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TRANSTORNOS

ANSIOSOS
TRANSTORNOS ANSIOSOS:
HISTÓRICO

Psicanálise – Freud – Pequeno Hans – 1909;

Comportamental - Mary Cover Jones, em 1924 –


Peter

Sistemas classificatórios em 1980 – presença


destes transtornos em crianças –CID 9 (1979);
DSM III (1980)
TRANSTORNOS
ANSIOSOS:
EPIDEMIOLOGIA

Atinge 10% de crianças e adolescentes;


TRANSTORNOS
ANSIOSOS
Transtornos Ansiedade Fobia Fobia social Transtorno
ansiosos de específica Obsessivo
Separação Compulsivo
4 a 5% 3 a 5% Menos de 1% 1% de crianças e
1 a 2% de
adolescentes
Epidemiologi
a Puberdade: Mais meninas Equilíbrio com
mais do que leve
meninas que meninos preponderância
meninos dos meninos.
Faixa dos 7 Em torno dos Raro antes dos 11 Faixa de 12 a 13
anos e meio 8 anos de anos de idade. anos de idade
Início de idade idade Inibição é uma
queixa comum em
crianças entre idade
de oito a 12 anos
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Descrição clínica:
-Dificuldade de se afastar dos pais ou figuras de apego;

-É comum entre dois e quatro anos de idade.

- Medo de sair de casa sem essas figuras de apego.

- Nas crianças pequenas as reações são de choro, grito e crises de cólera;


nas maiores, preocupações exageradas com os pais (atraso);
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Descrição clínica:

- Durante o dia: grudadas com o cuidador ou a mãe, mesmo dentro de


casa;

-Necessidade de dormir com os pais, às vezes até a adolescência;

- Resistência para sair de casa, justificando com desculpas ( doença,


convence para não sair);

- Fora de casa, ficam infelizes, são pouco participativas, não conseguem


brincar e não aceitam ser consoladas.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Descrição clínica:

 Considerar:
 se a ansiedade é excessiva, considerando a fase do
desenvolvimento;

 se está ligada à separação;

 se interfere e prejudica o desenvolvimento social e escolar da


criança;

 se é persistente, durando pelo menos quatro semanas.


TRANSTORNOS ANSIOSOS
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Complementações:

 É comum entre dois e quatro anos de idade.

 Teoria do apego: Bowlby (1973) – estabelece apego inseguro


com a mãe; não se separa, por medo de retornar e a mãe não
estar disponível.

 Isso cria uma imagem negativa de si e do mundo e pode


dar origem aos sintomas ansiosos.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Descrição clínica:

- Medo acentuado e intenso que é desproporcional ao perigo que a


situação oferece;

- O medo e ansiedade devem estar relacionados a objetos ou situações


específicas.

- Pode ser comum na infância e nesta etapa, geralmente está relacionada


a certos animais, escuro e fenômenos da natureza como raio, chuva,
trovão.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Descrição clínica:

- Quatro tipos de fobias comuns na infância:

 as de animal (bichos e insetos);

 as do ambiente natural (raio, trovão, temporal, altura);

 as de sangue, injeção, acidente;

 situacional (elevador, aviões, etc) e outros.


TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Descrição clínica:

- Considerar:

 a etapa de desenvolvimento;

 o contexto sócio cultural;

 se a ansiedade é excessiva e causa uma disfunção que chega ao


ponto de prejudicar o desenvolvimento social e escolar da criança.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Descrição clínica :

O medo pode melhorar ou agravar-se dependendo:

 da aprendizagem (se pode ter outros contatos espontâneos com a


situação ou se é forçada a fazê-lo);

 da atitude dos pais frente à situação (se é também de terror


quando a criança se aproxima do objeto temido, ou se não
percebem a angústia da criança e a confrontam com a situação
temida).
TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA

Descrição clínica :

 As fobias, diferentemente dos medos passageiros, provocam uma


angústia extrema, sendo que dificilmente a criança consegue ser
acalmada, nem por atitudes tranquilizadoras, apelo à razão ou por
vontade própria.

 Em presença do objeto fóbico, a criança costuma se agarrar ao


adulto próximo (mãe, por exemplo), apresenta agitação, sintomas
somáticos, o que às vezes pode até desencadear sintomas de
pânico.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA

Descrição clínica :

 Longe do estímulo: hipervigilância e preocupação excessiva com o


objeto de medo prejudicando seu desempenho em outras atividades.

