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CURSO DE LITERATURA CACD 2020

PROF. ZILMAR SILVA


AULA 1 – RENASCIMENTO CULTURAL
Séculos XVI e XVII:
• Renascimento
• Maneirismo
• Barroco

➢ Universal condição humana (valores permanentes e atualizáveis)

Contexto Histórico:
 Desenvolvimento do comércio [cruzadas]
 Surgimento da burguesia e das cidades
 Aliança entre reis e a burguesia [formação do Estado Moderno]
 Invenção da Imprensa [Gutenberg, 1430]
 Divulgação da Cultura clássica [greco-romana]
 Grandes Navegações [expansão europeia]
 Capitalismo mercantil [metalismo] ➔ capitalismo industrial ➔
capitalismo financeiro

Renascimento, Renascença ou Renascentismo


(século XIV ao fim do século XVI)

➔ Trecento (século XIV):É um momento de transição entre a Idade Média e a


Idade Moderna em que se nota o despontar de questões humanistas, além
das inspirações clássicas. Além disso, na pintura a tridimensionalidade marca
essa ruptura como estilo anterior: o estilo gótico.
Referências: o pintor Giotto, e os literatos Dante Alighieri, Francesco
Petrarca e Giovanni Bocaccio.

➔ Quattrocento (século XV): É uma fase de consolidação das artes, com a


difusão de diversas obras e artistas. Representa o auge do renascimento
artístico e cultural na Itália e por isso, pode ser chamado de Alta Renascença.
A busca da beleza e da perfeição das formas, inspirados na cultura greco-
romana, são uma marca do período. Ainda que os temas explorados estejam
relacionados a religião, muitos artistas dessa fase utilizaram a mitologia e
outros temas pagãos para expressar nas obras. Presença do mecenato.
Referências: Leonardo da Vinci, Sandro Boticelli.

➔ Cinquecento (século XVI): Nessa fase, os artistas já começam a se distanciar


dos temas religiosos e assim, notamos a mescla dos temas religiosos e
profanos nas obras.
Nessa época, o estilo renascentistas e consolida em diversas partes do
continente europeu: Portugal, Espanha, França e Alemanha. Note que, nesse
período, o movimento renascentista começa a entrar em decadência e já
começam a surgir obras no estilo maneirista e barroco.
Referências: Rafael Sanzio e Michelangelo e na literatura, Erasmo de
Roterdã e Nicolau Maquiavel.

Principais Características do Renascimento:


o Humanismo
o Individualismo
o Racionalismo
o Antropocentrismo
o Cientificismo
o Universalismo
o Antiguidade Clássica[classicismo]

Os Conceitos da renascença:
➢ O primado da razão: sobriedade, simetria e simplicidade
➢ Equilíbrio da harmonia: forma e fundo
➢ Universalismo: apego a valores elevados, impessoais, transcendentais (Bem,
belo, verdade e Perfeição)
➢ Culto da Antiguidade Clássica: presença da mitologia greco-romana
➢ Imitação (verossimilhança): dos autores da Antiguidade considerados
modelos de Perfeição
➢ Ideal ético-estético: conforme os gregos a ideia de Beleza estava sempre
associada à de Bem
➢ Obediência a regras de composição: predileção por formas fixas a pela
simetria

AULA 2 - PERÍODO ELISABETANO


A ERA DE OURO INGLESA [1558-1603]

Contexto Histórico:
 Período de progresso: mercantilismo & expansionismo marítimo
 Guerra Protestante: perseguição aos católicos
 Consolidação da igreja anglicana
 Importantes vitórias militares: superação da Armada espanhola de Felipe II
 Valorização e desenvolvimento das artes: grande influência da Antiguidade
clássica, especialmente dos latinos Sêneca e Plauto; atores ganham status de
profissionais liberais; construção e democratização dos teatros

O teatro Elisabetano:
o Inspirado nos circos da época: usava, no início, locais improvisados e abertos
o Modelo de representação: a audiência era colocada como cúmplice da peça e
chamada a colaborar ativamente com a representação
o Aproximação entre palco/plateia: personagens falam através de “solilóquios”
e “a partes”
o Ausência de atrizes: jovens atores que assumiam um tom de voz feminino
o Ausência de decoração e de “efeitos especiais”: potencializava a concentração
na expressão gestual, mímica e verbal dos atores
o Mistura de gêneros: mescla as tradições poéticas e teatrais da cultura clássica,
tragédias gregas, contos medievais e
comédias italianas, dentre outros
o Um teatro popular e de periferia: era
popular, mas tinha má reputação. As
autoridades de Londres o proibiram na
cidade; por isso que os teatros se
encontravam do outro lado do rio Tâmisa,
na Zona de Southwark ou blackfriars, fora
das competências das autoridades da
cidade

O tempo e a obra de William Shakespeare


William Shakespeare [1564 - 1616]

Características centrais do seu teatro:


o Ausência de unidade de tempo e lugar no sentido clássico;
o Enredo principal e sub-enredos;
o Distinção não rígida de gêneros (em tragédias possuem cenas de comédia
ou vice-versa ...);
o Variação da quantidade de personagens (Ex.: Em uma peça existem 12
personagens, já em outra existem 50);
o Gêneros mais utilizados: tragédias, comédias e dramas históricos;
o Versos brancos, rimados e prosa.

