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Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI

Instituto de Física & Química – IFQ

Universidade Aberta do Brasil – UAB


Curso de Licenciatura em Física – EaD

Textos Auxiliares para as disciplinas:

Física Experimental

Metodologia Científica

Prof. Gabriel Rodrigues Hickel

Baseado em material didático criado por


Prof. Agenor Pina da Silva & Profa. Mariza Grassi

Ano 2019

 Todos os direitos reservados à UNIFEI e UAB. O uso deste material para fins didáticos, não
lucrativos, é permitido, desde que mantidos os créditos.

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Conteúdo deste texto:

XI – Notação Científica e Prefixos


XII – Operações com Algarismos Significativos

Referências Bibliográficas recomendadas para este texto

Livros:

1 - Vuolo, J.H., Fundamentos da Teoria de Erros. Editora Edgard Blücher LTDA, 2 a


Edição, São Paulo, SP, 2000.

Endereços eletrônicos:

1 – ON-MCT; “Usando números muito pequenos e números muito grandes”


http://www.pousadavilatur.com.br/observatorio/documents/AstrofisicaEstelarON/c03_usando_num_pequenos_num.pdf
(acesso em 01/Abril/2019)

2 – CEFET-SP; “Algarismos Significativos (AS)”


http://www.cefetsp.br/edu/okamura/algarismos_significativos.htm
(acesso em 15/Setembro/2016)

3 – Lapolli, A.L.; Canelle, J.B.G.; Marinho, J.R.; “Física Básica Experimental”


http://www.lapolli.pro.br/escolas/unicid/fisGelExpII/laboratorio/apostilaAgostinho.pdf
(acesso em 01/Abril/2019)

4 – Bidoia, E.D. - UNESP; “Erros”


http://www.rc.unesp.br/ib/bioquimica/aula2ederio.pdf
(acesso em 26/Março/2014)

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XI – Notação Científica e Prefixos

As medidas de algumas grandezas físicas resultam em números que podem


ser muito grandes ou muito pequenos. Por exemplo:

 Distância média da Terra ao Sol = 149.500.000 km


 Volume da Terra = 1.083.230.000.000 km³
 Nanometro = 0,000000001 m
 Massa do próton = 0,00000000000000000000000000167 g.

A dificuldade em trabalhar com esses números na forma real, levou ao


estabelecimento de uma notação simplificada para representá-los: a notação
cientifica. O uso da notação científica facilita escrever números muito grandes
ou muito pequenos, evita a representação com muitos zeros não significativos e
facilita a mudança ou conversão de unidades. Para escrever um número em
notação científica deve-se proceder do seguinte modo:

 Colocar a vírgula após o primeiro algarismo não-nulo, a partir da


esquerda;
 Multiplicar por uma potência de 10, para indicar a real posição da
vírgula.

Exemplos:

Corretamente escritos:
1) 0,00000352 m 3,52 x10-6 m ou 3,52 ·10-6 m
2) 3524,32 kg 3,52432 x103 kg ou 3,52432 ·103 kg
3) 4500,0 oC 4,5000 x103 oC ou 4,5000 ·103 oC
4) 0,00000352 m 3,52 x10-6 m ou 3,52 ·10-6 m

Incorretamente escritos:
1) 0,00000352 m 3,5210-5 m;
falta o “·” ou o “x”, gerando confusão entre o número e a notação
2) 352432,26 kg 35,2·10-6 m;
deve existir apenas um A.S. antes da vírgula
3) 4500,0 oC 4,5·103 kg
zeros após um A.S. são significativos e não podem ser suprimidos

OBS: Nunca suprima A.S. quando for expressar uma medida em notação
científica!!!! Os exemplos abaixo mostram situações corretas:

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345,35 m = 3,4535 x102 m , mantendo os 5 A.S. originais
0,0000350025 g = 3,50025 x10-5 g , 6 A.S.
60,200 N = 6,0200 x101 N , 5 A.S.
0,00000005 h = 5 x10-8 h , 1 A.S.

