessas partículas por aquecimento, essa energia cinética aumenta, intensificando os choques
dessas partículas com as paredes internas do balão, o que produz aumento de volume.

Assim, podemos associar a temperatura do ar à energia cinética de suas partículas, isto é, ao estado de
movimento dessas partículas.

Entretanto, o que acontece nos sólidos e nos líquidos, cujas partículas são impedidas de movimentar-se
livremente?

Nesses casos, as partículas apenas agitam-se em regiões limitadas, e esse estado de agitação aumenta com
o aquecimento, com o aumento de temperatura.
A conclusão a que podemos chegar é que, de alguma forma (vide seção 2.2), a temperatura está relacionada
com o estado de movimento ou de agitação das partículas de um corpo. Assim, como uma ideia inicial,

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podemos dizer que a temperatura é um valor numérico associado a um determinado estado de agitação ou
de movimentação das partículas de um corpo, umas em relação às outras.

Considerando que os dois recipientes contêm o mesmo tipo de gás, no recipiente 2 o estado de agitação das partículas
que compõem o gás é maior, pois estas se movimentam com maior rapidez. Assim, podemos concluir que o gás do
recipiente 2 encontra-se em uma temperatura mais elevada que o gás do recipiente 1.
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Não confunda Temperatura com Energia e tampouco com Energia Térmica


Relembrando: temperatura é a medida do grau de agitação das moléculas, é apenas um número
acompanhado de sua unidade para ter-se ideia do grau de agitação das moléculas. Energia é a quantidade de
agitação dessas mesmas moléculas e energia térmica, mais conhecida como calor, é a energia que flui entre
corpos de diferentes temperaturas.

Termômetro
Considerando o que vimos anteriormente, você deve ter percebido que não temos condições de medir
diretamente a energia de agitação das moléculas de um corpo. Como podemos, então, avaliar sua
temperatura?

É simples: isso deve ser feito por um processo indireto, usando-se um segundo corpo que sofra alterações
mensuráveis em suas propriedades físicas quando do processo de busca do equilíbrio térmico com o
primeiro. A esse corpo chamamos de termômetro.

O mais conhecido é o termômetro de mercúrio.

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Há outros tipos de termômetros como os que usam resistores, gás, etc.

Escalas termométricas
Escala termométrica é um conjunto de valores numéricos em que cada valor está associado a uma
determinada temperatura. Se, por exemplo, a temperatura de um sistema A é representada pelo valor 50 e a
de um sistema B, pelo valor 20, em uma mesma escala termométrica, dizemos que a temperatura de A é maior
que a de B. Isso indica que as partículas do sistema A estão em um nível energético mais elevado que as do
sistema B.
Como uma escala termométrica é constituída por um conjunto de valores arbitrários, um mesmo estado
térmico pode ser representado em escalas termométricas diversas, por valores numéricos diferentes. Os
valores numéricos de uma escala termométrica são obtidos a partir de dois valores atribuídos previamente a
dois estados térmicos de referência, bem definidos, denominados pontos fixos.

Pontos fixos fundamentais


Pela facilidade de obtenção prática, são adotados usualmente como pontos fixos os estados térmicos
correspondentes ao gelo fundente e à água em ebulição, ambos sob pressão normal. Esses estados térmicos
costumam ser denominados ponto do gelo e ponto do vapor, respectivamente, e constituem os pontos fixos
fundamentais.

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Escala Celsius e Fahrenheit


A escala termométrica mais utilizada no mundo, inclusive no Brasil, foi criada pelo astrônomo e físico sueco
Anders Celsius (1701-1744) e oficializada em 1742 por uma publicação da Real Academia Sueca de Ciência.
O interessante é que, originalmente, Celsius utilizou o valor 0 para o ponto de ebulição da água e o valor 100
para seu ponto de congelamento. Foi um biólogo sueco, chamado Lineu [Carl von Lineé (1707-1778)], quem
inverteu essa escala, tornando-a tal como a conhecemos hoje.
Em 1708, o físico alemão Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), utilizando as ideias do astrônomo
dinamarquês Ole Römer (1644-1710), estabeleceu os pontos de referência de uma nova escala. Para o ponto
0, ele utilizou a temperatura de uma mistura de gelo e cloreto de amônia e, para o ponto 100, a temperatura
do corpo humano. Somente mais tarde, quando passaram a utilizar a água como referência, observou-se que

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a sua escala assinalava 32 para o ponto do gelo e 212 para o ponto do vapor. A escala Fahrenheit de
temperaturas é utilizada principalmente nos países de língua inglesa.