Períodos do teatro shakesperiano


➔ 1º período [até 1594]:
o Influência de autores romanos e dramaturgos elisabetanos,
especialmente Thomas Kyd e Christopher Marlowe, assim como pelas
tradições do teatro medieval
o Construção formal e versos estilizados;
o Gosto pela peça de fundamentação histórica: dramatização dos
resultados destrutivos da corrupção do Estado
 Peças históricas: Henrique VI [1589-1592]; Ricardo III [1592-
1593];
 Comédias: A comédia dos erros [1592]; A megera
domada[1593-1594]; Os dois cavaleiros de Verona [1594];
 Tragédia: Tito Andrônico [1593-1594]

➔ 2º período [1594-1600]:
o Predileção pelo amor e pela comédia;
o Amadurecimento na construção de personagens mais complexos: a
oscilação entre o cômico e o dramático, expande suas identidades;
o Desenvolve um profundo lirismo e poeticidade
 Peças históricas: Henrique V [1595]; Ricardo II [1595];
 Comédias: Sonho de uma noite de verão [1595]; O mercador
de Veneza [1596]; Muito Barulho por nada [1598]; As alegres
comadres de Windsor [1600]
 Tragédia: Romeu e Julieta [1594]; Júlio César [1599]
➔ 3º período [1600-1608]:
o Peças de maior profundidade e profundo debate acerca da alma
humana;
o Gosto pelo sombrio e pelo psicológico;
o A linguagem poética é utilizada como instrumento extremamente
dramático, capaz de registrar o pensamento e as várias dimensões de
determinadas situações existenciais;
o Mais alta força dramática e significativa ao devassar as relações
interpessoais e do indivíduo com o Estado, governantes e governados.
 Tragédias: Hamlet [1599]; Othelo [1604]; Macbeth [1606]; Rei Lear [1605];
 Comédias: Trólio e Créssida [1608]; Tudo está bem quando acaba bem [1601-
1608]; Medida por medida [1604];

➔ 4º período [após 1608]:


o Relativização do trágico;
o Peças menos sombrias do que as tragédias;
o Momento de busca pelo equilíbrio e por uma maior serenidade;
o Peças com um tom mais grave de comédia, com suas personagens
reconciliando-se ao final e perdoando todos os erros uns dos outros;
 Tragicomédias: Tímon de Atenas [1599]; Cimbelina [1611]; Conto de Inverno
[1610]; A tempestade [1611];

Principais Gêneros Literários clássicos:


1. Gênero Dramático: “palavra representada”

O gênero dramático envolve a literatura teatral em prosa ou em verso, aquela


para ser apresentada e encenada. Do grego, a palavra “drama” significa “ação”.
Por esse motivo, o diálogo é um recurso muito utilizado,
Elementos: a tríade essencial: o autor, o texto e o público.
Tipificação: Auto; Comédia; Tragédia; Tragicomédia; Farsa.

2. Gênero Lírico: “palavra cantada”

O Gênero lírico apresenta textos em versos por meio de uma linguagem


poética, de caráter sentimental com predominância da subjetividade do eu-
lírico (primeira pessoa).
Elementos: eu-lírico.
Tipificação: Elegia; Poesia; Ode; Écloga; Haicai; Soneto(estrofes), Sátira.

3. Gênero Épico: “palavra narrada”

O gênero épico representa a mais antiga das manifestações literárias e abarca


as narrativas histórico-literárias de grandes acontecimentos, com presença
de temas terrenos, mitológicos e lendários.
Elementos: narrador (quem narra a história), enredo (sucessão dos
acontecimentos), personagens (principais e secundárias), tempo (época dos fatos)
e espaço (local dos episódios)
Tipificação: Épico; Fábula; Epopeia(cantos); Novela; Conto; Crônica; Ensaio;
Romance (capítulos)
Lei das 3 unidades do teatro grego Manguebeat é um movimento e
Enredo [Arte Poética de Aristóteles]: contracultura surgido no Brasil a
1. Tempo partir de 1991 em Recife,
Pernambuco, que mistura ritmos
2. Espaço
regionais, como o maracatu,
3. Ação
com rock, hip hop, funk e música
eletrônica.

Gêneros literários modernos

• Romance: narrativas longas, com vários conflitos e uma complexa rede de


personagens;
• Novela: narrativa de tamanho mediano, com poucos conflitos;
• Conto: narrativa curta e com conflito único;
• Crônica: textos narrativo-reflexivos cuja temática é vinculada ao cotidiano
das cidades;
• Poema: textos escritos em verso que apresentam visões particulares sobre
si, a existência ou a própria linguagem;
• Canção: gênero híbrido entre a literatura e a música;
• Drama histórico: peças de teatro cuja temática vincula-se a um fato
histórico;
• Teatro de vanguarda: obras teatrais produzidas sob influência das
vanguardas europeias no século XX.

Aula 3 – Leviatã de Hobbes na Obra Shakesperiana

Contexto Histórico:
o Guerra civil na Inglaterra: Revolução Puritana [1642-1649]
o Opositores: Apoiadores de Carlos I x Parlamentaristas (Oliver Cromwell);
o Decapitação de Carlos I [1649]: traz o fim da ideia de caráter divino e da
autoridade incontestável do rei;
o Após a guerra:
• República ditatorial de Cromwell;
• Restauração da Monarquia “parlamentar” (Carlos II)

A teoria Política: origem do Estado

Hobbes ≠ Aristóteles
Contrato Social origina o Estado A Virtude é a origem do Estado
(origem legal e jurídica) (origem está na excelência e virtude)
Capítulo XIII (Estado de Natureza)
• Jus naturale: direito natural
• O homem pré-social: estado de natureza
• A igualdade: todos os homens são iguais porém são maus
• O sentimento de conservação e o medo da morte: a busca por perpetuar
a existência e pelo medo se busca o poder
• A natureza humana: natureza de conflito (“A vida em um estado de natureza
é solitária, pobre, brutal, cruel e terrível”)
• O estado de guerra: a guerra de todos contra todos
• O medo é a origem do mal: o homem vive com medo e por medo faz o mal
ao outro (“O homem é o lobo do próprio homem”)
• Causas da divisão entre os homens: desconfiança, discórdia e a glória

