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A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA:
reflexões e possibilidades de intervenção
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2021
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da Capa: Camilla Volpato Broering
Revisão: Analista de Escrita e Artes
AT886
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-1082-0
ISBN Físico 978-65-251-1081-3
DOI 10.24824/978652511081.3
2021
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 - E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Christiane Carrijo Eckhardt Mouammar (UNESP)
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Francisco Carlos Duarte (PUC-PR) Mariana Lopez Teixeira (UFSC)
Gloria Fariñas León (Universidade Monilly Ramos Araujo Melo (UFCG)
de La Havana – Cuba) Olga Ceciliato Mattioli (ASSIS/UNESP)
Guillermo Arias Beatón (Universidade Regina Célia Faria Amaro Giora (MACKENZIE)
de La Havana – Cuba) Virgínia Kastrup (UFRJ)
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Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar aos pacientes que cruzaram o meu caminho
ao longo destes anos de jornada profissional, me ensinando a importância
da empatia, do cuidado e do amor. Agradeço também aos colegas de saúde
mental que toparam o convite em disseminar o seu conhecimento nesta obra,
primando pela responsabilidade ética e comprometimento com a nossa profis-
são. À Camilla Volpato Broering por abraçar a causa e juntas fazermos desta
obra um recurso utilitário aos demais colegas de profissão.
PREFÁCIO.................................................................................................................13
Tânia Rudnicki
PRÓLOGO.................................................................................................................17
Maria Balbina de Magalhães
PARTE I
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE DE PACIENTES ONCOLÓGICOS.............. 21
Sueli Terezinha Bobato
Kátia Baltoré Floriani
CAPÍTULO 2
GESTALT-TERAPIA E ADOECIMENTO: a abordagem desenvolvida pela Dra.
Adriana Schnake para trabalhar com pacientes oncológicos.....................................41
Ana Carolina Seara
CAPÍTULO 3
O MULTIFATORIAL DO CÂNCER:
intervenções e desafios no tratamento psicológico.....................................................53
Nazaré Maria de Albuquerque Hayasida
Rodrigo Serrão de Farias
CAPÍTULO 4
AS REPERCUSSÕES EMOCIONAIS DO CÂNCER ASSOCIADAS À
GRAVIDEZ: uma revisão integrativa..........................................................................75
Igor Weyber da Silva Ramos
Isabel Regiane Cardoso do Nascimento
Keyssiane Maria de Alencar Lima
CAPÍTULO 5
CUIDADOS PALIATIVOS: compreensão dos profissionais......................................87
Marina Mesquita Geraldeli Carvalho Cavalcanti
CAPÍTULO 6
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS............ 107
Cleonice Zatti
Stefania Teche
Lúcia Helena Machado Freitas
CAPÍTULO 7
O LUTO ANTECIPATÓRIO.....................................................................................121
Paula Abaurre Leverone
CAPÍTULO 8
A ESPIRITUALIDADE E O CÂNCER: uma luz na escuridão ................................131
Patrícia Pessatto da Silva
Maria Balbina de Magalhães
CAPÍTULO 9
MULHERES SOBREVIVENTES DE CÂNCER DE MAMA:
crescer a partir do sofrimento....................................................................................145
Tânia Rudnicki
CAPÍTULO 10
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO (COPING) DE DOENÇA EM
SITUAÇÃO DE TRATAMENTO HOSPITALAR......................................................165
Grazielle Rocha França
CAPÍTULO 11
LUTO E PERDAS IMPLICADOS NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO................183
Ana Paula Wilvert
CAPÍTULO 12
O FEMININO FRENTE AO CÂNCER DE MAMA..................................................191
Heloisa Canteri Langa
CAPÍTULO 13
RECURSOS LÚDICOS E O CÂNCER INFANTIL.................................................199
Camilla Volpato Broering
CAPÍTULO 14
PSICOLOGIA PEDIÁTRICA E ONCOLOGIA: intervenções
da terapia cognitiva..................................................................................................... 217
Marisa B. L. Marantes Sanchez
PARTE II
CAPÍTULO 15
O PACIENTE IDOSO ONCOLÓGICO E A COVID-19...........................................233
Camilla Volpato Broering
Nazaré Maria de Albuquerque Hayasida
Vanessa Schmitz Bulcão
CAPÍTULO 16
CÂNCER NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19:
Repercussões Psicológicas e Implicações Práticas.................................................253
Daniela Barsotti Santos
Beatriz Schmidt
Débora da Silva Noal
ÍNDICE REMISSIVO...............................................................................................267
cotidiano, na forma como ela encara seus problemas. O próximo capítulo (9),
trata do ‘Crescimento Pós-Traumático, em mulheres sobreviventes de câncer
de mama’. Este conceito foi anunciado por Calhoun e Tedeschi, na década
de 1990 onde, para algumas pessoas, acontecimentos traumáticos passam a
ter oportunidades de crescimento pessoal e relacional. É apontada a vivência
do câncer de mama em mulheres sobreviventes, como evento estressor, uma
experiência traumática que pode servir como oportunidade para aprenderem
e, portanto, crescerem enquanto pessoas.
O capítulo 10 mostra a importância do coping, através de um relato
de experiência, junto ao paciente infantil hospitalizado e sua mãe. O câncer
durante a infância, se caracteriza como um elemento estressor para os pais,
pois é uma ameaça real e imprevisível, na mesma medida em que, receber notí-
cias de que seu filho tem uma doença que oferece risco de vida, é um evento
que pode se tornar traumático. A autora nos mostra como se torna fundamental
auxiliar os pais no enfrentamento da doença e alívio de seu sofrimento, pois
são fundamentais para apoio emocional a criança em tratamento oncológico.
O próximo capítulo (11), fala sobre ‘lutos e perdas no tratamento onco-
lógico’. Quando adoecemos ou quando acompanhamos uma pessoa em seu
processo de adoecimento, as perdas são partes marcantes do enfrentamento da
situação. Cada perda sofrida traz consequências e geram processos de luto para
pacientes, familiares, cuidadores, profissionais da saúde, entre outros. A autora
mostra que o luto, diante de qualquer uma destas perdas, é uma reação normal e
esperada em consequência à uma perda significativa. É parte natural da existência
humana, acompanha todo o ciclo vital e precisa ser vivido para ser superado.
O capítulo 12 trata do ‘feminino frente ao câncer de mama’, através de
um entendimento psicodinâmico. Trata da visão subjetiva da mulher, porta-
dora de câncer de mama, buscando compreender aspectos implicados no seu
adoecimento. Mostra da importância do atendimento multidisciplinar e do
papel do psicólogo no contexto.
Os capítulos 13 e 14 trazem os recursos lúdicos e o câncer infantil, mos-
trando que no tratamento oncológico infantil, atividades prazerosas e alegres
devem ser proporcionadas à criança como aliadas ao seu desenvolvimento e
reabilitação, e não como simples passatempo. O brincar é apresentado como
de ajuda à criança, frente as suas necessidades socioemocionais preservando,
na medida do possível, estas necessidades, pois quando brinca ela se comu-
nica, se expressa, se diverte e relaxa. A psicologia pediátrica é inserida através
de intervenções pela terapia cognitiva. A autora mostra que a abordagem
cognitiva, é aquela que melhor se aproxima da prática assistencial em saúde,
devido a sua agilidade.
O capítulo 15, trata do ‘paciente idoso oncológico e a Covid-19’. As
autoras apontam o envelhecimento humano como fenômeno universal, além
16
haver alguma diferença em suas nomenclaturas. Ele tem sido apontado como
um modelo capaz de descrever a personalidade de maneira simples e econô-
mica, com boa aceitação por apresentar consideráveis indicadores de univer-
salidade e aplicabilidade em contextos diversos. Em contextos de diagnósticos
clínicos, geram informações úteis para a identificação de demandas de tra-
tamentos ou para a identificação de sintomas significativos dos transtornos
psicológicos ou de personalidade (Nunes; Hutz; Nunes, 2013).
A concepção de universalidade é atribuída ao CGF, pois, conforme
McGrae e Costa (1997 apud Nunes; Hutz; Nunes, 2013), o modelo parece
tratar-se de maneira eficiente de um agrupamento de traços comuns, cultural-
mente bastante gerais. Entende-se que os traços de personalidade apresentados
neste modelo dão conta de representar o conjunto de características biológicas
da nossa espécie, ou as consequências psicológicas das vivências humanas
compartilhadas socialmente. Segundo os autores, esta compreensão se apro-
ximaria das ideias de Allport (1961), as quais apontam para a possibilidade
de se representar aspectos comuns da personalidade da maior parte dos seres
humanos que compartilham de uma mesma cultura, através de traços comuns.
Segundo os respectivos autores, esse posicionamento decorre da hipó-
tese levantada por Goldberg em 1982, de que as características individuais
que fazem diferença significativa nas interações sociais cotidianas aparecem
codificadas na linguagem. Assim, se uma característica ou traço de persona-
lidade gera comportamentos relevantes para um determinado grupo social, as
pessoas falarão sobre esses traços e, consequentemente, criarão vocabulário
suficiente para citá-las e descrevê-las.
Dentre as cinco escalas que utilizam o modelo dos CGF para avaliação
da personalidade no Brasil, aprovadas no Sistema de Avaliação dos Testes
Psicológicos (SATEPSI), do Conselho Federal de Psicologia, destaca-se a
Bateria Fatorial de Personalidade (Silva; Nakano, 2011). Esta escala é utili-
zada em contextos como de pesquisa, avaliações clínicas e psicodiagnóstico,
avaliações de triagem em instituições de saúde, avaliação neuropsicológica,
entre outros fins (Nunes; Hutz; Nunes, 2013).
O Quadro 1 apresenta os cinco fatores avaliados pela Bateria Fatorial de
Personalidade, suas definições resumidas, e os subfatores a eles relacionados.
26
Metodologia
Resultados
Discussão
Considerações Finais
Assim, pesquisas com maior amostragem são necessárias para que se possa
corroborar ou refutar com segurança as análises aqui iniciadas, oferecendo
contribuições para o avanço do conhecimento científico no âmbito da perso-
nalidade de pacientes oncológicos.
Como limitações deste estudo, apontamos principalmente a amostra
reduzida. Devido ao pequeno número de participantes desta pesquisa, os resul-
tados não são suficientemente representativos da personalidade da população
oncológica, contudo trata-se de um resultado interessante, que abre espaço
para novos estudos direcionados à formulação de algumas hipóteses expli-
cativas para a compreensão de algumas possíveis especificidades do grupo
analisado, como a da tirania do pensamento positivo.
