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Mikhail Bakhtin PROBLEMAS DA POETICA DE Dostoiévski wt digo reves "Tredugdo direta do russo, notas¢ praficio de "PAULO BEZERRA, UFF-USP | 2oIToRA FOREN mpm plover opm gu sa ‘Ser comer crncnrt eSopbeo Casper tedatas tore stl Petite ends irs a Mo SRE Bann asnateeneneoe, ines aie Peete teers © sarc sie one esac gle rma Sapa am pcinentconinae cd ata dein sie Seca iyo eg dt am Spa ‘Stepan omnde san am Ser ves ters ‘gem pot ats cen far 28 pe sem sine acer s Sprains nino ue eno cs escort rar socom, sh MC id oi 105 rms Di nro ew "asd ts Donne Boevenaieos | Donk id DI ee epetag Tha Prefécio Uma obra a prova do tempo Paulo Bezerra Certamente, a maior vitalidade de uma obra se mede por sua ‘capacidade de amplar-sena recepgan e por sua duracio no tempo. Em 2009, Probleme da postica de Dostoiéveki (doravante PPD) ‘completa 80 anos, ji traduzida em um imenso nimero de paises © ‘objeto de interpretardo em numerosos livros, teses e artigos em revista ejornais. No Brasil, PPD chega i quarta edicao (com uma ‘reimpressto) com obra jé plenamente consagrada como um elassicn da reflex flosfica em tomo do discurso litersrio, cua Importincia se ampliae se aprofunda com o passar do tempo. Ao prepararo texto para a segunda edigio, fz uma revisto profunda da tradugto, melhorando @ redacio e tornando mais preciso um ‘outro coneeito. Contudo, mantive a tradueso indireta das cltagées dos romances de Dostoigvski Gente Pobre, O Duplo, Crime ‘e Castigo, O Tdiota, Os Demnios © Os Irmaos Karamdzo0. Poste- riormente, ao trabalbar com PPD em meus cursos de graduagio © 1p6s-graduagio, percebi que o tipo delinguagem dos trechos desses romances em tradugio indireta eriava dificuldade para a com- preensio do sentido profundo dos dislogns entre as personagens za perspectiva do dialogismo, quintesséncia da teoria bakhtiniana do discurso. Esse dasencontro da traducio indireta com o original especialmente aberrante em 0 Duplo, obra publicada em conjunto eam Gente Pobre (com 0 titulo do Pobre Gente) pela Companhia v José Aguilar Bditora (Rio de Janeiro, 1975). Nessa eco, além das aberrantes deturpacées do original, a traducio 6 tao distante da linguagem original que ndo passa de uma plélida deserigto do diseurso dostoievskiano, a tal ponto quo so torna impossivel detectar a presenca das palavras de uma personagem abrindo Tssuras na conseitneia da outra,esséncia da interagao dilégiea ‘que Bakhtin descobriu em Dostoiévski. Agora, porém, 20 preparar © livro para esta quarta edigio, proved a uma nova revisio do texto em portugués ¢ substituf aquelas citagées em traducio indireta por tradugio direta do original, pois, além de reeriar 0 ‘espirito da obra na linguagem mais prima possvel do original, tradugio direta permite uma compreensio muitissimomais ampla « profunda das peculiaridades da teoria bakhtiniana. As poucas citagées que mantive em tradugio indireta do conto O Sonko de tum Homem Ridieulo edo romance O Adolescente no dificultam a ‘comprecnstio das propriedades do diseurso dostoiavskiano e das ‘peculiaridades do dialogismo bakhtiniano ‘A prosonte edicio ver “encorpada” com dois textos essencais: {dois esritos de Bakhtin (1961) a respeito de Problemas da poétca de Dostoiéosi, que nesta edicboinscrimos como “PPD. A guisa de ‘comentério” e "Bsbogo de reformulagao de PPD", pois quem det titulo as referidas notas nfo foi o proprio Bakhtin, mas Vadim Kojinov, organizador dos manuscritas e responsével por sua insereio em Estéica da eriagao verbal, obra em que aqueles textos ‘so uma eepécie de corpo estranho. Os dois adendossio, ao mesmo tempo, um comentirio a Problemas da pottien de Dosioiéoski © _um projeto de a reformulagso, no qual Bakhtin torna mais ample € precisos os seguintes conceitos: 0 dialogismo como forma de Interagio eintercomplementagio entre as personagens liters; ‘© monologismo como pensamentotnicoe por isso autortario, se esdobramento no processo de construgio das personagens romaneseas; a poifonia como métado diseusivo do universo aberto em formagto; 0 autor e sua relago dialgica com as personagens; 2 relagio eu-outro como fendmeno socioldgicn 0 inacabamento! ‘neonelusiblidade das personagens mo visio do mundo em forma ‘go e do homem em formagin, razto por que nio se pode dizer a lltima palavra sobre eles nem conclt-los;o tivismo especial do autor no romance polifinico, no qual 0 autor é a consciéncta das onsciéncias, a despeito de sou distanciamento em relagéo ao vw ‘universo representado eda grande liberdade que concede as suas ‘personagens. Portanto, os referidos adendos sao um complement ‘essemsial a Problemas da poética de Dostoiéeski, e com eles 0s ‘concitae-chave do liv ganham mais consisténcia @ mais clareza. Una revolugio na pottica do romance Est livro representa uma auténtica revolugio na teoria do ro ‘mance como género especifio eproduto de ums poética histérica. (0 Cepitulo 1V— *Peculiaridedes do género, do enredo e da compo- sigho das obras de Dostoiévski", que trata do carnaval como. fendneno histérico-cultural e da carnavalizagéo da literatura, € ‘um exemplo raro do postica histrica do género o representa a descanonizacio da teoria e da histéria tradicional do romance (chae-vagao do saudoso Emir Rodriguez Monegal), anteeipando a, teorie bakhtiniana da prosa romanesca que se completara com Quesives de Literatura e Eettic, particularmente com seus tr8s capttulos-chave: "As formas do tempo edo eronstopo no romance” ~"T93T-1998, "Da pré-istéria do diseurso romanesco” ~ 1940 e “Epoyeia ¢ romance" - 1941. Partindo (Capitulo IV de PPD) do. conedito de destruigso da distancia épiea absolute (eate sera amplado e mais bem defnido em “Epopeiae romance"), que ocorre. ‘om « inserglo de valores do eotiano do tempo da enunciagoy narrazio no tempo da acto representada, Bakhtin conelui que o eruzamento desses dos tempos foi determinante na desintegracin. {os gineros elovados, que nao resstram ao contato com a realidade. fem fermagio, propiciando a formagio dos géneros constituintos. do sério-cdmico em oposigio aos gneros antigos como a epopeis, a. ‘tragida, a historia ea retdrca cassia. Reses eonstituintes do sério- ‘chmieo so modalidades de uma prosa que revela grande eapacidade 4e atranger vastos eampos da representacio literdria e esta, teontrada predominantemente nos simposiuns, nos dios seers ticos » na sitira menipea. Trata-se de um género nove, que vem dialogare disputar com os antigos géneros elevados um lugar de em que nenhum sentido morre".1O mesmo poderiamos dizer de Cames em Os Lusiadas, que, movido pela necessidade de resgatar o passado historico portugues em um momento de profunda crise © afirmar o ew de sua cultura em dislogo com Virgilio (e outras fontes antigas), revivifica na disténcia, no contexto portuguls de sua época os son. tidos do passado, aquees sentidos qu, “naseidos dos dislogos dos séculos passados", nio “podem jamais ser estveis (concluidos, ‘acabados de uma ver por todas), pois sempre haverdo de mudar € ‘envar-ee no eterno prociseo de dilogo entre as cultaras, no qual “exiatom mastas imensae e iimitadasde sentidos esquecidos” que, no abstante, “sero relembrados e reviverso em forma renovada’”! Portanto, 60 sentido e nfo o “significado” que permite a transcen- <éncia espacotemporal dacaltura ede literatura. Assim, o mono gismo que Kristova aplica dogmaticamente ao épico em geral & dela, nao de Bakhtin, ‘Segunda Kristeva, em face do dialogismo bakhtiniano como intertextualidade, “a noedo de pessos-sujeito da esertura eomega ‘se esfumar”. Essa afirmacio esté em flagrante contradigao com ‘© pensamento de Bakhtin, que sempre enfatiza 0 papel do eujeito, {quer como autor em todas as instincias do procesto do criagio, ‘quer como letor. Como autor, nds o “encontramos (perceberos, compreendemas, sentimos, temos a sensagio dele) em qualquer bra dearte... Nisa sentimos em tidocomo um prinepio represen- tador puro (0 sujeito representador)"* Como leitor, é a “segunda conseiéneia, a eonsciéneia do interpretador”, que “no pode ser climinada ou neutralizada”. Para ele o texto @ um enunciado, 0 Aislogo entre textos é um dislogo entre enunciados, e por trés do enunciado existe ofalante, o sujito dotado de eonseiéneia, “Por tis dese contato est. contato entre indviduoe, endo entre coisas. TDi 00 2 Bid, 3 410 8 Bid. pata Se transformarmos o didlogo em um texto continua, isto é, se apagarmos as divisées das vozes (a alternancia de sujeitos falantes...o sentido profundo (infinite) desaparecers (bateremos contra 0 fundo, poremos um ponto morto."' Assim, por trés do texto sompre hé vozes, urna linguagom, seno ele "ndo seria un texto, mas um fendmeno das ciéncias navurai’, “o acontecimento da vida do texto, isto 6 a aua verdadeira esstncia, sempre se Alesenvolve na fronteira de duas eonsciéncias, de dois sujeltos” Essa mesma reiteragao da presenga do sujeito perpassa toda & roflexo em tarno do dislogismo em PPD e no restante da obra de Baichtin. Como, pois, coniliar esa defasaexplicita do autor como sujito com a afirmacso de Kristeva, segundo a qual 0 autor em. [Bakhtin ating oestgio de “zero”, de negacio, de excuséo? (p79). Portanto, em que obra bakhtiniana esse sujeito "ee eafuma"? Ou sera que Bakhtin nio entendeu e propria obra? Certamente inspi- ada em Kristeva, uma pesquisedora brasileira (bastante respei tsvell) descobriu