Capítulo XVII (Contrato Social)


• Resultado do medo: o horror ao caos e para sair dessa condição de guerra
de todos contra todos surge um pacto social
• Abdicação da liberdade e transferência da segurança: o homem decide
abdicar das suas liberdades políticas e transfere a realização da própria
segurança para outro executar (Rei/Assembleia)
• Contrato Social: os homens criam o Estado para que garanta a segurança
dos indivíduos
• A função do Estado: é garantir a segurança dos indivíduos, o Estado serve
ao povo
• Ruptura com o conceito de Poder Divino: Hobbes tira a justificativa do
Poder Real de Deus e coloca no Povo (implícito conceito de representação)

“(...) realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada
homem: Cedo e transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com
a condição de transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as suas acções. Feito isto, à
multidão assim unida numa só pessoa chama-se Estado, em latim civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã, ou antes
(para falarem termos mais reverentes) daquele Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, a nossa paz e defesa....

Pensadores Contratualistas
Hobbes John Locke Rousseau
Os indivíduos escolhem os
Os indivíduos
seus representantes por
transferem a Todos iriam participar
um processo democrático
Contrato Social responsabilidade
(transferência por meio
das decisões, não há
organizacional ao condição censitária.
do debate) → voto
Estado
censitário
Garantir os direitos
inalienáveis (à Vida, à Garantir os direitos de
Garantir a
Função de Liberdade e à todos (interesse
segurança dos
Estado indivíduos
Propriedade) dos seus coletivo), não somente
pares, os representáveis, os representáveis
burgueses
Não deve existir
Propriedade Do Estado Dos indivíduos
propriedade privada
Conflituosa, O indivíduo como uma
Estado de
homem mau pela tábula rasa. A sua Naturalmente bom, mas
Natureza necessidade da natureza é nem boa nem a sociedade o corrompe
Humana sobrevivência mau
AULA 4 & 5 - A LITERATURA INFORMATIVA

➢ Período da Conquista (Primeiras manifestações literárias)


Literatura sobre o Brasil Século XVI [1500 – Quinhentismo]
a. Literatura Informativa (Crônica dos viajantes)
b. Literatura jesuítica (Literatura catequética ou de evangelização)
➢ Período Colonial (Literatura Lusobrasileira; Transplantada)
Literatura no Brasil
a. Século XVII [Seiscetismo] (Barroco: 1601-1786)
b. Século XVIII [setecentismo] (Arcadismo; Neoclassicismo; 1768-1836)

Contexto Histórico:
o Expansionismo marítimo dos portugueses;
o Reflexo histórico do Renascimento (Grandes Navegações);
o Colonização portuguesa na América;
o O ideal “salvacionista”
Aspectos Centrais:
o Função: informar;
o Conteúdo: riquezas da terra recém “descoberta”;
o Destino: Metrópole; El-Rey; Coroa Portuguesa;
o Forma: cartas, relatórios, mapas, tratados;
o Valor: histórico, documental (não há literariedade – valor artístico);
o Tipologia textual predominante: descrição;
o Características:
• postura renascentista de se “maravilhar” com o Novo;
• Exaltação das riquezas naturais e humanas da terra;
• Tendência ao exagero, às intensificações;
• Caráter predominantemente denotativo, referencial;
• Gérmen de nativismo;
o Intencionalidade (caráter e preocupações):
 Mercantil: exploração das riquezas da terra;
 Propagandística: divulgar os aspectos positivistas da terra para o
necessário “povoamento”;
 Pedagógico: processo de ensino-aprendizagem;
 Projeto “salvacionista”: a evangelização dos nativos.
o Proposições históricas:
 Escambo: permuta de artigos manufaturados europeus pela riqueza
nativa;
 O conflito “cultural” entre dois mundos;

TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco
começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia,
quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos
e flechas, que todos trocaram por carapuça sou por qualquer coisa que
lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e
galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO,S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, PORTINARI, C. O descobrimento
1996. do Brasil. 1956. Óleo sobre tela.
AULA 6, 7 & 8 - BARROCO
Contexto Histórico:
o Capitalismo mercantil;
o Formação de Estados Nacionais;
o Colonização a partir da Península ibérica-portuguesa;
o Aliança entre Reis e burguesia;
o Reforma Protestante x Contrareforma.

A origem: surge no final do Renascimento Histórico durante um período de intensas


crises: econômica; religiosa; e existencial do homem europeu

Aspectos centrais:
1. A arte da Contrarreforma: é uma arte religiosa, sacra, eclesiástica
identificada com os valores da Igreja católica.
2. Arte do conflito: a forte presença do contraste, das contradições, dos
antagonismos, do desequilíbrio, da desarmonia;
3. Dualismo: o homem barroco (burguês em crise) se encontra num
dilacerante dilema. A divisão entre uma postura renascentista e uma postura
medieval

Postura caráter Valores


Bens
antropocêntri terrenos Pecado Perdição
renascentista co (Homem)
Materiais

Postura Valores
caráter Bens
celestiais Perdão Salvação
Medieval teocêntrico
(Deus)
espirituais

4. Valores antitéticos: os valores são opostos a partir dos valores


contrastantes do dualismo, porém complementares;
5. Fusionismo: o homem, em crise, busca superar os conflitos; no entanto, tal
busca é inviabilizada pela CULPA encetada pela Igreja católica na
Contrarreforma;
6. Fruição do tempo: a constatação da passagem do tempo, acentua a angústia
e o pessimismo à medida que surge a consciência da brevidade, da
transitoriedade, da fugacidade das coisas e da vida;

A Linguagem Barroca
O Sistema Literário

Quando a atividade dos escritores de um dado período se integra em tal sistema, ocorre
outro elemento decisivo: a formação da continuidade literária, – espécie de
transmissão da tocha entre corredores, que assegura no tempo o movimento conjunto,
definindo os lineamentos de um todo. É uma tradição, no sentido completo do termo, isto
é, transmissão de algo entre os homens, e o conjunto de elementos transmitidos,
formando padrões que se impõem ao pensamento ou ao comportamento, e aos quais
somos obrigados a nos referir, para aceitar ou rejeitar. Sem esta tradição não há
literatura, como fenômeno de civilização (CANDIDO, 2014, p.25-26).

