Você está na página 1de 11

A importância do afeto na primeira

infância
A falta de afeto na infância pode causar consequências psicológicas graves? Graças aos
estudos sobre o apego e os efeitos da separação de bebês e mães, sabemos que a
resposta para essa pergunta é positiva.

O afeto e os vínculos de apego entre o bebê e os pais durante a primeira infância são
necessários para o desenvolvimento adequado da criança. Tanto é assim que uma
separação das figuras de apego, dependendo do tempo e da duração, pode ser
devastadora.

René Spitz estudou os distúrbios psicológicos em crianças de orfanatos e crianças


hospitalizadas que foram separadas de suas mães. Ela descobriu que casos graves de
falta de afeto na primeira infância podem levar à morte.

A maneira como uma pessoa se relaciona com o mundo e com os outros ao longo da sua
vida é condicionada pelos laços que ela estabelece com a família e com o entorno
durante seus primeiros anos de vida.

Para formular sua teoria do apego, John Bowlby estudou como o vínculo entre a mãe e
o bebê é formado, enquanto Mary Ainsworth descreveu os diferentes padrões de apego.
Neste artigo, revisaremos seus trabalhos e as descobertas de Spitz.

Apego: definição, importância e padrões


O apego é um forte vínculo afetivo estabelecido entre a criança e a figura de
referência (geralmente a mãe), que os leva a ficar juntos. Ele é importante para
promover a exploração do entorno e facilitar o aprendizado, além de favorecer o
desenvolvimento físico e mental adequado.

John Bowlby estudou como esse vínculo se forma e se desenvolve. Ele aparece pela
primeira vez durante a fase 3, ou seja, a partir dos 7 meses de idade,
quando a ansiedade de separação e o medo de estranhos começam a ser
evidenciados. Nos dois estágios anteriores, a criança pode demonstrar preferência por
um dos pais, mas não reage no caso de separação.

Mary Ainsworth projetou uma situação em laboratório chamada de “situação estranha”,


que permitia estudar as separações entre as crianças e suas figuras de apego
de maneira controlada. Ao observar o comportamento das crianças diante da
separação e reunificação, ela pôde descrever três padrões de apego:

 Grupo A: apego inseguro do tipo evitativo/rejeitador/elusivo.


 Grupo B: apego seguro.
 Grupo C: apego inseguro do tipo ambivalente/resistente.
Esses padrões de apego são considerados universais e aparecem em diferentes
culturas. Posteriormente, foi identificado um quarto tipo de apego: o apego
desorganizado/desorientado (Grupo D).

Efeitos a curto prazo da separação das figuras de


apego
A separação do bebê das figuras de apego antes dos 6 meses não parece causar tantos
problemas, uma vez que o apego ainda não está totalmente estabelecido. No
entanto, entre os 6 meses e 2 anos de idade, as crianças são especialmente vulneráveis à
ansiedade de separação.

Bowlby, após estudar os efeitos da separação a curto prazo e a evolução dos


sintomas depressivos da ansiedade, descreveu três fases:

 Fase de protesto. Dura entre uma hora e uma semana e começa quando a
criança percebe que está sozinha. Caracteriza-se por comportamentos ativos de
luta para recuperar a figura de apego, sinais de chamada (choro, grito, etc.)
e recusa de ajuda de outras pessoas. Se ocorre uma reunificação, os
comportamentos de apego se intensificam.
 Fase de ambivalência ou desespero. A criança mostra um aumento da
ansiedade e desespero e pode ter comportamentos regressivos. Antes da
reunificação, ela pode agir com desinteresse ou até hostilidade.
 Fase de adaptação. A criança se adapta à nova situação e pode formar novos
vínculos com os novos cuidadores.

Efeitos a longo prazo: depressão anaclítica,


hospitalismo e marasmo
Nos casos em que a criança é incapaz de se adaptar à perda, podem ocorrer sérias
consequências, como retardo intelectual, problemas de socialização e até a morte. Além
disso, Spitz afirma que a separação precoce da mãe pode causar diferentes doenças
psicológicas.

