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Nome: Isabela Sousa de Morais

Data: 25/03/2023
Disciplina: Língua Portuguesa
Docente: Giselle Gomes
Trabalho: Fichamento textual (Trovadorismo, Classicismo e Humanismo)

Referência: MOISES, Massaud. A LITERATURA PORTUGUESA. São


Paulo: Cultrix, 2008.

O Trovadorismo (1198-1418)

O Trovadorismo era uma arte literária simples, voltada para o


entretenimento, e devido sua natureza popular, tem preferência pelo idioma
galaico-português. Para Massaud Moisés, um dos mais eminentes professores
e pesquisadores nas áreas de teoria literária, há quatro teses sobre a origem
da poesia trovadoresca:

1) A tese arábica. Relaciona a poesia trovadoresca à cultura árabe em virtude


das invasões mouras à Península Ibérica.

2) A tese popular ou folclórica. Essa tese diz que a poesia trovadoresca foi
uma manifestação literária espontânea, surgido naturalmente a partir das
manifestações e cultura do povo na época.

3) A tese médio-latinista. Esta acreditava que a origem se deu a partir da


literatura latina, na Idade Média. Logo essa literatura chegou a Península
Ibérica e influenciado a produção literária desde então.

4) A tese litúrgica. A poesia trovadoresca surgiu a partir da literatura crista da


época.

Apresenta a crença de que A poesia trovadoresca classifica-se em:


lírico-amorosa e satírica. A lírico-amorosa divide-se em cantiga de amor e
cantiga de amigo. A satírica, em cantiga de escárnio e cantiga de maldizer.

Em descrição das cantigas de amor, Moisés cita “(...) O trovador,


portanto, subordina todo o seu sentimento às leis da Corte amorosa, e ao fazê-
lo, conhece das dificuldades interpostas pelas convenções e pela dama no
rumo que o levaria a consecução dum bem impossível. Mais ainda: dum’bem (e
“fazer bem” significa corresponder aos requestos do trovador) que ele nem
sempre deseja alcançar, pois seria por fim ao seu tormento masoquista, ou
início dum outro Maior. Em qualquer hipótese, só lhe resta sofrer,
indefinidamente, a coita amorosa”.

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Em descrição das cantigas de amigo, Massaud Moisés diz que o “(...)
trovador vive uma dualidade amorosa, de onde extrai as duas formas de lirismo
amoroso próprias da época: em espírito, dirige-se à dama aristocrática; com os
sentimentos, à camponesa ou á pastora”.

Já as cantigas de escárnio, revelam uma sátira que se constói


indiretamente, por meio da ironia e do sarcasmo, usando palavras ambíguas,
de duplo sentido. Na cantiga de Maldizer, a sátira já é feita diretamente, com
agressividade, com palavras chulas e obscenas e, segundo Massaud, são
escritas, em geral, “(...) pelos mesmos trovadores que compunham poesia
lírico-amorosa, expressavam, como é fácil depreender, o modo de sentir e viver
próprio de ambientes dissolutos, e acabaram por ser canções da vida boêmia
(...) poesia “forte”, descambando para a pornografia ou o mau gosto, possui
escasso valor estético, mas em contrapartida documenta os meios populares
do tempo, na sua linguagem e nos seus costumes, com uma flagrância de
reportagem viva”.

Cancioneiros são coletâneas de canções, compiladas por ordem e


graça de algum mecena ou soberano. Dos vários cancioneiros que existiram,
três merecem destaque:

1) Cancioneiro da Ajuda. Contém 310 cantigas, todas de amor;

2) Cancioneiro da Biblioteca Nacional. Contém 1647 cantigas, de todos os


tipos, englobando trovadores dos reinados de Afonso III e de D. Dinis;

3) Cancioneiro da Vaticana. Contém 1205 cantigas de escárnio e maldizer, de


amor e de amigo.

Dentre os principais trovadores, Moisés destaca:

- João Soares de Paiva (1141), trovador mais antigo;

- Paio Soares de Taveirós (1200), trovador com a cantiga mais antiga;

- D. Dinis (1261), com 140 cantigas líricas e satíricas;

- João Garcia de Guilhade (1200), um dos mais originais trovadores do século


XIII.
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- Martim Codax (meados de XIII), com 7 cantigas de amigo cuja pauta musical
permenece até hoje.