Manifestações literárias ≠ Literatura propriamente dita

Formação Literária Brasileira: Arcadismo & Romantismo


Crítica: Sequestro do Barroco (Haroldo de Campos [conceitos da estética]:
Sousândrade) & o “paradigma hegemônico da formação” e o seu viés eurocêntrico
(a emulação de modelos estrangeiros - dependência intelectual brasileira)

“‘questão da origem’ se soma a da identidade ou pseudoidentidade de um autor


‘patronímico’. Um dos maiores poetas brasileiros anteriores à Modernidade [caso
Gregório de Matos], aquele cuja existência é justamente mais fundamental para que
possamos coexistir com ela e nos sentirmos legatários de uma tradição viva, parece
não ter existido literariamente ‘em perspectiva histórica’”

Principal Característica: a preocupação com a construção de uma nação moderna

Concebe a literatura como integração de autores, obras e público em um sistema


articulado e não mais como uma pluralidade aleatória – ainda que cronologicamente
próxima – de autores e obras, concebidos como independentes de uma articulação
visível em um sistema”
(A leitura na Formação da literatura brasileira de Antonio Candido)

Critérios do Sistema Literário:


1. Línguas ➔ Autor
2. Temas ➔ obra
3. Imagens ➔ público

A palavra formação, (...) distinguindo manifestações literárias,


de literatura propriamente dita, considerada aqui um sistema de obras ligadas por
denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes duma fase.
Estes denominadores são, além das características internas, (língua, temas, imagens),
certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que
se manifestam historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização.
Entre eles se distinguem: a existência de um conjunto de produtores literários, mais
ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, formando os diferentes
tipos de público, sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor, (de modo
geral, uma linguagem, traduzida em estilos), que liga uns a outros. O conjunto dos três
elementos dá lugar a um tipo de comunicação inter-humana, a literatura (CANDIDO,
2014, p.25).
Produção Literária Luso-brasileira: Quadro Cronológico

Literatura Brasileira
Era Colonial: Literatura Transplantada
Era Nacional: Busca da Identidade nacional
1. Fase Romântica: Afirmação da Identidade nacional visão idealizada e ufanista
2. Fase Modernista: posição crítica e irônica da realidade discussão da ideia de pátria

Era Movimento
Tipo Literário Marco Inicial Principais Autores e Obras
Literária Literário
Literatura
José de Anchieta [Ilhas Canárias]
Informativa, 1500[século XVI]/
Quinhentismo Carta (Pero Vaz de Caminha)
Jesuítica ou
Era catequética
Colonial 1601 [século Gregório de Matos [BA]
Seiscentismo Barroco
XVII/XVIII] Prosopopeia (Bento Teixeira)
Arcadismo/ 1768 [Século
Setecentismo Obras, Cláudio Manoel Costa [MG]
neoclassicismo XVIII]
Suspiros poéticos e saudades, Gonçalves
Romantismo Romântico 1836
de Magalhães
Realismo, Realismo Memórias Póstumas de Brás Cubas,
Naturalismo e Naturalismo 1881 Machado de Assis
Parnasianismo parnasianismo O Mulato, Aluísio de Azevedo
Simbolismo Simbolismo 1893 Missal e Broquéis, Cruz e Souza
Pré- Pré-
1902 Os Sertões, Euclides da Cunha
modernismo modernismo
Era
1922 [Semana da Macunaíma, Mário de Andrade;
Nacional 1ª geração
Arte Moderna] Oswald de Andrade; Manuel Bandeira
Graciliano Ramos; Jorge Amado; Rachel
2ª geração 1930
Modernismo de Queiroz e José Lins do Rego
Laços de Família, Clarice Lispector;
3ª geração [de
1945 Grande Sertão: veredas, Guimarães Rosa;
45]
Vida e Morte Severina, J. Cabral de Melo N.
Pós-
Concretismo 1950/1956
Modernismo
TROVADORISMO
Idade Média.
Cantigas (poesias acompanhadas de música e cantadas pelos trovadores)
Cantigas líricas (de amor ou de amigo) e cantigas satíricas (de escárnio ou
de maldizer).

HUMANISMO
Poesia Palaciana (mais elaborada do que as cantigas).
Gil Vicente (teatro moralizante).
Fernão Lopes (crônicas que retratavam a sociedade da época).

CLASSICISMO
Renascimento. Antropocentrismo (valorização do homem), Racionalismo
(valorização da razão), valorização das artes clássicas (volta à antiga cultura grega
e romana), paganismo (elementos mitológicos da cultura antiga, como os deuses
gregos).
Os Lusíadas (Camões): poema épico, valorização do homem (que é capaz de
desbravar o mar e ir além), universalismo (conquista do mundo), paganismo
(deuses e figuras mitológicas influenciam na aventura). Os portugueses são vistos
como heróis (por causa da Expansão Marítima).

QUINHENTISMO
Grandes Navegações. Descobrimento do Brasil.
Literatura de Informação (A Carta de Caminha) e Literatura de
Catequese (padre José de Anchieta).