Seus estudos foram baseados na observação direta de crianças que vivem em orfanatos e
crianças hospitalizadas por longos períodos de tempo. Ela também fez uma comparação
entre o desenvolvimento de filhos criados em instituições e filhos criados em prisões
femininas com suas mães.

A depressão anaclítica é um tipo de depressão causada por privação emocional


parcial, ou seja, que dura entre 3 e 5 meses. Os sintomas podem desaparecer alguns
meses após a criança retomar o relacionamento emocional com a mãe, com a figura de
apego, ou quando é adotada e forma novos laços.

Também é conhecida como síndrome de hospitalismo, pois foi observada em crianças


abandonadas às portas de alguma instituição que pudesse cuidar delas (hospital,
orfanato, convento, etc.).
O termo hospitalismo é usado para descrever alterações físicas e psicológicas
profundas em crianças abandonadas ou que foram hospitalizadas por um longo
período de tempo.

Nesse entorno e sob essas condições, os sintomas depressivos costumam ser crônicos, e
surgem problemas cognitivos e sociais. Entre as alterações mais importantes descritas
por Spitz neste quadro estão:

 Retardo do desenvolvimento do corpo.


 Retardo da aquisição de habilidades manuais.
 Menor uso da linguagem.
 Baixa resistência a doenças.

No caso de a privação afetiva ser total, o quadro pode evoluir até provocar
marasmo, podendo causar a morte da criança. Crianças que sofrem de marasmo
apresentam magreza extrema e déficits nutricionais e emocionais.

Por que o marasmo está relacionado com a falta de


afeto na primeira infância?
O marasmo, de acordo com sua definição médica, é um tipo de desnutrição extrema que
ocorre antes dos 18 meses de idade porque a mãe para de alimentar o bebê. O déficit
nutricional é tão grave que pode levar à morte se não for tratado a tempo e as
complicações associadas não forem resolvidas.

Observou-se que ele não é causado apenas por um déficit nutricional, mas também
pela total ausência de afeto em bebês. Muitas vezes, as crianças institucionalizadas
não têm a oportunidade de se relacionar.

O choro, a agitação, a desesperança e os atrasos no desenvolvimento dão lugar à


interrupção do choro, ao olhar fixo e inexpressivo, à falta de reatividade ao ambiente, a
longos períodos de sono e à perda total de apetite. É como se as crianças
desaparecessem gradualmente.

Graças aos estudos de Spitz, foi feita uma reformulação das condições de hospitalização
e institucionalização das crianças. Seus trabalhos mostram que as instituições não
precisam apenas atender às necessidades alimentares, mas também outras necessidades
igualmente importantes que, se negligenciadas, tornam-se um obstáculo para o
desenvolvimento.

https://amenteemaravilhosa.com.br/afeto-na-primeira-infancia/

Psicopatia: características e curiosidades


Carismático, persuasivo, manipulador, impulsivo, mas encantador no início. Assim são
os indivíduos que apresentam psicopatia. Segundo alguns estudos, 1% da população é
psicopata, e a maioria deles está entre nós.
Nem todos os psicopatas são criminosos ou estão na prisão. Também não são assassinos
encapuzados ou indivíduos de aparência sinistra, embora o cinema e a literatura os
retratem dessa maneira. Segundo Robert Hare, doutor em psicologia e especialista em
psicopatia, a maioria deles está entre nós, no campo da política ou dos negócios.
Incrível, não é mesmo?

Os psicopatas não são desorientados nem apresentam delírios ou alucinações. Eles


também não experimentam um grande desconforto. São pessoas bastante racionais,
conscientes do que fazem e de por que fazem. Em outras palavras, seus
comportamentos são fruto de escolhas livres. Mas o que há por trás dessa fachada
carismática e atraente que geralmente os caracteriza? Quais são seus mecanismos de
ação? O funcionamento da sua mente é diferente daquele de uma pessoa
empática? Vamos nos aprofundar nesse tema a seguir.