Uma outra notação para expressar medidas, muito comum no nosso dia-
a-dia e de uso relativamente difundido nas engenharias é a utilização de
prefixos, que indicam múltiplos e sub-múltiplos de uma determinada grandeza.
Por exemplo, quando medimos em centímetros, não estamos utilizando a
unidade oficial do sistema internacional de medidas (o metro), mas sim, um
sub-múltiplo dela. O prefixo “centi” quer dizer a “centésima parte”. Da mesma
forma, o quilômetro ou kilômetro (as duas formas são corretas) é um múltiplo
do metro. O prefixo “kilo” quer dizer “vezes mil”. A Tabela 3.1 fornece a relação
entre a notação científica (em potências de 10) e os prefixos respectivos.

Tabela 3.1 – Relação entre Prefixos e Notação Científica.

Múltiplos Sub-múltiplos
Potência Nome Prefixo Potência Nome Prefixo
101 deca da 10 -1
deci d
102 hekto h 10 -2
centi c
103 kilo k 10 -3
mili m
106 mega M 10-6 micro 
109 giga G 10 -9
nano n
1012 tera T 10 -12
pico p
1015 peta P 10 -15
femto f
1018 exa E 10-18 ato a
1021 zetta Z 10-21 zepto z
1024 yotta Y 10 -24
yocto y

Alguns exemplos:
Idade da Terra – 4,2×109 anos = 4,2 Ganos
Capacidade atual dos maiores HDs – 1,2×1016 bytes = 12 PBy
Diâmetro do disco da nossa Galáxia - 1×1021 m = 1 Zm
Largura típica de uma unha humana - 1×10-2 m = 1 cm
Velocidade do crescimento do cabelo - 3×10-9 m/s = 3 nm/s
Unidade de massa atômica – 1,66×10-24 g = 1,66 yg

Note que algumas unidades oficiais podem ser, na verdade, escritas com
prefixo. É o exemplo do quilograma ou kilograma, no Sistema Internacional.

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XII – Operações com Algarismos Significativos

Todas as medidas carregam informação numérica e não meros valores


aritméticos. Operações com medidas exigem cuidados! Assim, quando uma
medida não pode ser feita diretamente, mas tem que ser obtida a partir de
cálculos que envolvam outras medidas diretas; precisamos saber até que ponto
o resultado das operações matemáticas envolvidas é significativo (ou confiável)
com relação à informação contida nas medidas primárias.

Por exemplo:
 Determinar a velocidade média a partir de medidas de distância percorrida
e tempo de percurso;
 Determinar o volume de uma esfera com base na medida de seu
diâmetro.

Tomemos o último exemplo. Se o diâmetro da esfera é conhecido de forma


limitada, ao se calcular o volume, não se pode imaginar que ele seja conhecido
perfeitamente, e sim de forma limitada. Mas qual é este limite?

A questão do grau de aproximação (conhecimento) do valor de uma medida


indireta, obtida a partir de um modelo físico (operações matemáticas) e
medidas diretas, é determinada a partir de algumas regras para operações com
algarismos significativos, como veremos a seguir:

a) Adição e Subtração: Sejam duas medidas primárias M1 = (m1  1) e


M2 = (m2  2), com m1 e m2, valores das medidas; 1 e 2, seus respectivos
erros. Vamos supor que queiramos obter uma nova medida secundária M 3, que
é o resultado de uma adição ou subtração das medidas primárias M 1 e M2.
Então, esta medida secundária é obtida arredondando-se o resultado à casa
decimal da parcela mais pobre em decimais, após efetuar a operação aritmética.
Ou em outras palavras, o resultado deve conter o mesmo número de
casas decimais da parcela de menor precisão.

Exemplos:

 2,53 g + 0,120 g + 450,34112 g = 452,99(112) g = 452,99 g

O resultado é significativo até o centésimo de grama, pois a medida de


menor precisão (2,53 g) só vai até esta casa decimal. O resultado foi
arredondado até o centésimo de grama, já que os algarismos entre parênteses
não são significativos para todas as parcelas da soma. Mas qual a razão desta
regra? Vamos proceder esta operação de forma a alinhar as medidas por casas
decimais:

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2,53???
+ 0,120??
450,34112
452,99???

Note que, na falta de informação (?), não podemos efetuar a soma das parcelas
fisicamente. Matematicamente (aritmética) não haveria o menor problema, mas
fisicamente a primeira medida (2,53 g) limita esta adição à segunda casa
decimal, uma vez que não temos informação de valores (A.S.) além dela. Em
suma, podemos dizer que a precisão do resultado de uma soma ou subtração de
medidas é limitada pela pior precisão entre as parcelas somadas ou subtraídas.