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Na escala Celsius, temos 100 divisões iguais entre os pontos fixos, cada divisão correspondendo à unidade
da escala, que recebe o nome de grau Celsius, simbolizado por °C.
Na escala Fahrenheit, temos 180 divisões iguais entre os pontos fixos, sendo a unidade da escala
denominada grau Fahrenheit, simbolizado por °F.

Conversão entre as escalas Celsius e Fahrenheit

A que valor na escala Fahrenheit corresponde, por exemplo, 60 °C?


Para fazer a correspondência, vamos utilizar dois termômetros idênticos de mercúrio, sendo um graduado na
escala Celsius e outro, na Fahrenheit. Ao colocá-los em contato com um mesmo corpo, observamos que as
alturas de mercúrio são iguais, mas, por se tratarem de escalas distintas, os valores numéricos assinalados
são diferentes (θC e θF).

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Física

Perceba que os intervalos de temperaturas correspondentes nos dois termômetros são proporcionais. Assim,
vale a relação:
𝜃𝑐 − 0 100 − 0
=
𝜃𝐹 − 32 121 − 32
𝜃𝑐 100 5
= =
𝜃𝐹 − 32 180 9
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Essa equação de conversão pode ser escrita da seguinte maneira:

𝜃𝑐 𝜃𝐹 − 32
=
5 9
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Variação de temperatura
Para converter uma variação de temperatura em graus Celsius para graus Fahrenheit, ou vice-versa, observe
o esquema abaixo, em que comparamos essas duas escalas.

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Note que a variação em uma das escalas é proporcional à variação correspondente na outra. Assim, podemos
afirmar que:
∆𝜃𝑐 ∆𝜃𝐹
=
100 180
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O zero absoluto
Imagine um sistema físico qualquer. Quando o aquecemos, sua temperatura se eleva, aumentando o estado
de agitação de suas partículas. Se o esfriamos, sua temperatura diminui porque o estado de agitação das
partículas também diminui. Se continuarmos a esfriar esse sistema, o estado de agitação das partículas
diminuirá mais e mais, tendendo a um mínimo de temperatura, denominado zero absoluto.
Zero absoluto é o limite inferior de temperatura de um sistema. É a temperatura correspondente ao menor
estado de agitação das partículas, isto é, um estado de agitação praticamente nulo.

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Física

No zero absoluto, ainda existe nas partículas do sistema uma quantidade finita, não nula, de energia cinética.
Essa energia é denominada energia do ponto zero.

Escala absoluta
O físico britânico William Thomson (1824-1907), mais conhecido como Lord Kelvin, foi quem verificou
experimentalmente a variação da pressão de um gás a volume constante. Por meio de uma extrapolação, ele
concluiu que a menor temperatura que aquele gás poderia atingir coincidia com a anulação da pressão.
Até chegar a essa conclusão ele realizou experiências com diferentes amostras de gases, a volume constante.
As variações de pressão foram plotadas (marcadas) em um gráfico, em função da temperatura Celsius. O
prolongamento do gráfico levou-o ao valor -273,15 °C, que foi denominado “zero absoluto”. Para facilitar os
cálculos, aproximamos esse -273 °C. A escala Kelvin, também denominada escala absoluta, tem sua origem
no zero absoluto e utiliza o grau Celsius como unidade de variação. O símbolo da unidade da escala Kelvin é
K.

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Do exposto, pode-se concluir que a equação de conversão entre as escalas Celsius e Kelvin é dada por:

𝑇(𝐾) = 𝜃(∘ 𝐶) + 273


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Exercícios

1. Pernambuco registrou, em 2015, um recorde na temperatura após dezessete anos. O estado atingiu a
média máxima de 31 C, ° segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). A falta de chuvas
desse ano só foi pior em 1998 – quando foi registrada a pior seca dos últimos 50 anos, provocada pelo
fenômeno “El Niño”, que reduziu a níveis críticos os reservatórios e impôs o racionamento de água.
Novembro foi o mês mais quente de 2015, aponta a APAC. Dos municípios que atingiram as
temperaturas mais altas esse ano, Águas Belas, no Agreste, aparece em primeiro lugar com média
máxima de 42 C°
Fonte: g1.com.br.

