Você está na página 1de 2

MENSAGEM

EDUCAÇÃOLITERÁRIA|ESCRITA

1. Lê o poema.

Calma
Que costa é que as ondas contam
E se não pode encontrar
Por mais naus que haja no mar?
O que é que as ondas encontram
5
E nunca se vê surgindo?
Este som de o mar praiar
Onde é que está existindo?

lha próxima e remota,


Que nos ouvidos persiste,
10 Para a vista não existe.
Que nau, que armada, que frota
Pode encontrar o caminho
A praia onde o mar insiste,
Se à vista o mar é sozinho?

15 Haverá rasgões no espaço


Que deem para outro lado,
E que, um deles encontrado,
Aqui, onde há só sargaço,
Surja uma ilha velada,
20 O país afortunado
Que guarda o Rei desterrado
Em sua vida encantada?

PESSOA, Fernando (1997), Mensagem. Lisboa: Assírio & Alvim, pp. 88-89.

2. Transcreve do poema os versos em que são focados os tópicos seguintes:


a. inexistência de uma costa física onde aportar;
b. ausência de consolo devido à dificuldade em avistar terra;
c. proximidade da “ilha”;
d. carácter espiritual da “ilha”;
e. contraste entre a imensidão do mar e a necessidade de prosseguir viagem;
f. permanência do símbolo/mito.

3. Com base em exemplos textuais, comenta a expressividade que os seguintes recursos


adquirem ao longo do poema:
a. interrogação retórica; b. antítese; c. gradação.

4. Explica a importância do poema na estrutura interna da Mensagem.

ENC12DP © Porto Editora


SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS

MENSAGEM
“Calma” (p. 23)
2. a. Versos 1-3. b. Versos 4-7. c. Versos 8-9. d. Verso 10. e. Versos 11-14. f. Versos 21-22.

3. a. Interrogações retóricas presentes nos versos 1-3, 4-5, 6-7, 11-14, que sugerem a atitude de questionamento do sujeito
poético relativamente à existência/inexistência da “ilha” e ao seu carácter (espiritual/físico). b. Antítese presente no verso 8
(“próxima”/”remota”), que remete para a dificuldade em avistar a ilha e para o seu carácter espiritual. c. Gradação crescente
presente no verso 11 (“nau”, “armada”, “frota”), que sugere a extrema dificuldade que o ser humano tem em avistar a ilha.

4. Poema localizado na terceira parte da obra (terceiro poema de “Os Tempos”), após os poemas “Noite” e “Tormenta” –
momento em que a vida obtém uma “Calma” inesperada, ganhando-se consistência para depois se possibilitar a
concretização do Quinto Império (assumindo-se D. Sebastião como o libertador que reconduzirá Portugal a um novo
estado).

ENC12DP © Porto Editora

Você também pode gostar