RAZÕES PARA PROCURAR AJUDA OU ENCAMINHAR

Os problemas de ansiedade na infância e adolescência, não devem ser des-

valorizados, pois podem ter consequências negativas importantes, princi-
palmente se não são alvo de atenção de ajuda especializada.

A criança e o jovem que sofrem problemas de ansiedade, para além do

sofrimento e mau estar que sentem, vêem o seu funcionamento quotidiano
perturbado de diferentes formas.
Há crianças e jovens que não conseguem integrar-se nos seus grupos de
pares e/ou não conseguem fazer amigos. As crianças e jovens isolam-se,
perdendo a oportunidade de se envolverem em actividades fora da escola
que podiam ser gratificantes e contribuir para o seu desenvolvimento
social, desportivo e artístico.
A nível escolar, alguns jovens têm muitas dificuldades em manter o seu
rendimento escolar, porque as suas capacidades de concentração e de
memorização estão diminuídas. Em algumas situações, a sua ansiedade é
tão grande nos momentos de avaliação que compromete o desempenho e,
nos casos mais graves, podem mesmo recusar-se em ir à escola.
A nível familiar, estes problemas de ansiedade podem criar uma grande
perturbação, quando a criança e jovem são incapazes de ficar sozinhos, de
adormecer ou dormir sozinhos, quando se recusam a ficar com outras pes-
soas ou quando se recusam a participar em determinadas actividades em
família, que lhes causam algum tipo de receio.
A longo prazo, existem vários estudos que confirmam que os problemas
de ansiedade na infância e na adolescência trazem um risco acrescido para
o desenvolvimento na idade adulta de perturbações de ansiedade, pertur-
bações depressivas e abuso de substâncias.
A ANSIEDADE
em crianças e adolescentes
MITO: As perturbações de ansiedade são raras e passageiras.
Na realidade, as perturbações de ansiedade são uma das perturbações
psiquiátricas mais frequentes em crianças e adolescentes. São, contudo,
difíceis de detectar por serem menos visíveis e menos perturbadoras para
os outros.
FACTOS SOBRE A ANSIEDADE:
 Uma investigação epidemiológica de Costel-
lo et al. (2003) revela que aproximadamente
10% das crianças/jovens sofrem de uma per-
turbação de ansiedade clinicamente signifi-
cativa antes dos 16 anos de idade.
 Numa turma de 25 alunos é provável que
encontremos em média 2 ou 3 crianças/
jovens que sofrem ou já sofreram com este
tipo de problemas.

Onde procurar ajuda: Consulta de Psicologia Pediátrica

do Serviço à Comunidade da Faculdade de Psicologia da
Universidade de Lisboa -
http://www2.fp.ul.pt/atendimento-a-comunidade
O QUE É A ANSIEDADE
A ansiedade é uma emoção que está presente, em algum grau, em todas as
pessoas e tem uma função adaptativa importante, que é preparar-nos para
lidarmos com situações ou estímulos que são percebidos como ameaçado-
res ou perigosos.
Esta emoção é caracterizada por um estado de apreensão e acompanhada
por alguns sintomas físicos: coração bate muito depressa ou parece que
“falha”, respiração acelerada, sensação de falta de ar, boca seca, tensão
muscular, náuseas, dores de barriga, dores de cabeça, …
Todos nós experimentamos medo e ansiedade em alguns momentos da
nossa vida e estas emoções em grau moderado podem ser adaptativas. Por
exemplo, é importante que tenham algum medo quando atravessam uma
rua onde há muito trânsito, porque isso faz com que estejamos mais aten-
tos e evitemos ser atropelados.
O grau de ansiedade e de medo e a forma como lidamos com o medo e a
ansiedade diferem muito de pessoa para pessoa.
COMO DISTINGUIR A ANSIEDADE E MEDOS NORMAIS DA
ANSIEDADE E MEDOS PATOLÓGICOS
É necessário distinguir entre a ansiedade e os medos normais e expectá-
veis dos medos mais patológicos. Os medos com significado clínico, distin-
guem-se dos medos mais normativos por serem medos que:
 Não são próprios da idade e persistem por um período alargado de tem-
po. Na infância e adolescência é normal que surjam alguns medos e preo-
cupações, que diminuem passadas algumas semanas. Quando os medos
não são próprios da idade e/ou persistem por um período alargado de
tempo é importante estar alerta.
 São desproporcionados. A natureza e o grau em que experimentamos
medo e ansiedade são importantes para determinar a sua adequação.
Assim, é normal que todas as crianças sintam em algum grau alguma
ansiedade quando se separam dos pais, mas é motivo de preocupação
quando as crianças face à separação real ou imaginada dos pais
demonstram reacções intensas de medo e ansiedade (por exemplo, vomitan-
do, chorando e gritando) e evitem qualquer separação dos pais (por exemplo,
recusando-se a ir à escola, não indo a casa de amigos, não adormecendo sozi-
nhos).
 São incapacitantes ou interferem de forma significativa com o funcionamen-
to quotidiano. A ansiedade que impede as crianças de desfrutarem e de se
envolverem em experiências e actividades normais para as crianças e jovens
da mesma idade (por exemplo, fazendo com que faltem às aulas, se afastem
dos amigos ou colegas, …) deve ser alvo de atenção.
Alguns sinais para reconhecer a ansiedade em crianças:
 Medos ou preocupações excessivas por um período alargado de tempo
 Hipervigilância ou atenção excessiva a todas as coisas relacionadas com a
situação que as amedronta ou preocupa
 Questionamento recorrente sobre situações que as amedrontam ou preo-
cupam, procurando tranquilizações
 Evitamento de situações novas ou das situações que as amedrontam ou
preocupam
 Irritabilidade
 Queixas somáticas: dores de cabeça ou de barriga, vómitos, náuseas,
dores musculares
 Dificuldades e adormecer ou sono pouco tranquilo
 Perfeccionismo
 Excessiva timidez
PRINCIPAIS PROBLEMÁTICAS DE ANSIEDADE
Entre os principais problemas de ansiedade em crianças e jovens, encontra-
mos:
 Ansiedade de separação  Fobia específica
 Ansiedade generalizada  Perturbação de Pânico
 Ansiedade social  Perturbação Obsessivo-Compulsiva
Para mais informações sobre cada uma das problemáticas: Consulte a página -
http://www2.fp.ul.pt/atendimento-a-comunidade