Além disso, entendemos que a personalidade, constructo complexo e
multifacetado, exige um processo de investigação que contemple uma maior
variedade de instrumentos de avaliação para que, de maneira parcimoniosa e
reflexiva, se atinja uma compreensão mais aprofundada dos aspectos levantados.
No contexto da saúde, ao articular pesquisa e assistência, a avaliação
psicológica colabora tanto para a produção do conhecimento quanto para o
atendimento das necessidades das pessoas. Salienta-se que a Bateria Fatorial
de Personalidade se constituiu como um instrumento adequado para a avalia-
ção da personalidade de pacientes oncológicos, já que apresentou resultados
compatíveis com as informações autorreferidas em relação aos seus posiciona-
mentos perante a própria vida e a doença. Os resultados trouxeram informações
confiáveis que poderão ser úteis ao psicólogo, favorecendo uma abordagem
mais adequada e efetiva diante da adaptação do paciente oncológico à nova
realidade imposta pelo câncer e seu tratamento, assim como a possibilidade de
trabalhar na prevenção de complicadores psicológicos específicos.
36
REFERÊNCIAS
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A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 39
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numa amostra de mulheres com cancro da mama. Aná. Psicológica.
33 (1). Lisboa. https://doi.org/10.14417/ap. 832
seria descrito como qualquer ser vivo que possua órgãos, tenha organização e
se autorregule, lembrando que todo organismo precisa do ambiente para trocas
essenciais (respiração, nutrição, relações pessoais). É importante lembrar que o
organismo trabalha como um todo e não como um somatório de partes. Nesse
sentido, não somos um somatório de órgãos, somos um todo coordenado; não
temos um coração, fígado, pulmões, somos fígado, coração, pulmões. “Saúde
é um equilíbrio apropriado de tudo aquilo que somos” (p. 20)
A partir dessas definições, entra outro conceito fundamental na Gestalt-
-Terapia, a autorregulação organísmica. A auto-regulação precisa ser distin-
guida da regulação externa. A primeira pode deixar o organismo dirigir sem
interferência, confiando na sabedoria do organismo. “A tomada de consciência
em si - e de si mesmo - pode ter efeito de cura” (p. 34). Já a regulação externa
se refere à patologia da auto-manipulação, do controle ambiental que atrapalha
o sutil auto-controle organísmico; nossa auto-manipulação que costumamos
chamar de “consciência” (Perls, 1977).
entender a doença como um ato de DETENÇÃO total, que permite chegar a uma
realidade diferente; (4) entender que cuidar da saúde não é lutar contra nada, nem
contra as doenças, é conhecer o que somos e aceitar limites e possibilidades; (5)
por fim, colaborar na tarefa de deter o ser humano na escalada de onipotência
e autossuficiência em que se encontra empenhado” (Schnake, 2007, p. 22)2.
Segundo esta autora, quando uma pessoa busca ajuda em função de um
adoecimento localizado em um órgão específico e que já foi identificado e
diagnosticado como responsável pela suposta doença, está diante de uma divi-
são nítida: um é o paciente e o outro é o adoecimento que o “ataca”. Então, a
primeira tarefa do terapeuta é a restituição da integridade do olhar e vivência
desse organismo, desse corpo. Ou seja, que a pessoa possa se dar conta de
que esse órgão de que ela “se queixa” é uma parte inseparável de si mesma.
O trabalho desenvolvido no EHSD é bem específico e exige uma forma-
ção nesta metodologia de trabalho. Para isso, é necessário que o terapeuta não
o utilize apenas como uma técnica descolada de seu sentido mais global, pois
assim faria o que Perls, ao longo de sua vida, criticou nos Gestalt-Terapeutas
sem aprofundamento teórico e técnico (aqueles que assistiam um ou dois
workshops que ele promovia e depois saiam replicando seus experimentos,
sem entender o cerne do que estavam fazendo) que se constituía, no final
das contas, num trabalho de charlatão, e foi responsável pela má-fama que
a Gestalt recebeu durante certo tempo. Mas, para que se possa compreender
basicamente como é feito o trabalho neste Enfoque, farei uma breve descri-
ção. O primeiro passo é conhecer a demanda do adoecimento; em seguida,
explicar no que se baseia o trabalho que será desenvolvido e como ele vai
acontecer, fornecendo dados para que a pessoa possa compreender a dinâ-
mica do que vai ser proposto; depois, pede-se uma descrição pormenorizada
sobre o adoecimento e convidamos o paciente para o trabalho. Caso não haja
nenhuma resistência, inicia-se o experimento, que consiste em localizar no
espaço três lugares distintos: em um, fica o terapeuta, em outro, o paciente e,
no terceiro, o órgão (onde está localizado o adoecimento).
O trabalho do terapeuta é mediar esta conversa a partir do conhecimento
apurado sobre o órgão a ser trabalhado para que, no momento adequado, possa
intervir trazendo as características anatômicas e fisiológicas correspondentes
ao órgão. O terapeuta também está atento à forma como o paciente se mostra
na condução do diálogo (ou seja, a entonação da voz, movimentos corporais,
expressões faciais, silêncios etc.); e também é ele que faz a troca de lugares
durante o processo. É importante lembrar que não há uma interpretação do sen-
tido, mas sim um exercício no aqui e agora da sessão que pretende fazer com
que a pessoa possa se apropriar dos conflitos que tem com as características
aquilo que está vivenciando ganha outra dimensão. Nesse sentido, também é
possível trabalhar com percepções equivocadas em que o paciente acha que
está “sendo punido” por algo que teria feito de errado; ou quando acredita que
é vítima e, nesse caso, não aciona sua energia vital para lidar com o conflito
que está vivendo. Afinal, se o adoecimento puder me ensinar algo sobre minha
forma de estar no mundo e fazer com que eu entenda o que se passa comigo,
uma vez que de forma habitual ou “inconsciente” não consigo perceber, por
que não experimentar?
São inúmeros os relatos de casos de pacientes oncológicos trazidos pela
autora. Trabalhos com órgãos adoecidos pelo câncer, já que é muito comum,
quando se identifica o primeiro órgão afetado, que exista um conflito claro
com as características e funções desse órgão. Outros trabalhos são realizados
com a célula neoplásica, visto que as características dessa célula evidenciam
uma forma de ser “anti-humana”, pois somos finitos, mortais, temos limites
claros, precisamos uns dos outros, somos seres dependentes desde que nas-
cemos, dentre outras características, que precisam ser evidenciadas, pois a
onipotência e demais características dessa célula ameaçam a organização
social da qual fazemos parte enquanto seres humanos. A célula oncológica,
se não for parada, cresce até acabar com sua possibilidade de sobrevivência,
pois extermina o seu “hospedeiro” (surpreende perceber que o comportamento
humano, muitas vezes, é muito semelhante).
Também são desenvolvidos trabalhos com o sistema imunológico, dado
que foi através de um descuido desse sistema que o câncer pôde se fixar e
desenvolver-se em um corpo-humano. Como se sabe, nosso sistema imu-
nológico está diariamente identificando células com potencial risco para o
organismo e as elimina sem problema algum, uma vez que essa tarefa faz parte
de uma de suas funções. Quando esse sistema falha, há uma mensagem que
precisa ser compreendida. Algumas vezes para auxiliar o paciente com câncer
a entender todas as mensagens implicadas no seu adoecimento é importante
realizar essas três possibilidades de trabalho clínico: (1) com o órgão afetado,
(2) com a célula neoplásica e (3) com o sistema imunológico.
Diferente de outras formas de trabalho psicológico e entendimento rela-
tivos ao adoecimento somático, o EHSD não pretende correlacionar um adoe-
cimento específico com uma característica de personalidade, já que se baseia
em uma postura fenomenológica e descritiva. Assim, seu formato permite que
o paciente possa perceber as identificações com determinada característica
relativas às funções que determinado órgão desempenha (o terapeuta, neste
caso, apenas conduz o processo).
Ilustrando esse processo, talvez nos surpreenderíamos ao perceber que
conhecemos muito pouco a respeito do nosso organismo, poderíamos exempli-
ficar com um órgão de vital importância para nossa saúde, o Intestino Grosso.
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 49
A grande maioria de nós tem uma vaga ideia de onde ele se localiza e sente
seus efeitos já que ele é a parte final do intestino, antes do ânus. Geralmente
as pessoas sentem um pouco de asco ao se referir ao intestino, ignorando sua
extrema importância no processo digestivo para nosso bem estar geral. E por
esta razão é muito comum não conhecermos todo seu potencial de lidar com
os dejetos (restos não assimilados dos alimentos que ingerimos) e fazer sua
parte no trabalho de eliminação, sem questionar, apenas cumprindo sua fun-
ção. Podemos conhecê-lo um pouco mais em parte da descrição personalizada
desenvolvida na sistematização contida nas fichas de cada órgão: “Sou um
tubo flexível, grosso, tenho movimentos, um ritmo próprio e estou aqui para
receber todos os dejetos e tudo o que o intestino delgado (que é muito maior
do que eu) não absorveu. Eu não questiono o que me chega, recebo tudo e
começo a separar, já que minha principal função é absorver a grande quantidade
de líquidos que me chega. [...] Características de personalidade: eliminador,
limpador, desintoxicador, reclamão, forte, rítmico [...]” (Schnake, 2007, p. 89).
É, a partir dessas características, que se inicia o primeiro contato com
determinado órgão, mas de forma vivencial, pois nossa racionalidade talvez
atrapalhasse o processo de conexão com o órgão caso estivéssemos apenas
lendo a descrição das características. É na dinâmica do experimento clínico
que se pode viver com intensidade a experiência de contato e permitir dar-se
conta do que a experiência possibilita para se chegar ao entendimento da
mensagem do órgão, que é única para cada sujeito, assim como cada pessoa
possui uma história de vida particular e singular. Ou seja, é no trabalho
vivencial que o sujeito, ao conhecer as funções e características dos órgãos,
vai se identificando ou não com cada característica e pode perceber sua relação
com o órgão em questão.