Utilizando o quadro abaixo, que relaciona as temperaturas em °C (graus Celsius), °F (Fahrenheit) e K


(Kelvin), podemos mostrar que as temperaturas médias máximas, expressas em K, para Pernambuco
e para Águas Belas, ambas em 2015, foram, respectivamente,

a) 300 e 317.
b) 273 e 373.
c) 304 e 315.
d) 242 e 232.
e) 254 e 302.

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Física

2. Com o aumento do efeito estufa, a chuva ácida pode atingir a temperatura de 250 C.

Na escala Kelvin, esse valor de temperatura corresponde a:


a) 212
b) 346

c) 482

d) 523

3. Frente fria chega a São Paulo. Previsão para

Com esses dados, pode-se concluir que a variação de temperatura na sexta-feira e a máxima, no
sábado, na escala Fahrenheit, foram, respectivamente:
a) 9 e 33,8.
b) 9 e 68.
c) 36 e 9.
d) 68 e 33,8.
e) 68 e 36.

4. O gráfico indicado a seguir representa a relação entre a temperatura medida numa escala X e a mesma
temperatura medida na escala Celsius.

Para a variação de 1,0 °C, o intervalo observado na escala X é:


a) 1ºX
b) 1,5ºX
c) 2ºX
d) 2,5ºX
e) 3,5ºX

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Física

5. Quando se mede a temperatura do corpo humano com um termômetro clínico de mercúrio em vidro,
procura-se colocar o bulbo do termômetro em contato direto com regiões mais próximas do interior do
corpo e manter o termômetro assim durante algum tempo, antes de fazer a leitura. Esses dois
procedimentos são necessários porque:
a) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque demanda
sempre algum tempo para que a troca de calor entre o corpo humano e o termômetro se efetive.
b) é preciso reduzir a interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo, e porque
demanda sempre algum tempo para que a troca de calor entre o corpo humano e o termômetro se
efetive.
c) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque é preciso
evitar a interferência do calor específico médio do corpo humano.
d) é preciso reduzir a interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo, e porque
o calor específico médio do corpo humano é muito menor que o do mercúrio e o do vidro.
e) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque é preciso
reduzir a interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo.

6. Para medirmos a temperatura de um objeto, utilizamos principalmente 3 escalas termométricas:


Celsius °C), Fahrenheit (°F) e Kelvin (K). A relação entre elas pode ser vista no quadro abaixo.

Utilizando a escala como referência, podemos dizer que 0°C e 50°C equivalem, em Kelvin, a?
a) 212 e 273.
b) 273 e 373.
c) 212 e 32.
d) 273 e 37.
e) 273 e 323.

9
Física

7. O texto a seguir foi extraído de uma matéria sobre congelamento de cadáveres para sua preservação
por muitos anos, publicada no jornal O Estado de S. Paulo de 21.07.2002.
“Após a morte clínica, o corpo é resfriado com gelo. Uma injeção de anticoagulantes é aplicada e um
fluido especial é bombeado para o coração, espalhando-se pelo corpo e empurrando para fora os
fluidos naturais. O corpo é colocado numa câmara com gás nitrogênio, onde os fluidos endurecem em
vez de congelar. Assim que atinge a temperatura de – 321°, o corpo é levado para um tanque de
nitrogênio líquido, onde fica de cabeça para baixo.”
O Estado de S. Paulo

Na matéria, não consta a unidade de temperatura usada. Considerando que o valor indicado de – 321°
esteja correto e que pertença a uma das escalas, Kelvin, Celsius ou Fahrenheit, pode-se concluir que foi
usada a escala
a) Kelvin, pois trata-se de um trabalho cientifico e esta e a unidade adotada pelo Sistema
Internacional.
b) Fahrenheit, por ser um valor inferior ao zero absoluto e, portanto, só pode ser medido nessa escala.
c) Fahrenheit, pois as escalas Celsius e Kelvin não admitem esse valor numérico de temperatura.
d) Celsius, pois só ela tem valores numéricos negativos para a indicação de temperatura.
e) Celsius, por tratar-se de uma matéria publicada em língua portuguesa e essa ser a unidade adotada
oficialmente no Brasil.