o “doslocamento do gujeito™ em Balchin, Mas deslocamento de onde? E para onde? Mais um pouco e estaremos no besteirol pés-modcrno da “morte do autor”, ja presente em, Kristeva. (0 que mais impressiona no texto de Kristeva é a auséncia de ‘uma categoria da narrativa sem a qual anogio de dialogismo seria, absolutamente impensavel: a personagem literria. Ore, o funda 'mento do processo dialgico 6a interac entre as vores que pov, ‘aobraliterdria. O objeto imediatoefonte do dalogismo bakhtiniano 6a obra de Dostoiévski, na qual odidlogo entre as personagens & Juma luta entre pontos de vista ejuizos de valor, na qual cada perso- :nagem-vor ora mira em torno em uma polémica velada com outa fu outras personagens-vores, ora as enfrenta no didlogodireto,¢ fem ambos os processos cada uma procura fazer prevalecer seus pontos de vista sobre si mesma e sobre o mundo, externados por suas vozes. da em Gente Pobre, primeiro romance de Dostoievsi, ‘seu protagonista Makar Digyuchkin ce senteofendido pel simples clhar do chefee cria uma verdadcira diatribe, isto 6 um didlogo (Gem texto do outro) com seu interlocutor ausente, Golisdkin, protagonista de O Duplo, na sua caréncia de convivio socal, 1 Bid p40, 2 Dd. pst xv. Jimagina-seconvidado a uma festa na casa de seu chefe, entra pela porta dos fundos, -expulso, uma vez expulzo do festim dos homens criatum duplo que ra realizar na “vida rea” tudo oque ele sonhara ‘para si, com o qual desenvolverum aeirad didlogo (sem texto, ddo outro), uma intensa luta de pontos de vista sobre si mesmo Raskelnikoy, protagonista de Crime e Castigo, revoltado contra 8 injustica socal, ve em Napoledo uma espéeie de responsiivel or tal injustiga, mata uma velha uaurdria por vé-la como desto- bbramento de Napoledo e, ao longo de todo o romance, daloga, intensamente com ele (sem texto do outro) areepeto do assassinato dda velha. Em Os Irmaos Karamazov, van, “sonsciéncia profanda” ® protagonista mareado por uma Blosafia ética, desenvolve a seguinte tese filoséfica: se no existe imortalidade, nio existe virtude, potanto, da ¢ permitida. As palavras de Ivan penetram fundo na conseiéncia de Smierdiaky, abrindo nesta uma fssura, Smierdiakéy, seu irméo desprovido de éicaefitho bastarda de set Dai, interpreta a seu modo o sentido desse discureo (nlo texto) ‘como progacéo do parrcidio © acaba por matar 0 pai. Assim, 0 Ivan ético cria (pelo diseurso!) um duplo aético. Entretanto, no idlogo com Smierdiakéy, aps o parrcidio este afirma reitereda- ‘mente que apenas eumpriva vontade de Ivan, Aspalavras daquele. ppenetram fundo na conseiéncia deste, eriando af uma insuportdvel tensio, e quando Ivan deseobre que 0 “réptil” Smierdiakb & seu ‘outro, seu dupl, sore um profundo distirbio mental ‘Seria possivel dar ennta de tamanha tenséo no interior da obra literéria partindo da "intertextualidade”? Ao substitur vor por texto, Kristova ni teria como explicar esse dislogo entre voaes. ‘Talves iss expliquea auséneia de qualquer mento a personages fem seu ensaio, assim como alitura de qualquer obra lteriria que Ihe permita “reformular” a seu modo a tzoria de Bakhtin. Limite ‘sea afirmar ereafirmar, sem jamais spontar araz4o, que Tosti 6 ‘monolégice repetindo airmagio similar que Bakhtin fez a eepeito de Tolstsi. Bm PED, Bakbtin analiou o conto de Tolstéi As Trés -Mortes edemonstou cabalmente seu monologisi, Noentanto, no tocante aos romances de Tolstéi considero esta tese de Bakhtin ‘muito discutivel e acho dif] comprovar tal monologismo em um romance como Guerra e Paz, por exemplo, Kristeva tampouco demonstra conhecer Dostoiévsi, objeto imedinto © fundamento do dalogismo bakhtiniano. Entretanto, como expliar essa auséncia xx {e conhecimento do fundamento de uma teoria na reflexio de quem, pretende substitu-la por sua propria “teoria"? Parafraseando wm, grande mestre uspiano, o que atrapalha a reflexio teGrica sobre Titeratura é uma tal de literatura, Naaberturadeseu notévellivo A Personalidade de Doetoiévski, Boris Bartzov esereve: “O tipo mais desagradavel de arrogincia 6 arrogineia em relagto ao genio, Talveg.em parte alguma.la tena se revelado tanto como no extudo de Dostoiévski,evidentemente fem razfo de que, pela coineidéncia de ineompativeiscaractristicas Intelectusis, espirituais e simplesmente da vida, ele ae destaca acentuadamente no campo de toda a literatura universal.”= ‘Guardadas as devidas proporgies, as palavras de Bartzov se aplicam a Bakhtin, particularmente no que se refere a Julia, ‘Kristeva e ao que dela deriva em termos de interpretagso da obra de Bakhtin. Em 1998, Kristeva deu uma entrevista aU. ‘Thomp- ‘son (publicada pela revista eanadense Recherches Sémintiques, nimero especial “Bakhtine et l'avenir des sgnes.., v.18, n. 12, ». 15-28, 198 - Association Canadienne de Sémiotique), mas tarde fraduzida para orusso e publicada pela revista Dialog, Karnaval, Krhonotop (DKK ~ n. 1, 2002), que tomo como referéncia. A entrevista trata da recepeto das obras de Bakhtin na Franga. Depot de reclamar que os bakhtinslogos haviam esquecido seu “pio noirisma” na divulgacto de Bakhtin (na Franga, no em todo 0 Ocidented, Kristeva afirma que adaptou Bakhtin ao contexto francés e para o leitor francs, e sem essa “adaptacio” Bakhtin “poderia parecer algo oriundo do folelore russo e néo suscitaria 9 interesse que suscita hoje” (p. 114). Coneluséo: som a “adaptacio” de Kristeva, Bakhtin no teria saido do limbo ruseo. Quanta empéfial Que desrespeito a inteligéneia dos franceses! Que falta de respeito pelo outro, coisa téo cara ao proprio Bakbtin! [No Brasil, es “adaptacio" vem contibuindo para adeformacso do pensamento bakhtiniano em excala temive. Ctemos ao menos lum exemplo, No livzoIndertetualidades (Belo Horizonte: Lé, 1995), de G. Paulino, 1, Walty © M. Z. Cury, amos: “a intertextualidade foi estudada primeiramento polo pensador russo Mikhail Bakhtin” (-21), Easautorascitam minha tradugéo de PPD como fontebiblio- 1B Bértno.itehnost Distoashov (A Personalidad de Dosis MosooaSovsct Pasta 1978p. srafca. Bm que pigina do livo apareceo trmo “inertextualidade”, carssiaascaras-palidas, que eu, otraditor, nunca o encontrel? Na mesma entrevista, Kristeva sfirma (p. 114) que fez de Bakhtin um “interlocutor da moderna teoria dos anos sessenta © sotenta” (leia-seestruturalism e peicandlisel), equea linguistia estrutural e a psicanélise “foram o fundamento profundo do pensamento bakhtiniano”(p. 116). Acontce, porém, que Bakhtin contra oestraturalismo por considerer que seu métodode anise, ‘centrado nas “eategorias mecanicistas de ‘oposiglo’e alterndincia de cidigos", despreza a especifcidade do discurso literéio, o que redunds no “fechamento no texto... Quanto a mim, em tudo eu ‘ougo vores e relagdes dialégicas entre elas..No estruturalismo, fexiste apenas um sujeito: 0 proprio pesquisador. As coisas se ‘ransformam em concetas,.osjeto nunea pode tornar-seconceito {ele mesmo faa e responde)" Quante a psteanalise, Bakhtin dela distingue porque, ao longo de toda a sua obra, sempre enfatiza ‘como essencial a questao da eonseiveia. “A consciéncia 6 muito ‘mals terrivel que quaisquer complexos inconssientes.”" “Adepta da pricanslise como religico ("ae voeé nao dispoe dos instrumentos ofereidos pea psicanlise, arrsca-ea dizer bobagens” “p. 125), Kristeva afirma: “em minha prépria teori da iteratura, ‘que leva em conta og coneeitos de carmsvalepolifonia, eonsiderando as elaboragtes freudianas nio precise votar sempre a Bakhtin Porque me parce. que, purtindo daquse psiquismo conflituoso que se revola durante as sesabas de psicanlize, que posto desonvolvar fom base em casos elinios avanga bem mais do que as intuighos hakhtinianas”(p. 119). Portanto, Krista transforma em um banal prooedimento clini a tearia do eamnaval, grandicea contribuigso Dakhtiniana para tori daliteraturae da cultura. Assim, aplica-s perfeitamente a Kristeva a afirmagio de Bakhtin sobre estruturalsmo: “no estruturalismo exist apenas um sujet: ‘opeaquisadoe”. a andlise do dscarsolkstiniano estou uma vor: ‘vor autortari da propria Kristeva com sua intertextualidade. Néo ‘ha sujeito falante no vozes nem relagiesdialégias entre clas, hi. ‘apenas texto. Nenhuma contribuigéo para oentendimento de Bakhtin [No aft do “esplioslo, ela produz uma leitura educionista e uma, TM Dahtin. Bettie da Crags Virb p. 400400 2 Bid,p. 585 deformacio grosscira, prevensiosa csrrogante da teoriahakhtiniana, arvorando-se do direito de mudar concetos,fato gravssimo que esnatura uma tooria ¢ pode reduta a metdfora, O dialogismo, esséncia do pensamento fllosdfico bakhtiniano e fandamento de Problemas da Poétiea de Dostoiévski, permite ‘acompanhar as tenses no interior da obra litera, as relagées i= terdzcursivaseintersubjetivas, inten oultas das personagens 0 dilogo entre eulturas como esséncia da Literatura, a huta entre tendncias e “escolaslterrias”, entre vozes como pontos de vista sabre o mundo omen ea cultura, Na ética do dialogismo, a cons cléncia nfo é produto de um eu solado, mas dainteracio edo convsio, entre muitasconecéncias, que partiipam desse eanivio com guais direitos como personas, respeitando as valares dos outros que igual ‘mente respeitam og ses. Eu tomo conseiéncia de mim mesmo e me ‘arno eu mesmo s6 me revelando pars o outro, nfo posto passa som ‘outro, no posso construir para mim uma rlagio sem 0 auto, que