Para Schnake, haveria aspectos nossos que poderiam favorecer a presença
de um tipo de doença que nos afeta. Ainda que não saibamos estatisticamente
o tamanho da influência de nos dar conta dessas características na melhora da
doença, é sabido que as mudanças de personalidade permitem uma maior har-
monia e um melhoramento da relação consigo mesmo e com seu entorno. Para
que essas mudanças aconteçam, é fundamental entender e conhecer a relação
que a pessoa tem com o órgão afetado. No trabalho com o EHSD, percebemos
que cada sistema ou órgão do nosso corpo tem suas características e muitas
vezes elas são violentamente rechaçadas, e este rechaço, a autora arrisca dizer
que, pela sua experiência, coincide com a “não defesa” ou o “deixar-se invadir
sem dar aviso”. Segundo Adriana Schnake (2001), as ideias que cada pessoa
possui sobre si mesmo geralmente correspondem a um “eu” idealizado e são,
muitas vezes, altamente perturbadoras e quase em oposição às características
dos órgãos que estão adoecendo. As exigências sociais vigentes, os padrões de
50
REFERÊNCIAS
Müller – Granzotto, M. J. & Müller – Granzotto, R. L. (2007). Fenomenologia
e Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus.
Figura 2
como uma estratégia de controle interno, pois esses problemas são geral-
mente diagnosticados ou não detectados nessa população (Loukissa, 2007).
A doença crônica e o comprometimento funcional são comumente
co-mórbidos em idosos deprimidos e ansiosos. É importante avaliar até que
ponto o cliente está se fundindo com um senso de si danificado que pode estar
surgindo de doenças crônicas e comprometimento funcional (isto é, definindo o
eu como indefeso ou enfermo). Semelhante às atitudes sobre o envelhecimento,
a fusão com um eu conceitual danificado decorrente de uma doença crônica
precisa ser abordada no tratamento e pode representar uma barreira à mudança
de comportamento (Hayes & Lillis, 2012; Finlay, Peacock & Elander, 2018).
A perda do contato com os valores da vida pode ocorrer após eventos
importantes nela experimentados, como aposentadoria ou novas deficiências
funcionais que surgem de uma doença crônica. Assim, se o paciente não con-
seguir fazer a transição para novos objetivos comportamentais consistentes
com esses valores após a aposentadoria, ele poderá experimentar descone-
xão com os valores essenciais. Além disso, novas deficiências funcionais
decorrentes de doenças crônicas podem tornar os objetivos atuais fisicamente
inatingíveis. Se esses objetivos inatingíveis não forem substituídos por obje-
tivos atingíveis que estejam de acordo com os valores, o paciente poderá
perder o contato com um valor de vida profundamente enraizado. Ressalta-se
que esclarecer sobre os valores tem os seguintes objetivos: ajudar o doente
a se reconectar com os valores que dão sentido e propósito à sua vida. Um
segundo objetivo é aumentar a conscientização sobre direções valiosas da
vida e maneiras pelas quais o comportamento atual não está de acordo com
esses valores anteriormente introjetados. Identificar esses valores, deve ser a
tarefa do terapeuta para trabalhar no sentido de criar estratégias alternativas
para chegar em direção a esses valores, obtendo assistência de outras pessoas
ou para identificar metas alternativas que ainda são atingíveis. O atendimento
psicoterápico mostra que a maioria dos pacientes não consegue, por exem-
plo, se desvencilhar de regras disfuncionais, aceitar aquilo que não pode
ser mudado, viver o momento presente e viver de acordo com seus valores.
As barreiras mais comuns encontradas no tratamento, por exemplo, são a
fadiga, experimentar emoções desconfortáveis e a fusão com experiências
internas autoavaliativas (Finlay, Peacock & Elander, 2018).
A fusão cognitiva é outra área importante de avaliação em adultos mais
velhos. É importante avaliar até que ponto o indivíduo está fundido com um
eu conceitualizado como danificado. É importante avaliar com o paciente a
respeito das suas atitudes sobre o envelhecimento, e ter opiniões negativas
sobre o envelhecimento pode se transformar em um auto-estereótipo negativo
que tendem a ter piores resultados funcionais e de saúde mental na idade adulta
(Hayes & Lillis, 2012). A fusão cognitiva com esse eu envelhecido conceituado
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 67
aceitação do quadro clínico por seu paciente, fortalecendo a união dos fami-
liares favorecendo uma oportunidade de validar sentimentos difíceis como
culpa, raiva e à possibilidade de morte.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
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Metodologia
Resultados
continuação
Base de
Nº Título Autores/Ano Objetivos
dados
Compreender os aspectos de
Hsieh P. L, Huang S.
risco-benefício na escolha pela
Risk-benefitperceptionofpregnan- PUBMED/ M, Chien L. Y, Lee
02 concepção ou contracepção
cyamongbreastcancersurvivors. MEDLINE C. F, Hsiung Y, Tai
após o tratamento de câncer
C. J, 2017
em Taiwan.
Relatar as queixas de aleita-
mento materno de mulheres
AfterChemotherapyTreatment for Stopenski S, Aslam diagnosticadas com câncer
03 Maternal CancerDuringPregnancy, PUBMED A, Zhang X, Car- durante a gravidez, correlacio-
IsBreastfeedingPossible? donick E, 2017 nando positividade no prognós-
tico com as características de
seu tratamento.
Identificar risco de altos índices
de sofrimento em mulheres
Psychologicaldistressandcogniti-
Vandenbroucke T, et diagnosticadas com câncer
04 vecoping in pregnantwomendiag- PUBMED
al. 2017 durante a gravidez e seus par-
nosedwithcancerandtheirpartners.
ceiros, com base em seu perfil
de enfrentamento.
Identificar as necessidades
não atendidas de serviços de
Unintendedpregnancy: a system- planejamento familiar entre
atic review ofcontraception use PUBMED/ mulheres com câncer, descre-
05 Britton L, 2017
andcounseling in womenwithcan- MEDLINE vendo a prevalência de aconse-
cer.(Report) lhamento sobre contracepção,
uso de contraceptivos, gravidez
indesejada e aborto.
Karunaratne K, Descrever a importância da prá-
Counsellingpregnantwomenwith- PUBMED/ Premaratne S, tica do Aconselhamento por parte
06
cancer. MEDLINE Hapuachchige C, da equipe multidisciplinar junto a
Ihalagama H, 2016 mulheres grávidas com câncer.
Güth U, Huang D. Avaliar a interação de
Family ties: youngbreastcancerpa- PUBMED/
07 J, Alder J, Moffat R, laços familiares em pacientes
tientsandtheirchildren. MEDLINE
2015 jovens com câncer de mama.
de 2018 (1),uma em 2016 (6) e uma em 2015 (7). Todos os artigos são pro-
duções internacionais (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7), dentre os quais foram publicados
respectivamente: 1 – Clinical Breast Cancer; 2 – European Journal of Cancer
Care; 3 – Breastfeeding Medicine; 4 – Psycho‐Oncology; 5 – Clinical Journal
of Oncology Nursing; 6 – Best Practice & Research Clinical Obstetrics and
Gynaecology; e 7 – Swiss Medical Weekly. As características metodológicas
dos trabalhos selecionados são: dois artigos de abordagem qualitativa (2, 4),
com a realização de entrevistas em profundidade e aplicação de questionários;
três estudos de caráter quantitativo, uma metanálise (1), com predomínio em
estudos de coorte prospectivo (3, 7); uma revisão sistemática (5); e outra de
caráter descritivo (6).
Discussão
Considerações Finais
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UTI, o homem vive como se nunca fosse morrer; o que acarreta a distanásia
(prolongamento da morte) e a obstinação terapêutica dentro do hospital. Os
autores também falam sobre o conceito de “boa morte”, que consiste em uma
morte humanizada e tem como objetivo oferecer cuidado integral ao paciente
até o fim de sua vida – sem a presença de desconforto e sofrimento provocado
pela doença – incluindo suporte emocional e espiritual. Na “boa morte” evi-
ta-se tratamentos invasivos quando não há chance de cura e quando não irá
acrescentar benefícios à sobrevida do paciente, mas vão apenas causar dor e
sofrimento (Menezes, 2003).
Conclui-se então que a “boa morte” é a morte idealizada pelos Cuidados
Paliativos, ou seja, digna e humanizada. Serão descritos dois casos clínicos
de pacientes que foram atendidos pela autora, que atua como psicóloga e
que receberam Cuidados Paliativos. Estes casos ilustram condutas da equipe
multiprofissional ao lidar com pacientes em Cuidados Paliativos. Salienta-
-se que para que o trabalho fosse realizado com sucesso, contou-se com a
ajuda de todos (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas,
fisioterapeutas).
Relatos de Caso
Caso 1
Caso 2
filosofia dos Cuidados Paliativos. Segundo Santoro (2003) este tipo de morte
é a morte digna e sem sofrimento, que acontece através da conduta correta
sem antecipar ou retardar o processo.
Sua família já havia conversado com ela, e ambos haviam decidido não
prolongar a vida da paciente, como não havia possibilidade de cura. Inclusive,
na última internação da paciente, foi decidido por ela e por sua família sua ida
para casa, pois o desejo de todos eles era que a paciente morresse em casa,
próximo de sua família.
Durante a visita domiciliar, também conversei com a paciente, e mesmo
com dificuldade de se comunicar, pronunciou algumas palavras. Segurei
em sua mão naquele momento e a escutei. Neste momento foi possível
sentir a importância do vínculo estabelecido por nós. Ela falou sobre sua
casa, sobre a visita da equipe e continuou pensativa e quieta. Demonstrava
naquele momento estar sem dor, confortável, bem cuidada, esperando o
momento de sua morte ao lado de sua família. Tanto a paciente, quanto sua
família demonstravam aceitação do momento que estavam vivendo, com a
proximidade de morte.
A paciente demonstrava também o sentimento de gratidão pelos cuidados
oferecidos por mim, pela equipe e por sua família. A paciente faleceu alguns
dias após a visita, e fomos informados por sua família, que me procurou
solicitando atendimento psicológico durante o processo de luto. Os familiares
foram encaminhados ao grupo de luto da instituição. Continuei realizando os
atendimentos com eles por alguns meses. Mais uma vez o CP se fez presente,
pois tem como um de seus princípios oferecer assistência aos familiares do
paciente, mesmo após a morte do paciente.