8. Um termômetro com defeito está graduado na escala Fahrenheit, indicando 30 °𝐹 para o ponto de fusão
do gelo e 214 °𝐹 para o ponto de ebulição da água. A única temperatura neste termômetro medida
corretamente na escala Celsius é

a) 158.

b) 86.
c) 122.
d) 50.

e) 194.

9. Vários turistas frequentemente têm tido a oportunidade de viajar para países que utilizam a escala
Fahrenheit como referência para medidas da temperatura. Considerando-se que quando um
termômetro graduado na escala Fahrenheit assinala 32°F, essa temperatura corresponde ao ponto de
gelo, e quando assinala 212°F, trata-se do ponto de vapor. Em um desses países, um turista observou
que um termômetro assinalava temperatura de 74,3°F. Assinale a alternativa que apresenta a
temperatura, na escala Celsius, correspondente à temperatura observada pelo turista.
a) 12,2 °C.
b) 18,7 °C.
c) 23,5 °C.
d) 30 °C.
e) 33,5 °C.

10
Física

10. Os termômetros são instrumentos utilizados para efetuarmos medidas de temperaturas. Os mais
comuns baseiam-se na variação de volume sofrida por um líquido considerado ideal, contido em um
tubo de vidro cuja dilatação é desprezada. Num termômetro em que se utiliza mercúrio, vemos que a
coluna deste líquido “sobe” cerca de 2,7 cm para um aquecimento de 3,6 °C. Se a escala termométrica
fosse a Fahrenheit, para um aquecimento de 3,6°F, a coluna de mercúrio “subiria”:
a) 11,8 cm.
a) 3,6 cm.
b) 2,7 cm.
c) 1,8 cm.
d) 1,5 cm.

11
Física

Gabarito

1. C
Para a resolução da questão, basta passar as temperaturas médias da escala Celsius para a escala
Kelvin.
Para a média do estado de Pernambuco:
𝑇1 = 31 + 273 ∴ 𝑇1 = 304𝐾

Para Águas Belas, a temperatura média foi:


𝑇2 = 42 + 273 ∴ 𝑇2 = 315𝐾

2. D
A transformação da escala Celsius em Kelvin é realizada pela equação:

K = C + 273

Assim, para a temperatura de 250 C :

K = 250 + 273  K = 523 K

3. B

4. B

12
Física

5. B
Por meio da transpiração, a pele regula a temperatura interna do corpo humano. Assim, para obter o valor
dessa temperatura, devemos introduzir o termômetro em uma das aberturas do corpo, como, por
exemplo, a boca. O termômetro deve ficar algum tempo em contato com o corpo para que haja
transferência de calor e possa proporcionar o equilíbrio térmico entre o mercúrio (do termômetro) e o
interior desse corpo humano.

6. E
Usando a expressão que relaciona as escalas termométricas Celsius e Kelvim, vem:

7. C
O menor valor de temperatura na escala Celsius é -273ºC e na escala Kelvin é o zero absoluto.

8. D
Aplicando a equação de conversão:
T − 30 T − 32 T − 30 T − 32
=  =  46 T − 1.472 = 45 T − 1.350  T = 122 F.
214 − 30 212 − 32 46 45

Transformando para C :
TC 122 − 32
=  TC = 50 C.
5 9

9. C

10. E

13
Física

Dilatação dos sólidos

Resumo

Introdução
Observe as seguintes figuras:

Fenda de dilatação de uma ponte (ou rodovia) para possibilitar a


Espaçamento entre trilhos consecutivos de uma estrada de expansão da estrutura, evitando assim o aparecimento de
ferro. trincas.

Situações como essas são explicadas pela Dilatação Térmica.


No módulo de Temometria, a temperatura foi relacionada com o estado de agitação das partículas de um
corpo. Um estado de agitação maior indica uma temperatura maior. Assim, ao aquecermos um corpo,
aumentamos a agitação de suas partículas e, consequentemente, sua temperatura.
De modo geral, o aumento da temperatura de um corpo provoca um aumento nas suas dimensões, fenômeno
denominado dilatação térmica. Uma diminuição de temperatura produz, em geral, uma diminuição nas
dimensões do corpo, uma contração térmica.
Nos sólidos, observamos que o aumento ou a diminuição da temperatura provoca variações em suas
dimensões lineares, bem como nas dimensões superficiais e volumétricas. No estudo da dilatação térmica
dos sólidos, faremos uma separação em três partes: dilatação linear, dilatação superficiel e dilatação
volumétrica.
Para os líquidos, apenas estudaremos a dilatação volumétrica.