BARROCO
Oposições , conflitos, dualidades (fé x razão, corpo x alma, pecado x virtude, vida
x morte).
Cultismo (linguagem complexa, jogo de palavras, inversões, excesso de metáforas e
de figuras de linguagem e vocabulário complicado) e Conceptismo (jogo de ideias,
raciocínio lógico).
Autores: Gregório de Matos (Boca do Inferno) e padre Antônio Vieira.

ARCADISMO
Equilíbrio e simplicidade. Predomínio da razão sobre a emoção
"Fugere urbem" (a cidade é um ambiente ruim), preferência pela natureza (ambiente
bucólico e pastoril), "carpe diem" (aproveitar o tempo).
ROMANTISMO
Indianismo: independência do Brasil, identidade nacional, patriotismo,
nacionalismo. O índio e a natureza são símbolos nacionais.
Ultrarromantismo: pessimismo profundo, depressão, saudosismo, individualismo,
frustrações. Geração "Mal do Século".
Condoreirismo: questão social. Castro Alves ("Poeta dos Escravos")

REALISMO
Mundo visto de maneira realista, tal como ele realmente é.
Crítica ao comportamento social da época (burguesia, clero, adultério)
Análise psicológica dos personagens
Machado de Assis (destaque).

NATURALISMO
O homem é um objeto de estudo.
Observação, experiência e descrição dos fatos.
Linguagem científica.
Raul Pompeia (autor de O Ateneu) e Aluísio de Azevedo (autor de O Cortiço e de O
Mulato).

PARNASIANISMO
Vocabulário rebuscado, busca pela perfeição poética.
"Arte pela arte".
Linguagem objetiva e descritiva. Olavo Bilac.

SIMBOLISMO
Subjetivismo, mergulho no "eu", subconsciência, misticismo (cosmos e
espiritualidade), explicação da realidade por meio de símbolos (metáforas,
imagens).

PRÉ-MODERNISMO
Transição entre o estilo literário conservador (século XIX) e o estilo literário
moderno (século XX).
Oscilação entre esses dois estilos.

MODERNISMO
Início com a Semana de Arte Moderna.
1ª Geração (1922 - 1930): linguagem coloquial e livre (poesia sem rimas nem
métrica, totalmente livre e despreocupada com a gramática), com temas inspirados
no cotidiano das pessoas. Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.
2ª Geração (1930 - 1945): prosa regionalista. A linguagem usada nos livros possui
as características de suas regiões. Graciliano Ramos (autor de Vidas Secas), Jorge
Amado (autor de Capitães de Areia), Rachel de Queiroz (autora de O Quinze) e José
Lins do Rego (autor de Fogo Morto). Poetas: Carlos Drummond de Andrade, Cecília
Meireles e Vinícius de Moraes.
3º Geração (1945 - 1960): Os romances urbanos, regionalistas e intimistas. Clarice
Lispector (autora de Laços de Família), Guimarães Rosa (autor de Grande Sertão
Veredas), João Cabral de Melo Neto (autor de Morte e Vida Severina), Nelson
Rodrigues (no teatro).
Periodização da Literatura Francesa
Periodização da Literatura Inglesa
British Literary Periods
The Eight Periods of American Literature
Period Ages Books Main Authors
Late 1500s-1620 Native American &
Age of Exploration
1620-1720 The Puritan Age
The Age of
Enlightenment
1820-1865 The Romantic Age
1865-1895 The Age of Realism
1895-1920 The Age of Naturalism
1920-1945 The Age of
Disillusionment
1945 - Present The Age of Anxiety
American Literary Periods
World Literary Periods and Movements
História da Arte - Linha do Tempo