Este caso ilustra como a filosofia dos Cuidados Paliativos é um modelo
de cuidado humanizado, e o quanto é importante conhecê-lo e compreendê-lo
para que ele seja utilizado e disseminado em todas as instituições de saúde. Os
Cuidados Paliativos preconizam acima de tudo o respeito com o paciente, com
o objetivo de promover seu bem-estar físico, psicológico, social e espiritual,
tendo em vista seus sentimentos, desejos e escolhas. Este cuidado também
tem como objetivo o cuidar da família do paciente em todos os momentos.
O vínculo com o paciente e sua família foi um facilitador do meu trabalho,
pois trabalhei como um ego auxiliar, um elo entre eles e a equipe multipro-
fissional, auxiliando-os em todos os momentos. É importante pensarmos que
os Cuidados Paliativos é um direito humano, e deve ser ofertado a todos, pois
ele propicia uma vida digna e uma morte humanizada.
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 103
Considerações Finais
para sua família. Enfim, espero que as instituições de saúde possam levar aos
seus profissionais o conhecimento sobre o CP, com o objetivo de oferecer um
cuidado humanizado ao paciente e sua família, tendo em vista que o cuidado
paliativo não é uma opção de tratamento, e sim uma complementação do
acompanhamento do paciente.
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Delirium
Transtorno de Adaptação
Transtorno de Ansiedade
Os sintomas ansiosos podem estar presentes em todas as etapas de evo-
lução da doença e tratamento. Pessoas com este transtorno possuem grande
dificuldade em compreensão da patologia e indicações de tratamentos for-
necidos pela equipe hospitalar devido a sintomas de medo e preocupações
excessivas com relação à realidade, ocasionando assim uma baixa adesão ao
tratamento recomendado.
Na Espanha um estudo revelou que, em uma amostra de 600 pacien-
tes oncológicos, metade deles apresentava sintomas ansiosos. As mulheres
apresentaram mais ansiedade em relação aos homens, pessoas empregadas
sofreram mais ansiedade em comparação aos aposentados. Através de uma
regressão logística, as pessoas com otimismo, esperança e apoio social, do
sexo masculino foram significativamente associadas ao menor risco de apre-
sentar os sintomas de Transtorno de Ansiedade (Jimenez-Fonseca et al., 2018).
Nos pacientes oncológicos, os sintomas ansiosos podem estar relacio-
nados ao tratamento, negatividade em relação à doença, dúvidas existenciais,
falta de apoio social, desesperança, incluindo a questão da morte. Há casos em
que, mesmo após a cura, ainda persiste a ansiedade em relação à possibilidade
de retorno da doença.
Pesquisas mostram que 40% dos sobreviventes de câncer obtiveram
escores de ansiedade moderada a alta na faixa de pacientes em idade ativa
de trabalho, comparados com a população em geral (Inhestern et al., 2017).
A equipe multidisciplinar envolvida no atendimento do paciente onco-
lógico deve estar sempre atenta aos sintomas ansiosos apresentados, pois
muitas vezes o paciente está impactado com a doença, não tendo condições
de detectar sinais de alerta e pedir ajuda emocional. Os sintomas de sono
perturbado, boca seca e dormência ou formigamento, bem como preocupação
ansiosa e evitação, foram significativamente correlacionados com Transtorno
de Ansiedade em pacientes com câncer (Shim et al., 2017).
Recomenda-se que a avaliação e os cuidados dos sintomas ansiosos e
depressivos sejam integrados como parte regular dos cuidados oncológicos
durante todo o tratamento do câncer.
O suporte social e familiar também deve estar em Alerta. Ao perceber
qualquer demanda, um psicólogo ou psiquiatra deverá ser agendado para que
sejam tomados os devidos cuidados com o paciente.
Ao discutirmos sobre o suporte familiar, voltamos a atenção aos cuida-
dores do paciente oncológico. Um estudo realizado na Índia mostrou que o
familiar, ao prestar os cuidados a um paciente que está enfrentando problemas
devido ao câncer, pode apresentar problemas psiquiátricos tanto quanto o pró-
prio paciente diagnosticado com a doença. Assim, faz-se necessária a atenção
114
aos problemas emocionais dos cuidadores, para que sejam planejadas inter-
venções de suporte apropriadas. Se o bem-estar dos cuidadores for reforçado,
eles contribuem ainda mais para o bem-estar dos pacientes em tratamento
oncológico (Padmaja et al., 2016). A oncopsiquiatria, assim chamada a assis-
tência psiquiátrica aos pacientes oncológicos, faz intervenções direcionadas
aos pacientes e cuidadores separadamente, bem como intervenções combina-
das para ambos, caso necessário. O tratamento dos transtornos de ansiedade
em pacientes com câncer inclui fármacos da classe dos antidepressivos e dos
benzodiazepínicos, que devem ser avaliados pela interação medicamentosa
com os fármacos dos tratamentos oncológicos. Intervenções psicoterápicas
são efetivas e recomendadas.
Síndrome Psicótica
Cuidados Paliativos
Chama-se uma condição de cuidado paliativo a situação na qual o câncer
não apresenta chance de cura, porém é possível realizar tratamento para o
manejo dos sintomas disfuncionais. Neste cenário, foi realizado um estudo mul-
ticêntrico em sete países, em contextos de cuidados paliativos, incluindo 4.007
indivíduos. A prevalência de depressão maior nesse grupo foi de 16,5%. A
prevalência do distúrbio de adaptação isoladamente foi de 15,4% e dos trans-
tornos de ansiedade 9,8% (Mitchell et al., 2011). O tratamento dessas condições
e comorbidades melhora a qualidade de vida no estágio terminal da doença.
Conclusão
Neste capítulo, descrevemos os transtornos separadamente, porém na
prática clínica eles podem aparecer concomitantes, a separação serviu para
apresentá-los de forma didática. Conclui-se que, ao receberem a notícia de uma
doença grave, que aparece de forma inesperada, é natural os pacientes apresen-
tarem sintomas como ansiedade, tristeza, desesperança e ideias sobre a morte.
O câncer em estágio avançado, ou predisposição à doença psiquiátrica, pode
levar o paciente a manifestar esses sintomas de forma mais acentuada, portanto
é de grande importância a avaliação psíquica e distinção do que é um senti-
mento e reação esperada de sintomas que podem desenvolver psicopatologia.
Algumas condições influenciam significativamente o risco de desenvolver
uma psicopatologia, porém, se tratadas precocemente, pode-se modificar o
desfecho negativo. Essas condições são medidas gerais de saúde em relação
ao manejo adequado da dor, a manutenção da higiene do sono e do ciclo sono-
-vigília e medidas que atentem para o apetite e uma boa alimentação, assim
como a atenção ao comportamento sexual, medidas de lazer e de interação
com pessoas queridas.
A avaliação completa trará possibilidades para uma intervenção ade-
quada, considerando os princípios gerais do tratamento. As principais indica-
ções de tratamento para o paciente com câncer são intervenções cirúrgicas ou
farmacológicas no sítio do tumor. Além disso, o que contribuirá para amenizar
o sofrimento psíquico será a ajuda do serviço social, o tratamento psiquiátrico,
se necessário, a psicoterapia individual e grupos de apoio na comunidade. O
tratamento integrado para as necessidades do paciente dá um suporte adicional
e aumenta consideravelmente o desfecho positivo de cura e de bem-estar.
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 117
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CAPÍTULO 7
O LUTO ANTECIPATÓRIO
Paula Abaurre Leverone
Nem todas as partidas, dentre as tantas que a vida nos reserva, comportam
uma despedida como a morte anunciada é capaz de fazer.
O tempo passa a ter um valor diferente quando a realidade da morte se
aproxima, a vida se torna urgente por um lado e demoradamente intensa por
outro. O choque da má notícia denuncia o que ficou por fazer e reivindica o
que ainda pode ser feito.
É nesse período entre o diagnóstico e a morte que se dá o luto anteci-
patório, um processo que possibilita ir aos poucos entrando em contato com
o sentimento de perda e organizando a partida, tanto por parte do paciente
doente, ao vivenciar o final da vida, quanto por parte das pessoas a ele vin-
culadas, pela perda do ente querido.
O anúncio de uma doença fora de possibilidades curativas afeta significa-
tivamente o sistema familiar e social no qual o paciente está inserido, exigindo
dos envolvidos uma reorganização de funções e tarefas e uma revisão de
olhares que tendem a ser de grande impacto emocional e relacional. A ameaça
de rompimento de vínculo abala o funcionamento normal do sistema, altera
a rotina familiar e faz com que recursos internos e externos sejam acionados
para enfrentar todas as mudanças no caminho.
Um diagnóstico de doença crônica por si só, por todas as perdas que
comporta e a proximidade com a morte ali implícita, pode levar a esse processo
de enlutamento, que chamamos de luto antecipatório. Tal nome é atribuído
ao fato de que o enlutado antecipa o contato com a morte iminente e inicia a
vivência e a elaboração de seu luto desde então.
O fenômeno do luto é um processo psíquico natural que se dá a partir
de uma perda significativa para o sujeito (Parkes, 1998), é algo indispensável
para a elaboração dessa perda, para o reajustamento ao mundo e da vida diante
da falta e da ausência daquele ou daquilo que foi perdido.
As perdas vão sendo sentidas em uma série de tarefas e atividades que
eram antes executadas rotineiramente e se veem inviabilizadas pelo avançar da
doença. A pessoa ainda não morreu, mas as perdas já precisam ser elaboradas
(Kovács, 1992 apud Flach, 2012).
Para o paciente, o luto vem relacionado às diversas perdas impostas
pela doença como: a perda da sua condição de saúde e debilidades físicas; a
mudança na imagem corporal; a perda da autonomia que a doença impõe; a
122
intimidade que fica nas mãos e aos cuidados dos outros; a autoestima conse-
quentemente abalada; as mudanças no cotidiano; as funções desempenhadas
em cada papel de sua vida, que estão impossibilitadas de serem exercidas; a
identidade do sujeito que passa por uma crise e precisa ser revista; as pessoas
e coisas que deixará quando partir; e claro, a perda da própria vida.
Por parte dos amigos e familiares do paciente doente também são vividas
múltiplas perdas e, consequentemente, seus lutos: pelo estado físico e psí-
quico do ente querido doente; pelo papel e significados contidos na relação
com aquela pessoa; pelas alterações na rotina que uma doença exige; pela
antecipação do enfrentamento de um mundo sem a presença física daquele
ente e pela quebra com tudo que é conhecido, provocada pela doença e pela
aproximação da morte.