arealidade que, por minha propria formagso, trago dentro de maiz, texeroe um profundo atvismo em relacio a mim, Essa relatvizago de mim mesmo &0 que me permite ver omndo fora de mim mesmo, ‘onstruir minha autoconseiénca, no me eolocr cima do outro et ‘apaz de entender amim mesmo, assim, auto humanizado, entender ‘outro eomo parte de mim mesmo e eu como parte del, trando-me 4o iolamento, que é a morte (eja-se a que desespero 0 isolamento leva personagens destoievskianas como Makar Diéwuchikn, de Gente Pobre, Golan, de O Duplo, Raskélniko, de Crime e Castigo, Stavroguin, que se mata em Os Deménios, ee), permitindome Galogar, comunicar-me e assim plasmar a vida, poraue, como dia ‘Bakhtin, “viverécomunicar-e peo dislogo”. Ness aspect, o dialogs. ‘mo uma visio de mundo, uma floeoia que mostra individualism cexcerbado como impasse 0 clo desseindvidualemo como tragédia. Dat a necessidade do dilogo como superagi dos impsees da exie- tincia e sua representacio na literatura, dai a importéneia funda ‘mental do Problemas da Poética de Dotoieski coma dbra que oferece ‘espaldo teéric para a andl amplae profunda dessa quostes, 6 ‘sso que fax dolivzo de Bakhtin uma obra a prova do tempo, Sumério Introdugio. : sevse (© romance polifnico de Dostoiévskie seu enfoque na critica iterdcia 7 ‘A permnage se nue pol autor na dba do ‘Dostoiévsa. ni ‘Aideia em Doetoiévsli 87 Pecado nero, do enredo ed composi das obras de Dostoisrsk as 15 0 discurso em Doctoiévski scenes ON 1. Tipos de discurso na prosa. O diseurso dostoievakiano 2.0 diacurso monolégice do heréi eo discurso ‘narrativo nas novelas de Dostoiévsl. 3 Odiscuro do hed 0 duro do maradr tos romances de Dostoival. 4.0 dislogo em Dostoigvski. 207 24 24 292 Introdugéo 0 presente livra € dedicado aos problemas da postica! de Dos- toigvtkie analsa e sua obra somente sob ease angulo de visa. ‘Considersmos Dostoiévek um dos maioresinovadores no campo da forma artista, Estamos eonvencidos de que ele eriou tm tipo inteiramente novo de pensamento artstco, aque chamamos.consen- cionalmente de tipo polifInio. Esse tipo de pensamento artistico tencontrou expresso os romancas datoiovsianos, mas sua impor- tinea ultrapasea os limites da riaggo romanesca¢ abrange alguns principios bdsicos da estétiea europeia. Pode-se até dizer que Dostoivaki cro uma expécie de novo modeleartstico do mundo, no qual muitas momentos barlares da velba flemn artistiea sofreram transformagio radical. Descobrir essa inovagto fundamental de Dostoigeekt por meio da andlise teérico liternia 6 0 que constiul & ‘arefa do trabalho que oferecemos ao letor. "Na vasta literatura sobre Dostaiévski, as pouliaridades funda- mentais de sua postica nio podiam, evidentemente, passar sper. tebidas (no primeiro capitulo do presente lio, examinamos as piniges mais importantes sobre essa questi); a novidade funda- ‘mentale a unidade ongnica de tais poculardades no eanjunto do ‘mundo artistico de Dostoigvski foram revladas e abordadas de ‘aneira ainda muito ineuficiente, A iteraturasobre ese romancista, TO pio simples 6 do autor do presente lee, ogeifo sompantado do {eterac¢ de Donna e utr autores clade tems dedicado predominantementei problemséticaidealigiea de sua obra. A agudeza transitéria dessa problomatica tem encoberto ‘momentos estruturais mais solids eprofundos de sua visto artistic, [Amite quase se esquecia inteiramente que Dostoivski era, acima de tudo, um artista (detipo especial, bam verdade), eno um fidsof> ‘0 jornalista palit. © estudo especial da poétiea de Dostoiévski continua sendo ‘questo atual da teoria da literatura, Para a sogunda edigao ("Sovietsky Pisstel”, Moscow, 1968), 0 nosso livro, que sai ineialmente em 1929 com o titulo Problemas {da Obra de Dostoéushi fo corrgidae consideravelmente ampliado, evidente que, na nova ediqo, ele tampouco pode tera pretensa de atingir a plenitude na abordagem dos problemas levantados, sobretudo questées complexas, como o problema do romance polifnica integral O romance polifénico de Dostoiévski e seu enfoque na critica literéria [Ao tomarmas conhecimento da vast literatura sobre Dostoivski, temosa mpreso de tratar-se nd dem autor eartsta, que esrevia ‘romances e novelas, mas de toda una série do discursos flosicos Aevarios autores e pensadores: Raskélnikov, Michkin, Stavréguin, Tan Karamézoy,o Grande Inquisidore outros. Para o pensamento critcolterrio,aobrade Dostoiéaki se decomps em varias teins filosfieas autdnomas mutuamente contraditoris, que si defend as pelos herds dstoievakianos, Entre elas, as concepetesilosbtcas {do proprio autor nem de longe figuram em primeiro lugar. Para ‘alguns pesquisadores, «vor de Dostoiévski se eonfunde com avoa ddesses¢ daqueles heréis, para outros, € uma sintose peculiar de todas ossus Vozes ideolgias, para terceiros, quel ésimplesmente tibafada por estas. Polemiza-te com os herds, aprende-se com 0s hersis,tenta-te desenvolver suas concepgbes até fazé-laschegar a tum sistema aeshado. O heréi tom competéncia ideoldgia e inde- pendéncia,¢interpretado como autor de sua concep filosiea propria eplena, endo como objeto da visio artfstica final do autor. Para a conseiéncia dos efticos, valor diretoe pleno das palarras do herd d imediata, ‘Essa peculiaridade da literatura sobre Dostoiévsi foi observada ‘com toda justeza por B. M. Engelgardt, ao eserever: Ao examinar- se acritica russa de Dostoievski, poroshe-se facilmente que, salvo poucas excegies, ela nio ultrapassa o nivel intelectual dos hersis roferidos do escritor, [Nao 6 ela que domina a matéria que manuseia mas 6 a matéria que a domina inteiramente. Ela ainda continua sprendendo com Ivan Karamazov e Raskélnikow Stavréguin eo Grande Inquisidor, enredando-se nas contradigdesem que cle se enredavam, detendo- ‘seperplexa diante dos problemas que eles ni resolve e inelinan- dose para Ihesreverunciaras emogies complexas eangustiantes." Observaio andloga fez J. Meier-Grafe, “Quem jéteve a ideia de participar de uma das conversas de Educagdo sentimental? Com Raskéinikov nés discatimos, e nio somente com ele mas com ‘qualquer figurante."" E evidente que nao se pode explicar essa peculiaridade da lite- *atura critica sobre Dostoi6vski apenas pla impaténcia metodolé- sca do pensamento critico ¢ consideréla completa transgressio, dda vontade artistiea do autor Semethante abordagem da literatura critica, assim camo a eoncepeto nao preconceituosa dos litore, ‘que sempre discutem com os herdis de Dostoigvski, correspond de fto a peculisridade estrutural bailar daa obras dese escritor A semelhanga do Prometeu de Goethe, Dstoigvaki no era escravos ‘muudos (como Zeus), mas pessoas livres, capazes de colear-e ado & lado com seu criador, de diseordar dele eatérebela-xe contra ee, ‘A maltiplicidade de vozese consciincias indspendenteeimis- ives ea auténtiapolfonia devozes plenivalentesconstitues, de fato, « peculiaridade fundamental dos romances de Dostooshi. ‘Nao 6 a multiplicidade de caractere edestinos que, em umm mundo BM. Engelgard. Idologutchestiy rman Dosticriouo.— CFM Dostievei, Stat {material Col ob redagn de A alin, Bl ‘Mis, Mossoueningrado, 1824 pi 2 Julius Meer Graf Dosoiavsh der Dicer, eri, 1925 Ap Moura: "Dosis | miro ieretar, publica na eltanes ‘i Acsdemin de Ciencias de URSS, Torsha Ff Decorators, Monona, 180.2 Isto 6 plenas de valor, que mantém coms otras vos do doerso ul de ateottipalind cnn patches do rand do objetivo uno, aro do heréi nso . ‘alguma, nas earac- teristicas habitunis ¢ fungoes do enredo e da pragmatica, assim ‘como nao constitu na expresso da posio propriamenteideo}- fica do autor (oomo.em Byron, por exemplo). Aconsciéneia do herd {dada como a outra, « consciéneia do outro, mas ao mesmo tempo ‘noe objetifica, ni se fecha, nio se torna mero objeto da cons ‘éncia do autor. Nesso sentido a imagem do her6i em Dostoigveki ‘nao a imagem objtivada comum do herd no romance tradicional ‘Dostoidvski 0 eriador do romance polifnico. Criou um género romaneseo essencialmente novo. Por isso sua obra nfo cabe ers ‘enum lite, ndo se sabordina a nenhum dos esquemas histérico- Titerios vamos aplicar as manifestagses do romance 6 tio plena como a palavra comum do autor; nfo esta subordinada {imagem objetifienda do her6i como uma de suas earactersticas, mas tampouco serve de intérprete da vor do autor. Ela possui independéncia exoepeional na estrutara da obra, 6 como se s0asse ‘ao lado da palavra do autor, coadunando-se de modo especial com ‘lae com at vores plenivalentes de outros heréis. ‘Seguerse dai que ado insufiientes as habituais conexdes do cenredo eda pragiética de ordem material ou pseolgiea no mundo {de Dostoiévski, pois exsas conexdea pressupsem a obetificagto dos herdis no plano do autor, relacionsm e combinam as imagens cabadlas de pessoas na unidae do mundo pereebidoeinterpretado fem termos de mondlogo, e nao a rultiplicidade de eonseiéncias Ori, mation pinta - » Emule sa connie vores ae partpun do dla cm aeons cape cts pala ss sebetfcon eno Sees Se cence Cconscs uinras 0 son gc ind prt Soca ecate aes rama Sipe cratteetnrermtne bares sneicteateierwasb econ tocanton itersniemecner oes Heenan ee enor erent Seg tues calcu SaLcieiceinaneaiommes Eoeeestty aie sian io cae anekaeeamnartnes ick Cmalte dts es ot Seek ieui nooner Poin is a wa pm sn: et pig 2 nicaranmenccrmanr ft toe Tati aeeet nme Sica temnianee aoe ose crea er mi