5.000.000 a 3200 a.C. 3200 a.C. ao séc. IV d.C. Séc. IV d.C. ao XIV Séc. XIV ao XIX Séc. XIX até 1950 A partir de 1950
PRÉ- HISTÓRIA ANTIGÜIDADE ARTE MEDIEVAL ARTE MODERNA ARTE PÓS- MODERNA ARTE
CONTEMPORÂNEA
- Paleolítico -Aparecimento da escrita -Deus centro do RENASCIMENTO: ARTE ACADÊMICA IMPRESSIONISMO: DADAÍSMO: Pintura
–Neolítico que sucede até a queda do universo; (Perfeição a partir da arte Clássica) Pintura baseada nas irracional, sem sentido,
-Idade dos Metais; império romano. Período -Arte distante do -Do teocentrismo Medieval o homem diversas variações da cor debochada, satírica.
-Primeiras das grandes civilizações, povo, direcionada avança para o humanismo e coloca- se da luz. Pintavam ao ar Reflete um espírito de
manifestações como a Mesopotâmia, para os nobres e como centro do universo. livre, procurando fixar em insatisfação e tédio, pois
artísticas, pinturas Egito, Grécia, e Roma. a religião -Descobre que existem outros povos que suas telas a luminosidade surgiu num período de
e gravuras Mesopotâmia: Arte Bizantina: habitam o planeta; e a atmosfera do saturação cultural.
encontradas nas Construções em adobes mosaico -Surge a renovação artística e cultural. ambiente. Desordem dúvida
paredes das (tijolo preparado com argila Românica: uso de -Os artistas voltam a estudar o corpo Artistas: Manet, Monet, improvisação.
cavernas, dança e crua e secado ao sol); rosáceas para humano, procurando perfeição e harmonia Cézanne, Degas, Renoir. Artista: Duchamp
música, Também outros povos se facilitar a das formas, buscando inspiração nos
instrumentos desenvolviam ao mesmo iluminação Greco-Romanos: esculturas como a Pietá EXPRESSIONISMO: Surge FUTURISMO: Pintura
musicais. tempo. (Pirâmides Quéops, interna dos de Miguel Ângelo Buonarotti, Giotto é o em oposição ao dinâmica, vertiginosa,
Quéfren e Miquerinos) templos; percursor do renascimento, mas Leonardo impressionismo e reflete a compatível com a
Egípcio- Góticos: da Vinci é considerado um dos maiores angústia e a instabilidade velocidade da era da
Grande civilização.Povo teocentrismo gênios da humanidade. do período entre a máquina. Usam formas
excessivamente religioso e atingiu seu primeira e segunda Guerra geométricas para dar
místico, toda sua vida girava apogeu, toda a BARROCO: Mundial. Pintura movimento.
em torno da crença de que vida do homem -Foi utilizada em relação a arte porque os deformada de imagens e Artista: Duchamp
a alma voltaria a habitar o deveria ser artistas não observam mais as rígidas da realidade, emocional,
mesmo corpo. voltada para o regras estabelecidas no renascimento. sentimental, utilizando OP ART: Propõe
Monumentos funerários, aspecto religioso -No Barroco predomina o aspecto temas como o amor, o participação ativa do
religiosos. Lei do e as igrejas emocional, juntamente com o sentimento ódio, a miséria, o medo, a contemplador na obra.
frontalidade. deveriam tornar- religioso. solidão, a prostituição e Criação em série,
Grécia: se amplas e mais -Abundância de detalhes, violentos outros. simboliza o mundo
Basicamente ligada aos altas. contrastes de luz e sombra. Artistas: Van Gogh, Munch precário.
templos (Colunas Dórica, ROCOCÓ: Artista: Vassarely.
Jônica e Coríntia). -É graça elegância, erotismo e inspiração FOVISMO: Deformadores
-Buscavam no homem e na mundana. de imagens da realidade POP ART: Evidencia o
vida inspiração (padrão de -Os pintores deste estilo usam pinceladas por isso em suas telas não cotidiano, o comum.
beleza). rápidas, leves e delicadas. produzem sentimentos, Exagero de formas para
-Uso da figura geométrica -O desenho é decorativo. mas simplesmente chamar atenção.
ou cenas mitológicas. -As cores são claras e luminosas. sensações, impulsos vitais. Expressão do vulgarismo
-Nus femininos. É uma pintura que agride americano valorizando
-Teatro (arena). ARTE NEOCLÁSSICA: por suas cores fortes e produtos fabricados e
-Tendência artística e literária que surgiu quentes. O desenho e a consumidos em massa.
Romanos- em contraposição as idéias do Barroco e do forma estão em segundo Artista: Warhol
-Construções mais típicas Rococó. plano.
são templos, basílicas, -Este estilo representa a restauração ou Artista: Matisse ARTE CONCEITUAL
circos, teatros, anfiteatros, reconstrução das formas artísticas da VIDEOARTE
e aquedutos; Antigüidade Clássica e Greco – Romana. CUBISMO: Simplificação e PERFORMANCE
-Decoração de paredes geometrização da forma. INSTALAÇÕES
-Retratos. ROMANTISMO: Abandono da terceira
-Há a valorização do exótico, do pitoresco, dimensão. Trata as formas
do fantástico e do aventuroso. como se fossem cones,
-Delacroix é o expoente máximo da pintura esferas e cilindros.
romântica. Artistas: Pablo Picasso,
-Alto relevo, liberdade de Mondrian.
composição,exuberância de cor vermelho,
contraste de luz e sombra, pinceladas ABSTRACIONISMO: É uma
livres. pintura cuja forma não
possui qualquer relação
REALISMO: com as imagens ou
-Surgiu contrapondo a idéia do aparências da realidade
romantismo. exterior.
-O avanço tecnológico fez com que os Artista: Kandinsk,
homens se voltassem para o real, concreto, Mondrian, Paul Klee,
o científico, o objetivo. Começa a surgir Duchamp.
grandes edifícios de ferro, concreto e vidro,
muito aço. SURREALISMO: Sem
-desaparecem das pinturas os santos, preocupação estética ou
histórias e literários. moral baseia-se
-O pintor só pinta o que viu e o que está inteiramente no comando
vendo. do subconsciente.
-Artista: Rodin Baseado no valores do
sonho e suas associações.
Artistas: Dali, Miro,
Picasso.
XVIe SIECLE XVIIe SIECLE XVIIIe SIECLE

Mouvements L’HUMANISME LE BAROQUE LE CLASSICISME LES LUMIÈRES


Littéraires Idéal esthétique et humain représenté par
Conception artistique née dés la fin du Ce mvt d’idées s’exprime depuis fin XVIIème mais prend
Une pensée qui consiste à valoriser l’Homme, à les écrivains de la seconde moitié du XVIIe
toute son ampleur avec l’entreprise de l’Encyclopédie
XVIème siècle. Le mot vient du : Les «Classiques»
le placer au centre de son univers.
portugais barroco “perle irrégulière”.

