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Anita conheceu Pedro quando ela tinha dezesseis anos e era diretor da peça na qual ela estava

atuando. Primeira peça, primeira vez, foram morar juntos. Como se tratava de um homem
responsável e respeitado, os pais consentiram. Também porque o pai não aguentava a filha
adolescente artista libertária dentro de casa. Três semanas depois, ela chegou tarde em casa porque
ficou conversando com as amigas. Ele chapado gritou com ela. Vaca, puta. E passou-se um ano.
Burra. Louca. Ela várias vezes acreditou nisso. Depressão. Não tinha mais vontade de sair. As
amigas chamavam. Vou ficar em casa com ele. Vagabunda, preguiçosa, Imbecil. Uma das muitas
noites que ele chegou tarde em casa, encontrou Anita no chão do banheiro. Overdose de remédios.
Não teve jeito. No dia do enterro, era também a grande estreia da última peça de Pedro, com a
presença de globais, ele não podia ir despedir-se de Anita, o pai dela entendeu.

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