eth amet inne echt na ceo ena ean Sto fichiers ee achnittd eae emeecme eee eet ceed iuntimenats Te siete Mai dra, Dt ‘tdi que oromanc palin pret cadens eve wecuretee ‘Mas aqui devemor abctrar as questo hstéreas, Pare sie ‘ueetatente na hist eds as lganen ei ctv eer gmt tuo doo dba ‘Sia erignaliade,retrar Dosti em Dosti meno ‘fic de orisaldad. tt qu ofr ala pons Esra, ‘ena carder spunaa rive rena Sem ee hago previ rstisas hiss depenrsm moma ser esctean te Spares fertitas Somente no guarta ep Go pevsento Leo aera a2 ‘rds do gner om Dosa ou quia d otis ston essa a nossa tese. Antes de desenvolvé-la com base nas obras do Dosuitels, voremos como a critic Iver tem inerpetado a peclinsio Tundamentel gue apontamos om sua Obra. Nao ‘ice intogteaprentar nenium enanio coma plenitade inna Scquer da teratura sobre Destoiee. Dow trabalhos sobre ole ubicudoc no slelo 3%, abordaremos apenas aguees qu, em Pr tela fremont me apron das pclae fundamentaiscasnpootet. Como as entendenos, Bee mo, eclhn wo fax do ponto de fot de nara tes, endo, por consent, abjetva. Mas no cso Undo ema subjelvdade da cnclna 6ineviléel lena, pisnto samo eer nas hr ner mio mene a ret {impor nor apenas orienta a nossa tev, o nemo pono de vst tate aqueleeenstontes sobre a posi de Dasara, No proces doses oventago, eelaredemos momentos iolados da ene ‘ug uinament wear tin te Dati ma digo ecosvamante tet A vones do es hes {Bm ee perce ejetramente a porliardade artistic da ‘ova etrura dos cous romance. Al om, tentadoaalisar ‘mente reve mn oi elo mento a seo fazer dene mundo um monlog tip ear, ove, {prea tha de una vonlade axa eenatmente nova do tum dev de uma vntae velba ert. Une, exavizados Pal ppl anpecosnteudisic da connpcsenigas doalgans ovis, entaram enquadr-los mam todo sisimicemensgieo, igrorando a mufpidadessiancal de concncas imc, ‘etamenteo qu constitain a din riativa do arta Outros, que ‘in be enroguram a fascin delgado, ransformaram Sonactncisplnialente os herder piqusnosmaterialicados Shjetivemente compreoneiveis« interpretaram o universo de Debtor! come uniaroritinsro do romance sodopsiclgio turpeu An inves do fenomen da interagi de conseiéncis pln fale, rerltave, no primero ese sm mondogo lsc, eno Tequndo, um mundo sbjetivo monaogieamente compreenstvel, onli conacénta una een do ator ‘Tanto ocofilosofarapaixonado com os herds como a anslise pico ‘gia ou psiopatoligicaobjetivamenteimparil dels so igualmnente icapazes de penetrar na arquitetdniea propriamente arctica Gas ‘obras de Dostaigvski, A paicio de une impede uma visto objetiva, verdadeiramente realsta do mundo das conscitncias eheias; © realismo de outros “no 6 grande coisa”. Eperfetamente compres sivel que se omitam intoiramente oa se trate de manesra apenas ‘casual e superficial os divers problemas especificinenteartistico. ‘O.caminho da monologacéo filosficaéaviaprinelpal da literatura ‘erica sobre Dostoiévaki. Foi este camino que seguirarm Rozanov (WW. Rézanoy, 18561919), Volinsk (A. Voie, 1868-1926), Mere ova, Lev Shestove outros. Tentando enquadrar nos limites sist ‘o-;monolégens de uma concepgao una do mundo a maltipiidade do ‘nscigncias mostrada plo artista, oss extudiosos foram forgados a ‘apelar para a antinomia.cu paraa alts. Das onscinciasconeretas © intogras dos herds (edo proprio autor) desartcularam as teses Ses queue dipunhan unas dine se 4 ‘umas as outras como antinomias absolutes irevogveis. Ao invés da interacio de varias conseiéncias imistveis, coloeevam cles inter ea Je kins, penaments ete ucts a una ‘Adinlética ea antinomiaexstem de fato no mundo de Dostoiésshi. Asvezasopensimento dos seus hers Grealmentedinltion ou antin®s ‘ico, Mas tos os vinulo digious permanocen nos Timites de cons! ‘Géncias isoladas eno orentam as inter-relagoes de acontecimentos, {entre elas. O univeroo dostoievskiano¢ profundemente personalsta Ee adota e interpreta todo pensamento como posigho do homem, xazdo pela qual, mesmo nos limites de conseéneissparticulares,¢ sre dialtica ou antinomica apenas um momento inseparavelmente ‘entrelacado com outros momentos de uma consciéncia conereta inte ral, Através desea conaiéncia concreta materialiada, na bo vis do homer. de do ac se tora fctualeassumeo carétar especial daideia-sentimento", “ieia-forga”, que cra aoriginalidade impar da “idea” no universo artistico de Dostoival, Retiida da nteragho factual deconseitneas ¢ inserida num eontextosistémico monolégico ainda que daltio, a ‘dia prde fatalments essa sua orignaldade ese converte em precaria afirmagio lose. por isso que ass grandes monografins sobre 8 ostrigk, readas na monologue dea bra, propia ‘to pouso para a eompreensio da le estrtural do seu round artistic porns ormulada bem verdade qu esa peculiar ‘dae uacioa todos ones ents, mas neste laf menos apres. "Esse aprecnado comegs onde so tenta um enfogue mais objetivo da obra de Dostora,e um enfoque nio apens das ideas em 5 ‘eamas, mat das obras come totaidadesarstics ‘tsi gn fo rindi andar amas snd in ctrl do nivero sso de Dosti Fis defnag lane Sis s elumoquepfo seine, ‘noconesimentafojetvado),mas na “pencragi™.Afrmar 0 "ea" outro nfo come objeto, ms emo out sujet eso principio da ovis de Dostolevls. Aimar o “eu” do outr- 0 “tu 6 ~€ ‘ola que, segundo Try, dever reolver tos os huris dstuiee- ‘eos para superar seu solpsiamo ec, sua concinda “Weis dlenagrya e transforma otra pesca de sombra em elinde ‘atenica A catéstofe trgioaem Dota sempre tem por base a ‘lsagrgagi wolipintadaconsinca do ber seu enclausuamento ‘meu propo mundo ‘Des ma, a afrmagSo da eonscincin do outro emo sujeito investdo de plenesdetoe, © nao com objet, ¢ um pastulado ‘icoreligion que determina o condo do romance (a etdstofe da conscinela desagreada) Tratw-se do principio da cosmovsto doar de cjo pono de vista el entendoo mundo dss herds, Por consegunte Tvinov mostra apenas uma interpretagio pura: monte temitica dese principio no conde do romance e, arm do mais, predominantemente neyativa: os herds termina na ‘ina porque ni podem afirmar to fit outro sta és. Air ‘nag (eno afin} "eu" do outro pelo her 0 tema das ‘bras de Dostoigws Mas eso tama &peretamente possve também no romance de tipo puramente monoligco em queda tratadoeleradamente Camo posta dico-reigoo do autre come tema substancal das bras, a afrmagio da consi do outro ainda nao era na nova forma, um now tipo de construgho de romance 1 Wee geu ean “Dosoiévei eo Ramsnee-Trapiia” no vo Bor Tigi Ba. Mucaget™ Moron, 1916, . 533 2 Of Bonsai mig p38, \yatchoslav Ivanov nao mostron como este prineipicdscosmovisto dostnievekiana se converte em principio de uma visio artitiea do ‘mundo ede construgso artista do todo ierrio~o romance. Para © critica lterrio, ese prineipio 6 eseencial somente nesa forma, na forma de principio de uma ennstruco terri concreta, emo como ‘Brinipio too religion de uma cosmovisio abstrata, E56 nessa forma tal prinepio pode ser objetivamente revlado na materia empirca de bras teréras eneretas ‘Mas no ft isso que Wyatcheslav Ivinoy fez. No capétuloreferente 0 “principio da forma”, apesar de vrias obeervagies ce sums impor- tinea, ele acaba interpretando o romance dostievaiano nos limites do tipo monolégic. A revlucio artistic radical, realzada por Dos- ‘tigrskl, permanecea incompreendida em sua eaiéncia Achamosin- ‘correiaa definigio basicado romance de Dostoigveki camo "romance ‘tragii’,etapor Wino la 6carateristca como tetativa do reizie “uma nova forma artista a onhecida vontade artista, Como res tado, o romance de Dostoiéveki rodunda em cortahibider artistic, ‘Assim, encontrando uma definigéo profunda e correta para 0 ‘Prinfpio fundamental de Dostoidvski a airmacio de “eu” do outro “nfo como objeto, mas como outro sujeito-,VyatcheslavIvénoy “mono ‘ogou” este principio, sto 6 ineorparou-o & eosmovisio monologica- "mente formula do autare pereebeu-o apenas. como tena substan ‘do mundo, representa do pont de vista da conscicia monolégiea ‘doautor®Além do mais, relacionou asuaidoia auma sie dealirma- ‘gbes metafisieas oticas dzetas, que nso so suscetives de nenkuma, “Yerifcagio objetva na propria matéria das obras de Dostoigvl.? A -meta artistica de construgso do romance polifiniey revolvida pela ‘primeira ver por Dostoigesi,ndo foi descoberta. 1 Asp faremoe ume anderen dae defn de vn. 2 Teinorcomde a! um eo metodliin tip: pans ieamente da ‘iemovino do autor eo conte da sar obras cmtorand fo Fim outros casos entnte mas erent nine oso Iona 3 Tale por eumplo a afmasta de Ino soundo ago eis do Dostlerati sao gemeos muspleados de peopec ator qu se ‘tapatguru e como qu, em vida sbndonoy su inwlaeo terete (CE Borda mii, p. 8940 ‘Asemelhanga de Ivinov, & Asked! também define a peculiar dade fundamental de Dostoirak. Mas permanece nos limits da coe- ‘movisio monolgicadico-religisa de Dotaivski edo conteido das ‘as obras interpretado em termes monc6gicos “A prmoia tee ica de DowtiGvsk € algo a primeira visa mais formal porém mais importante em cero sentido. ‘Sendo individu’, cle ne fala com todas us suas avaliagSes e simpatias”* ix Aakdov, ‘para quem o individu, por sua excepcional liberdade interior © ndopendéncia em face do meio externo, difere do caréter, tipo edo temperamento que costuma servir come objeto de repre- sentagio na iterabura cae, por conseuinte,o principio da cnsmovisio ica do autor. ‘Askeldow passa diretamente dessa cosmovisso ao contetido dos ro- nanoes de Dostoievaki mostra come grag aque os herdis dos {oievekianos se toram personalidade na vida exe revelam como tas ‘Dosse modo, a personalidade entra fatalmente em choque cm oto txterior antes de tudo em choque exterior com toda sorte de univer- falidade. Dao “eacindalo” sea revelagio primeira e mais exerior {a Gaface da personalidad ~ deserpenhar imenco papel nas obras fd Dosinigveki* Para Aakéldov, a maior revelacéo da énfase da personalidade na vida éo crime.