Époque XVI°s Env. 1610-1660 Env. 1660-1680 Env. 1751- 1772


L’humanisme développe une nouvelle Marqués par les guerres de religion, En réaction contre l’exubérance du Les écrivains des Lumières s’engagent afin de
image de l’Homme, libre et épanoui. Il convaincus de l’incertitude du Baroque, le classicisme cherche à créer répandre le savoir et de favoriser l’exercice de la
s’élève contre les terreurs du Moyen Âge, devenir de l’homme, les écrivains des modèles, en fondant chaque raison, contre
Principes
au nom d’un retour à l’Antiquité, mais baroques défendent l’exubérance des genre littéraire sur des règles de les ténèbres de l’ignorance et du despotisme. Ils
aussi de l’intelligence et du savoir. formes. Ils témoignent de la fantaisieconstruction claires et rigoureuses. Il refusent toute vérité imposée par l’autorité religieuse
et de la virtuosité de l’artiste. revendique l’usage d’un style simple et ou
naturel. politique.
• placer l’Homme au centre des • refuser la codification des genres • instruire le lecteur et le spectateur, tout • développer l’exercice de la raison critique
Objectifs préoccupations morales et philosophiques. en mêlant le sublime et le grotesque. en le distrayant. • combattre l’intolérance et les préjugés
•encourager les sciences et le savoir, ainsi • revendiquer la liberté et • retrouver le naturel et • diffuser les connaissances des sciences et des
que la lecture des textes antiques l’imagination l’universalité des caractères et des techniques
• répandre toutes les formes • exprimer l’intensité des sensations passions. • défendre les valeurs de liberté et d’égalité.
d’art éprouvées au contact de la nature. • établir et respecter des règles strictes,
pour chaque genre littéraire.
Le roman, l’essai, le portrait, Le théâtre, le roman, la Le théâtre, la fable et le portrait qui L’essai, le pamphlet, les lettres philosophiques, le
Formes La littérature didactique Poésie (jeux sur la forme) favorisent l’analyse morale et dictionnaire, le conte philosophique, le roman
privilégiées la poésie, l’épître psychologique.
• la méditation sur l’Homme • l’illusion et l’instabilité, les • la peinture des caractères, des désirs et • l’analyse des formes du
Thèmes et sur soi métamorphoses du monde et des des sentiments humains fanatisme et de la superstition
essentiels • le dialogue incessant du êtres •la confrontation de l’indivi- • le regard critique porté sur
maître et de l’élève • les déguisements, les masques et du avec les contraintes sociales, les préjugés, les coutumes et
• l’instruction du Prince et les miroirs, les jeux sur l’identité politiques et morales les mœurs.
des Puissants sur leurs •les incertitudes du bonheur toujours • l’idéal d’équilibre et d’honnêteté • l’idéal de tolérance et de
devoirs. menacé reconnaissance des autres.
• la quête du bonheur.
Procédés -l’usage des sentences et des -l’antithèse, les effets de contraste et - utilisation de maximes, - dialogue argumentatif
d’écriture maximes, l’hyperbole -litotes (pour respecter laBienséance) -ironie, implication du lecteur
-la citation de la Bible et des -le théâtre dans le théâtre & la - parallélisme & symétrie - éloquence
textes de l’Antiquité, complexification de l’intrigue
-interpellation du lecteur romanesque
T. More (L’Utopie,1516), D’Urfé (L’Astrée,1607-1619) ; Corneille (Le Cid,1637), Raci- Montesquieu (Lettres persanes,
Erasme (Eloge de la folie,1509), D’Aubigné (Les Tragiques, ne(Andromaque,1667), Molière 1721), Voltaire (Candide,1759),
Ecrivains &
Rabelais (Pantagruel, 1532 et 1616) ; Corneille (L’Illusion (L’Avare,1668), La Fontaine Rousseau (Du contrat social,1762)
œuvres Gargantua,1534) ; Montaigne Comique,1636) ;Viau (Œuvres (Fables, 1668-1693), La Diderot (Encyclopédie,1751-1772)
(Essais, 1580-1588)…. poétiques,1621) Bruyère (Les Caractères,1688) Beaumarchais…
XIXe SIECLE

