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Objetivos de aprendizagem
Descrever o panorama atual dos transtornos mentais na populaçã o pediá trica
Identificar os principais fatores de risco e proteçã o para o adoecimento dessas
condiçõ es.
AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DA CRIANÇA
Depende da observaçã o direta
o Aspectos do comportamento
o Inteligência compatível com a idade?
o Linguagem apresentada
o Relacionamento com o outro
o Personalidade
o Dinâ mica emocional
Queixa geralmente nã o é da criança! -> geralmente trazido pelos pais
Necessá rio colher informaçõ es dos pais, dos cuidadores, dos professores ou de outros
profissionais de saú de -> para evitar relatos enviesados e saber se aquilo que foi falado
pode ser observado em vários ambientes (casa, escola...)
Levar em consideraçã o o que é esperado para a faixa etá ria!
o Em qual nível de desenvolvimento se encontra? -> por exemplo, ter amigo imaginário
é comum apenas até certa idade
Funcionamento e bem-estar da criança sã o altamente dependentes do meio ao seu
redor.
5 perguntas principais para formular hipóteses diagnósticas (Goodman e Scott)
Sintomas: Que tipo de problema é esse?
Impacto: Quanta angú stia, estresse ou prejuízo ele causa?
Riscos: Que fatores desencadearam e mantiveram o problema?
Capacidades: Quais pontos fortes existem para auxiliar no tratamento?
Modelo explicativo: Que crenças e expectativas a família traz consigo?
Epidemiologia
Prevalência de transtornos mentais na infâ ncia e adolescência podem variar desde 1,8%
(Goa; Índia) a 50,6% (EUA e Porto Rico).
Prevalência global (EUA, Canadá , Grã -Bretanha, Austrá lia e Nova Zelâ ndia) estimada em
14,3%.
o T. de ansiedade: 6,4%
o TDAH: 4,8%
o T. disruptivos: 4,2%
o T. depressivo: 3,5%
o TEA: 1,0%
Comorbidades
47 a 68% tinham dois ou mais diagnó sticos!
Quem tem TDAH tem 10x mais chance de ter TC ou TOD e 5,5x mais chance de ter
depressã o.
Crianças e adolescentes com algum transtorno mental têm 2x mais chance de ter
Transtorno por Uso de Substâ ncias.
T. internalizantes (aquilo que a pessoa sente mais com ela mesma, mais internalizado,
queixas mais emocionais, ansiedade, humor) x T. externalizantes (comportamento muito
evidente, ex.: TDAH)
Estã o associados a maior comprometimento funcional, maior probabilidade de expulsã o
ou evasã o escolar, gravidez precoce e prisã o, além de maior procura por serviços de
saú de.
Prevalência no Brasil
Coorte de Pelotas de 1993:
4.448 sujeitos entre 11 e 12 anos de idade
Prevalência de algum t. mental foi de 10,8%
T. de ansiedade: 6,0%
T. disruptivos: 4,4%
TDAH: 4,1%
T. depressivo: 1,6%
Coorte de Pelotas de 2004:
3.585 crianças entre 6 e 7 anos
Prevalência de algum t. mental foi de 13,2%
T. de ansiedade: 8,8%
T. disruptivos: 2,6%
TDAH: 2,6%
T. depressivo: 1,3%
17% tinham comorbidade
Tem aumentado a ocorrência de t. mentais na infância e adolescência?
Uma revisã o de 19 estudos transversais sequenciais e de coorte feitos em 12 países nã o
detectou um aumento de sintomas psiquiá tricos em pré-escolares e crianças nas ú ltimas
décadas.
Contudo, em adolescentes do sexo feminino, foi encontrado um aumento da incidência
de problemas internalizantes em coortes recentes.
Uma metaná lise de 135 artigos nã o encontrou qualquer evidência de aumento de TDAH
na populaçã o geral nas ú ltimas 3 décadas!
Variáveis sociodemográficas
Risco maior em meninos na infâ ncia e em meninas a partir da adolescência.
Meninos: mais t. externalizantes
Meninas: mais t. internalizantes
Desvantagem socioeconô mica: 2 a 3x mais chance de desenvolver problemas mentais.
Crianças de zona rural parecem ter menos psicopatologia, mas os resultados sã o
contraditó rios!