Outros trovadores como Afonso Sanches, Aires Corpancho, Nuno


Fernandes, Torneol, Bernardo Bonaval, Aires Nunes, João Zorro, etc., também
foram aclamados por Massaud Moisés.

O Humanismo (1418-1527)

Segundo Massaud Moisés (1997), o Humanismo teve início em 1418,


quando Fernão Lopes foi nomeado como Guarda-Mor da Torre do Tombo. A
partir desse acontecimento, a literatura Portuguesa passou a expressar-se de
forma diferente. A poesia, por exemplo, ao desligar-se do formalismo
trovadoresco, acabou modernizando-se, “...admitindo novos recursos
estilísticos, novas formas poéticas e novos temas” (MOISÉS, 1997, p. 60).

A literatura humanista sofreu influência greco-latina. Entre suas


características estava a valorização das capacidades humanas. Em Portugal, a
produção literária humanista compreende a poesia palaciana, a prosa
historiográfica e o teatro leigo.

A poesia palaciana fazia o uso de redondilhas, figuras de linguagem,


aliterações e ambiguidades e trazia temas voltados à visão dos nobres e
fidalgos. No que diz respeito ao amor, a mulher amada é tratada de forma
sensual e não é tão idealizada como acontecia no trovadorismo. Os
sentimentos do eu-lírico são mais aprofundados e os amantes demonstram
mais intimidade. Os autores dessas composições faziam parte do povo, que
almejava a vida que a nobreza levava.

Petrarca, considerado o pai do Humanismo, difundiu o pensamento de


que as luzes desse movimento intelectual encerrariam as trevas da idade
média. Sua crítica voltou-se principalmente à instituição religiosa, que, segundo
Petrarca, colaborou totalmente para a falta de busca ao conhecimento e a
disseminação da irracionalidade.

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O Classicismo (1527-1580)

Para Massaud Moisés, o Renascimento foi decisivo para a Literatura


Portuguesa. O Humanismo antecedeu ao Classicismo e preparou o movimento
cultural, em especial “pela descoberta dos monumentos culturais do mundo
greco-latino, de modo particular as obras escritas, em todos os recantos do
saber humano, e por uma concepção de vida centrada no conhecimento do
homem, não de Deus”.

Do Classicismo ao teocentrismo medieval, vai opor-se uma concepção


antropocêntrica do mundo, em que “o homem é a medida de todas as coisas”.
Enfatiza-se a imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade:
Homero, Virgílio, Ovídio, etc.; uso da mitologia: Os deuses e as musas,
inspiradoras dos clássicos gregos e latinos aparecem também nos clássicos
renascentistas. Em Os Lusíadas: (Vênus) = deusa do amor e (Marte) o deus da
guerra, protegem os portugueses em suas conquistas marítimas; predomínio
da razão sobre os sentimentos: a linguagem clássica não é subjetiva nem
impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da
razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou
verdades universais; linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras
literárias; idealismo: o classicismo aborda os homens ideais, liberto de suas
necessidades diárias, comuns.

Para Moisés, os personagens centrais das epopeias (grandes poemas


sobre grandes feitos e atos heroicos) nos são apresentados como seres
superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos, amor platônico. A obra
clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o
particular, o individual, aquilo que é relativo. Todavia, a universalidade e a
impessoalidade implicavam uma concepção absolutista de arte, onde provém
que os clássicos renascentistas procurem a Beleza, o Bem, e a Verdade, com
maiúsculas iniciais. Em suma: o humano prevalece ao divino.

O Classicismo português se inicia e termina com um poeta: Sá de


Miranda e Camões. Numa visão de conjunto, este último é o grande poeta,
enquanto os demais se colocam em plano inferior, naturalmente ofuscados
pelo seu brilho. Fato este citado, mais uma vez, por Massaud Moisés.

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Obra disponível em Livraria Saraiva

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