“ crime nos romances dostoiews- [Banos 6 uma colocago vital do problema éio-religioco. O castigo & Uma forma de sua eolugo, dal amnbosrepresentarem o ema funda- mental da obra de Dostoive."* ‘Dosce modo, o problema gra sempre em tomo dos meios de reve- laciodoindviduo na propria vida, eno dos meios de iso erepresen- tao artstien desseindviduo nas condigbes de uma determinada construc artsticn-o romance Além do mis, apropri inter relagio {de oosmovisindoautor edo mundo des ersonagens al representada {ncorrlamente. A transigio direta da énfae no individuo na cosmo- ‘so do aor para a Enfase dire das suas prsonagense dai mais {ims ver para a conclu monoldgin do autor 6 ean tpico do romance monologico de tipo romantico, mas nio & 0 eaminho de Dostoigvei Gr ac artigo “0 Siena 5 Dorset Sf Dosti Set metro Ba Mil Mowe Leningrad, 1822 2 Bid 3 Bid.p.8 4 Bidp “Através de todas as suas simpatias e apreciagées artisticas, Dostoidvei proclama uma tese aumamente importante: o pervers, ‘osunto,opecador mum, tendo levado ao timo Kimite seu prinepio pessoal, tém, eontudo, corto valor igual justamente como indvidua- lidade que se opse as correntes turvas do meio que fdonivela”™ ‘escreve Asksldor. ‘Semelhante proclamagio caracteriza o romance romfntio, que conhecia a eonsciéncia ¢ a ideologa apenas como énfase e como ‘eonclusto do eutor, conheoondo o herd apenas como realizador da {nfs do autor ou como abjeto da sua concluséo, Sho justamente os ‘omintious que dio expresso imediata ds suas simpatia aprecagies ‘indviduo nao aparece pea primeira ver na coumoviao de Dosti, masa imagem arte da inividualage do oat co adotarmos esse termo de Aakéldov)e mutas indviduaidades iste esinidasna nade deuce aooteimento epitsl foram plenamente eliza oa prinira vr em seus romance "\imprensonane indepetnca interior da personages dos tsevaana,coetamenteobrvada por Asli fo aang Aastra de mine rtitosdterminado. Tate antes deus ‘da, da erdadee tependenca que das sumom na ropa {struturado romance em eng ao mtr ow malo, m reas dng comune exteriors cononivas dati lt, Sv ‘mento gla que a personage sia do plano do autor: Nao, ‘titemding Iberia amen anode se plano como qe determina de anemia personage param {erdade (atv evidences) nro somo tl no ane ‘igure exe do todo “h iberdade relation da personagem no perturba rigors prediaoda conarigh, asin como sein de randenss TBM Desoiah Sto material Leningrad, 1922p 8 2 cionais ou transits na composgho de uma formula matemdtca ‘in be perturb a ipresaprece. Ese nova cloaca da pers gon Gees pls opto do temafoaizad de anc sbtata {Gabe da amb tena imprest do todo un (Grjons de prelimentos arts epi de cnstrgha dor ‘men inteuiospel pret spor Desa ‘sim Aahéldo onoloa” o mun aiton de Dotigsk, transfer o dominate dese uno sma reac monalgca Comins edu sprsoagensasplesdstrages en roa. ‘Mikldorentendeucovetanente gue rnc em Dostorre 2 Mtn ntaamente nomen ropresentain do homer iter ‘Shamquentomerte, do seoteementa que reacone omens te Sorento sstastranseiy soa expr pra upeti Gacsetoviandoauforeacuperiieda clog da pereanagens. ‘im artg ms ride Aadhoy “Apso Sos caractres eo Dosoigvai"™ tambien handlis das pclae furamenta cretion de personagena eno revel Pint ‘i daviedarttcae represents desta Came ante, deren: Eset personae carton pe temperament. € dada na Sper pclae Manone ri, Asks sonoma bem SUS do material cnet dw romances «por uses € chet do {alotcinasoborvagies potas ts articulres Ue Dontstrks Maw a contpeio nao alam dy observagies fcalaren ~ ‘preciso dizer que a formula de Vyatcheslay Ivénov — afirmar 0 eu otro nl como ojo, nae om ero spt "a these desuberotn lei bene rend aire Pict send pervonaliade”A formal dein eunstore 0 honnane pars apron do trol in maar ere undo rtrrmentaoenfe dage de Dat acnslia ‘preoertadeda personage, pans que frmule de Aktlow€ esos oa de tn pe arin {npn permovaldae, 9 no plano da cognate pe 0 tulad de Dosti fae relents ese ~hrara 8 in tipo FDmintc sje de contra do rman. 7 Soda coleinen: FM. Dosage Sti materia, 1024 1 De outro angulo— do angulo da prépri construcioartistios dos romances de Dostoiévski~ Leonid Grossman foaliza essa mesma, peculiaridade fundamental. Para Grossman, Dostoiévski ¢ acne e tudo 0 eriador de um tipo novo e originalissimo de romance, “Pensamos”~ diz ele - “que, como resultado do levantamento de. sua vasta atividade criativa ede todas as variadas tendéncias do ‘eu espitito, temos de reconhecer que a importancia principal de Dostoiévski nao é tanto na filesofia, psiclogia ou mistica quanto, ‘ncriagio dena pgina nova verdadero gilda histria io romance europeu”." ‘Dovemos reconhecer em Leonid Grossman o fundador do estudo ‘objetivo ecoerente da potica de Dastoiévaki na nossa critic ited, Para Grossman, a peculiaridade fundamental da postica de Dostoiévski reside na violagio da unidade orginica do material, {que requer um enon espocial, na uniffengdo doe elementos mais hheterogénoos e mais incompativeis da unidade da constructo do romance, na violacdo do tocido uno e integral da narrativa. “E: ‘esee" ~ diz ele ~“o prinepio fundamental da eomposigéo do st ro- mance: subordinar os elementos diametralmente opostosda narra- tva A unidade do plano flloséfico e ao movimento em turbilh dos acontecimentos. Combinar numa eriagio artistica confissbes filosficas com inciientes eriminais, ineluir 0 drama religioso na {ula daestoria vulgar, através de todas a peripécias da narrativa de aventura, conduzir as revelagies de um nova mistério eis a6 tates artisticas que se ealocavam diante de Dostiévski eo chara vam a um complexo trabalho eriativo, Contrariando as antigay tadigbes da estética, que exigiacorrespondéncia entre o material ‘eaelaboragio e pressupunha unidade e, em todo caso, homogene dade, afinidade entre os elementos constrativos de uma dada cringio artistica. Dostoigvski coaduna os contrérios. Langa um ‘esatio decidido so ednon fundamental da te 6 superar a maior diffeuldade so, vangélicos, aPalavra de Simiso, Novo Teslogo, ‘ado 0 que alimenta as paginas dos seus romances e dé tom a Toni Gros, Foti asses, “Goeuareennay Aka ‘hudgestvennih nak Mosca, 105 pe a ° je nos seus eadinhos elementos sempre nove mndo erendoque no auge do seu trabalbo erative os ragme crus da reaidade cotidiana, as sensagdes das narrativas ‘eas paginas de inspiragio divina dos livros sagrados dias do goneroe da eomposiqio dos romances de Dostoievk use nada teres The arescentar Mas as expicagios do Gross- than nos pacecen insult. ‘im realign, 0 movimento em turbo dos aontecimentos, por mals potents que ine, © snide do plano foeten, por Thais profunda qu foee,dfeiimente seriam suficientes pare {Pluctonar a mola sumamente complexa e extremament contra ‘lira formulada eam tanta angica eevidneia por Grosamen. {anton movin em a gual ranane cinema ico vulgar pte competi com Dosaivak. Em rela uni- indodo plane totic, este por x6 no pode sere de fundamen fo timo dauniladeartition ‘Achamosincerreta ‘amber a afirmagio de Grossman segundo aquel todo esse material samamenteheterogéneo de Dotanvaki tosume "mara profunda do we estilo e tom". Se assim o fosse tntsooquedistinguria romance de Dostoigvai do tip habitual {eromatee, dames pepe mani aabertiana, que parse ‘Seulpde de um ragment,lapidadae monoltica"” Romance como SSoward et Pewhet, por exeipl,redne material exremamente otro om eros de one, nen beteogenciade ‘a propiaconstcio do romance nao aparece nem pod apareer “ontundamente pr estar subordnada hunidade d etl tom ‘esta! que a penetra inveirament,dunidade de um mundo ede {ima conscience dé a unidade do romance de Dostigval esta {cima d catia pasaleacima do tom pts nos termos em que steno entenides pelo romance anterior « DostaGraki ‘Do ponte de vita da coneepqso monica da unidade do exile por enuanto existe apenas ean concep), o romance deDostokvek Ti: Grocaman Piha Dostoshovo, Monon, 125, , 174175. { poliesttstic ou sem estilo; do ponto de vista da oncepcio ‘monokigica do tom, plies contradirio ems termes de valor, ‘ts énfaescontradtrias ae eram em eadapelevra de uss Gores Seomaterial exmamentebterogine de Dostotra foe Gendoralo ‘num mando uno, corrlatoa uma comaciécia monologca do auton ‘ota de unifcago do incompativd sera desta eel ra Ut artisia mau e som estilo. Fase mindo monolégieo “decompbe-se fatalmente em suas partes integrates, diereneseetranhas uss As cuiras,e dante de ne we entende uma pina exten, absurd ¢ {impotente da Biblia ao lado de uma cbvervegio trad do dro de ceorréncias ou se estnde uma modinha de criado junto com um Gitirambo echilleriano de leg" ‘De fat, o elementos sumamenteincompatves da matéra em Dostoivsk sto distribu entre si por varios mundoe « véian conseinciasplenivalentes, so dados no mum, mas em vias perspectvas equialentesplenas;ndo 6a matéria dretamente, "as iss mundo, esa concn com us horizons que ombinam numa unidade superior de segunda