“Não é de surpreender que muitos psicopatas sejam oficialmente considerados


criminosos, mas que muitos outros estejam fora da prisão e utilizem seu charme e
habilidades camaleônicas para entrar na sociedade e deixar um rastro de vidas
arruinadas para trás”.
-Robert Hare-

Visão histórica
O termo psicopatia significa literalmente “doença mental” (de psique, “mente” e
de pathos, “doença”). No entanto, a mídia costuma usá-lo de forma inadequada,
empregando-o como sinônimo de louco. O ponto é que a psicopatia não deve ser
encarada como o resultado de doenças mentais, já que, como dissemos anteriormente,
os psicopatas são racionais, escolhem como se comportar e não sentem desconforto pela
sua condição.

No início do século XX, o psiquiatra francês Philippe Pinel foi um dos primeiros
autores a escrever sobre os psicopatas. Ele utilizava o termo doença mental sem
delírio para descrever os indivíduos com comportamentos marcados por uma acentuada
implacabilidade e falta de restrições. Além disso, ele considerava que eles são
moralmente neutros, uma concepção com a qual muitos autores não concordam pois,
para eles, os psicopatas são moralmente doentes.

Em 1941, o psiquiatra americano Hervey Cleckley fez a primeira descrição


detalhada da psicopatia em The Mask of Sanity. Esse livro se tornou uma referência
entre os pesquisadores da época.

“O psicopata não está familiarizado com os fatos ou dados que definem o que
poderíamos chamar de valores pessoais. Ele tem uma grande incapacidade de entender
essas questões. Por exemplo, é impossível para ele dedicar o menor interesse à tragédia
ou à alegria humana representadas na literatura ou na arte. Ele também permanece
indiferente a essas mesmas emoções na vida real. Beleza e feiúra (exceto de uma
maneira muito superficial), bondade, maldade, amor, horror e humor não têm
significado para ele, não o motivam. Infelizmente, lhe falta a capacidade de ver que os
outros se comovem”.
-Hervey Cleckley-
Posteriormente, muitos psiquiatras se dedicaram ao estudo da psicopatia, mas se
devemos destacar um deles por seus avanços, dados e resultados, é Robert Hare. Esse
psiquiatra dedicou mais de três décadas à psicopatia, gerando as escalas mais
amplamente utilizadas para avaliar essa dimensão: a PCL e o PCL-R.

Além dele, Kent Kiehl, professor de psicologia da Universidade do Novo México, e


Kevin Dutton, psicólogo da Universidade de Oxford, também são autores amplamente
reconhecidos no estudo da psicopatia.

Como curiosidade, há um trecho de uma entrevista que Dutton conduziu com um


psicopata encarcerado que mostra a capacidade deste de questioná-lo e criar
confusão. Em um determinado momento, o psicopata sugere que, se uma mulher se
recusasse a fazer sexo com ele, ele seria capaz de conseguir de outra maneira. Dutton,
ao ir embora, diz que com a entrevista ele aprendeu que os dois estão conectados de
maneiras diferentes e, por esse motivo, o psicopata está na prisão e ele fora. Ao que o
entrevistado respondeu:

– “Não deixe que seu cérebro o engane, Kev, com todos esses exames que não te
deixam ver a realidade. Há apenas uma diferença entre você e eu: eu quero e vou em
frente, você quer e não vai“.

– “Você está assustado, Kev, está com medo. Você tem medo de tudo, eu vejo nos seus
olhos. Medo das consequências, de ser pego, do que vão pensar. Medo do que vão fazer
com você quando baterem à sua porta. Você tem medo de mim”.

– “Olhe para você. Você está certo, você está fora e eu estou aqui dentro. Mas… quem
é livre, Kev? Livre de verdade, quero dizer. Você ou eu? Pense sobre isso hoje à noite.
Onde estão as verdadeiras barras, Kev? Lá fora? (aponta para a janela) Ou aqui
dentro? (toca sua têmpora). Sem dúvida, a conversa surpreende e convida à reflexão.

Existem diversos traços e características comuns na maioria dos psicopatas. No


entanto, também é verdade que muitas pessoas podem apresentar alguns deles, mas isso
não significa que sejam psicopatas. Lembremos que a psicopatia é uma síndrome, isto é,
um conjunto de sintomas relacionados que só podem ser diagnosticados por um
profissional especializado.

