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Transtornos na infância e

atuação em rede:
profissionais, escola, família e os
principais dilemas nas práticas de cuidado
Gabriela Frota de Paula Pessoa - CRP 11/17629
Psicóloga Clínica
gabrielapessoa.psi
A entrada da criança e do adolescente no campo da saúde
mental se deu mais tardiamente: será apenas no sec. XX, que
se constituirá autonomamente uma clínica da infância.

Universalização de uma política de saúde mental no


paradigma da Reforma Psiquiátrica

Adoção pelo Brasil da Convenção dos Direitos da Criança e do


Adolescente (1989)

Reconhecimento da singularidade dessa população


ampliação da atenção integral à saúde
Emilio Garcia Méndez (1998), um dos maiores militantes da
implementação da Convenção dos Direitos da Infância (1989):

“A infância só é reconhecida como categoria diferenciada dos


adultos depois de fixada política e culturalmente a sua
incapacidade."

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Transtornos do Neurodesenvolvimento

Déficits que iniciam na infância e têm impacto significativo no


funcionamento social e cognitivo

Variam entre limitações bem específicas na aprendizagem até prejuízo


global em habilidades sociais e inteligência

Anamnese, contexto social, genética, etc.


1) Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
Níveis prejudiciais de desatenção, hiperatividade, impulsividade.

Não necessariamente a criança tem que ter todos os sintomas

Inscreve-se sem um contexto desenvolvimental e social

Hiperatividade Impulsividade

Atividade motora em excesso Ações precipitadas, sem


e demasia planejamento
Desatenção
Dificuldade de manter a Problemas na
concentração organização

Ausência de
Divagação de tarefas
persistência

Pode estar relacionada aos afetos da criança com as atividades

Se a criança não gosta de algo, ela não vai se empenhar tanto


naquilo
Ao longo dos anos as demandas do colégio vão aumentando e as
dificuldades se destacando

Prejuízos na vida cotidiana e funcional da criança, em ambientes


diferentes

Percepção de si autoestima

culpabilização

Manifesta-se frequentemente em um contexto social e cultural que


enfatiza o êxito escolar
Os sintomas mais "ruidosos" do transtorno geralmente se atenuam
durante a adolescência ou início da fase adulta

Acompanhado com frequência de outros transtornos: TOD,


transtorno de ansiedade, etc.

Importante diagnóstico multi: neuropediatra, psicólogo, psiquiatra


infantil

Medicalização
Crianças com TDAH

https://www.youtube.com/watch?v=Nlp5J7omFUg

O papel da escola
2) TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Déficits na comunicação e interação social

padrões restritivos e repetitivos de


comportamento (estereotipias)

sensibilidade sensorial
Persiste a vida toda

Medicamentos são para as comorbidades (ansiedade, depressão)

Lei Berenice Piana: direitos dos autistas e de suas famílias


Terapia ABA - ensino intensivo e individualizado

Impacto na família: diagnóstico, mudanças na rotina social e


financeira, sobrecarga

Orientação e
manejo familiar Inclusão Escolar Acompanhamento
Multi
Curta metragem Flutuar
Curta metragem Flutuar
julgamento

família

diversidade

sociedade

inclusão
Transtornos Disruptivos
Alterações mentais que apresentam um modelo repetitivo e
persistente de conduta antissocial, agressiva ou desafiadora

Crianças não conseguem controlar suas reações, ocasionando


sofrimento
A natureza essencialmente antissocial dos transtornos de
comportamento implica, com certeza, que qualquer diagnóstico
seja estabelecido em um contexto social que jamais pode ser
gnorado.

Negligência no cuidado
Fatores de risco
Violência na família
Transtorno Opositor Desafiador (TOD)
Comportamentos provocadores, desobedientes ou perturbadores

NÃO acompanhado de comportam. delituosos ou de condutas


agressivas graves

Não há cura, mas há medicamentos que podem tratar as


comorbidades qualidade de vida da criança
desobediente
Diagnóstico e tratamento precoce
negativista
podem ter papel preventivo

hostil
Transtorno Opositor Desafiador (TOD)

Leve: apenas em 1 ambiente


Moderado: 2 ambientes (ex: casa e escola)
Grave: 3 ou mais ambientes
Transtorno de Conduta
Mais frequente em crianças mais velhas ou adolescentes
Grave pela amplitude, repercussões na criança e dos que estão em
volta
Comportamentos frequentes: traços
insenssíveis
crise grave de agressão
temperamento física

fugas de
desobediência
casa
grave

mentiras na
comportamentos
escola audácia
criminais
Transtorno de Conduta
Comorbidades:
- Piromania: prazer em ver estragos pelo fogo
- Transtorno de Personalidade Antissocial
- Cleptomania: furtar objetos desnecessários