ordem, por asst dizer, na unidade do romance polfnico. O mundo da modinha combina com omundo do ditiramboscilleriano, ohovizontede Smierdiaky se combina com ohorizonte de Dm van, Gaga ‘sete variodade de mundo, asaatéia pode desenvolver a fim aun riginaldadewespetiidede sem romper unidede do todo ‘bem mecanir-ia- Ecomo se diferentes temas decdale aqui se unifieassom na complera unidade do universo ensteiniano (6 evidente que a comparacto do universo de Destoiévski om 0 universo de Einstein € apenas uma comparagio de tipo artistes, @ ‘Mo uma analog centifen. Em outro ensao, Groseman enfoca mais de prto preciaamente samultiplieidade de vowes no romance dostoievakiano. No live Put Dosicieskavo (0 caminho de Dstosskt), el suger mportincia excepional do dsloo a obra dee romanci'a "A forma da con) versa. ou da discuss” cz ele, “nde dferentas pono de Vista Podem donna altemadamente-erefletr matives divers de ‘oifssesopetas aproims-aesobremaneira da personiicagio dessa lool, que oat em etna formacioe nunca chega&extagnagie ‘Now momentos em que um artista contempladar de imagens amo TL. Grassman. Potite Dosticthrs, Mosou, 1025, 9.178 16 Dosti aia gua refleses profane sobre o sentido ds fentmenss os mistro do mud, inte dee dvi apse se ‘sui forma de wots na quale Opin Scomo eva tora ‘Stirs confines aver inquit doom ‘Grossman onde fini ceeds oo ato contra cig da corning de Dosa nan tensa asperada 0 Co ee malumeainacaiserqcecnmecntcc cei atsopquectaoem ute cone. {Site pa retomne ex mun enemovida Perse tcoriar down expan, quo ukrepaaa de fto os tits da tera cetacean ata mt {ida (wo cy day dala) Ge conasencian nisctes corrtaente cao. ronan sind oer coretaente ‘ann carder persona da prep da ei em Doo {swt ca Opn rare tou se vivo naepe> ‘veldavorhumana atri'ada Imran Stet ste ‘Ronolglsebtrate, oa deen Ge bro que 6 Se Crosman relaconaste 6 prncnoenmpsiional de Doe tole anieagio das mates as terpenes © mais {ncnmpdivest mulpinde de cate consienin ns rod ‘Eins um deominaorWeolginchgara bem prt da have treo doe romances dotheatianoe = ini tarot eoeept qu Grose fr do dogo em Dostoigek como forma de dranae de toda dala, fren ‘penlocom dramatize, A ieratwr dade Moderna conocs {punas 0 dlloge dramatic © parsalmente diigo wen, ‘lucia uma simple fmm te expos, a um prcedmenta adage, No entato0 dog drematzo no drama eo digs Etna frm nara sxeram ee arose tnoldurasldacingurbrantaeldomonlog No rama, se lara monolagca no encanta, evidentoment, expresso [aan may allen qos esd moni, Arps Sb dog rantoo ns serie o mando a sr represen ‘to tram malian; ao Gti prs eer atantemente ‘rumiicnclsearae alca nade dee dn ‘T Tponla Gromsman, Put Detoiestovo. Ba, Brokgus- Biron, Leningrad, 1p 810, 2 Bid, pat [No drama ele deve ser constitudo de um fragmento. Qualquor enfinquecinent dese carder monolio leva a etfraguecmento fo dramatismo. As personagens mantém afinidade dialogia na perspectiva do auton dirlan expectadon, no fundo preciso de um {nivern monoeomprsa A conepeso da ago dramtica que el ona tas a posi dialgican¢puramente monoligica A verde ira multiplanaridde destriria o drama, pis ago dramicn ‘meena na unidade do mundo jé no podria relaonare rclver sn moltiplanaridad. No drama, émpostel a combing de pee petivasintegais tuna unde upraperspectiva, pois aconstrago “ramética ni dé sustentdeuloa semelhanveunidade, Por sso, no romance plinieo de Dstigvai dogo aenteamente dramas. tico pode desempenhar apenas papel bastante secundsio? mais subtancal «afmacio de Grossan sand a qual 8 ‘romano de Dostoiéek do alao perodo so mistrin®O mistéio realmente multiplanar até certo panto police, Mas es nlliplanaridae polfnsiade do mistério 6 puramente formal ‘répria construgio do mistério nso permite que mali de ‘coneincias com sous unos edesenvolva er terms de conte ‘Au, deseo ino, etd tao predeterminad,fchadoe one, embora, dig a bor da verdade, no conchido em un plano ‘Noomance polifinico de Dostaivakoproslema nao gira em tomo da forma dalgicacomum de Josdobramento de materia 10s limites de sua eoncopeo monoligien no fundo slid de um ‘mundo material un; o problema giraem torn da tm dalogiet dado, ou ej, da dalogieidae do timo todo. 4 isemoe gue, neste sentido, o todo dramatic 6 monelgc,o romance de Des toieek 6 dialigico, Ndoseconstricomoo odode uma constidncia {que assumu em forma ojelfead, autres conscincias; mas como Sa iment nm ermal ati 2 _Dabserineoreta a irl “romance rag” de Watchin 3 CEL Gromman Put Dxiitone, p10 4 Receptor mati en oni io do ini rnivance no een tan ies ener + Gayo pina ged lp ic ee, Segundo s concept de akin. Bats vs consanemeess Sheps 18 todo dainteragio entre virns consciéneia, dantreas qualsnenhiama econverteu definitivamente em objeto da outra. Essa interacto no {4 contemplador a base para a objetivagéo de todo um evento ‘segundo 0 tipo manoligico comum (em termos de enredo,Iireos ou ‘copnitivos), mis faz dele um participante. O romance no s6 neg. ‘qualquer base sélida fora da ruptura dialogal a uma tereeira ‘conscincia monologicamento abrangente como, ao contnirio, tudo ‘le se consti de maneira a levar a impasse a opasiio dialégica* De dtica de um “terceiro” indiferente, néo se constréi nenhum clemento da obra, Base “tareeiro” indiferente nso est representado de modo algumn no préprio romance. Para ele néo ha lugar na feomposigao nemn na signiicago, Niso nfo consist a fraqueza do ‘sur, mas a sua forea grandioea. Com iso conquista-s uma nova, posigén do autor, que est acima da posigo monoligica. Em seu lio Dostowshi und sein Schicksal, Otto Kaus também indica que a mulipliidade de posicbes ideoldgicas equicompetentes ‘eaextrema heterogeneidade da matériaconstituem a peculiridade fundamental dos romances de Dosteivak, Segundo ele, nenhum autor reuniu em si tantos conesitos,julzas e apreciagies cntraditiios © ‘mutuamente echidentes quanto Dostcivski, 0 maisimpressionante ‘que as cbras deste romancista 6 como se justificassem todos esses ponts de ita contraditrios:cada um dss realmente encontra apoio ‘os romances de Dostoiéva Bis como Kaus caracteriza essa multilateralidade e a multipli- cidade de planos em Dostoiévski: “Dostoitvski € aquele anfitride que se entende perfetamente ‘com 08 mais diversos héepedes, que é capaz de prender a atencio ‘da soviedade mais dispar e consegue manter todos em idéntica tensio, O realista snacrénico pode, com pleno direito, fear mara- vithado com a representagio dos trabalhos foreados, das ruas © Dragas de Petersburgo edo arbtro do regime autocrtieo,enquanto iistico pode, com o mesmo direto, deixar so maravilhar pela ‘comunieagio com Aliécha, 0 Principe Michkin e Ivan Karamszov, 7 Noluralmente, nose trata de antinomia ou oposigto ntre eins ‘Sutrlan nue da opi entre personages ntgrais aa naraiva 19 teste visitado pelo diabo. Os utopistas de todos os matizea podem, encontrar sua alegria nos sonhos do homem ridicule’, de Vierslov ou Stavrdguin, enquanto as pessoas religisas podem ficar com 0 ‘spirito reforgado pela luta que santos e pecadores travam por Deus nesses romances. A snide ea forga, 0 pessimismo radical ea {fe fervorosa na rodencio, a sede deviver ea sede de morrertravam ‘aqui uma luta que munca chega ao fim, A voléncia e a hondade, arrogincia do orgulhoso ea humildade da vitima sao toda amen plenitude da vida consubstanciada em forma relevante em cada particula das suas obras. Cada um pode, com a mais rigoros hhonestidade critica, interpretar a seu modo a ditima palavra do autor. Dostoiévski é multifacéticn e imprevisivel em todos 06 ‘movimentos do seu pensamento artistico; suas obras si saturadas a foreas intenges qu, parecer, sto separndas por sis inteansponiees." De nivelar quaisquerseparagies exceto a separacéo entre ‘oproletario eo captalista, oeapitalismo levou eases mda herlicin f¢s enirelagou em sun unidade contraditria em formagin. Eases ‘mundos anda no havin perdido o sou aspect individ, elaborad ‘0 longo dos séculos,masé no podiam ser autosnuficientes,Termina ‘um acoexisténciacogn entre eles ¢ mite deseonheelmento ideo. sco tranquiloewguro,revelando-e oom toda aclarezaacontradicio «a0 mesmno tempo, omexo de reciprociade entre eles, Em cada atom dda vida vibra esta unidade eontradivria do mundo capitalist e da conseiéneia capitalist, sem permitir que nada se aquiete em seu io- lamento, mas, simultaneamente, sem nada resolver Pi o espirito, {esse mundo em formacio que encontrou a mais completa expres ~ Oto Kas Dostoieuehi un sin Sehisha Resi, 1929, 8.96. 20 na obra de Dostovek, “A poderose influéneia de Dostoigvski em rosea época e tudo o que hi de vago e indefinido nessa influéneia fencontra aauaexplicagio easua tnicajustificagio na pecularidade Tundamental da sua natureza: Dostoigvakiéo bardo mais decidido, coerentee implaedvel do homem da era capitalista, Sua obra néo é ‘um canto fénebre, mas uma caneao de berco do nosso mundo atl, tgerado plo bafejo de fogo do eapitalismo.”