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Barbara Falcão
PLANO DE ATIVIDADES
Narrativa transmídia
SÃO PAULO - SP
Junho de 2019
Barbara Falcão (N°USP 3320736)
PLANO DE ATIVIDADES
Narrativa transmídia
Docentes responsáveis:
SÃO PAULO - SP
Junho de 2019
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1. APRESENTAÇÃO
2. PLANO DE ATIVIDADES
Série: 9° ano
Disciplina: Língua Portuguesa (com outras disciplinas)
Conteúdo: Os estudantes vão produzir textos em 4 mídias diferentes (miniconto, conversa no
aplicativo whatsapp, vídeo e arte sequencial) as quais vão compor a narrativa transmídia, que
será publicada em um site. Na narrativa transmídia será abordado o tema da igualdade de gênero,
representado figurativamente na narrativa como um casal adolescente tendo de lidar com uma
gravidez indesejada. Espera-se que, por meio da criação da narrativa, os estudantes analisem o
contexto e reflitam acerca dos subtemas abarcados pelo tema geral: papéis de gênero, direitos da
mulher na sociedade, violência contra a mulher e criminalização do aborto.
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Proposta de
Apresentação Produção textual na qual o final é a gravidez indesejada de
produção textual:
da conflito da um casal adolescente.
Miniconto
narrativa base
A produção de narrativas transmídias permite que o estudante reflita sobre sua própria
realidade e o coloca como participante ativo no processo de construção de sentido da sua
aprendizagem, promovendo, assim, maior engajamento e criticidade.
Este pressuposto de que a construção da narrativa possa promover um processo de
reflexão sobre sua própria vida e a sociedade e sobre a relação de uma com a outra é baseado
nos estudos de BRUNER (1991) que investiga como a narrativa é parte do processo fundamental
de apreensão da realidade e de produção do conhecimento. O autor elenca diversas
características presentes nos textos narrativos as quais diz não conseguir diferenciar entre “modo
narrativo do pensamento” e “as formas de discurso narrativo.” Entre elas está a “referencialidade”,
isto é, dentro da narrativa há um mundo próprio dela que não depende só de sua referência no
real, mas dos sentidos dos elementos e suas funções dentro da narrativa.
Aos adolescentes é proposto um novo olhar sobre as narrativas canônicas presentes em
suas vidas, sobre seus papéis sociais, ao criarem narrativas sobre os problemas enfrentados na
vida real. Podendo também ressignificar alguns conceitos aos analisá-los dentro dos “vínculos de
estados intencionais” presentes nas personagens criadas, que atuam na narrativa influenciadas
por “suas convicções, desejos, teorias, valores, e assim por diante.” (BRUNER,1991,p.7)
As decisões sobre os caminhos narrativos e toda análise sobre o tema proporciona ao
aluno tomar consciência de sua própria realidade. Na construção da personagem é necessário
definir suas características, seus “estados intencionais”, e nessa decisão, feita em grupo e
negociada, é possível pensar nos padrões estabelecidos referente à gênero e/ou à classes
sociais. Na construção de vários elementos narrativos é possível propor discussões profundas que
visam a tomada de consciência crítica. (FREIRE,1967)
Quando analisa e reflete para tomar as decisões sobre a composição da narrativa, o
estudante também repensa sua atuação na sociedade, a possibilidade de construir personagens e
escolher diversos destinos para estes faz com que se conscientizem das forças sociais que atuam
sobre seus próprios destinos.
Com exceção do gênero textual miniconto, todos os outros textos são considerados
multimodais, segundo conceito de multimodalidade proposto por ROJO e MOURA (2012,p.19)
“textos compostos de muitas linguagens (ou modos, ou semioses) e que exigem
capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma delas
(multiletramentos) para fazer significar.”
2.4 Metodologia
Para criar e produzir a narrativa estão previstas 40 aulas, distribuídas ao longo dos dois
últimos bimestres. Sendo preferível que haja um trabalho transdisciplinar com os professores de
arte, informática e outras disciplinas afins.
Primeiro serão trabalhados textos sobre os subtemas com leitura e roda de conversa para
dar referências ao processo criativo dos alunos e para promover consciência crítica sobre estes.
Seguindo os exercícios e textos propostos pelo Caderno do Aluno, fornecido pela
Secretaria Municipal da Educação de São Paulo, todos vão produzir individualmente um miniconto
cujo desfecho será a gravidez precoce de uma adolescente. Depois de uma votação feita pelos
professores e alunos por meio de cartazes com os minicontos, um será escolhido para ser
publicado no site e funcionar como o conflito inicial da NT.