A seguir, descreveremos brevemente os traços mais representativos de acordo com


Robert Hare:

 Mente simples e superficial. Embora muitas vezes pareçam engenhosos e se


expressem bem, costumam contar histórias pouco prováveis. A questão é que
eles são capazes de lhes dar realismo graças à grande interpretação que fazem.
 Personalidade egocêntrica e presunçosa. Os psicopatas têm uma visão
narcisista da vida. Eles acreditam ser seres superiores que deveriam poder viver
de acordo com seus padrões. Eles geralmente não têm vergonha de seus
problemas pessoais, financeiros ou legais; os veem como algo temporário.
Também pensam que suas habilidades lhes permitirão alcançar qualquer
objetivo que estabelecerem para si mesmos.
 Falta de remorso ou culpa. Esse tipo de pessoa demonstra uma grande
despreocupação pelas consequências de suas ações sobre os outros, mesmo que
sejam devastadoras. Ou seja, ele não se arrepende da dor ou destruição que
causa e admite abertamente que não tem sentimentos de culpa. No entanto, pode
acontecer de, em alguma ocasião, ele falar de um certo remorso, mesmo que
posteriormente se contradiga com suas ações ou declarações.

A falta de remorso nos psicopatas geralmente está associada à sua grande capacidade
de racionalizar e, assim, escapar da responsabilidade de suas ações.

“Tudo o que eu fiz no passado não me preocupa. Tente tocar o passado! Tente fazer
algo com o passado. Não é real. É apenas um sonho!” Foi o que Ted Bundy falou em
uma entrevista. Bundy foi um serial killer que matou quase 100 jovens.

 Falta de empatia. Os psicopatas são incapazes de se colocar no lugar dos


outros, exceto a nível intelectual. Eles não têm emoções e veem os outros como
objetos que podem lhes dar gratificações. Em outras palavras, eles usam as
pessoas de maneira instrumental. Sua falta de empatia vale, em geral, tanto para
conhecidos quanto para estranhos: se eles mantêm laços com seus parentes, é
porque os veem como posses.
 Habilidades de manipulação e mentira. São seus talentos naturais. Mesmo
quando eles são descobertos, têm a capacidade de mudar a história e reorganizar
os fatos sem demonstrar vergonha ou perplexidade, mas indiferença. Além
disso, eles se sentem orgulhosos de sua grande capacidade de mentir.
 Portador de emoções superficiais. Os psicopatas geralmente manifestam uma
certa pobreza emocional que limita a profundidade de seus sentimentos. Eles são
frios, embora às vezes possam demonstrar emoções sinceras, mas muito
contidas. Evidentemente, a linguagem que eles usam não é desprovida de
conteúdo emocional, embora seja muito difícil para eles explicar os diferentes
estados afetivos. Por exemplo, eles equiparam amor com desejo e excitação
sexual, tristeza com frustração e raiva com irritabilidade.

Estilo de vida dos psicopatas


Os psicopatas são caracterizados por levar um estilo de vida cronicamente instável,
sem direção e no qual a violação das normas sociais é um fator comum. “Fiz isso
porque quis” geralmente é uma de suas respostas mais frequentes a qualquer
questionamento.

Frequentemente, são impulsivos para satisfazer sua principal motivação, como


obter prazer ou alívio imediato de qualquer necessidade. Segundo os psicólogos
Willian e Joan McCord, eles são como crianças focadas em suas necessidades e que
exigem que sejam atendidas imediatamente.

Outra característica é que seu grau de controle tende a diminuir quando sentem que
alguém os ataca ou compromete seus interesses. Quando isso acontece, eles são muito
reativos. Apesar do fato desse controle diminuir, eles raramente esquecem qual é o
propósito do que fazem, mantendo frieza em seu comportamento.

A necessidade de excitação é outro ponto forte do seu estilo de vida. Eles podem
chegar a querer viver na corda bamba ou no limite, porque é aí que encontram a ação, a
intensidade ou a pressa de que precisam. Eles tendem a entrar em situações de agitação
emocional e são bastante intolerantes às rotinas.