Fonseca (2012) explica que paciente e familiares podem experimentar
seus lutos a partir do momento em que entendem e assumem que o diagnóstico
da doença é terminal e com isso se veem diante da necessidade de reorganizar
seus recursos para enfrentar a perda iminente. Essas perdas (concretas e sim-
bólicas), segundo o autor, desencadeiam o luto antecipatório que possibilita
uma elaboração do luto, a partir do processo de adoecimento (Fonseca, 2004).
Sendo assim, o luto antecipatório pode ter a importante função de auxiliar
os pacientes e familiares na preparação para o convívio com uma enfermidade
crônica ou para uma morte iminente (Cardoso & Santos, 2013).
O Luto complicado
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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rationale and description. Death Studies, Philadelphia, 23 (3), p.
197-224.
3 De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), câncer é o nome dado a um grupo de doenças
que tem em comum o crescimento desordenado de células. Este tumor maligno (câncer) tem a capaci-
dade de espalhar-se para outras regiões do corpo, multiplicando-se rapidamente, e sua cura está muito
relacionada com sua descoberta precoce. É fator relevante a mulher estar informada para poder perceber
em seu corpo alterações que podem surgir na mama, acompanhadas ou não de dor mamária, como por
exemplo, mudança de tamanho ou formato (acompanhadas ou não de dor mamária); nódulo ou aumento de
espessura em determinada região, observando no mamilo nódulo ou aumento da espessura, retraimento,
saída de sangue. Nos braços: é preciso estar atento ao aparecimento de inchaço ou nódulo na axila, sendo
esses nódulos palpáveis ou não, podendo o câncer de mama ser também detectado precocemente através
de diferentes estratégias, tais como: autoexame das mamas, realizado mensalmente pela própria mulher,
exame clínico anual com ginecologista e solicitação para encaminhamento ao mastologista, sendo este é
o profissional mais indicado para realizar a palpação e exame minucioso da mama, abordando histórico
familiar de doenças, e caso o mastologista perceber a presença qualquer anormalidade poderá solicitar
alguns exames, como: mamografia, em que a mama é comprimida no mamógrafo, de forma a fornecer
melhor capacidade de diagnóstico e mostrar lesões em fase inicial, sendo este exame muito utilizado em
mulheres com mais de 35 anos; ultrassonografia (USG), que consiste em um exame de avaliação por
imagem, utilizado frequentemente em mulheres com menos de 35 anos, e em mulheres com mais de 35
anos como complementação à mamografia. A USG é usada para detectar um nódulo sólido ou com fluido
(um cisto) e também é capaz de identificar lesões no interior de cistos.
134
4 Criada por Viktor Emil Frankl, e desenvolvida enquanto o seu criador esteve preso em Campos de Concen-
tração, durante a Segunda Guerra Mundial, a Logoterapia, percebe o ser humano como um ser que tem a
livre escolha perante as pressões internas e externas a ele. Esta escolha está direcionada para a que tiver
maior sentido na vida de quem escolhe, dessa forma, acredita que os humanos se autoconstroem, ou seja,
são livres e responsáveis pelas próprias escolhas.
5 Capelania é uma Assistência Religiosa e Social prestada aos serviços Civis e Militares, prevista e garantida
pela Constituição Federal de 1988, sob a Lei n. 6.923 art. 5 e inciso VII. A Capelania ganhou muita força
nestes últimos anos, principalmente no Brasil pelas Lideranças Evangélicas, já que os hospitais, presídios,
escolas, universidades e outras instituições vem se preocupando com a qualidade no atendimento das
pessoas com carências espirituais, afetivas e emocionais, necessitando de uma pessoa de estímulo e
entusiasmo. (BRASIL, 1981).
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 135
6 “Frankl não conheceu o valor deste sentido da vida nos momentos confortáveis e cômodos da sua vida, mas
nos mais escuros e difíceis: no campo de concentração, quando soube da morte da sua família, nas horas
de mais profunda humilhação e esgotamento físico. Ele o transmite agora aos seus pacientes, e provoca
verdadeiro milagre, tanto em terapia individual, como através da influência coletiva de seus milhões de
livros editados. É como se a indescritível ingenuidade de sua tese ‘a vida tem um sentido’ tivesse um efeito
semelhante ao da não menos ingênua ordem bíblica: ‘levanta-te e anda’”. (Frankl, 2009, p. 10).
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 137
REFERÊNCIAS
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A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 143
Crescimento Pós-Traumático
eu tinha o cabelo bonito, era bem comprido, mas fazer o que, não é?
Quando acabou ele cresceu de novo” (P., 38 anos).
Importante pontuar que nem toda pessoa que passa por um aconteci-
mento traumático, como o câncer de mama, experiencia o crescimento. Esta
experiência é uma transformação pessoal, não se trata apenas de resiliência
para conseguir enfrentar o trauma, mas trata de conseguir transformar-se
a partir deste.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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Parte 2
médico disse que era um tumor, só que ele não sabia de que tipo. Daí me
mandaram para cá. Depois me chamaram para ver o resultado e deu que era
Tumor de Wilms” (Juliana).
Desde o diagnóstico os pais, de modo geral, buscam informações sobre
o câncer e o seu tratamento, como se a posse de tais conhecimentos pudesse
ajudá-los a partilhar o mundo da doença com o filho, de adentrar esse mundo,
no sentido de que este se torne familiar para eles, ajudando-os assim, a superar
suas inquietações e conviver melhor com a criança (Valle, 1997). Desejam,
também que essas informações lhe tragam alguma esperança que possa aliviar
sua dor (Valle, 1997).
Dentre as neoplasias malignas localizadas primariamente no rim de crian-
ças, o tumor de Wilms destaca-se como o mais frequente e praticamente o
único crescimento tumoral maligno do rim na infância (Chaves, 1978). Tal
tumor afeta ambos os sexos e rins, entretanto, em apenas 5% dos casos existe
tumor bilateral (Chaves, 1978).
O tumor de Wilms, conhecido como nefroblastoma, pode estar associado
a certas anomalias congênitas, especificamente hemi-hipertrofia congênita
(membros de um lado do corpo maiores que do outro), aniridia congênita
(ausência congênita de íris), síndrome de Beckwiht, anomalias do trato geni-
to-urinário (Chaves, 1978). Conforme o autor, inicialmente, o tumor se apre-
senta como uma massa abdominal assintomática, frequentemente presente por
algum tempo e primeiramente detectada pelos próprios pais (Chaves, 1978).
Os diferentes procedimentos e tratamentos utilizados foram descritos
minuciosamente pela mãe:
“Dia 12 de fevereiro de 2001, eles começaram com a quimio pequena.
Era uma injeção de Oncovin, uma vez por semana, de 15 em 15 dias, por Dois
meses. Daí, O Leonardo fez os exames tudo de novo, e deu que o tumor havia
aumentado. Era de 8,5cm X 5cm. Ficou 13cm X 7cm. O rim dele era de 9 cm.
Eles mudaram a quimio. Era a quimio pesada. Eles chamam de círculo: quatro
vezes de cinco dias. Novamente, ele fez todos os exames, e deu que a quimio
diminuiu 30% do tumor. Eu já tinha visto que não tinha diminuído nada. Daí,
eles resolveram operar. Operou e agora, um ano de quimio”[...] (Juliana).
O tumor de Wilms é uma neoplasia que apresenta uma grande proclivi-
dade para o crescimento e para metastatizar em curto prazo (Chaves, 1978).
Tais tumores podem ser classificados em: T (tumor primário - intra-renal),
T1 (tumor unilateral - < = 80 cm2 do rim – além da cápsula), T2 (tumor uni-
lateral - > 80 cm2 do rim – além da cápsula), T3 (tumor unilateral roto), e T4
(tumores bilaterais) (Chaves, 1978).
O tratamento quimioterápico pode ser empregado antes dos procedimen-
tos cirúrgicos ou radioterápicos. Após as cirurgias, o tratamento é utilizado
para prevenir recidiva ou metástases (Chaves, 1978). Este tratamento pode
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 171
“A rotina dele não se modificou com a doença. Ele acorda, toma banho e
vai para a aula. Eu vou buscar o Leonardo na hora do almoço. Ele chega em casa
e abre a geladeira, liga a TV. Ultimamente ele só assiste TV. É que faz pouco
tempo que a gente tem TV em casa. Ele sabe tudo sobre as novelas, assiste
Malhação, Coração de Estudante, Desejos de Mulher, até a Jade. Eu digo que
ele está por dentro de tudo. Ele não dorme mais à tarde. Ele vai para o serviço
comigo. Lá ele fica enchendo o saco dos padeiros, ele quer saber tudo” (Juliana).
Salienta-se que Leonardo leva uma vida adequada a sua idade. Além
disso, percebo também que Juliana o deixa levar a mesma vida que ele levava
antes de ter sido diagnosticado com câncer, o que não é muito comum aconte-
cer com crianças doentes, já que seus pais tentam protegê-las demasiadamente.
Uma das atitudes mais comuns por parte da família é a superproteção à
criança. Por medos de diversas ordens, sendo o maior deles o medo da morte,
a família passa a tratar a criança doente de forma diferente da qual vinha sendo
até então: não permite brincadeiras que envolvam maior atividade física, não
a deixa sair sozinha, ir brincar com outros amiguinhos, ir à escola, mesmo
estando em condições (Valle, 1997).
Percebo-se que o relacionamento de Leonardo e Juliana é baseado numa
relação afetuosa. Juliana demonstra-se rígida com ele, apesar da doença. Na
idade que ele se encontra, o controle e as regras são necessários porque tende
a passar rapidamente dos limites. O diagnóstico de câncer não colaborou para
que Juliana o superprotegesse, nem o deixasse livre demasiadamente.
“[...] Hoje ele ainda corre e grita: – Oh! Mãe. Oh! Mãe. É bom saber
que ele gosta da gente, que ele sente falta da gente [...] Eu te falei que ele é
bastante beijoqueiro, vive me beijando e me agarrando” (Juliana).
“[...] Quando eu brigo com ele, quando a coisa está feia para o lado
dele, ele me enche de beijos. Ele fala: – Oh! Mãezinha, mãezinha. Eu sempre
tenho que falar com a voz alta. Tem que falar brava com ele senão eu não
dou conta” (Juliana).
Leonardo é uma criança que quando contrariada, manifesta-se com pro-
vocações físicas e verbais:
“[...] Ele quer me bater. Ele me diz: – Eu não falo mais contigo. Eu não
gosto mais de ti” (Juliana).