Outros exemplos:

 27,8 s + 1,326 s + 0,66 s = 29,7(86) s = 29,8 s

 11,45 cm + 93,1 cm + 0,333 cm = 104,8(83) cm = 104,9 cm

 28,5383 s – 28,520 s = 0,018 s

Note que houve uma imensa perda de informação no último


exemplo. De 6 e 5 A.S das parcelas, respectivamente, ficou-
se com apenas 2 A.S.! Isto ocorre frequentemente em
subtrações.

b) Multiplicação e Divisão: Sejam duas medidas primárias M 1 = (m1  1) e


M2 = (m2  2), com m1 e m2, valores das medidas; 1 e 2, seus respectivos
erros. Vamos supor que queiramos obter uma nova medida secundária M 3, que
é o resultado do produto ou quociente das medidas primárias M 1 e M2. Então,
esta medida secundária é obtida de modo que o resultado da operação deve
possuir o mesmo número de algarismos significativos da medida participante
(parcela) com o menor número de algarismos significativos, procedendo-se o
devido arredondamento. Ou em outras palavras, o resultado deve conter o
mesmo número de algarismos significativos da parcela com menor
número de algarismos significativos.

Exemplos:

 4,1432 cm x 2,3 cm = 9,5(2936) cm2 = 9,5 cm2

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O resultado tem 2 algarismos significativos, a mesma quantidade que a parcela
mais pobre em A.S., no caso 2,3 cm.

 2,43 g x 2,200 g x 450,320 g= 2407,41072 g3 =


= 2,40(741072) x 103 g3 = 2,41 x 103 g3

Neste exemplo foi necessário o uso de notação científica (fato comum),


para escrever o resultado com o mesmo número de A.S. da parcela mais pobre
(2,43 g -> 3 A.S.)

 128,35 m / 34,5 s = 3,72(0289855) m/s = 3,72 m/s

 345,253 cm x 1,2 g / 8,35 g = 49,(6171976) cm = 50 cm

 4,1 cm / 3,33 cm  45,2 cm2 = 55,(65165165) cm2 = 56 cm2

Mas qual a razão da regra do produto/quociente? Como antes, vamos


proceder esta operação de forma a alinhar as medidas por casas decimais, para
o primeiro exemplo que vimos:

4,1432
 2,3???
?????
+ ?????
+ ?????
+ 124296
+ 82864
952936????

Note que, na falta de informação (?), não podemos efetuar a soma das parcelas
resultantes das multiplicações de cada casa decimal. Matematicamente
(aritmética) não haveria o menor problema, mas fisicamente a segunda medida
(2,3 cm) limita a multiplicação à apenas dois A.S. (9,5), uma vez que não
temos informação confiável de valores (A.S.) além dela.

c) Demais operações: (radiciação, potenciação, funções trigonométricas,


multiplicação ou divisão de uma medida por um número, etc.). Seja uma
medida primária M1 = (m1  1), sendo m1, o valor da medida; 1, seu erro.
Vamos supor que queiramos obter uma nova medida secundária M 3, que é o
resultado de uma operação, dentre as indicadas acima. Então, esta medida
secundária é obtida efetuando-se a operação e mantendo-se o mesmo
número de algarismos significativos da medida primária.

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Exemplos:

 (4,26 m/s)2 = 18,1(476) m2/s2 = 18,1 m2/s2 (3 A.S.)

 Sen 65° = 0,90(631) = 0,91 (2 A.S.)

 (0,7893 s3)1/3 = 0,9241(6042) s = 0,9242 s (4 A.S.)

 2    (12,35 cm) = 77,59(733854) cm = 77,60 cm (4 A.S.)

Importante lembrar que quando efetuamos um conjunto de operações


com medidas, é preciso efetuá-las passo-a-passo, levando-se em conta as
regras que aprendemos e com a mesma hierarquia utilizada na aritmética:
1) parênteses;
2) colchetes;
3) chaves;
4) fatoriais;
5) funções;
6) potenciação e radiciação;
7) multiplicação e divisão;
8) adição e subtração.