Outros fatos interessantes sobre a psicopatia


Os psicopatas conhecem o significado das palavras, mas cometem erros ao entender
seu valor emocional. Em outras palavras, lhes falta a dimensão emocional da
linguagem.

Eles preenchem essa carência usando frases que já ouviram outros usarem em situações
semelhantes. Frases com que outras pessoas tiveram sucesso e que podem ser
totalmente desconexas do seu estado emocional. Eles também costumam embolar suas
explicações, falhar em conectar frases de maneira consistente e, graças a uma
habilidade aprimorada com a prática, são capazes de se esquivar de perguntas sem
levantar suspeitas.

Seu discurso é fragmentado – eles mostram inconsistências e contradições. Por


exemplo, um psicopata afirmou em uma entrevista que nunca havia sido violento, mas
depois confessou que teve que matar alguém. Como curiosidade, pesquisas mais
recentes sugerem que os psicopatas movem mais as mãos, principalmente quando
falam sobre aspectos emocionais.

Por outro lado, eles têm uma definição de consciência muito intelectual. Eles
consideram que ela é o produto das normas que outros inventam e que, como a
culpabilidade, serve como mecanismo de controle social. Tem muito pouco valor para
eles, assim como o amor e a compaixão.

Como vemos, o espectro da psicopatia é misterioso e interessante ao mesmo tempo.


Portanto, as pesquisas sobre o assunto são importantes para continuarmos avançando no
conhecimento da personalidade psicopata.

“Os psicopatas são predadores que encantam, manipulam e abrem caminho pela vida
sem piedade, deixando um longo rastro de corações partidos, expectativas arruinadas e
carteiras vazias. Com total falta de consciência e sentimentos pelos outros, eles buscam
o que querem da maneira que desejam, sem respeitar as normas sociais e sem o menor
traço de arrependimento ou piedade”.
-Robert Hare-

https://amenteemaravilhosa.com.br/psicopatia-caracteristicas-curiosidades/

Depressão pós-parto: tenho um filho e


não posso estar triste
A depressão pós-parto não ocorre por algo que a mãe faz ou deixa de fazer. Depois de
dar à luz, os níveis de hormônios (estrogênio e progesterona) das mulheres caem
rapidamente.
“Tenho um filho e não posso estar triste”. Esta frase, que não é uma das mais
associadas à gravidez, se repete na cabeça de um grande número de mulheres que
sofrem de depressão pós-parto, mesmo que de forma não verbalizada ou expressada.

As conotações que a gravidez implica nem sempre cumprem as expectativas das


mães. Na nossa sociedade, é predominante a imagem da gravidez idealizada e
tendenciosa devido à enorme alegria que a chegada de um novo membro à família traz.

Tanto a gravidez quanto o período após o parto são momentos de grande


vulnerabilidade para a mulher. Neles, aparecem não apenas sentimentos de alegria e
felicidade, mas também sentimentos de ansiedade e síndromes depressivas.

De acordo com alguns estudos, entre 10% e 25% das mulheres apresentam sintomas
depressivos após darem à luz.

“Sei que muitos de vocês provavelmente estão imaginando por que eu publicaria esta
imagem, mas levei 18 meses para chegar até aqui, 18 meses para não chorar quando
me olho no espelho, 18 meses para finalmente me sentir bonita no meu próprio corpo
outra vez”.

– Alexandra Kilmurray – Mãe que sofreu de depressão pós-parto, pioneira ao publicar


nas redes sociais imagens reais de seu corpo após a gravidez.

Como acabar com os tabus relacionados à depressão


pós-parto?
A depressão é uma alteração patológica do estado de espírito, com diminuição do
humor e tristeza, acompanhada por sintomas vegetativos, emocionais, de pensamento,
de comportamento e dos ritmos vitais que persistem por, pelo menos, duas semanas.

A gestação é uma etapa de alta incidência de transtornos depressivos e o puerpério é o


período de maior risco de depressão na vida da mulher. Segundo Jadresic, os
transtornos durante esse período mais comuns são disforia pós-parto, depressão pós-
parto (DPP) e psicose pós-parto (Jadresic, 2005).

