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1. Contextualização histórica
2. Cantigas de amigo
- Cantigas mais simples, escritas sobre o ponto de vista da mulher (eu poético feminino - a
amiga ), que por norma encontra-se em ambientes naturais (fontes, romarias, rios,
praias…), que podem servir como seu confidente.
- Muitas vezes associadas a ambientes como as romarias ou as peregrinações, onde as
jovens procuram o amor.
- O sujeito poético: uma jovem (solteira) donzela, enamorada, geralmente do povo, que
pode dirigir-se ao amigo, “namorado”, à própria mãe, a amigas e irmãs ou mesmo ao santo
de que ela ou a mãe são devotas.
- A jovem encontra-se à espera do seu amor, seja à espera que os barcos (descobrimentos)
voltem, seja desnudada e a banhar-se, ou mesmo a lavar roupa no rio. Os poemas estão
associados, frequentemente, à alegria do reencontro, à amargura resultante do abandono
ou suposto esquecimento, à angústia da espera, à devoção e à festa religiosa, enfim, à
caracterização do sentimento amoroso.
- Diversidade significativa de sentimentos e estados emocionais, normalmente relacionados
com cenários do campo, do rio e do mar..
- Estas composições eram musicadas para posteriormente serem interpretadas nas cortes
(saraus) dos grande senhores.
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2.1 Estrutura das cantigas de amigo
Nas cantigas de amigo predomina um acentuado caráter musical, obtido quer através de
jogos fónicos, quer do ritmo apropriado ao canto e à dança, quer ainda através de
processos como:
- Refrão
- Paralelismo: repetição, com cadências fixas, de segmentos textuais e/ou de
elementos temáticos, dispostos alternando elementos invariantes (repetidos sem
modificações) e elementos variantes (submetidos a variações mínimas, de forma
e/ou de significado)
2.1.1 Linguagem e recursos
3. Cantigas de amor
Esta modalidade poética tem na sua origem a poesia provençal, mas distingue-se dela pela
adequação aos nossos costumes e pela maior sinceridade.
- Sujeito lírico assume-se: um homem que exprime sentimentos de amor por uma senhora,
designada simplesmente como mia senhor, senhor fremosa (regras de cortesia e pela
descrição, uma vez que esta, sendo possivelmente casada, não podia ser identificada).
- A dama é geralmente fruto da imaginação do trovador, conjugando com uma vivência
espiritual do amor, em detrimento do amor físico.
- A figura feminina é normalmente idealizada, perfeita física e moralmente. A sua
superioridade transparece no elogio cortês. As suas qualidades são muitas vezes
justificadas pela intervenção divina. Por tal motivo, ela torna-se inacessível e o poeta
percebe-o desde que a vê.
- O sofrimento a que se sujeita, a coita de amor, representa a devoção amorosa que é
devida à mulher amada e assemelha-se à atitude de vassalagem na relação entre o
cavaleiro e o senhor feudal.
- Sofrimento devido à distância a que a amada o coloca e do desprezo que revela por ele, a
ponto de enlouquecer e matar.
- Elogio do amor cortês e à caracterização da coita de amor→ convencionalismo (pela frequência
com que o poeta deseja morrer de amor, pelos atributos divinos)
- O principal cenário é a corte ou o ambiente palaciano. A influência da poesia provençal,
tanto na escrita como na temática (língua provençal – langue d’oc), está muito presente.
- Amor impossível e a vassalagem amorosa, sempre acompanhada de mesura (timidez,
reserva, autodomínio). O sofrimento é a base do relacionamento amoroso destas canções,
o eu poético sofre constantemente pelo amor incansável, proibido, impossível.
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A classificação formal indica-nos dois tipos de composição: cantigas de refrão e cantigas
de mestria (sem refrão).
Desconcerto Traição dos fidalgos na guerra Decadência da nobreza, conflito Satiriza as canções de amor,
do mundo. Granada e guerra civil (D. entre jogral e trovador, assim ironiza o amor corte- fingimento
Sancho II – D. Afonso III) como critica à avareza. poético.
Ridicularizam costumes, atos sociais e políticos sem identificar Criticam de forma explícita e ofensiva
claramente a pessoa em causa. A linguagem é hábil e ambígua e aquele que é sujeito à observação
recorre à ironia e sarcasmo, com que marca o distanciamento do autor. satírica. Não há lugar para a ironia
A canção de escárnio tenta gozar com estrutura das cantigas de amor e/ou amigo
através: • O elogio à dama é substituído pela critica explicita. • A caracterização abstrata
das qualidades da dama dão lugar a uma muito concreta dos seus defeitos. • A morte pelo
amor é frequentemente criticada, em particular através do excesso.
Linguagem e recursos: Ironia e sarcasmo; Jogos de palavras. Polissemia. Equívocos
(interpretação errada de alguma coisa)