1
Física

Dilatação linear dos sólidos


Para o estudo da dilatação linear dos sólidos, consideremos um fio metálico com comprimento L 0 quando a
uma temperatura θ0. Aquecendo esse fio até uma temperatura θ (θ > θ0), observamos que seu comprimento
passa a ser L (L > L0).
É fácil compreender que, sendo o fio homogêneo, cada unidade de seu comprimento deve sofrer a mesma
dilatação por unidade de variação de temperatura. Em outras palavras, cada pedacinho do fio deve sofrer o
mesmo aumento de comprimento, quando aquecidos igualmente.

Do exposto, podemos concluir que a variação total do comprimento ∆L sofrida pelo fio é
diretamente proporcional ao seu comprimento inicial L0.

𝛥𝐿 = 𝐿0 𝛼𝛥𝜃

Unidades de α: [α] = ℃−1 , ℉−1 𝑒 𝐾 −1 (𝑆𝐼).

Lembrando que ∆L = L – L0, também podemos fazer:


∆𝐿 = 𝐿0 𝛼 ∆𝜃

𝐿 − 𝐿0 = 𝐿0 𝛼 ∆𝜃

𝐿 = 𝐿0 + 𝐿0 𝛼 ∆𝜃

𝐿 = 𝐿0 (1 + 𝛼 ∆𝜃)
A representação gráfica do comprimento L em função da temperatura θ está feita abaixo.

2
Física

Abaixo, uma tabela de coeficientes de dilatação linear de alguns sólidos:

𝛼 𝑒𝑚 𝑜𝐶 −1
Substância
Zinco 26 . 10-6
Alumínio 24 . 10-6
Latão 10 . 10-6
Prata 19 . 10-6
Bronze 18 . 10-6
Cobre 16 . 10-6
Ouro 14 . 10-6
Ferro 13 . 10-6
Concreto 12 . 10-6
Platina 9 . 10-6
Vidro comum 8 . 10-6
Vidro pirex 4 . 10-6
Porcelana 3 . 10-6
Invar* 1 . 10-6
* Liga de níquel e ferro. Invar é redução do francês invariable (invariável), por causa de seu baixo coeficiente de dilatação térmica.

Lâminas bimetálicas
Você já deve ter visto uma árvore de natal enfeitada com muitas lâmpadas pisca-pisca. Também já deve ter
notado que de tempos em tempos a geladeira se desliga automaticamente, voltando a funcionar após alguns
minutos.
Nessas duas situações, é uma lâmina bimetálica que liga e desliga os circuitos elétricos. A lâmina bimetálica
é constituída de duas lâminas de materiais diferentes, “coladas” uma à outra, que incialmente possuem
comprimentos iguais. Quando a corrente elétrica passa pela lâmina bimetálica, ela se aquece, o que provoca
dilatações diferentes nos metais. Por exemplo, se usássemos alumínio (a = 24 . 10 -6 ºC-1) em uma das faces
cobre (a = 16 . 10-6 ºC-1) na outra, teríamos uma dilatação maior para o alumínio. A lâmina iria se encurvar, e
o alumínio ficaria na face convexa. Isso seria suficiente para interromper a corrente elétrica, apagando as
lâmpadas ou desligando a geladeira.
Após algum tempo, a lâmina esfria, diminuindo de tamanho devido à contração térmica. O metal que se dilata
mais ao ser aquecido é aquele que se contrai mais ao ser esfriado. Ao voltar ao comprimento inicial, a lâmina
fecha o circuito, que volta a ser percorrido por corrente elétrica, até que um novo aquecimento provoque
curvatura na lâmina.

3
Física

Dilatação superficial dos sólidos


Considere uma placa metálica de forma quadrada, com lado L0, a temperatura θ0 e de material cujo coeficiente
de dilatação linear vale α.

Aquecendo-se a placa até uma temperatura θ (θ > θ0), o aumento de suas dimensões lineares produz uma
dilatação da sua área, calculada por:

∆𝐴 = 𝐴0 𝛽∆𝜃

Obs.: a superfície pode assumir outras formas (retangulares, triangulares, circulares).

Como se comportam os furos em uma dilatação?


Imagine uma placa metálica, quadrada, de zinco, por exemplo, material usado para a confecção de calhas de
uma residência. Com uma tesoura adequada vamos cortar uma parte, no meio dessa placa.