Perturbação do comportamento causa alteração significativa no


funcionamento social, escolar ou profissional

A validade clínica do transtorno depende essencialmente da idade


em que os sintomas começam e de sua cronicidade
Depressão

Tristeza
Perda de interesses
Irritabilidade
Distúrbios alimentares e no sono
Apatia
Emagrecimento ou ganho de peso
Dificuldade de concentração
Estado de humor deprimido há mais de duas semanas.
A reação de depressão invade o ser humano desde os anos
iniciais de vida quando experiência separações, rupturas perdas
afetivas precoces e, principalmente, quando não se percebe fonte
de investimento amoroso da figura materna. (Anthony 2020 p.61)

Ajuria Guerra e Marcelli (1986) que a depressão da criança


pequena (3 a 6 anos ) e da criança maior (7 a 13 anos) e do
adolescente, relaciona a separação dos pais, hospitalizações,
perdas amorosas, doença.
Mito moderno da Infância

Suicídio na infância

Cerca de dois terços de crianças e adolescentes deprimidos


têm ideias suicidas
Transtornos de Ansiedade
O medo e a angústia são reações humanas universais. Ao longo
da vida, na maior parte dos casos. esses sentimentos
desempenham um papel adaptativo às vezes essencial à
sobrevivência

Reações extremas: frequência + intensidade impedem o


desenvolvimento e a adaptação da criança em lugar de favorecê-lo
Transtornos de Ansiedade

Ansiedade de separação
Fobias
Ansiedade Generalizada
Estresse pós-traumático
Pânico
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Transtornos de Ansiedade

O Transtorno de ansiedade vem se instalar pela vivência repetitiva


de experiências estressantes e/ou traumáticas, pela aprendizagem
de crenças fóbicas, pela imitação de comportamento que
transmitem uma percepção negativa do mundo e do outro, os quais
são vistas como uma permanente ameaça. (Cardoli, Teruchkin,
2007) ou ainda sua superproteção dos pais que inibe a capacidade
de defesa no enfrentamento da realidade
Transtornos de Ansiedade

Parlett (citado em McCONVILLE,2001 p.48) afirma que mudanças em


padrões habituais de comportamento ocorrem somente se há
suficiente apoio de campo.

Importante que o terapeuta também trabalhe os pais, para que


ocorra mudança no campo familiar.
Transtornos de Ansiedade

Conduzir a criança a descobrir o autopoder para exercer a


independência

Estimular a espontaneidade

Desmistificar o obvio nas fantasias catastróficas.


ESCOLA

Segundo França (2011), depois da família, a escola emerge como um


dos mais importantes agentes de socialização, junto aos grupos de
pares e meios de comunicação de massa

A transmissão dos conhecimentos acadêmicos e normas sociais,


como também proporciona o desenvolvimento da autonomia e das
atitudes e relações socioafetivas.
ESCOLA

- No Brasil, a corrente legislação estabelece que o direito à educação


deve ser efetivado através da escolarização em sistema educacional
inclusivo, da educação infantil à superior.

Constata-se que muitas crianças são privadas de seu direito


inalienável e incondicional à educação, configurando uma condição
de exclusão social.
ESCOLA

Segundo Frigotto (2010), “no âmbito do embate ideológico e político,


a exclusão social expressa, certamente, o diagnóstico e a denúncia
de um conjunto amplo, diverso e complexo de realidades em cuja
base está a perda parcial ou total de direitos econômicos,
socioculturais e subjetivos” (p. 419
Algumas reflexões...
Os “transtornos” da infância têm a potência de desafiar o mundo
adulto a analisar permanentemente seu posicionamento no mundo

A rede de danos que trama o sofrimento da criança é ampla. Por


isso temoso desafio de pensar uma psicopatologia que não fique
restrita aos mecanismos endopsíquicos ou como sendo da criança

Transformar os graves comprometimentos psíquicos em


compromissos coletivos, em redes sociais de proteção.
Algumas reflexões...

"Crianças e adolescentes, paraenfrentar a difíciltarefa de crescer e


pertencer ao mundo, precisam ter assegurados laços sociais em
torno de si, como uma teia com a textura certa para proporcionar-
lhes acolhimento"
Algumas reflexões...

Trabalho em rede laços em torno de objetivo comum,


articulando diferentes níveis de saberes, complexidade e recursos

LÓGICA DO
LÓGICA DA REDE
ENCAMINHAMENTO
Referências
Vicentin, M. C. G. (2006). Infância e adolescência: uma clínica necessariamente
ampliada
Lívia Botelho Félix, Maria de Fátima de Souza Santos (2016). Infância e Atenção

Psicossocial
Jean E. Dumas. Psicopatologia da Infância e da Adolescência. 3ª edição. 2011.

Poisk, C., Poisk, E., Miotto, J. F., & Linartevichi, V. (2019). PSICOPATOLOGIAS NA

INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. FAG JOURNAL OF HEALTH (FJH), 1(4), 91-99.


LIMA, Rossano Cabral. Classificação e psicopatologia da infância e adolescência:

a contribuição francesa chega ao Brasil. Estilos clin., São Paulo , v. 24, n. 1, p. 173-
177, abr. 2019
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