Exemplos:

* 32,12 g / (35,6 cm3 - 7,7 cm3)


 1o passo: subtração no parênteses  35,6 cm3 - 7,7 cm3 = 27,9 cm3
 2o passo: divisão  32,12 g / 27,9 cm3 = 1,15 g/cm3

* 13,87 cm  sen2(0,675 rad - 0,223 rad) + 3,21 cm


 1o passo: subtração no parênteses
0,675 rad - 0,223 rad = 0,452 rad
 2o passo: função seno
sen(0,452 rad) = 0,437
 3 passo: potenciação, quadrado do seno
o

0,437 2 = 0,191
 4o passo: multiplicação
13,87 cm  0,191 = 2,65 cm
 5o passo: adição
2,65 cm + 3,21 cm = 5,86 cm

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* {37,564 m - [1,232 m  cos(0,554 rad - 0,028 rad)]}
/ [1 - (5678,2 km/s)2/(299792,458 km/s)2]1/2
 1o passo: operações nos três parênteses
0,554 rad - 0,028 rad = 0,526 rad
(5678,2 km/s)2 = 3,2242107 (km/s)2
(299792,458 km/s)2 = 8,987551791010 (km/s)2
 2o passo: operações internas aos colchetes
 2o passo A: função cosseno no primeiro colchetes
cos(0,526 rad) = 0,865
 2o passo B: divisão no segundo colchetes
3,2242107 (km/s)2/8,987551791010 (km/s)2 = 3,587410-4
 2 passo C: multiplicação no primeiro colchetes
o

1,232 m  0,865 = 1,07 m


 2 passo D: subtração no segundo colchetes (atenção que o “1”
o

é só um número da fórmula e não, uma medida, portanto, a limita-


ção será dada pelo número de casas decimais da parcela que resul-
ta da razão das medidas)
1 – 0,00035874 = 0,99964126
 3o passo: chaves
{37,564 m - 1,07 m} = 36,49 m
 4 passo: radiciação do segundo colchetes
o

[0,99964126]1/2 = 0,99982061
 5o passo: divisão final
36,49 m / 0,99982061 = 36,50 m

Neste último exemplo, a complexidade das operações leva a uma


aparente inversão de hierarquia, pois para resolver os colchetes é necessário
efetuar as operações internas. Mas isto pode acontecer várias vezes na
aritmética e não caracteriza uma inversão. Note que no exemplo, os colchetes
foram resolvidos na sequência certa, o que ocasionou operações internas aos
mesmos. Também vale comentar que o “1” no início do segundo colchete não é
uma medida e sim um número, de forma que a subtração [1 - 3,587410-4]
manteve o mesmo número de casas decimais de 0,00035874. Isto acontece
com frequência em fórmulas matemáticas e físicas; por exemplo, ao calcular o
perímetro de um círculo, utilizamos a fórmula P = ∙D, na qual o perímetro “P” é
uma medida secundária, o diâmetro “D” é a medida primária, mas “” é apenas
um número da fórmula. Existem inúmeros outros casos e sempre é preciso
discernir nas fórmulas quais são de fato, medidas com A.S..

A seguir, a Tabela 3.2 apresenta o resumo de como proceder ao efetuar


as operações aritméticas mais básicas, com algarismos significativos (A.S.):

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Tabela 3.2 – Quadro resumo das operações com A.S.

Operação Regra
Resultado deve ter o mesmo
número de casas decimais da
Adição ou Subtração
parcela mais pobre em casas
decimais.
Resultado deve ter o mesmo
Multiplicação ou Divisão número de A.S. da parcela mais
pobre em A.S.
Resultado deve ter o mesmo
número de A.S. da medida
Outras Operações
original que sofrerá a
operação.

Sejam as medidas A = (117,8  0,1) cm e B = (8,12  0,05) cm, então


teremos as seguintes operações:

 A+B

A + B = 117,8 cm + 8,12 cm = 125,9 cm

1 casa decimal 2 casas decimais 1 casa decimal

 A–B

A – B = 117,8 cm – 8,12 cm = 109,7 cm

1 casa decimal 2 casas decimais 1 casa decimal

 AB

A  B = 117,8 cm  8,12 cm = 957 cm2

4 A.S. 3 A.S. 3 A.S.

 A/B

A / B = 117,8 cm / 8,12 cm = 14,5

4 A.S. 3 A.S. 3 A.S.

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 A3

A3 = (117,8 cm)3 = 1,635106 cm3

4 A.S. 4 A.S.

 B

B =   8,12 cm = 25,5 cm

3 A.S. 3 A.S.

 Log(A)

Log(A) = Log (117,8 cm) = 2,071 Log(cm)

4 A.S. 4 A.S.

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