* “As expicagoes de Kats so corretas em muitos sentido. Deft, ‘romance polifnio 3 pode ralizar-s na época capitalists. Além do mais, ele encontroa o terreno mais propico jastamente na ‘isin, onde o eapitalismo avancara de maneira quase desastrosa ‘edeixara incblume a diversidade de mundos e grupos socais, que ‘nio afrouxaram, como no Ocidente, seu jolamento individual no proceso de avaneo gradual do capitalism. Aqui, aesséncia con- fradivria da vida socal em formagio, esséncia esse que nfo eabe hos limites da consciéncia monologiea segura ¢ calmamente contemplativa, devia manifestar-se de modo sobremaneira Inaresnte, enguanto deveria ser especialmente plena e patente a individualidade dos mundos que haviam rompids o equilibrio ideoldgico ee chocavam entre si, Criavann-e, com isso, as premis- ‘as objetivas da multiplanaridade easencial eda multiplicidade de vozes do romance polifnico ‘Mas as explicagies de Kaus néo mostram ofato ais explicével, ra, o “eepirito do eapitalisma” éaqul apresentado na linguagem da arte e, particularmonte, na linguagem de uma variedade tepectica do ginero romanesco. Bnocossirio mostrar antes de tudo fs peculiaridades de conatrucéo desse romance multiplanar, Sespejado da costumeira unidado monoligics. Kaus nao resolve tesa questfo. Indicando corretamonto 0 proprio fato da multipla- haridade e da polifonia semntica oe transfere suas expicagies do plano do romance diretamente para o plano da realidade. Seu mérito consiste em absler-se de tarnar monoldgico esse mundo, fem abster se de qualquer tentativa de unificagao e cneiliagso das. ontradigbes que ele encerra:adota a multiplanaridade eo carter tontraditério como momento essencial da propria cnstrugio eda propria idein artistica. T Oo kaus Op. itp 68 a ¥. Komarévitch sbordou outro momento da mesma peculisri- ddade de Dostoievaki no ensaio: Raman Dastoievskove “Podréstoh™ Kak Khudéjestuennce iedinitso (O romance de Dostoisveki "O “Adolescente” como unidade artistica). Ao analisar esse romance, ‘Komardviteh descobre cinco temas isolados, coneatenados apenas or uma relagéofabular bastante superficial, Iso oleva a imaginar lama outra eonexio do lado oposto do pragmatismo tematico. “Arrancando...ragmentos da realidade, evando-Thesempirism0” so extremo, Dostoiévski néo permite um minuto sequer que nos ddeixemos entorpocer pela satisfacéo de identificar esta realidad {como Flaubert ou Tolstd, mas asustajustamonte porque arran- 2, desprende tudo isso da cedeia natural do ral; traneferindo para si esses fragmontos, no transfere para cas conexses naturale da nossa experiéncia: ndo ¢ o enredo que fecha o romance de Dostoiévski numa unidade orginies.”* Bretivamente, rompesse a unidade monoligioa do mundo no ro- ‘mance de Dostaiévaki, mas os fragmentos arrancados da realidad ‘dose combinam, absclutamento, naunidade do romance: esses Fag ‘mentos satisfazem ao horizonte integral desse ou daquee her so, ‘ssimilados no plano dessa ou daguelaconscincia. Seesses fragments sda realidade, desprovidos de conexdes pragmtias, se combinassem {mediatamente emo consonantes lrcoemocionais ou simbolics na “unidade do horizonte monoligico, terfamos diantede nds o mundo de ‘umromntico, de HofTinann, pr exemplo, mas no de Dostoiéva Komaréwvitch interpreta em termos monologicos, até exclusiv ‘mente monol6gieos, altima unidade fora do enredo do romance {de Dostoigvski, embora introduza uma analogia com a polifonia e ‘com a combinacao eontrapantistca de vases da fuga. Influenciado pela estética monologica de Bréder Christiansen, cle entende “unidade fora do enredo, extrapragmtiea do romance como unidade ‘dindmiea do ato volitvo: “A subordinacio teleolgiea dos elementos (enredos) pragmaticamente separados 6, desse modo, 0 principio dda unidade artistca do romance dortoievskiano. Tamnbém nesse sentido ele pode er assomelhado a0 todo artstco na msica polio TEM, Dawa tae, bpd, red. A.D ni i 18 pot i 7 ‘ica: as cinco vozes da fuga, que entram em ordem ese desenvalvem ‘a consondncia contrapontistica, lembram a‘eondugio das vores’ ho romance de Dostoiéski, Essa comparaco, caso seja correta, levard a uma definigao mais genériea do proprio principio da ‘unidade. Tanto na mdsica como no romance de Dostoivakireaiz fe a meoma lei da unidade que se realiza em nés mesmos, no ‘eu” hhumanoa lei da atividede racional, No romance O Adolescente, ‘sve principio da unidade é absolutamente adoquado aquilo que hele simbolicamente representado; o"amor-édio’ de Viersloy por ‘Akhmakova 6-0 simbolo doe arrebatamentas trgcos da vontade individual no sentido da supraindividual; nessa dea, todo o 20 ‘mane foi construido segundo o tipo de ato volitivo individual.”* “Achamos que o erro fundamental de KomarGvitch esta na pro- ‘cura de uma combinagio direta entre 08 elementos da realidade tou entre sériee séries particulares do enredo, jé que se trata da ‘combinagdo de conscléncias auténticas com os seus mundos, Por {ss0, ao invés de uma unidade do acontecimento do qual paricipam ‘vérios integrantes, investidos do plenos direitos, obtémse uma. “unidade vazia do ato voltivo individual. Nesse sentido ele interpreta polifoniade modo absolutamente incorreto. A easéncia da polifo- hia consistejustamente no fata de que as vozes, aqui, permanecem ndopondentes e, como tai, combinam-se numa unidade de rdem superior da homofonia, Eso falarmos de vontale individual, eno @ precisamente na polifonia que ceorre a combinagso de vitias i ‘de principio para além dos Tnaceitavel reduzir a unidade do universo de Dostaiévski a ‘uma unidade individual volitivo‘emocional enfatizads, assim como @ inadmissivel redurir a ela a polifonia musical, Resulta dessa. rredugio que O Adolescente 6, para Komarévitch, uma espécie de ‘unidade lirica de tipo monoldgieosimplificado, pois as unidades do tenredo se combinam segundo suas énfases oltive-emocionais, oa ‘ej, combinam-se segundo o prinetpo lic. ‘Cabe observar que também a comparagio quefazemos do romance de Dostoiévals com a polifoni vale como analogafigurada, A imagem, TPM, Dost, Stati material, . 67.88, {a polfonia edo contraponto indica apenas os novos problemas que ‘seapresentam quando a construgio do romance utrapassa os limites 4 unidade monol6gica habitual, assim como fa masica os novos problemas surgiram ao serem ultrapassads os limites de uma voz "Mas as materias da miseae do romance aio diferentes demals para ‘que se possa falar de algo superior & analogia gurada, & simples metéfors. Mas ¢essa metifore que transformamos no term romance olifico, pois no encontrames designacio mais adequada. O que ‘io se dave 6 esquecer a origam metaforics do nosso terme. ‘Achamos que B, M. Engolgardt entendew com muita profun ‘idade a pecliaridade fundamental da obra de Destotéski, como ‘mostra oseu ensalo Ideolaguitcheshiy roman Dostoievskovo (O Ro. ‘mance Ideoldgioa de Dostoisue), Engelard parte da defnigio sociligica e ideoléyic-cultural do hori om Dostoiévei, O ei intelectual raznoteh- het” que se desligoa da trediso cultural, da solo da terra, 60 ‘portasvor de-um “pov fortulto™. Ele contrairelagtes especias com ‘uma dela 6 indefeco diante dela e ante o seu poder, pois ni crn ‘raizes na existncia e earoce de tradigéo cultura. Converte-se em “homem de idea, obsedado pela ideia. Nelo ideia se converte em ‘ideia-forga, que prepotentemente Ihe detarmina e Ihe deforma a tconseiénes ea vida. A ideie leva uma vida autinoma na conseiéneia ‘do herd: no 6propriamente ele que vive, masela,aideia, eo roman cista néo apresenta uma biografia do heréi, mas uma biografia da deta neste; o historiador do “povofortuito” se tora “historografo da ideia”. Por isso aearacterSstiea motarica dominante do herd 6a dein que o domina ao invés do dominante igri de tipo comms (como em Toisti © Turzuiéniey, por exemplo). Dafa dfinicio, pelo _Rinero, do romance de Dostoigveki coma “romance ideolgca" Este, _porém, néo 60 romance de eins comm, o romance eom une idei, Como diz Engelgaré, "Dostoivski representa a vida da ideia ‘na conseitncia individual ena socal, pois a considera fator determi ante da sociedade intelectual, Mas ndo se deve interpretar a Telectual quo nto pertndia & nobrets na Rus dos seals XVII ¢ apa steal XVI we ce ce tsa ae aa coe pee gage oe cae Sheeran meee Skandia clove a uma altar somim um tipo interamenteexpeiien sce eee ge cyte es eee Gutros grandes artistas de palavrs le mesmo foi um dessos ees gegen tie ow mncnd omic onties SS Spaestusragmcheantees Speen a gains tages are Se cobiecam mreecantuckients Fete ele peeciccne een geen pig einer ir Sr eee eee eeens penne con eee ere CoeioireaaaNc i saa cere eae eee ee en se at Bons Ba mae. dlesenroa simultane ou sucesivamente em eampos on Snteinamente diverse es Dependendo do caster dada que dig conic ea vida do hers gelgrd iting ts poe ane quia pode desenelvr, seaaciods romance O prime plano to meio nul donins Ua ‘ecesidade mecinin: aqui oh Mberdadeeadaato de vontade {LE posal natura di interna O ac lan Pea oem pln or “0 erceloconeio= rar dos mais profunds que podenoa encontrar ee: Dostoiéak"—prosegue Engelard “Tratese dagqucla terra que nto weds dofhosdaguca tera que Aca Katamazoy bejou chorand, higando ,banhado em gras © delirandojuou amar; enim do todas natures, as psoas; ‘mimais as aves, aque jardin maine que 0 Sonor eaves trandosoments de otros muse sermeando-s nesta terra a ealidade superior eaimaltancamenteo mundo onde rans corr «vida artena do esprit, ue aling stad de nuda liberdade. fo tereir reinadoo-reinado do amen dal ser oda herdade total, oreinado da alga eterna, do contentamenta™ ‘Sto eses, segundo Engelgud, oe plans do romance. Cada slemeat da ealidae Sommund exiron an vvencs ca ag Integra foeesamente im des ts plano. Os tras bern So ‘ome de Dos, geri umber dpe sega een planos ‘De que manera ees planes se combinam na unidade do 20- ance? Quai oo prinipoe do sua combina pone =o a cre om representa caps isoladas do Aesenolimentodialtiodo epto.