As crianças consideradas agressivas evidenciam os seguintes tipos de
comportamento agressivo: elas são más para com os outros, atacam fisica-
mente as pessoas, envolvem-se em brigas, destroem seus pertences, destroem
pertences alheios e ameaçam machucar as pessoas. Esses tipos de comporta-
mentos agressivos são semelhantes aqueles manifestados por Leonardo, de
acordo com o relato de sua mãe (Bee, 1997).
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 173
B. 2 Subcategoria: Esquiva
Em relação ao diagnóstico de câncer, Juliana evidencia sua posição:
“A gente custa a acreditar. Fiquei estranha. Não pensei que era uma coisa
tão grave. Só depois que vim para cá com ele, fazer quimioterapia, que eu vi
que era tão grave” (Juliana).
“Não tinha muita visão. A gente acha que não vai acontecer com a gente,
nem com a família da gente. Nunca procurei saber nada” (Juliana).
Ressalto que Juliana utilizou a negação frente ao impacto causado pelo
diagnóstico de câncer de seu filho como estratégia de enfrentamento.
O impacto do diagnóstico é amenizado pelas chances de cura que lhe são
oferecidas no início do tratamento, levando-a a participar efetivamente de sua
recuperação. Sabe da gravidade da doença e fala de seu medo, da culpa e dor
de não viver mais naturalmente sua vida, uma vez que a doença, no contexto
174
“Eu não penso nisso. Esqueço desse lugar. Só lembro no sábado, quando
eu sei que tem que vir para cá na segunda-feira” (Juliana).
Juliana esquece do hospital e do tratamento hospitalar quando está em
casa. Por consequência do esquecimento de Juliana, provavelmente, ela tam-
bém não se recorda da doença de Leonardo quando está longe do hospital.
B. 4 Subcategoria: Religiosidade
“Às vezes, eu penso que Deus nunca me deixou na mão. Disso ai, eu não
posso reclamar. Ele sempre me ajudou” (Juliana).
Outra estratégia de enfrentamento elencada é condizente a – religiosi-
dade. O apoio de Deus é referenciado por Juliana. Percebo que pelo relato dela
Deus foi o único a lhe ajudar, já que ela “sempre se virou sozinha” (Juliana).
Os recursos pessoais de coping são constituídos por variáveis físicas
e psicológicas que incluem saúde física, moral, crenças religiosas, expe-
riências prévias de coping, inteligência e outras características pessoais
(Antoniazzi, 1998).
A disponibilidade de recursos afeta a avaliação do evento ou situa-
ção e determina que estratégias de coping o indivíduo pode usar (Antonia-
zzi, 1998). No caso de Juliana, aponta-se que a mesma não recebeu apoio
familiar (recurso sócio ecológico), mas na sua concepção recebeu apoio de
Deus, o que demandou a elaboração de estratégias de enfrentamento baseadas
em seus recursos pessoais.
“Eu penso: você vai se atrapalhar toda no sábado. Chego lá sábado, cedo,
e nem sei onde eu começo. Não sei se começo pela roupa ou pela padaria, de
tanta coisa” (Juliana).
O tempo restrito obriga Juliana a focalizar no trabalho e a desenvolver
uma estratégia de coping denominada – afastamento psicológico – para que
ela possa enfrentar o trabalho acumulado e lidar com a doença de Leonardo.
Tal estratégia lhe possibilita arcar com o excesso de tarefas a fim de realizá-
-las, além de desligá-la da situação em que seu filho e ela se encontram, como
parece transparecer ao longo do seu discurso, porém não em frases específicas.
C. Categoria: Mudanças nas questões cotidianas
A vida de Juliana está uma “bagunça”, tanto pela questão da quimiotera-
pia, quanto pela internação de seu filho. As pessoas importantes de sua vida
estão deixadas de lado devido ao tratamento hospitalar de Leonardo. Tais
pontos foram indicados no seu relato:
“Minha vida está uma baderna, uma bagunça. Nem sei o que fazer [...]”
(Juliana).
“Tudo mudou. Mudou tudo. Minha vida está uma bagunça. Não tenho
tempo para olhar para os filhos, não tenho tempo para dar conselho, não tenho
tempo para mim [...]” (Juliana).
Ao lado do desgaste emocional, da incompreensão de ser atingida por tal
golpe, da ameaça de morte que paira sobre seu filho, a família precisa resolver
problemas de ordem prática, tais como os de ordem doméstica (manter a casa
funcionando, com quem deixar os outros filhos), os de ordem financeira (como
conseguir transporte, comprar medicamentos caros) e os de ordem profissional
(ausências frequentes no emprego, não ter cabeça para trabalhar) (Valle, 1997).
Juliana é faxineira, quando pode trabalha três vezes por semana na casa
da madrinha de Leonardo. Após o diagnóstico de câncer, Juliana passou a levar
o menino consigo para o trabalho. Antes do diagnóstico, o menino ficava sob
os cuidados de outra pessoa.
“Trabalho numa casa só. Na verdade é assim, eu trabalho numa casa e
numa padaria. A casa fica em cima e a padaria em baixo” (Juliana).
“Ela é madrinha do Leonardo. Ela é um amor [...] Ela sabe o que o Leo-
nardo tem. Ela fala: só não falta no sábado [...]” (Juliana).
“[...] Ele vai comigo trabalhar. Lá, ele come e enche o saco dos padeiros,
quer aprender tudo, quer saber tudo. Os padeiros têm bastante amizade com
ele” (Juliana).
“Tinha que deixar com uma mulher. Eu ia trabalhar com preocupação.
Não era fácil e nem é” (Juliana).
Juliana no seu relato, implicitamente revela que recebe apoio social da
madrinha de Leonardo, que faz parte de sua rede de amigos. Saliento que a
mãe, talvez nem perceba que sua comadre está lhe ajudando. Acredito que se
178
Considerações Finais
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Quando uma criança recebe o diagnóstico de câncer, ela passa por pro-
fundas modificações em sua vida cotidiana. “Se para o adulto a experiência
de conviver com o câncer é desestruturante, as crianças costumam reagir com
maior desorientação” (Campos, 1997, p. 19). Contudo, tais modificações não
se limitam à vida da criança, se expandem, atingindo seus familiares e aqueles
que a cercam, pois “a descoberta tem impacto em toda a rede de relações de
que a criança faz parte” (Campos, 1997, p. 19). As principais pessoas envolvi-
das nesta nova vida com câncer são o pai e a mãe, que ficam emocionalmente
abalados e têm suas vidas modificadas na eminência do tratamento.
Valle (1994) assinala que a revelação de um câncer na criança explode no
seio familiar. Desde o momento em que o diagnóstico é comunicado à família,
profundas alterações ocorrem nela, afetando não só a unidade familiar, como
também, o relacionamento de seus membros com as outras pessoas.
A época do diagnóstico é o período em que aparecem incertezas e senti-
mentos de angústia diante da possibilidade de morte. Geralmente, os pais não
acreditam no diagnóstico, negam, questionam, procuram outros médicos e
realizam em suas crianças novos exames, na busca de confirmação da doença
e na esperança de reversão da realidade.
Por medo de perder a criança, a família passa a tratá-la de forma dife-
rente da qual vinha sendo tratada até então, num processo de superproteção.
Segundo Valle (1994), há pais que não conseguem controlar a sua angústia
diante da possibilidade de recaída e a todo instante têm a necessidade de tocar
a criança, observá-la, mesmo enquanto ela dorme.
O câncer é uma doença que se desenvolve nos genes das células, com
uma capacidade de proliferação para originar tumores em áreas específicas
do corpo humano (Yamaguchi, 1994). De acordo com Borges et al. (2006),
câncer é uma denominação genérica, abrangendo um conjunto de doenças
com múltiplas causas e alternativas de tratamento e prognóstico. As causas
podem ser consideradas numa perspectiva multifatorial, englobando fatores
genéticos e mudanças nos hábitos de vida dos indivíduos.
Conforme dados do INCA, no Brasil, para o ano 2020, estimou-se 8.460
novos casos de câncer infantil, e 2.704 mortes. Em todo o mundo, segundo
200
que podem curá-la ou minimizar sua dor. Além disso, essa experiência irá
prepará-la para situações futuras de sofrimento.
Assim, difere-se a situação de internação nas diferentes fases do ciclo
vital, seja infância, adolescência, vida adulta e velhice. A internação é uma
ruptura da história de vida do indivíduo, pois ele percebe que não é mais o
mesmo. Há um sofrimento diante da imagem de si mesmo. Segundo Souza et
al. (1988), ele é separado de sua família, e de seus referenciais identificatórios.
Todo o impacto que a hospitalização ocasiona nas crianças tende a alterar
o comportamento, visto que o hospital apresenta-se como um ambiente pouco
reforçador e com estímulos aversivos em demasia. A hospitalização pode
trazer à criança alguns efeitos psicológicos negativos, tais como a depres-
são, ansiedade, regressão, solidão, negação da doença, autoestima negativa
e distúrbios neuróticos (Sousa, Araújo, Santos, & Carvalho, 2010; Sobrinho,
Barbosa, & Dupas, 2011). Muitas das reações encontradas em crianças se
davam há algum tempo atrás, pela hospitalização em si e pela interrupção
da relação mãe-filho, necessária para o desenvolvimento neuropsicomotor
normal (Altamirano & Jereissati, 2002).
A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de julho de 1990,
a implantação do Programa Mãe Participante em várias instituições trouxe
para a literatura brasileira especializada, a importância da participação dos pais
no cuidado de seus filhos durante o processo de hospitalização, apontando os
benefícios e os obstáculos nas relações entre equipe multiprofissional, família
e instituição (Imori & Rocha, 1997). Durante o processo de hospitalização
da criança, a presença dos pais, além de ser uma necessidade para minimizar
os efeitos da separação entre pais e filhos, atualmente, é legislada pelo ECA,
no Capítulo I, Art. 12, que garante a permanência em tempo integral de um
dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
Em contextos de atenção à saúde pediátrica, o atendimento é necessaria-
mente caracterizado pela presença, no mínimo, de um profissional de saúde,
do paciente e de um cuidador, na maioria das vezes a mãe da criança, que
geralmente é designada como a principal responsável pelos cuidados em saúde
e práticas educativas parentais (Kohlsdorf & Seidl, 2012).
