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Sistema Solar, ano cristão 1998.

A um grande amigo…

O maior bem está em saber-se amar. Começo assim esta carta já


que desconheço outra forma de citar, incitar o amor, se não for
escrevendo-o, redigindo e colocando letra por letra.
Te escrevo para te dizer que há muito não escrevo, não encontrava
inspiração. Talvez estivesse procurando um motivo que jamais
encontraria. O mundo onde vivemos nos desencoraja.
Para entender de realidade é preciso que se viva, por isso, amigo,
vivas a você! Essa carta espera poder confortá-lo e confrontá-lo com o
absurdo do amor, digo absurdo, pois o próprio amor é absurdo, assim
como qualquer atitude que prove a existência de tal sentimento, por isso a
carta... O amor já não existe em conversas corriqueiras.
Essa carta irá encontrá-lo com saúde, levando saudades e
levantando questões metafísicas de tempo e espaço, pretendo te
escrever simplesmente por te escrever, não tenho muito a dizer só quero
te lembrar que vale a pena resistir e insistir em ser feliz.
Gostaria de compartilhar contigo, amigo, a minha falta de esperança
nesses dias que virão, fica escrita aqui a mais completa desilusão com os
nossos contemporâneos, porém espero que a chama da criação continue
acesa para nós, sãos.
Também gostaria de compartilhar, amigo, toda a frivolidade
inevitável que vivemos, nos dias consumidos de luminosa solidão
continuamos a observar o nosso bizarro mundo; Que sua busca continue
constante e firme!
Enfim, meu grande amigo, essa carta vai levando um pouco de mim,
para te ofertar reflexões sobre o saber-se amar, sobre como as coisas
fúteis têm tanto lugar e o absurdo fica para os poucos/loucos como nós.
Reconfortantes abraços e sinceras bobagens.

Da sua amiga Barbara Falcão

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