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António Ramos Rosa Poetas contemporâneos

EDUCAÇÃOLITERÁRIA|GRAMÁTICA

1. Observa o mural de Vihls.

1.1. Infere a intenção comunicativa subjacente ao mural.

2. Lê os dois poemas de António Ramos Rosa.

Não posso adiar o amor


para outro século
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas O grito claro
De escadas insubmissas
Não posso adiar este abraço de fechaduras alerta
que é uma arma de dois gumes de chaves submersas
5 amor e ódio e roucos subterrâneos
onde a esperança enlouqueceu
Não posso adiar de notas dissonantes
ainda que a noite pese séculos sobre as costas dum grito de loucura
e a aurora indecisa demore 5 de toda a matéria escura
não posso adiar para outro século a minha vida sufocada e contraída
nem o meu amor nasce o grito claro
nem o meu grito de libertação
ROSA, António Ramos, Op. cit., pp. 29-30.
Não posso adiar o coração
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3. Faz uma análise comparativa dos poemas, preenchendo o quadro.

“Não posso adiar o amor “O grito claro”


para outro século”
Temas ___ a. ___ ___ b. ___
Assunto ___ c. ___ ___ d. ___
Valor simbólico do ___ e. ___ ___ f. ___
“grito”
Aspetos do ___ g. ___ ___ h. ___
contemporâneo
representados
Recursos expressivos ___ i. ___ ___ j. ___
predominantes e
respetivo valor
Estrutura formal ___ k. ___ ___ l. ___

4. Relaciona os dois poemas com o mural de Vihls.

5. Lê expressivamente um dos dois poemas, após preparação da leitura.

GRAMÁTICA RETOMA

1. Lê as afirmações seguintes, proferidas aquando da morte de António Ramos Rosa.

António Ramos Rosa


“A ele devemos uma escrita límpida, que, pela sua lucidez poderosa, iluminou
a poesia portuguesa desde a segunda metade do século XX até aos nossos
dias”, escreve o presidente da República, destacando também o “cidadão empenhado
na defesa da liberdade”. António Ramos Rosa foi um resistente político a
Oliveira Salazar, destaca Cavaco Silva, afirmando que, apesar da morte do poeta,
“a sua voz permanece viva”.
“Reações à morte de António Ramos Rosa, o escritor que ‘iluminou a poesia
Portuguesa’”[Em linha]. Público [Consult. em 05-01-2017].

1.1. Analisa a forma como o discurso de Cavaco Silva se encontra reproduzido:


a. indicando as modalidades de reprodução do discurso utilizadas;
b. identificando os verbos introdutores do discurso relatado;

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c. referindo os mecanismos gráficos utilizados para delimitar o discurso reproduzido.

SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS

“Não posso adiar o amor”, “O grito claro” (p. 54)

Educação Literária

1.1. Sugestão de tópico a abordar: representação de uma atitude de esperança e de comprometimento social.

3. a. Amor/fraternidade, opressão/liberdade. b. Opressão/liberdade. c. Constatação da necessidade de cultivar o amor/a


fraternidade, mesmo em condições adversas. d. Descrição do contexto de opressão que dá origem à necessidade de
libertação através do grito. e. Grito como forma de denúncia e libertação. f. Grito como forma de denúncia e libertação de
uma situação insuportável. g. Presença do “ódio”, e de um contexto sufocante/ asfixiante (“montanhas cinzentas”, vv. 5-6;
“ainda que a noite pese séculos”, v. 11) – sugestão de um contexto repressor (cf. ditadura salazarista). h. Contexto
sufocante e repressor, conotado com o aprisionamento (“fechaduras”, “chaves submersas”,“subterrâneos”, vv. 2-4) –
sugestão de um contexto repressor (cf. ditadura salazarista). i. Recursos expressivos que contribuem para a representação
do sujeito poético como alguém que sente necessidade de agir de forma a construir a fraternidade e a denunciar a
crueldade: anáfora (“Não posso”, vv. 1, 2, 7, 10, 13, 16), metáfora (“o grito sufoque na / garganta”, v. 3; “o ódio estale […]”,
v. 4; “a noite pese séculos”, v. 11), gradação / enumeração sindética (“estale e crepita e arda”, v. 4), repetição (“montanhas
cinzentas”, vv. 5-6), uso expressivo do adjetivo (“cinzentas”, vv. 5-6 ,“indecisa”, v. 12), antítese (“amor e ódio”, v. 9),
hipérbole (“a noite pese séculos”, v. 11). j. Recursos expressivos que contribuem para a descrição de um contexto de
sufoco e repressão: enumeração e uso expressivo do adjetivo com valor metafórico (“escadas insubmissas”, “chaves
submersas”, “roucos subterrâneos”, “notas dissonantes”, “matéria escura”…) e a sinestesia (“roucos subterrâneos”, v. 4;
“matéria escura”, v. 8; “grito claro” v. 10). k. Versilibrismo (quatro estrofes com diferentes números de versos, métrica
irregular, ausência de esquema rimático). l. Versilibrismo (estrofes com diferentes números de versos, métrica irregular,
ausência de esquema rimático).

4. Intenção comunicativa semelhante: apelo à luta / comprometimento social.

5. PowerPoint®
Leitura em voz alta

Gramática

1.1. a. Discurso direto (“A ele devemos uma escrita límpida, que, pela sua lucidez poderosa, iluminou a poesia portuguesa
desde a segunda metade do século XX até aos nossos dias”; “a sua voz permanece viva”), discurso indireto (“apesar da
morte do poeta”). b. “escreve”, “destaca”, “afirmando”. c. O discurso direto é reproduzido entre aspas; o discurso indireto
não é delimitado graficamente.

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