Vamos agora colocar as duas partes no interior de um forno preaquecido. Depois de alguns minutos, usando
luvas térmicas apropriadas, tentaremos encaixar no orifício a parte que foi retirada. Será que conseguiremos
encaixá-la? Sim, conseguiremos! Ela encaixa! Isso ocorre porque, na placa, o aquecimento provocará uma
dilatação “para fora”, isto é, tudo se passa como se o buraco estivesse preenchido do material da placa.
Assim, o pedaço retirado irá se dilatar e o buraco também e, a qualquer temperatura que se aqueça o conjunto,
placa e pedaço retirado, o encaixe ocorrerá.
Do exposto acima podemos concluir que, no aquecimento, os orifícios encontrados em placas ou blocos
aumentarão de tamanho e, no resfriamento , diminuirão de tamanho. Tudo acontecendo como se a placa ou
o bloco tivessem buracos preenchidos do mesmo material existente ao seu redor.
Nos cálculos para se determinar comprimentos, larguras, áreas ou volumes de buracos, usaremos as
equações da dilatação e iremos considerar o coeficiente de dilatação do material do corpo que o forma o
buraco.

4
Física

Dilatação volumétricas dos sólidos


Todo raciocínio construído na seção “dilatação superficial dos sólidos”, para chegar à equação da dilatação
superficial, vale igualmente para chegar à equação da dilatação volumétrica e, portanto,

𝑉 = 𝑉0 (1 + 𝛾∆𝜃) ou ∆𝑉 = 𝑉0 𝛾∆𝜃

Fica como exercício para o leitor a parte de chegar às equações!


A relação entre os coeficientes de dilatação é dada por:

𝛼 𝛽 𝛾
= =
1 2 3

O comportamento dos buracos nos sólidos volumétricos é semelhante aos sólidos superficiais!

5
Física

Exercícios

1. Uma dona de casa resolveu fazer uma salada para o jantar, mas não conseguiu abrir o frasco de
palmito, que tem tampa metálica. Porém, lembrando-se de suas aulas de Física, ela mergulhou a tampa
da embalagem em água quente durante alguns segundos e percebeu que ela abriu facilmente. Isso
provavelmente ocorreu porque:
a) reduziu-se a força de coesão entre as moléculas do metal e do vidro;
b) reduziu-se a pressão do ar no interior do recipiente;
c) houve redução da tensão superficial existente entre o vidro e o metal;
d) o coeficiente de dilatação do metal é maior que o do vidro;
e) o coeficiente de dilatação do vidro é maior que o do metal.

2. Uma régua de alumínio tem comprimento de 200,0 cm a 20 °C. O valor, em centímetros, do seu
comprimento a 60 °C é:
Dado: coeficiente de dilatação linear do alumínio = 2,5 · 10 –5 K–1

a) 200 cm
b) 200,2 cm
c) 300,5 cm
d) 202 cm
e) 305 cm

3. Uma barra metálica, inicialmente à temperatura de 20 °C, é aquecida até 260 °C e sofre uma dilatação
igual a 0,6% de seu comprimento inicial. O coeficiente de dilatação linear médio do metal nesse
intervalo de temperatura é:
a) 2,5 · 10–5 °C–1
b) 3,5 · 10–5 °C–1
c) 4,5 · 10–5 °C–1
d) 5,5 · 10–5 °C–1
e) 6,5 · 10–5 °C–1

6
Física

4. Em uma atividade de laboratório, um aluno do IFCE dispõe dos materiais listados na tabela a seguir. Se
o professor pediu a ele que selecionasse, dentre as opções, aquele material que possibilita maior
dilatação volumétrica para uma mesma variação de temperatura e um mesmo volume inicial, a escolha
correta seria

Material Coeficiente de dilatação linear (𝛼) em°𝐶 −1


Aço 1,1 ⋅ 10−5
Alumínio 2,4 ⋅ 10−5
Chumbo 2,9 ⋅ 10−5
Cobre 1,7 ⋅ 10−5
Zinco 2,6 ⋅ 10−5

a) alumínio.
b) chumbo.
c) aço.
d) cobre.
e) zinco.