A partir da decisão do texto inicial, eles vão compor todos os passos seguintes da
narrativa. Serão feitas rodas de conversa também para decidir o enredo em conjunto com a sala.
As ideias dos estudantes serão organizadas em um fluxograma que resultará na espinha dorsal
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da narrativa. Todas as decisões sobre o enredo, bem como as produções, serão exclusivas dos
alunos, com a mediação e a coordenação da professora.
Depois de definido o enredo, os grupos de trabalho, separados por habilidades e
interesses, produzirão os textos multimodais que comporão a NT. Os grupos não necessitam ter o
mesmo número de integrantes já que as atividades têm graus diferentes de dificuldade e um
mesmo integrante pode participar de mais de um grupo, sendo esperado que toda a sala trabalhe
em conjunto, entre outros motivos, devido à dependência da partes na sequenciação e coerência
da narrativa, auxiliando na garantia da unidade da NT.
A primeira mídia trabalhada será um miniconto. Então, em uma conversa no aplicativo
whatsapp será mostrada o momento em que a menina conta da gravidez para o rapaz e sabemos
sua reação. Depois, no vídeo, sabemos qual foi a decisão sobre a gravidez precoce e os fatores
que a influenciaram (família, condição social, saúde) e por último, em uma história em quadrinhos
é informada as consequências da decisão. A proposta das atividades, com as questões
orientadoras que compõe o roteiro transmídia está detalhada na tabela 1. Nas atividades são
colocadas questões sobre as reações das personagens e sobre o desenvolvimento da
narratividade para que os alunos discutam e decidam sobre a construção de cada personagem e
sobre os rumos que a história deve tomar.
Ao final, todas estas produções serão publicadas no OA, para que sejam vistas e
comentadas por toda a comunidade escolar.
2.6. Cronograma
Tabela 2
1 Os textos citados não estão incluídos no trabalho porque estão em fase de seleção.
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3. A Narrativa Transmídia e o OA
2 http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Main/Page/PortalSMESP/Ciclo-Autoral
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Muitas são as tentativas de aliar o uso das tecnologias digitais à educação. Como
professora e pesquisadora, busco me atualizar tanto sobre estas tecnologias quanto sobre a
teorias cujos conceitos possam servir de base para um uso eficaz e profícuo destas no ensino de
língua portuguesa.
Nesta pesquisa que venho realizando conheci o conceito de transmídia, ligado à área da
comunicação e da publicidade, e desde então venho buscando adaptá-lo ao uso na educação, já
que ainda há poucos estudos que relacionem a transmídia ao ensino-aprendizagem.
Neste contexto, o OA escolhido, um site produzido e publicado gratuitamente na plataforma
WIX, foi criado pela autora devido às necessidades inerentes da proposta e se revelou uma
solução interessante e eficaz por ser o suporte para a publicação dos textos dos estudantes, por
mitigar o risco da perda da coerência hipertextual da NT e por permitir a reusabilidade. (BRAGA,
2015)
.
3.3. Resultados Esperados
O produto final são diversos textos, que farão parte do OA e, por isso, estarão disponíveis
na internet, na sua maioria multimodais, em diversas mídias, criados e produzidos pelos alunos,
que devem desenvolver ou aprimorar habilidades referentes ao uso das linguagens (verbal escrita
e oral, visual, audiovisual) e dos gêneros textuais trabalhados (miniconto, arte sequencial, roteiro,
diálogo), desenvolvendo o multiletramento crítico. (ROJO;MOURA, 2012).
Ao debater as diferentes opções da personagem baseados na sua experiência pessoal e
em pesquisas feitas, espera-se que a produção desta narrativa promova o desenvolvimento de
maior criticidade em relação às questões de gênero na nossa sociedade por parte dos estudantes.
A avaliação será feita com base nas discussões e na leitura e interpretação dos textos
produzidos uma vez que, por meio da figuratividade presente nos textos finais e o
acompanhamento das discussões, será possível analisar se os posicionamentos se tornaram mais
críticos em relação aos temas abordados.
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Referências Bibliográficas
BRUNER, Jerome. A Construção Narrativa da Realidade. Critical Inquiry. Tradução por Waldemar
Ferreira Netto,1991. Disponível em: www.academia.edu. Acesso em: 28 maio 2019.
GADOTTI, Moacir. Educação e poder. Introdução à pedagogia do conflito. Ed. Cortez. São Paulo.
1989
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e
mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000.
ROJO, R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola editorial, 2012