 Fobia arcaica: medos e angústias mais precoces que aparecem


devido à incapacidade do bebê em elaborar mentalmente a angústia,
por não possuir um aparelho mental suficientemente amadurecido
para isso.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Complementações:

 Comportamental:

 condicionamento clássico - diversos estímulos podem de maneira fortuita,


associar-se aos sentimentos de medo ou angústia e, deste modo, podem
causar estes mesmos sentimentos, quando a pessoa é exposta a estes mesmos
estímulos ou a estímulos semelhantes

 Deste modo, para evitar esses sentimentos desconfortáveis, a criança vai se


afastar da situação e, quando fizer isso, verá seu comportamento de evitação
reforçado, o que fará com que haja uma tendência a utiliza-lo novamente
(condicionamento operante).
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
FOBIA ESPECÍFICA
Complementações:

 Psicanálise: mecanismo de deslocamento, permite que a criança possa dirigir


suas pulsões tanto sexuais quanto agressivas, de um objeto não aceito, para
outro, mais aceitável.

 As fobias comuns na infância, sem um caráter patológico atenuam ou


desaparecem por volta dos sete ou oito anos, mas algumas crianças podem
conservar certas condutas fóbicas na adolescência.

 Observa-se ainda que as atitudes familiares frente a estas situações são de


fundamental importância para fixar ou não tais condutas.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
TRANSTORNO OBSESSIVO
COMPULSIVO
Descrição clínica :

 Obsessão está relacionada a ideias e pensamentos dos quais o indivíduo não


consegue livrar-se, mesmo que deseje.

 Tais conteúdos costumam ter uma forte carga afetiva, de natureza sexual, agressiva
ou religiosa.

 A compulsão tem o mesmo caráter irresistível para o sujeito, mas diz respeito
aos atos.

 Seu objetivo principal é livrar-se da ansiedade, geralmente causada pelos


pensamentos obsessivos.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
TRANSTORNO
OBSESSIVO
Complementações:
COMPULSIVO
`Psicanálise:

 Rituais aprecem cedo no desenvolvimento e mantém uma estreita relação com a


aprendizagem.

 Mais adiante, no estágio anal, as questões básicas do desenvolvimento emocional


dizem respeito à manipulação, domínio e controle. Os conflitos básicos
relacionam-se ao impulso de sujar ou de destruir que se confronta com as
exigências educativas de limpeza e ordem. Os rituais aparecem neste momento
como uma tentativa de dominar a angústia mobilizada, até que o ego em processo
maturacional, possa lançar mão de sistemas defensivos mais evoluídos.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
TRANSTORNO
OBSESSIVO COMPULSIVO
Complementações:

 Vale ressaltar que as condutas obsessivas podem estar associadas


às fobias na medida em que, para lidar com os medos ou as fobias,
a criança lance mão de rituais que na sua concepção, vão lhe
proteger.

 À exemplo das fobias, os rituais desaparecem após os sete ou oito


anos. Permanência de certos rituais, depende do ambiente, mas não
causa constrangimento.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
INIBIÇÃO
Descrição clínica :
Engloba:

 dificuldades no contato social, geradoras de ansiedade;

 dificuldade para pensar, relacionada a uma inibição intelectual.

O termo inibição parece abarcar:

 o aspecto comportamental (retraimento e evitação das relações sociais);

 o aspecto psicológico relacionado a dificuldade para pensar.


TRANSTORNOS
ANSIOSOS
Descrição clínica : INIBIÇÃO

Sendo assim, as questões relacionadas à inibição social, parecem estar


mais bem colocadas no:

 DSM 5 como fobia social (APA, 2014);

 CID 10, como transtorno de ansiedade social na infância -F93.2


(OMS, 1993).
TRANSTORNOS ANSIOSOS
INIBIÇÃO
INIBIÇÃO DAS CONDUTAS SOCIALIZADAS:

- Há graus de inibição que são visíveis no comportamento:

 Geralmente são submissas e obedientes, conservando um bom contato com


outras crianças;

 Outras, com inibição mais significativa, podem apresentar certo isolamento,


permanecendo sempre sozinhas e tendo dificuldade de brincar ou fazer
atividades em grupo.

 Em ambiente protegido, como com os pais, mostrar certo autoritarismo e


dominação.