5. Ao aquecermos um sólido de 20 °C a 80 °C, observamos que seu volume experimenta um aumento


correspondente a 0,09% em relação ao volume inicial. O coeficiente de dilatação linear do material de
que é feito o sólido vale:
a) 5 · 10–6 °C–1
b) 6 · 10–6 °C–1
c) 7 · 10–6 °C–1
d) 8 · 10–6 °C–1
e) 9 · 10–6 °C–1

6. Um mecânico de automóveis precisa soltar um anel que está fortemente preso a um eixo. Sabe-se que
o anel é feito de aço, de coeficiente de dilatação linear 1,1 · 10 –5 °C–1. O eixo, de alumínio, tem
coeficiente 2,3 · 10–5 °C–1. Lembrando que tanto o aço quanto o alumínio são bons condutores
térmicos e sabendo que o anel não pode ser danificado e que não está soldado ao eixo, o mecânico
deve:
a) aquecer somente o eixo.
b) aquecer o conjunto (anel + eixo).
c) resfriar o conjunto (anel + eixo).
d) resfriar somente o anel.
e) aquecer o eixo e, logo após, resfriar o anel.

7
Física

7. Um estudante ouviu de um antigo engenheiro de uma estrada de ferro que os trilhos de 10 m de


comprimento haviam sido fixados ao chão num dia em que a temperatura era de 10 °C. No dia seguinte,
em uma aula de Geografia, ele ouviu que, naquela cidade, a maior temperatura que um objeto de metal
atingiu, exposto ao sol, foi 50 °C.

O espaço entre os trilhos possibilita sua dilatação.

Com essas informações, o estudante resolveu calcular a distância mínima entre dois trilhos de trem. O
valor que ele encontrou foi de:
Dado: coeficiente de dilatação linear do aço = 1,1 · 10–5 °C–1
a) 2,2 mm
b) 4,4 mm
c) 5,6 mm
d) 9 mm
e) 55 mm

8. A cada ano, milhares de crianças sofrem queimaduras graves com água de torneiras fervendo. A figura
a seguir mostra uma vista em corte transversal de um dispositivo antiescaldante, bem simplificado,
para prevenir este tipo de acidente.

Dentro do dispositivo, uma mola feita com material com um alto coeficiente de expansão térmica
controla o êmbolo removível. Quando a temperatura da água se eleva acima de um valor seguro
preestabelecido, a expansão da mola faz com que o êmbolo corte o fluxo de água. Admita que o
comprimento inicial L da mola não tensionada seja de 2,40 cm e que seu coeficiente de expansão
volumétrica seja de 66,0x10-6 ºC-1. Nas condições acima propostas o aumento no comprimento da
mola, quando a temperatura da água se eleva de 30 C, ° é de:
a) 1,58x10-3 cm
b) 4,74x10-3 cm
c) 3,16x10-3 cm
d) 2,37x10-3 cm

8
Física

9. A caminho da erradicação da pobreza, para poder contemplar a todos com o direito à habitação, as
novas edificações devem ser construídas com o menor custo e demandar cuidados mínimos de
manutenção. Um acontecimento sempre presente em edificações, e que torna necessária a
manutenção, é o surgimento de rachaduras. Há muitas formas de surgirem rachaduras como, por
exemplo, pela acomodação do terreno ou ocorrência de terremotos. Algumas rachaduras, ainda,
ocorrem devido à dilatação térmica. A dilatação térmica é um fenômeno que depende diretamente do
material do qual o objeto é feito, de suas dimensões originais e da variação de temperatura a que ele é
submetido.
Considere dois muros feitos com o mesmo material, sendo que o menor deles possui uma área de
superfície igual a 100 m², enquanto que o maior tem 200 m². Se o muro menor sofrer uma variação de
temperatura de + 20ºC e o maior sofrer uma variação de + 40ºC, a variação da área da superfície do
muro maior em relação à variação da área da superfície do muro menor, é:
a) quatro vezes menor.
b) duas vezes menor.
c) a mesma.
d) duas vezes maior.
e) quatro vezes maior.

10. Uma lâmina bimetálica é constituída de duas placas de materiais diferentes, M1 e M2, presas uma à
outra. Essa lâmina pode ser utilizada como interruptor térmico para ligar ou desligar um circuito elétrico,
como representado, esquematicamente, na figura I:

Quando a temperatura das placas aumenta, elas dilatam-se e a lâmina curva-se, fechando o circuito
elétrico, como mostrado na figura II. Esta tabela mostra o coeficiente de dilatação linear α de diferentes
materiais:

9
Física

Considere que o material M1 é cobre e o outro, M2, deve ser escolhido entre os listados nessa tabela.
Para que o circuito seja ligado com o menor aumento de temperatura, o material da lâmina M2 deve ser
o:
a) aço.
b) alumínio.
c) bronze.
d) níquel.