“Nesse sents fora tn trajetiinic gus entre torent pers é pcrrda oracle ‘tueprocuraem su angio acrmasiosncondconal doses Ena B.MC Boggart Op. i, p. Bi. ‘Temas rnc pla: oma do spe han rs (Cine Cat, Damas Pua Roan Kerem Rens pens in de a) mao sonar ae fe Ten re fs fe ae ‘Alaa CE FM Dosa Suk meta Stes 6 diffi! revelar o valor subjetivo dessa trajetdria para o proprio, Doetoigveki"| ‘Besea a concepgéo de Engelgardt. Ela focaliza com muita preci séoas pecularidadesestruturaissumamento importantes das obras de Dostolévaki, tenta coerentemente superar a ideologia unilate- ral eabstrata da percepgio e avaliagio dessas obras. Mas achamos {que nem tudo é correto nesea concepeéo. Ej nos parecem total- Iente incorretas as conclusdes que Bngelgardt faz do conjunto da ‘obra de Dostoisreki no final do seu ensuo, ‘Engolgardt foi o primero a fazer uma definigéo verdadeira da ‘eolocagio das deiss no romance de Dostolévskl. Aqui a ideia nfo & realmente o principio da representagao (como em qualquer ro- qnance), nio 60 leitmotiv da representacho nem a conclusdo dela, {como no romance de ideias, flosfico), mas objeto da represen- gd. Ela 256 principio de visio einterpretagio do mundo, desu formilizacdo no aspecto de uma dada ideia para os herbis," mas indo para o proprio autor, para Dostoigvski, Os mundos dos herdis ‘ho construidos segundo o principio monogico-ideoldgico comum, ‘mo send foster construidas por eles mesmos. A “terra” também ‘apenas um dos mundos que integram a unidade do romance, um {os seus planos. Nao importa que aja sobre ela cert énfase supe tor hierarquicamente determinada em comparacio com 0 “solo” ‘ecom o “meio”, pois a “terra” é apenas um aspecto das ideiss de herbi como Sonia Marmielidova, ostdretz"Zossima e Aliécha “As ideas dos hers, que servem de base a ese plano do romance, ‘so 0 mesmo objeto da representagio, as mesmas “ideias heroines” ‘onso oso asides de Raskolnikoy, Ivan Karamazov e outros. Nao ‘so, em hipéteee algums, rinipin derepresentagéo econstrugio de {edo romance noconjunt, ito 6, nos principio do proprio autor foo attista, pois, caso contrari, verse-ia um habitual romance Fleece de dein. A Enfaes bierdrguiea que reca sobre estas ideias ‘no transforma o romance de Dostoirski num romance monolégico TBM Bngeigart. Opt . 96. ara ivan Karuna como para antr do "Poors Foss” ai ‘ tanbom um poe de reprecantagso do mundo; mas ore qe ‘suber de Denes um aut em poten, ‘Monge, mentor epiritual cefe de rlgionos ou de outros monges ‘Signin sind ano (Nd). comm, em su fundameno tte & sempre mance, pants devi da onstrate baie “pena partipntensnoman msn aa ad co ie ‘een ani on i co ‘conrad tt fee dd rts ere asin fan Karson jor ao qu os rman de Des tata sedstngvem sonnel dre dst ie rome) nana dca do peeritn aar Dg poli Via nna” So noes tomo plano da “ee, romance sian entre no ta ogre pede plan. erent “ti nnd dba” x "pov" scone cn rnp de reresetaro pelos Sen sao uno ums te aE Smo quo cles ante questo co moos ds herd cm mses ea fervem de base, se unm em am mundo do autor, ou sj na mand © romance” A septa de Engl ee porta ¢ ees ‘nels electra ergurcarspondendn emt ete inate na Em reditade a iterrelages dos mundos ou plnoa~ para Engen “meno” eter opp oman ni a Sad beste, hs etna ee acne ee taps dvi ern eps une Ora tics ea Tomance- ox plans desman to determina pl das tn The serve debe = foe seine tras como de ‘sant dlticnuna cada rome nit os lose seas constr segundo mo ten Nome dass ag ne nn oun iy rom as {ue dlc no yor ume loots en fate eae, flo da sri lis ser Italmente aa inte do ste Slninaiao eos snares cn tats alent saperad, Na realidad, «questi € erntr em ontum romance Se Dosefskt ht fra alin coun piston, trlipente "ao ht tormagi, nao cement enacts cons ny eat teal tee sents aoa do romans sents oma trait crea" Naso ada rman, uns sate "0 eo plan do romance bingéfco em Dostiéski~A Vide de urs Grande Prcador, que devia epresntar 8 hatria da formate da niatoaentenperndexire mason queef ate tion pany fermen sano an aaa masts oman pics ent aan toe coo ore no univ 2 Dare ela, sm ne aay saiee nm funn cine oan Ce nie a need semiotics, aan en chr ra as onc) eer merle) ex de uns mo tn cas seiscitcln No: nites pop mann mov dxele, tpn caps c nr eo oma nm iy, lau or pn Non es do ‘sac uve da personage cabana cer ce ciening exon nem cet, ge pacer my mete se Seamer maleate de Dodo pole vo ces ere sono forage alts do amps, cae eae ent dmc annie do 2 Pei ens tafe rinses cos emcigte agn. aa eee Satara dsliiesda cages a ere aearr te fag ae So Sree tens tna dovmkt “tars Se ee ae tenencdaatien nae sre apes frmayi doe fo eps Ca ete stn Engr tr san aide unver e Doses endo etm caer we toamvave ddeicemmte narrate en sa stan acai unm os deat dln ese re chan eno un meng si. Bee ae to ldlione miso pr airnar a mane eer arena etc eet stoma coe. Fe ee toe mace npameneearn «De SE LES ler ¢prtntanent pais, Se poses a rea co qn dn cand a caer ri iconv dovtsemana sagen ea ee Soe Sas ae eee seer ne separ Rue No ier gerry ae ee Ree ~ 4 Iga como comuhto de las imi onde se reinem Sores ini pono rec angen done Jet mulpicdade de plans se tanfere pra ead onde Iitimpenitnteserrepenidos coenados esl Ese Gum tp deimagem ao estl do prove Destsraou melhor deco loge ‘epasiaesnug dino noe patna ann asa propria imagem dala no pea do imagem se craton Aarne ‘esl polo romance venient da interpreta iol scundria que tae tena aompanad, hs toss ta consid do propio Dntlsve. As rlai artistas onene tnt os plana do roan eas combina na unde da Sea ‘leven ser exlcads «masta com baw na mat do rman, ‘0 “espirito hegeliano” e a “Igreja” desviam dessa tarefa imediata, Selevantarmon a questi dan ase oes exerts que tomaram possivel a constrain do romance police, o qe sa ‘menos teres defer ecorrr fats deere sje, por Sais rofundes que aga. Se ctr mulplanar e 9 aapto ‘ontrdttiofhrem dra Doin po elo peed apeas ‘oi ato da vida pessoal como multilicdade de planes «contra Gade aoa do veo duto Dati ev a cv teria rind un rune monligis qu foaliara oman contadria do epnn smang eas caren cntvamens concep beeliann Em realidad poem, ofrmmncia encore 8 multipidade de plans ea cntraradade ef caps de pore laine, set vr el ee Neo ens os panos oso eps, as extncan, oa lags contr Aitras etre es no cu cmin acendente ou deeds Aboindvtan, nasum ead dasradae A multipictadede nee ‘ ocarater contra a realidad social ras da Sr fa xpd pc pra pea arouse romance polinic. Dosti foi eubjioamente um participa doa contraitria maltipidage dh plancs do seu emp dou Se eethaa,pasoa de una cours ne enti rao estan na ida on ee ra para cle elapas da nial ile sun formag epiital ls experiencianavdinl er rotund ne Dette nthe atrial expresséo mondgea mediate uu obra Bao expe “Hingl apenas o adi a entender coms mals prafnddade as 0 amplascontradigdes que existom extonsivamente entre os homens, ‘Chio entre as ideins numa cnnseitneia. Desse modo, as contradigbes bjetives da epoca determinaram a obra de Dostoigvski no no plano da erradicagio individual dessas contradigées na histéria, ‘spiritual do esertor, mas no plano da viséo objtiva dessas con tradigbes como forgas coexstentes,simultlneas (6 verdade que de tum fingulo de visio aprofundado pela vivencia pestol) "Agui nee aproximamos dea peculiaridade muito importante da ‘yinko artstica de Dostoiéveki, pecaliaridade essa que no foi Tnteiremente compreendida ox fi subestimada polo seus ritios. A subestimegio desea pecullaridade lovou até Engelgardt a conchi- ‘hes falaas A catngoria fundamental da visio artistic de Dostoiés- Tinto éa de formario, masa de ccexaténiae interagdo Dostoitvaki via pensava sea muindo predominantemente no espago, ¢ no nO tempo, Dafa sua profunda atragio pela forma dramétca’ Toda & ‘atria semantica que Ihe era acessivel ea matéria da realidade ele procurava organizar em um tempo sob a forma de eonfrontagio ‘ramétics e procurava desenvoWve-las extensivamente. Um artista ‘como Goethe, por exemplo, tende para a série em formagéo. Procura percober todas as contradigGes existentes como diferentes etapas de ‘Em desenvolvimento no, tendeaver em cai fendmeno do presente jum veetigio do pastedo,o pice daatualidade ou uma tendéncia do [uturo; como consequéncia, nada para ele se dispbe num plano ‘extensivo, Best, om todo caso,atondéncia fundamental dasua visio ‘econcepgio do mundo “ho eontrario de Goethe, Dostoiévski procura captar as elapas proprianente ditas em sua imultancidade,confronti-las econtrapo- Tes dramaticamente, endo estendé-las numa em formagio. Para te interpretar o mundo implica pensar todos os seus contetidos como ‘Smuléneoseainarhe as interelapes er cote temporal Tizca tendéncia sumamentecbstinada a ver tudo como cnexistente, pereeber e mostrar tudo em contigudade e simultancidede, como {gue situado no espago endo no tempo leva Dostoiski a dramatisar ‘ho espago até aa contradighs e etapas interiores do desenvolvimento Mas, como dasemos sem presn remain de um mundo monoligico 2 Sabre ssa ie Condes 1916. ode Gost, Goethe, deG-Zimel, Goethe, Acampreenso precisa do “psicologimo” de Dstoivski como visio realista-objetiva da coletividade contratsra das psiques dos outros leva eonsequentemente Kirpin &correta compreenso da poifonia

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