Mouvements LE ROMANTISME LE REALISME LE NATURALISME LE SYMBOLISME


Littéraires
Mouvement littéraire et artistique en rupture Mvt né de l’influence des sciences, de la
Courant artistique en réaction contre École poétique née dans le prolongement de la poésie
avec les règles, le goût et le médecine expérimentale et des
l’idéalisme et le lyrisme du romantisme de Baudelaire. En réaction contre le naturalisme.
Beau classiques. débuts de la psychiatrie.
Époque Env. 1820-1850 Env. 1830-1870 Env. 1870-1890 Env. 1869- 1896
Le romantisme revendique une Les écrivains réalistes veulent S’appuyant sur les découvertes de L’écrivain symboliste se donne pour mission de
sensibilité nouvelle reposant sur peindre la réalité de leur temps. Ils la science, les écrivains naturalistes suggérer l’existence d’um univers supérieur et
l’exaltation du sentiment, le goût représentent l’ensemble des milieux transposent dans le roman les lois invisible dont le monde réel n’est que le reflet. Il
Principes
pour le passé, le rêve et la nature, sociaux, même les plusdéfavorisés. de l’hérédité et du milieu sur s’oppose ainsi au réalisme et à l’idéologie de la
la défense des opprimés au nom l’individu. Ils s’inscrivent dans la science et du progrès.
de la liberté. Il s’oppose ainsi au continuité des réalistes.
goût et à la tradition classique.
• libérer les genres littéraires des • rejeter toute forme d’idéalisation • montrer la transmission héréditaire • recréer les correspondances entre le langage, le
Objectifs règles strictes fixées par la tradition de la réalité d’une fatalité biologique, d’une monde de l’art et le monde naturel.
• exprimer les sentiments et les • peindre d’une manière objective « fêlure » au sein même d’une famille • exercer un pouvoir évocateur et suggestif sur
souffrances profondes des individus tous les aspects de la société • mettre en évidence l’influence du l’imaginaire du lecteur
• retrouver l’harmonie du moi avec contemporaine contexte familial • reproduire dans le texte l’harmonie de la musique
le monde à travers la communion avec la • démonter les mécanismes • décrire les fléaux sociaux (la pros-
nature. économiques et sociaux conduisant titution, l’alcoolisme) qui sont une
l’individu à la réussite ou à l’échec menace pour la société
L’autobiographie, le drame, le roman et la Le roman et la nouvelle Le roman, la nouvelle + adaptations Le poème, qui par sa puissance
Formes nouvelle, les formes de au théâtre des œuvres romanesques évocatrice, fait accéder au monde
la poésie lyrique. des symboles.
privilégiées
• la solitude du moi, inquiet et • l’apprentissage de la vie, l’initia- • les malheurs du peuple • la création d’un paysage fluide &
Thèmes révolté, mélancolique et habité par tion sentimentale • les instincts et les pulsions que mystérieux, qui incarne un état
essentiels la nostalgie du passé • le rayonnement de Paris, centre l’individu ne peut contrôler d’âme
•la nuit et ses mystères ouvrant sur des affaires & des plaisirs • l’exploration de l’univers nouveau • la solitude et le silence du poète
le merveilleux • la puissance de l’argent et du créé par la révolution industrielle • la présence du blanc (neige, page
• le dialogue avec la nature pouvoir politique blanche, brouillard)
• Le pittoresque du M-Âge
Procédés -mélange registre comique & - multiplication des détails vrais -enquête préparatoire + document -harmonie dans les sonorités
d’écriture tragique - la description utilisé dans l’œuvre - vers classique, vers blanc, vers libre
-langage hyperbolique - niveaux de langage adapté aux - alternance des points de vue + - symboles dans les images poétiques
-enjambements, rythme ternaire en personnages et aux situations utilisation style indirect libre - utilisation d’un langage énigmatique
poésie - amplification épique des lieux, des
personnages, des objets.
Lamartine (Méditations poéti- Balzac (La Comédie humaine,1842 – Zola (Les Rougon-Macquart (1871 – Verlaine (Sagesse,1880) ; Mallarmé
ques,1820) ; Hugo (Hernani, 1848) ; Stendhal (Le Rouge et le Noir 1893) ; Goncourt (Germinie Lacerteux, (Poésies, 1899) ; Laforgue (Les
Ecrivains &
1830),Musset (Lorenzaccio, 1830) ; Flaubert (Madame Bovary, 1865) Complaintes,1885)
œuvres 1834), Chateaubriand(Mémoi- 1857) ;Maupassant (Une vie,1883)
-res d’Outre-tombe, 1848)
XXe SIECLE
Mouvements
Littéraires
LE SURREALISME L’EXISTENTIALISME LE NOUVEAU ROMAN
Mouvement artistique né au lendemain de la 1re notion philosophique issue de; elle s’illustre dans Nom d’un ensemble d’œuvres romanesques
guerre mondiale dans le prolongement diverses œuvres. marquées par la déconstruction du roman
d’Apollinaire et de Dada. traditionnel. (Paraissent aux Éditions de Minuit)

Époque Env. 1924- 1969 Env. 1968- 1960 Env. 1950-1980


Le surréalisme cherche à créer un langage Les écrivains de l’absurde représentent une image Le Nouveau Roman refuse le développement
poétique qui exprime la puissance du rêve et tragique de l’homme, voué à la solitude et de l’intrigue et de la psychologie du roman
du désir. Il s’appuie sur la psychanalyse pour confronté à un univers dépourvu de sens. traditionnel. Il cherche à créer des formes
Principes
revendiquer l’importance du hasard dans la narratives originales, qui reconstituent la
création poétique. complexité du monde en fragmentation.

• explorer l’univers de la magie, du rêve et de • combattre les illusions, qui donnent • faire du roman un laboratoire de formes
Objectifs la folie une image idéalisée de l’homme d’écriture nouvelles
• combattre la censure exercée par la morale • mettre en évidence l’absurdité de la • créer nouveaux personnages : anonymes
et la raison condition humaine et impersonnels
• célébrer l’intensité de l’amour fou, source de • montrer les limites du langage dans • restituer la pensée à travers le chemine-
création la communication ment de la conscience

Formes Poésie, collages, maximes.. Le roman, la nouvelle et surtout le théâtre Le roman


privilégiées
• le hasard, la coïncidence • solitude de l’homme qui se sent • présence entêtante et obsessionnelle des
Thèmes • la liberté et la force créatrice du rêve Etranger dans le monde Objets
essentiels • fascination de la femme, qui réalise la fusion • l’écoulement infini du temps (pas de •le souvenir & les images du passé
du rêve, du réel et du désir Passé, ni d’avenir) • le labyrinthe (ville ou errance interne)
• le vide dans un espace sans repères
• vanité des actions humaines.

Procédés - écriture automatique qui consiste à écrire - jeux sur le langage : jeux de mots, Clichés, - description objective, froide & précise
d’écriture sous la dictée de l’inconscient humour noir, dérision - déconstruction de la chronologie, trouée
- jeu sur les mots, association libre.. - mélange registre comique & tragique Par les jeux de la mémoire
- métaphores : rapprochement de réalités - effets de rupture dans les dialogues - la répétition et la variation des mêmes
éloignées Scènes, mises en série
Breton et Soupault (Les Champs magnéti- Sartre (La Nausée,1938 ; Huis Clos, Robbe-Grillet (Les Gommes,1953);Butor
ques, 1919) ; Eluard (L’amour la poésie, 1944) ; Camus (L’étranger, 1942) ;
Ecrivains & (La Modification, 1957) ; Sarraute (Le
1929) ; Aragon (Le Paysan de Paris, 1926) Ionesco (La cantatrice chauve, 1950 ; Planétarium, 1959) ; Duras (Le Ravisse-
œuvres Breton (Nadja, 1928) ; Desnos (Corps et Le roi se meurt, 1962) ;Beckett (En Ment de Lol V. Stein, 1964)
Biens (1930)
attendant Godot, 1953) ; Adamov
(Le ping-pong, 1955)
AULA 9

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