Idade de início
Genética
Coeficiente de herdabilidade:
o TDAH: 60 a 90%
o TEA: 50 a 90%
o T. de conduta: 54%
o T. ansiedade: 25 a 60%
o Depressã o: 40 a 65%
Vulnerabilidades individuais (genéticas ou adquiridas) interagem com fatores
ambientais pré e pó s-natais, gerando processos bioló gicos e/ou psicoló gicos, cujos
efeitos se acumulam ao longo do desenvolvimento e sã o, posteriormente, ativados por
estressores, especialmente em períodos críticos do desenvolvimento.
o Ensinar os pais a darem ao filho uma ordem para fazer alguma coisa de que ele goste
e entã o recompensar sua obediência -> por exemplo, se a criança estiver estudando
direitinho há um tempo, pedir que ela pare um pouco para ter um pouco de lazer,
mesmo que por alguns minutos
o Melhora o clima familiar e dá aos pais uma oportunidade de praticar comandos e
reforçar obediência;
o Podem reafirmar que sã o autoridade na casa sem apelar para coaçã o ou puniçõ es.
o Elogiar a criança por obediência espontâ nea;
o Os pais desviam seu conjunto de atençã o;
o Pode diminuir o pensamento dicotô mico das famílias -> “ou é tudo ruim ou é tudo
bom”
Conclusões
Os transtornos disruptivos se caracterizam por uma série de comportamentos
externalizantes disfuncionais.
Muitos casos de TOD irã o evoluir para TC. Estes ú ltimos também podem evoluir para
transtorno de personalidade antissocial quando adultos.
Intervençõ es psicossociais sã o a principal abordagem terapêutica nesses casos e quanto
antes forem promovidas, melhor será o prognó stico.
Papel fundamental do treinamento parental por meio da psicoeducaçã o.
TDAH
Objetivos de aprendizagem
Apresentar histó rico sobre o TDAH
Demonstrar as alteraçõ es neurobioló gicas encontradas nesse quadro.
Identificar os prejuízos que o TDAH pode acarretar na vida do sujeito.
Descrever os critérios diagnó sticos deste transtorno.
Reconhecer as opçõ es de tratamento.
Introdução
Seria o TDAH uma “invençã o da indú stria farmacêutica para vender remédios”?
Ou uma forma de medicalizaçã o de comportamentos “culturalmente inaceitá veis”?
No Brasil mais de 50% das pessoas têm crenças sobre a doença sem respaldo científico
(Gomes et al., 2007).
O TDAH é uma invenção da indústria farmacêutica para vender remédios?
Histórico do TDAH
Jean François Regnard (1655-1709): caracterizou o personagem Léandre como
“Monsieur le distrait” (Le Distrait, 1697).
Alexander Crichton (1763-1856): livro An Inquiry Into the Nature andOrigin of Mental
Derangement (1798) – estado mental de “incapacidade de prestar atençã o com o grau
necessá rio de constâ ncia a qualquer objeto”.
Dostoiévski (1821-1881): romance Niétotchka Niezvâ nova (1849):
o [...] mas a menina travessa mal vinha passar ali alguns instantes; nã o conseguia
parar quieta. Movimentar-se continuamente, correr, pular, fazer barulho por toda a
casa, era para ela uma necessidade imperiosa. Por esse motivo, declarou-me, já no
primeiro dia, que se aborrecia horrivelmente de ficar sentada comigo[...]
TDAH no Século XX
George F. Still (1868-1941): primeira descriçã o médica detalhada do TDAH (Lancet,
1902).
“Defeito permanente ou temporá rio do controle moral”.
Economo (1876-1931): “transtorno comportamental pó s-encefalítico” durante
epidemia de influenza de 1918-1919 (Barkley, 1998).
Déc. 30 e 40: “Lesã o cerebral mínima”.
Déc. 50 a 70: “Disfunçã o cerebral mínima”.
Strother (1973): “Síndrome hipercinética”.
Bradley (1937): efeito terapêutico de anfetaminas no controle de distú rbios do
comportamento em crianças.
Leandro Panizzon (1944): sintetiza o metilfenidato que foi indicado para tratar astenia
e depressã o.
Final da déc. 50 passa a ser utilizado sistematicamente em crianças e, a partir da déc. 70,
em adultos com TDAH.
Manuais diagnósticos e TDAH
DSM-II (1968): “reaçã o hipercinética da infâ ncia ou adolescência”.
DSM-III (1980): “transtorno de déficit de atençã o”.
DSM-IV (1994) e DSM-IV TR (2000): TDAH.
Não existe TDAH em adultos?
Epidemiologia
60 a 70% dos casos persistem durante o desenvolvimento até a idade adulta (Barkley et
al., 2002).
Prevalência de 3,4% na idade adulta (Fayad et al., 2007).
Mais prevalente em pessoas com escolaridade menor que a universitá ria.
Visser e Lesesne (2003): prevalência de 7,8% entre 4 e 17 anos nos EUA.
Polanczyk e col (2007): prevalência mundial em menores de 18 anos de 5,29%.
Prevalência no Brasil:
Guardiola (1994): 3,5% numa amostra de 484 crianças da 1ª série do Ensino
Fundamental de Porto Alegre (RS).
Rohde e col (2000): 5,8% numa amostra de 1013 adolescentes entre 12 e 14 anos de
Porto Alegre (RS).
Pastura, Mattos e Araú jo (2007): 8,6% em estudantes de uma escola no Rio de Janeiro
(RJ).
Só traz prejuízos durante a infância?
Por que tratar o TDAH?