Outro fator importante a ser considerado em situação de hospitalização, e
mais em específico, de crianças com câncer é a utilização do brincar. Conforme
Azevêdo (2011) acredita-se que o enfrentamento das repercussões psicológi-
cas da doença é favorecido com a utilização do lúdico, principalmente com
a abordagem em grupo, integrando as crianças e seus familiares para propor-
cionar momentos de satisfação e de reorganização das experiências. A criança
hospitalizada com câncer necessita de uma equipe multiprofissional e de um
espaço para expressar suas emoções, visando compreender a sua vivência
por meio das atividades lúdicas que auxiliem a promoção da saúde integral.
202
O Brincar e o Câncer
facilitam a aceitação dos procedimentos. Usar uma boneca para que a criança
conheça o local de sua doença torna mais fácil a hora de colocar o acesso
venoso para injetar a medicação, num processo de dessensibilização. Com
base no que foi anteriormente pontuado, os estudos descritos a seguir, foram
realizados na tentativa de comprovar a efetividade de tais técnicas.
Motta e Enumo (2004) também salientam que o brincar é uma das estra-
tégias utilizadas no hospital tanto com crianças, como com os profissionais
para lidarem com as adversidades da hospitalização. Um estudo realizado por
Paladino et al. (2014) com 30 crianças submetidas a cirurgias ortopédicas, de
adenoidectomia e postectomia, destaca a preparação para cirurgia por meio
do brincar terapêutico, como sendo eficaz, visto que os comportamentos apre-
sentados pelas crianças antes da cirurgia, demonstraram grande interesse pela
brincadeira, participando ativamente ao fazer perguntas e repetir a brincadeira,
manuseando os brinquedos hospitalares com desenvoltura.
O uso da fantasia favorece a expressão de sentimentos como a utiliza-
ção do Jogo de Areia constituída de um espaço para favorecer a expressão e
elaboração destes sentimentos por meio de imagens na caixa-de-areia, pro-
porcionando-lhes um espaço também de expressão não-verbal, facilitando,
assim, um contato entre seus aspectos conscientes e inconscientes.
Num estudo realizado por Silva et al. (2002), os autores obtiveram dados
que confirmaram a eficácia da utilização do referido instrumento, inclusive,
em enfermaria cirúrgica. Conforme as autoras, inserir o Jogo de Areia num
contexto de instituição hospitalar, especificamente de enfermaria cirúrgica,
permite uma reflexão sobre possibilidades ampliadas e criativas de expres-
são e relação psicoterapêutica num ambiente, no qual não é apenas o corpo
concreto que pede atenção.
Moix (1996) elenca o uso do jogo médico, ou dessensibilização sistemá-
tica de acordo com os psicoterapeutas comportamentais. Para Turner (1999)
a dessensibilização é uma intervenção terapêutica desenvolvida para eliminar
o comportamento de medo e síndromes de evitação, na qual uma resposta
de ansiedade ante um estímulo provocador de medo pode ser eliminada ou
debilitada, gerando uma resposta contrária à ansiedade. Nesta técnica, utili-
za-se material do próprio hospital, tais como máscaras, seringas, e bonecos
anatômicos. Neste jogo, a criança manuseia o boneco a ser operado, e assim,
ela vai sendo orientada sobre os procedimentos que serão realizados com ela,
e desmistifica as ideias errôneas que porventura, ela possa ter.
Segundo Twardosz, Weddle, Borden e Stevens (1986) a utilização dos
materiais do próprio hospital ajuda a criança a viver aquela situação como a
mais parecida possível com o momento pelo qual irá passar, pois em estudo
realizado com 6 crianças, verificaram que esta atividade é mais eficaz para a
redução de ansiedade do que as informações transmitidas pelas enfermeiras.
204
criança pelo nome, assim como oferecer explicações, apoio e auxílio para a
sua inserção nos espaços para recreação. Não apenas interesse, mas aprimo-
ramentos constantes no cuidado à criança com câncer devem nortear as ações
dos profissionais (Paixão, Damasceno, & Silva, 2016).
Em estudo realizado por Lima e Silva (2015) os achados mostram que as
atividades lúdicas descritas pelas crianças com câncer internadas envolvem o
assistir televisão, o uso de computadores, os jogos e os brinquedos, a realiza-
ção de desenhos, a brinquedoteca e o palhaço. Essas atividades, segundo as
crianças, proporcionam diversão, sentimentos de alegria, distração e interação
com outras pessoas, elementos essenciais no processo de cuidar que favorecem
seu bem-estar e reduzem os desconfortos provenientes da hospitalização.
Do mesmo modo que se utiliza recursos os mais diversos, também exis-
tem recursos especialmente desenvolvidos para a situação de hospitalização.
Um material lúdico desenvolvido por Broering e Kruger (2018), intitu-
lado ‘Baralho da Hospitalização Infantil’, publicado pela Editora Sinopsys,
é uma ferramenta lúdica facilitadora no acesso a pensamentos e comporta-
mentos de crianças inseridas no contexto hospitalar. O Baralho é composto
de 49 cartas com características gráficas para ambos os gêneros, direcionadas
a faixa-etária entre 6 e 13 anos, podendo ser expandida para outras faixas
etárias de acordo com a habilidade do terapeuta em apresentar as cartas e
explicar a forma de manuseio. O instrumento é dividido em quatro módulos
que contextualizam a situação de hospitalização pediátrica, são eles: a) even-
tos; b) pensamentos; c) sentimentos e d) comportamentos. A partir da situação
proposta, a criança seleciona com a mediação do profissional as demais cartas
correspondentes aos seus pensamentos, sentimentos e comportamentos que
teria diante de tal situação. Isso permite ao terapeuta identificar as crenças,
pensamentos e comportamentos disfuncionais, o que possibilita intervenções
de psicoeducação e reestruturação cognitiva, para que a criança desenvolva
estratégias de enfrentamento diante do processo de hospitalização. Este mate-
rial visa mostrar como o lúdico pode proporcionar reflexões e uma melhor
adesão aos tratamentos e tempo de internação.
O Baralho é um recurso importante para se trabalhar emoções e sen-
timentos referentes à situação da hospitalização, doenças e procedimentos.
Realiza-se com frequência no hospital, Oficinas com outras crianças para se
trabalhar emoções, visto que a criança que é ouvida em suas necessidades,
sente-se melhor compreendida, além de receber algum tipo de intervenção
associada ao momento. Um exemplo é a criança, que na carta de eventos,
selecionou Injeção e Remédios (Broering & Kruger, 2018).
Ela escolheu a carta Injeção e Remédios. Foi realizado a psicoeduca-
ção sobre as emoções e a partir disso foi solicitado que ela escolhesse a emo-
ção que mais sentia naquele momento no hospital. É importante explicar para
a criança nesse momento que sentimentos tidos como bons e ruins existem
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 209
e podem ser sentidos, porém, tem-se que saber lidar com eles, e para isso,
torna-se fulcral identificar quais eventos causam determinados pensamentos
e sentimentos e o que pode-se fazer diante disso.
De todas essas emoções que estão nas cartas, você consegue escolher
uma, que você mais identifica quando vai receber a injeção?
A criança escolheu a carta Medo. Após isso, foi solicitado que medisse
no termômetro o quanto ele sentia de medo. Este aqui é nosso termômetro.
Você sabe o que é isso e para que ele serve?. Agora você vai marcar neste
termômetro o quanto você sente de medo.
Ela marcou que o medo que sente é forte. Foi então questionada sobre os
pensamentos que a levam a sentir medo. Quando a enfermeira vem te dar a
injeção, o que você pensa que faz com que esse medo apareça e seja tão forte?
Falou que sente medo porque a injeção dói e a machuca, por este
motivo escolheu a carta Penso que vai doer da categoria ‘Pensamentos’.
Com o objetivo de compreender como a criança reage a partir desta situa-
ção, é solicitado logo em seguida que ela escolha a categoria de carta ‘Com-
portamentos’. Neste caso foi escolhido pela criança as cartas Choro e Grito.
A partir dessa escolha, o terapeuta faz uma relação sobre a emoção e os
pensamentos que fazem com que este medo se torne maior. Questionou-se se
a criança sabia a importância de necessitar fazer uso da injeção. Muitas vezes
a criança não é informada sobre a importância dos procedimentos aos quais é
submetida no hospital, e assim, pode-se afirmar que a informação é fundamental
para a sua conscientização sobre a importância do procedimento ou medica-
mento para sua melhora. A injeção é um procedimento que dói, e é comum
sentirmos medo da dor. Mas você sabe o porquê você está tomando a injeção?
Após a conversa com a criança sobre a importância deste procedimento,
foi proposta a reflexão sobre a relação de seu pensamento com a intensidade
da emoção que sentia:
Não é errado sentir medo, crianças e adultos de qualquer idade sentem
medo da dor. Mas como você já sabe, a injeção não vai te machucar e é
importante para que você possa melhorar. Muitas vezes a injeção é para ser
algo rápido e quando ela acaba a dor acaba também. Mas se a gente grita
e chora mais tempo demora, e o que era para ser rápido demora muito para
passar. Então, vamos chamar este pensamento de pensamento que não ajuda,
você consegue me falar porque que não te ajuda?
É importante que a criança consiga associar o pensamento com a inten-
sidade do medo e os comportamentos apresentados. Caso ela não consiga,
é importante o terapeuta auxiliá-la nesta associação fundamental para que a
reestruturação cognitiva seja efetiva. Uma opção é iniciar um questionário
socrático para que a criança visualize esta relação com mais facilidade.
E com a maneira exemplificada anteriormente pode-se ter uma noção de
como os sentimentos serão trabalhados em relação àquilo que está passando
210
Considerações Finais
É inegável que o adoecimento pelo câncer infantil implica mudanças
dos espaços e das pessoas que interagem com as crianças nas brincadeiras.
O estresse envolve a todos da família, a qual passa por um período de medo,
insegurança e sensação de que perderá o controle. Assim, percebe-se a real
necessidade de um profissional que esteja apto a lidar com tais situações,
trabalhar com o paciente, familiares e equipe de saúde, abarcando assim toda
a gama de pessoas que circundam a criança em seu processo de internação.