A depressão pós-parto não tem apenas uma causa; é consequência de uma combinação
de fatores físicos e emocionais. A depressão pós-parto não ocorre por algo que a
mãe fez ou deixou de fazer. Depois de dar à luz, os níveis hormonais (estrogênio e
progesterona) das mulheres diminuem bruscamente.

Os níveis reduzidos de estrogênio e progesterona causam alterações químicas no


cérebro que podem provocar mudanças no estado de espírito. Além disso, muitas
mulheres não conseguem descansar como deveriam para poder se recuperar totalmente
do parto. A privação de sono pode causar incômodo físico ou esgotamento, fatores
que podem contribuir para os sintomas da depressão pós-parto.

“Ninguém te avisa sobre os aspectos obscuros da maternidade e da gravidez. Ninguém


te diz que haverá mudanças mentais e físicas depois de se tornar mãe” .
-Alexandra Kilmurray-
Como a família e as pessoas próximas podem ajudar?
É provável que familiares e amigos sejam os primeiros a perceberem os sintomas
da depressão pós-parto em uma mulher que acabou de dar à luz. A depressão pós-
parto não afeta apenas a pessoa que sofre dela, mas também o núcleo familiar e a
relação do casal.

As pessoas mais próximas devem entender o estado de espírito dessas mães, ainda que
elas estejam felizes pelo nascimento do bebê. A família deve proporcionar às mulheres
que sofrem de depressão pós-parto um contexto onde elas possam falar sem medo de
ser incompreendidas.

Expressar as emoções da situação pela qual estão passando, mesmo que pareçam
inadequadas, vai ajudá-las a não se sentirem culpadas. Entender o que está
acontecendo é decisivo para que a situação melhore, e isso não depende apenas da
pessoa que sofre o transtorno, mas sim de toda a família.

Se, apesar do apoio familiar, os sintomas persistirem, é aconselhável e necessário


buscar ajuda profissional. O primeiro passo para que essas mães entendam o que está
acontecendo está relacionado à aceitação das emoções que estão experimentando,
mesmo que sejam desagradáveis.

Quando elas se veem obrigadas a estar bem o tempo todo, e tanto o corpo quanto o
estado de espírito dizem o contrário, a situação piora, desencadeando um sentimento
de frustração.

Aplausos para todas mães que estão lutando contra a depressão pós-parto e têm que se
levantar todos os dias pelos seus filhos.

https://amenteemaravilhosa.com.br/depressao-pos-parto/

É possível dominar o transtorno


obsessivo-compulsivo?
É possível dominar o transtorno obsessivo-compulsivo? O que deve ser feito para
superá-lo? Neste artigo, falaremos tudo que você precisa saber sobre o tema.

Dominar o transtorno obsessivo-compulsivo é possível, embora aqueles que sofrem


dessa doença ou aqueles que rodeiam essas pessoas possam pensar que estão em um
túnel sem saída. No entanto, existem tratamentos psicológicos eficazes para lidar
com ele.

O dicionário indica que obsessão é “um distúrbio mental produzido por uma ideia
fixa“. Também a define como “uma ideia que assalta a mente com persistência tenaz”.
Na linguagem coloquial, usamos mais a palavra mania do que obsessão, reservando este
último termo para falar de uma mania ou fixação muito perturbadora.
Dominar o transtorno obsessivo-compulsivo é possível
Os dois grandes medos do ser humano são a morte e a loucura. Ambos são um processo
sem retorno. Além disso, indicam uma perda de autocontrole. Esse medo da loucura é
o que leva muitos pacientes a negar suas obsessões, ou ao menos a gravidade de seus
sintomas.

A verdade é que nem todos os sintomas obsessivos têm a mesma gravidade. A


sintomatologia obsessiva é como aquelas bonecas russas que todos nós conhecemos.
Elas se encaixam umas nas outras até chegar na menor. O transtorno obsessivo-
compulsivo é o nível mais sério e se manifesta com obsessões e compulsões
incapacitantes.

Um número significativo de pessoas que desejam dominar o transtorno obsessivo-


compulsivo sentem constrangimento e incômodo e, portanto, não procuram
ajuda. Por outro lado, muitas das pessoas que deram o passo e pediram ajuda ficaram
desapontadas com os resultados obtidos.