 A inibição também pode afetar o corpo e a criança apresentar-se pouco ativa e


móvel, inclusive mostrando certas limitações para a comunicação gestual e
mímica.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
INIBIÇÃO
INIBIÇÃO DAS CONDUTAS MENTALIZADAS:
- Limitações na área intelectual e ou no processo de imaginação e
fantasia
Inibição no fantasiar:

 pode ser acompanhada por alguns traços obsessivos.

 brincam e criam pouco, preferindo atividades repetitivas, e muitas vezes


mostrando–se inseguras diante de situações novas.

 Podem inserir-se facilmente no grupo devido ao seu aspecto conformista, mas


geralmente têm dificuldade de entender piadas, apesar dos bons resultados
escolares, sendo exploradas pelas outras crianças.
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
INIBIÇÃO
INIBIÇÃO DAS CONDUTAS MENTALIZADAS:
Inibição intelectual:

 pode estar relacionada ao que se chama de pseudodebilidade, já que a criança é retraída


e apresenta uma dificuldade no pensar.

 relatos de “branco”, além de muita insegurança e medo de se enganar quando


interrogadas.

 resultados relativamente satisfatórios até a quarta série (atualmente quinto ano) do


ensino fundamental e, a partir da quinta série (sexto ano), dificuldades mais
significativas.

 dificuldades em áreas específicas do conhecimento como matemática, gramática, etc.


TRANSTORNOS ANSIOSOS
INIBIÇÃO
Complementações:

 a inibição parece vir antes que os sintomas possam instalar-se, ou


seja, o ego, para evitar o confronto com o id e,
consequentemente, com as pulsões sexuais e agressivas que
parecem ser vividas pela criança inibida como fonte de angústia e
culpa intensa, lança mão do recalcamento massivo.

 quando a inibição afeta as condutas socializadas, pode-se


encontrar como resultado de testes certa riqueza pulsional
subjacente, ao passo que quando a inibição é na conduta
mentalizada, observa-se uma adaptação conformista e submissa.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ORIGENS

 Vulnerabilidade genética: herdado não é o transtorno e sim uma tendência a


reagir com ansiedade em diversas situações.

 Eley e cols (2003) apud Dumas (2011) – Pesquisa com mais de 4.500 pares de
gêmeos de quatro anos de idade, apontaram para:

 um fator genético comum na timidez e inibição e transtornos obsessivos;

 enquanto que os sintomas das fobias específicas e ansiedade de separação


sofrem mais a influência do ambiente.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ORIGENS

Já na perspectiva cognitivista:

 conceitos de impotência adquirida e de desespero:

 Confrontada repetitivamente com experiências de impotência real ou percebida poderá manifestar


sintomas de ansiedade se a criança acreditar que tem um controle limitado e inadequado sobre a
situação.

 Isso pode ter origem nas primeiras experiências familiares da criança com situações frente as
quais de fato tem pouco controle, o que faz com que generalize estas primeiras experiências para
outras situações, antecipando uma incapacidade de domina-las plenamente, o que gera ansiedade.

 
TRANSTORNOS ANSIOSOS
ORIGENS

Acontecimentos de vida podem ser fator de risco para o


desenvolvimento de transtornos ansiosos: morte de um ente
querido, problemas conjugais, condições precárias de vida ou de
violência, situações frente as quais a criança pode ser confrontada e
que sinta que não tem controle
TRANSTORNOS ANSIOSOS
EVOLUÇÃO

Transtornos de ansiedade na vida adulta - vai depender de fatores


como: idade de início e gravidade dos sintomas, comorbidade com
outros transtornos, e acesso a atendimentos especializados.

Grande número de sintomas durante a infância pode predispor a um


risco maior de transtorno de ansiedade na fase adulta,
principalmente quando se trata da fobia social, fobia específica e do
transtorno de pânico.
TRANSTORNOS ANSIOSOS
EVOLUÇÃO

 Mesmo quando são crônicos, os transtornos de ansiedade


dificilmente evoluem de uma forma contínua, havendo uma
alternância entre as manifestações agudas e os períodos de
remissão dos sintomas.

 Evolução do medo - Primeiro ele tem um lado objetivo (medo de


algo concreto) - Tendência, em todos os transtornos deste tipo, do
“medo de ter medo” (DUMAS, 2011, P.432).

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