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Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

EDUCAÇÃO LITERÁRIA|GRAMÁTICA

1. Lê o poema.

Mar. Manhã
Suavemente grande avança
Cheia de sol a onda do mar;
Pausadamente se balança,
E desce como a descansar.

Tão lenta e longa que parece


De uma criança de Titã
O glauco1 seio que adormece,
Arfando à brisa da manhã.
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Parece ser um ente apenas


Este correr da onda do mar,
Como uma cobra que em serenas
Dobras se alongue a colear.

Unido e vasto e interminável


No são sossego azul do sol,
Arfa com um mover-se estável 1. glauco: verde-claro; verde-azulado.
O oceano ébrio de arrebol2. 2. arrebol: luz do amanhecer.
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E a minha sensação é nula,


Quer de prazer, quer de pesar…
Ébria. de alheia a mim ondula
Na onda lúcida do mar.

PESSOA, Fernando (2008). Poesia do Eu


(ed. Richard Zenith). Lisboa: Assírio & Alvim, pp. 36-37.

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ENC12COP © Porto Editora


Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

2. O poema transmite impressões causadas pelo movimento do mar.


2.1. Descreve as impressões transmitidas.
2.2. Transcreve do poema as expressões que personificam esse movimento.

3. Identifica os recursos expressivos presentes nos versos 11 e 12, comentando o seu valor.

4. Identifica os versos que mostram que o quadro descrito não deixa marcas emotivas no
sujeito poético.

5. Identifica a(s) temática(s) da poesia de Fernando Pessoa ortónimo afloradas no poema,


fundamentando a tua opção.

Nota: As questões 2.1., 2.2., 3. e 4. foram retiradas ou adaptadas da Prova Escrita de Português B, 1997 (1.ª Fase, 1.ª Chamada)

SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS
“Mar. Manhã” (p. 7)

Educação Literária
2.1. Impressão visual do movimento gradual da onda do mar, que cresce, balança e decresce suavemente (vv. 1-4);
impressão de respiração de uma criança adormecida (vv. 5-8); impressão do rastejar contínuo e calmo de um animal (vv. 9-
12).

2.2. Exemplos: “como a descansar” (v. 4), “seio que adormece / Arfando” (vv. 7-8), “oceano ébrio” (v. 16).

3. Recursos expressivos: comparação (“Como uma cobra…”), aliteração do “c” e do “s”, uso expressivo do adjetivo
(“serenas”). Expressividade: estabelecimento de uma analogia entre o movimento da onda e o rastejar da cobra, que
permite visualizar o movimento da onda do mar, sugerindo a continuidade, a suavidade e o ritmo pausado desse
movimento.

4. vv. 17-18.

5. Temáticas do fingimento poético e dor de pensar. Na última estrofe do poema, o sujeito poético refere que o quadro
descrito não o emociona (vv. 17-18) e em que dá conta da forma lúcida, intelectualizada e distanciada com que apreende a
realidade

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