Muitos pacientes receberam a ajuda de profissionais de saúde bem-intencionados, mas


sem uma formação que lhes permitisse fornecer estratégias e ferramentas válidas.
Muitas vezes, esses encontros com o sistema de saúde geram sofrimento, culpa,
desânimo e desconfiança. Assim, muitas pessoas perdem a esperança e a confiança na
sua capacidade de dominar o transtorno obsessivo-compulsivo.

A verdade é que ainda não existe uma cura médica. No entanto, os psicólogos oferecem
ferramentas valiosas para dominar o transtorno obsessivo-compulsivo. Inclusive, o
tratamento de escolha é baseado em terapia psicológica de natureza cognitivo-
comportamental.

Terapia para dominar o transtorno obsessivo-


compulsivo
As terapias do tipo cognitivo-comportamental contam com um elemento importante
para promover a recuperação de pessoas que sofrem de transtorno obsessivo-
compulsivo. Uma pesquisa realizada pelo Dr. Lewis mostrou que a terapia
comportamental gera mudanças positivas na atividade cerebral (Yaryura-Tobias e
Neziroglu, 1997b).

A terapia cognitivo-comportamental ajuda fornecendo as ferramentas necessárias para


que a pessoa possa gerenciar as obsessões sem precisar executar as compulsões
(comportamentos que alimentam as obsessões). A prática contínua e o uso de técnicas e
habilidades aprendidas na terapia ajudam a tornar os sintomas administráveis.

Um tratamento comportamental bem-sucedido requer motivação e prática diária.


Quando a medicação e a terapia são realizadas de forma conjunta, os efeitos de cada
uma aumentam. A medicação altera os níveis de serotonina e, de alguma forma,
estabiliza o paciente para que seja possível trabalhar com ele na terapia.
Em que se baseia a terapia cognitivo-comportamental
do transtorno obsessivo-compulsivo?
As principais técnicas para dominar o transtorno obsessivo-compulsivo são a exposição
e a prevenção de resposta. O objetivo da exposição é reduzir a ansiedade e o
desconforto associados às obsessões por meio de um processo chamado habituação. É
um processo natural que bloqueia o comportamento compulsivo.

Em muitos casos, isso é feito usando uma exposição de longa duração à ansiedade da
vida real e a situações que evocam os rituais (compulsões). Isso é chamado de
exposição “in vivo”. Por exemplo, podemos solicitar que a pessoa toque em um objeto
do qual tem medo sem poder reduzir a ansiedade lavando as mãos (no caso de uma
obsessão por contaminação).

Através da prática repetida, o paciente percebe que as consequências negativas não


aparecem. Ele também percebe que há um ponto em que a sua ansiedade começa a
diminuir naturalmente; o próprio corpo desativa os mecanismos de alerta. Nisso
consiste o processo de habituação.

O ideal é que a exposição seja realizada por etapas e em passos muito pequenos que
levam ao objetivo final de habituação completa ao objeto ou situação temida. Isso é
feito através do desenvolvimento de uma hierarquia de exposição, graduada de menor à
maior ansiedade.

Prevenção do ritual e mudanças e cognitivas


O propósito da prevenção do ritual é diminuir a sua frequência. A pessoa é
instruída para ter alternativas à compulsão quando chega a hora de lidar com os
pensamentos que a atormentam.

O componente cognitivo da terapia cognitivo-comportamental envolve a modificação


de pensamentos e crenças distorcidas. No entanto, vale ressaltar que a terapia
cognitiva é útil quando combinada à exposição e prevenção de rituais. Por si só, os
resultados observados não são conclusivos.

Como vimos, existem ferramentas e abordagens que podem ajudar a dominar o


transtorno obsessivo-compulsivo. A maioria das intervenções tem como componentes
fundamentais a exposição e a prevenção de resposta, além da modificação de crenças ou
pensamentos distorcidos.

https://amenteemaravilhosa.com.br/dominar-o-transtorno-obsessivo-compulsivo/

Você também pode gostar