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Atenciosamente,
Elisa Maria Neiva de Lima Vieira
Psicologa Clínica
compreendendo um pouco desta
trajetória: este caminho nao é rápido!
“O Conhecimento transforma as pessoas”! Todos nós já ouvimos esta frase e sabemos o quanto ela é verdadeira. Para
se “educar”, é preciso que tenhamos a compreensão da educação emocional e afetiva. Existem vários tipos de
educação, mas, eu gostaria de falar especificamente da educação afetivo/emocional.
E, com propriedade, digo que estes dois tipos de alfabetização são infindáveis. E é para isto que este guia está sendo
confeccionado. E estou certa que essa versão será a mãe de muitas outras.
Tanto os familiares da criança com Mutismo seletivo, como as pessoas que estão ao seu entorno (colegas de
escola, professores, vizinhos, parentes entre outros), por vezes apresentam grande expectativa para que a criança
venha a se comunicar com eles. Veja bem, a comunicação acontece de diversas maneiras e ela precisa ser
observada e entendida.
A fala é um viés da comunicação...O falar pode demorar algum tempo, mas é preciso entender que não é
impossível. Apenas cada coisa acontece no seu tempo.
O QUE É
mutismo seletivo?
Mutismo Seletivo é uma condição em que a criança se encontra extremamente ansiosa e inibida, não falando em
determinadas situações. O nível de ansiedade geralmente é bastante alto, o que faz com que a criança “use” o não falar
para se proteger. Isto não significa que ela não queira falar. Ela não consegue, não pode falar, pois está inundada por
sentimentos ansiógenos. Entretanto observamos que crianças com mutismo seletivo são capazes de se comunicar
normalmente em situações em que se sintam mais confiáveis e seguras.
O Mutismo Seletivo, não caracteriza problemas na fala ou audição. Estudos recentes vêm mostrando que as crianças
mutistas seletivas podem ser mais frágeis a altos ruídos, mas ainda não temos comprovação exata desta questão. A fala
da criança com mutismo seletivo acontece normalmente com seus pais ou pessoas de sua confiança, sendo que na
presença de estranhos (professores, novos amigos, etc.) elas tendem a não falar.
No passado, falávamos do mutismo seletivo como uma síndrome rara, mas atualmente estamos “quebrando o
silêncio” e descobrindo muitos casos sendo diagnosticados
precocemente, pois os estudos começam a se disseminar em todo o
mundo. Sabemos que o Mutismo Seletivo afeta pelo menos 7 em cada
1000 crianças em idade escolar, tendo inicio geralmente aos três anos de
idade. Em alguns casos ele pode durar apenas meses e em outros
persistir por anos. Sua etiologia ainda não é definida, ou seja, sua causa é
considerada multifatorial. É ligeiramente mais frequente no sexo
feminino e acomete 1% dos indivíduos vistos em saúde mental. Não
temos uma definição correta e exata para esta questão, que esteja
comprovada cientificamente.
O Mutismo Seletivo está associado a quadros de ansiedade social. A
ansiedade social por sua vez é caracterizada por medos intensos, que
gera extremo desconforto em situações sociais.
usando o seu
GPS
• É preciso entender o Mutismo Seletivo! Na escola, os
professores e coordenadores serão provavelmente as primeiras
pessoas a observarem que a criança apresenta alterações
comportamentais.
• Ofereça muitas opções à criança, isto fará com que ela “deseje”
se expressar, por exemplo: “Qual cor de lápis você quer usar?
Verde? Vermelho? Amarelo? Azul?”
• Entenda que a criança pode e vai falar quando ela quiser; isso
não pode ser imposto à ela. A superação do mutismo seletivo
lenta.
Conheça as etapas da comunicação de uma criança com Mutismo Seletivo:
• A escola e os professores devem aceitar vídeos produzidos pelos pais através de smartphones, tabletes para avaliação
da aprendizagem da criança. Antes que os vídeos sejam apresentados para a sala, professores e coordenadores, é
necessário pedir licença a criança para que isso seja feito, tendo em vista que uma das caraterísticas do quadro de
mutismo seletivo, é a “vergonha da própria voz!”;
• É extremamente saudável que a escola permita que os pais entrem na sala de aula vazia com a criança e mostrem o
espaço para ela. Isto deve se estender por toda a escola, geralmente em horários de troca de turmas aonde a escola
tende a estar mais vazia;
• É fundamental que a escola permita que os pais entrem com os filhos no espaço escolar, antes das aulas iniciarem.
Por vezes pode ser feito uso de um “walk talk”, entre os pais e criança para que aos poucos o distanciamento entre eles
vá acontecendo e a criança obtenha segurança;
• O Professor pode incentivar a criança a se comunicar através de um diário (quando a criança já estiver alfabetizada),
e também através do uso do whats app, caso o professor esteja disponível esse tipo de contato;
• É aconselhável que a criança permaneça na escola durante todo o período de estudo, entretanto, os professores
devem ter sensibilidade suficiente e a escola e coordenação maleabilidade para que os pais sejam chamados caso
notem que sua ansiedade está se intensificando;
• É possível que a criança não se adapte à sua sala de aula. Neste caso, os pais devem ser chamados juntamente com
a equipe multiprofissional que atribui cuidados à criança, e juntos devem pensar em estratégias que sejam satisfatórias
para a criança;
• Muitas crianças mutistas seletivas podem fazer uso de medicações ansiolíticas ou antidepressivas. A escola deve estar
informada desta questão e atenta a possíveis efeitos colaterais das medicações;
• O professor pode e deve instituir encontros com a criança em uma outra sala de aula aonde esteja somente a dupla
professor x aluno ou auxiliar de classe;
• O professor deve observar se a criança tem empatia por uma ou duas crianças e promover encontros entre elas, e aí
sim, aos poucos, ela deve começar a transitar entre grupos;
• Pelo fato de não falar, a criança com mutismo seletivo irá chamar a atenção dos demais colegas. Este fato pode fazer
com que ela venha a passar por algum tipo de situação que cause tristeza: “ela não fala”!... “olha ela falou com a mae”!
É necessário que a classe seja sensibilizada para este fim e a escola tome atitudes pertinentes a integridade emocional
da criança. Recursos para didáticos podem ser utilizados;
• Faz parte do quadro de mutismo seletivo a “seletividade alimentar”. O professor deve manter os pais informados
sobre o quanto a criança esta comendo ou não, se está com dificuldade para fazê-lo na frente de outras crianças, etc...
• Caso este fato aconteça a escola, um auxiliar, juntamente com um amiguinho da criança pode se ausentar do recreio
e fazer o lanche com a criança em outro ambiente; entretanto este acolhimento não deve ultrapassar 30 dias; a
criança deve ser realocada ao recreio gradativamente. É apenas mais uma maneira de controle da ansiedade;
• A escola deve incentivar a criança a praticar esportes;
• A escola deve aceitar relatórios psicológicos para delineamento de conduta escolar.
Como citado no inicio deste guia, o Mutismo Seletivo é
uma condição temporária, visto que, com tratamento
adequado poderemos vencê-lo. Sabemos como
proceder com crianças que apresentam diversas
patologias, tais como autismo, Transtorno de Déficit de
Atenção e Concentração, entre outros, pois estes estão
mais divulgados, conhecidos e respaldados pela lei. O
mutismo seletivo começa a trilhar esse caminho.
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elisa.neiva.vieira@gmail.com
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