10
Física

Gabarito

1. D
O coeficiente de dilatação do metal é maior que o do vidro. Ao ser mergulhada na água quente, a tampa
de metal dilata mais do que o vidro, soltando-se.

2. B
∆𝐿 = 𝐿0 𝛼∆𝜃
∆𝐿 = 200,0 . 2,5 . 10−5 . (60 − 20)(𝑐𝑚)
∆𝐿 = 0,2𝑐𝑚

Portanto:
𝐿 = 𝐿0 + ∆𝐿
∆𝐿 = 200,0 + 0,2 (𝑐𝑚)
𝐿 = 200,2 𝑐𝑚

3. A
𝐿0 → 100%
0,6 𝐿0
∆𝐿 → 0,6% ⇒ ∆𝐿 =
100
Como
∆𝐿 = 𝐿0 𝛼∆𝜃,

Então:
0,6 . 𝐿0
= 𝐿0 𝛼∆𝜃
100
6 . 10−3 = 𝛼 . (260 − 20)
𝛼 = 2,5 . 10−5 °𝐶 −1

4. B
O material que possibilita maior dilatação é o de maior coeficiente, no caso, o chumbo.

5. A
O volume inicial V0 corresponde a 100% e a variação de volume ΔV, a 0,09%. Assim, podemos escrever
a relação:
0,09𝑉0
∆𝑉 =
100
0,09𝑉0
Como: ∆𝑉 = 𝑉0 𝛾∆𝜃, então = 𝑉0 𝛾∆𝜃
100
Mas 𝛾 = 3𝛼
Portanto
0,09
= 3𝛼(80 − 20)
100
𝛼 = 5 . 10−6 °𝐶 −1

11
Física

6. C
Como αAl > αaço, ao resfriarmos o conjunto, o eixo de alumínio irá se contrair mais que o anel de aço,
ocorrendo a separação.

7. B
∆𝑉 = 𝐿0 𝛼∆𝜃
Como: 𝐿0 = 10𝑚 = 10000𝑚𝑚

Vem:
∆𝐿 = 1000 . 1,1 . 10−5 . (50 − 10)
∆𝐿 = 4,4𝑚𝑚

8. A
A dilatação térmica da mola é dada por: ∆𝐿 = 𝐿0 . 𝛼 . ∆𝑇
São dados o comprimento inicial da mola L0, a variação de temperatura ΔT e o coeficiente de expansão
volumétrica γ. Este último dado é uma “pedaginha”, pois necessitamos é do coeficiente de dilatação
linear do material α, que é a terça parte do coeficiente volumétrico:
𝛾 66,0 𝑥 10−6 ℃−1
𝛼= ⇒ 𝛼= ∴ 𝛼 = 22,0 𝑥 10−6 ℃−1
3 3
Agora calculando a dilatação linear, temos:
∆𝐿 = 2,40𝑐𝑚 . 22,0 𝑥 10−6 ℃−1 . 30 ℃ ∴ ∆𝐿 = 1,584 . 10−3 𝑐𝑚

9. E
Dilatação térmica do muro maior:
∆𝑆1 = 𝑆01 . 𝛽 . ∆𝜃1 ⇒ ∆𝑆1 = 200𝑚2 . 𝛽 . 40 ℃ ∴ ∆𝑆1 = 800 𝑚2 . 𝛽 . ℃

Dilatação térmica do muro maior:


∆𝑆2 = 𝑆02 . 𝛽 . ∆𝜃2 ⇒ ∆𝑆2 = 100𝑚2 . 𝛽 . 20 ℃ ∴ ∆𝑆2 = 2000 𝑚2 . 𝛽 . ℃

Razão das dilatações térmicas será:


∆𝑆1 800 𝑚2 . 𝛽 . ℃ ∆𝑆1
= ∴ =4
∆𝑆2 2000 𝑚2 . 𝛽 . ℃ ∆𝑆2

Portanto, a razão será 4 vezes maior.

10. B
Para que a lâmina se curve com o menor aumento de temperatura, a lâmina M2 deverá ter o maior
coeficiente de dilatação (o alumínio).

12

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