Diante dos comportamentos apresentados pela criança no ambiente hospi-
talar, percebe-se a necessidade da equipe de saúde em dar atenção não somente
para a saúde física, mas também atenção para os cuidados com as necessida-
des emocionais e sociais que a criança apresenta. Reside aí a importância da
intervenção psicológica para a melhora do comportamento e da situação na
qual a criança está inserida, favorecendo ao paciente uma melhor adaptação
e qualidade de vida no ambiente hospitalar
Kazak, Segal-Andrews e Johnson (1995) já referiam-se à instituição
hospitalar também como um contexto de promoção de saúde para a criança
e sua família. Para tanto, é necessário que sejam reconhecidas as influências
da família, da sociedade, e do sistema médico no processo de adoecimento da
criança. O hospital deve ser incluído como parte integrante do contexto social
da criança doente, pois este influencia a trajetória do seu desenvolvimento e
nas suas relações psicossociais com o meio, e aqui pode-se incluir o brincar.
O profissional da saúde, normalmente é quem fará as atividades lúdicas
com a criança, por estar sempre no hospital e conhecer de fato, sobre o paciente
e a doença, por isso deve voltar-se aos aspectos afetivos, deve ouvir o outro
lado das queixas do paciente e seus posicionamentos sem estar voltado apenas
ao tratamento clínico médico. Utilizando-se de metodologias de trabalho que
visem proteger o desenvolvimento da criança, evitando sequelas emocionais
futuras, ainda que a permanência da criança no hospital seja variada, o brincar
no hospital tende a minimizar os sentimentos negativos e a criança se sente
protegida, acionando mecanismos de proteção para seu desenvolvimento.
Em tempo, percebe-se que os recursos lúdicos que podem ser utilizados em
hospital são pouco onerosos, mas podem ajudar a criança a sofrer menos com
ansiedade, apresentar menos condutas negativas, se comportar de forma mais
colaboradora, apresentar menos transtornos psicológicos após receberem a alta, e
terem memórias mais saudáveis sobre o momento vivenciado (Broering, 2011).
Pelos estudos abordados neste capítulo, pode-se notar que o brincar ajuda
a criança a ter suas necessidades socioemocionais preservadas na medida do
possível, pois quando brinca ela se comunica, se expressa, se diverte, relaxa e
talvez, até esqueça dos tantos procedimentos invasivos e doloridos aos quais
seja submetida.
212
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216
O Câncer Infanto-Juvenil
Psicologia Pediátrica
A terapia cognitiva criada por Aaron Beck, na década de 60, como uma
psicoterapia breve, estruturada, orientada para o presente e direcionada para
os problemas atuais (Beck, 2013). Parte da premissa que a inter-relação entre
cognição, emoção e comportamento está implicada no funcionamento normal
do ser humano e, em especial na psicopatologia (Knapp, 2004).
O paciente através da colaboração e participação ativa durante o pro-
cesso terapêutico, aprende a identificar e modificar sua forma distorcida de
pensar. As emoções que tais pensamentos provocam e os comportamentos
que ocorrem em decorrência dos mesmos, criam habilidades necessárias ao
enfrentamento e, por fim, a aquisição de estratégias funcionais para prevenir
a recaída (Beck, 2013; Knapp, 2015).
Atualmente, a Terapia Cognitiva está sendo aplicada por um número
cada vez maior de psicólogos diante do sofrimento emocional do paciente em
diferentes contextos (Petersen & Wainer, 2011). Com crianças e adolescentes,
a abordagem segue os mesmos princípios teóricos utilizados com adultos. As
intervenções buscam analisar, identificar e modificar cognições, mas tam-
bém reforçam comportamentos que sejam funcionais e que tenham uma alta
222
Psi – Estou vendo que você gosta bastante do boneco do homem aranha.
Henrique - Ele é legal! Esperto e corajoso!
Psi – E se ele estivesse muito chateado, porque terá que fazer quimiote-
rapia, como ele poderia resolver esse problema?
Henrique – Ele não quer ficar careca, então ele pode usar um boné
do aranha!
Psi – Isso é uma ótima ideia! Essa pode ser uma solução para o teu pro-
blema também?
Henrique – Pode, eu já tenho até esse boné...
Considerações Finais
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RBC.2018v64n3.26
média renda (Muramatsu & Akiyama, 2011). Todos os países enfrentam gran-
des desafios e devem garantir que seus sistemas sociais e de saúde estejam
preparados para lidar com as possíveis consequências dessa mudança demo-
gráfica (Bai, Bian, Zhang, & Cao, 2020).
Pode-se perceber a realidade do envelhecimento populacional como
problema ou oportunidade. Se todos querem viver mais e melhor, olhar pelo
prisma da segunda opção é certamente mais aconselhável. Ademais, o enve-
lhecimento pode ser visto como um fenômeno indesejável ou ser concebido
como uma fase admirável da vida.
Como produto de uma sociedade orientada para a juventude, muitos
aprenderam atitudes negativas sobre o ‘velho’; portanto, os idosos podem
encontrar muitos estereótipos e mitos (Oliveira et al., 2016). De fato, diferentes
sociedades e grupos sociais produzem visões diferentes dos ciclos da vida. O
termo ageism ou agism (ageísmo, em português) designa os estereótipos com
os indivíduos ou grupos com base na idade (Pereira, Ponte, & Costa, 2018).
Funciona como o sexismo e o racismo e interconecta três elementos: atitu-
des preconceituosas em relação às pessoas idosas e ao processo de enve-
lhecimento; práticas discriminatórias contra as pessoas idosas; e práticas e
políticas institucionais perpetuadoras dos estereótipos sobre idosos. Afetam a
autoestima, o bem-estar emocional e o comportamento cotidiano não só dos
mais velhos, mas de todos os que direta ou indiretamente convivem com eles.
Tais atitudes e práticas estereotipadas existem ativas, em diversas sociedades
contemporâneas, em maior ou menor grau (Castro, 2015).
O processo do envelhecimento humano se dá em três níveis diferentes:
biológico, psicológico e social (Fechine & Trompieri, 2015). Envelhecer é
um processo dinâmico, habitualmente lento e progressivo, mas individual e
variável, justificando a tendência para reconhecer os idosos como um grupo
heterogêneo. O declínio das diversas funções não é uniforme, nem o mesmo
no indivíduo, nem de indivíduo para indivíduo (Dardengo & Mafra, 2018).
Os idosos brasileiros envelhecem em condições heterogêneas de fun-
cionalidade, controle de doenças e agravos, acessibilidade aos serviços de
saúde, características da rede de apoio, estilo de vida e contexto psicossocial
(Miranda, Mendes & Silva, 2016). Apesar da idade cronológica não ser o único
determinante do envelhecimento, para Silva (2016) é importante a compreen-
são de que quanto mais avançada a idade, maior a tendência de ocorrerem
alterações e problemas decorrentes do processo de envelhecimento.
Por outro lado, a longevidade não pode ser considerada apenas do ponto
de vista da diminuição da mortalidade, é imperativo que seja acompanhada por
uma perspectiva compreensiva de morbidade e incapacidade, o que impacta na
qualidade de vida do idoso. Sob este prisma, pode-se observar que viver mais
tempo, muitas vezes, vem acompanhado de importantes dificuldades por se
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 235
O câncer no idoso
Considerações finais
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 16
CÂNCER NO CONTEXTO
DA PANDEMIA DE COVID-19:
Repercussões Psicológicas e
Implicações Práticas
Daniela Barsotti Santos
Beatriz Schmidt
Débora da Silva Noal
Considerações Finais
Como visto, a COVID-19 gera desafios adicionais para pessoas com cân-
cer, seus familiares e profissionais de saúde. Entretanto, a pandemia também
traz a oportunidade de pensar sobre formas alternativas para manutenção de
procedimentos e tratamentos oncológicos, incluindo as intervenções psico-
lógicas nesse contexto. Tem-se a expectativa de que essa crise se associe à
qualificação da assistência, na perspectiva da integralidade, ao considerar
globalmente as necessidades e os direitos dos usuários dos serviços de saúde.
Além disso, em alguns casos, ela também pode favorecer o crescimento pós-
-traumático, sobretudo em médio e longo prazo, dado que circunstâncias
desafiadoras não excluem a ocorrência de mudanças psicológicas positivas
às pessoas que as experienciam (Romeo et al., 2020). Assim, destaca-se a
relevância do apoio social e institucional, o que tende a contribuir para a
elaboração de narrativas mais adaptativas sobre eventos estressantes e poten-
cialmente traumáticos, como a pandemia de COVID-19.
A implementação e o aprimoramento das intervenções realizadas de
forma remota é uma demanda premente, dado que medidas de distancia-
mento social intermitente devem permanecer por meses ou anos, até que
seja desenvolvida a imunidade coletiva da população (FIOCRUZ, 2020c).
Portanto, destaca-se a necessidade de garantir a constância no funcionamento
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A
Adoecimento 9, 13, 15, 16, 17, 37, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 50, 55, 68,
76, 79, 89, 91, 93, 95, 98, 99, 100, 107, 122, 134, 135, 137, 138, 139, 140,
194, 197, 200, 205, 211, 219, 220, 221, 222, 224, 225, 237, 238, 258, 259,
267, 271
Ansiedade 17, 23, 26, 30, 33, 43, 55, 58, 60, 61, 63, 68, 75, 81, 83, 85, 108,
109, 110, 111, 113, 114, 115, 116, 138, 139, 147, 148, 149, 151, 154, 162,
174, 187, 192, 201, 203, 204, 207, 211, 217, 221, 223, 224, 225, 227, 229,
235, 238, 242, 243, 260, 261
B
Bem estar 42, 49
C
Câncer 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 21, 22, 23, 27, 29, 30, 32, 33, 34, 35,
36, 37, 38, 39, 41, 46, 47, 48, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 63, 65, 67, 68,
69, 70, 71, 72, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 88, 89, 95, 107,
108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 118, 120, 131, 133, 134, 135,
137, 138, 139, 141, 142, 143, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 153, 154,
155, 156, 157, 159, 160, 162, 163, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172,
173, 174, 175, 177, 178, 179, 180, 181, 183, 184, 185, 188, 189, 190, 191,
192, 193, 194, 195, 196, 197, 199, 200, 201, 202, 204, 206, 208, 211, 212,
213, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 225, 227, 228, 229, 236,
237, 238, 239, 241, 244, 245, 246, 247, 249, 250, 253, 254, 255, 256, 257,
258, 259, 260, 261, 262, 263, 264, 265, 270
Câncer de mama 10, 15, 22, 27, 30, 32, 33, 36, 38, 54, 75, 77, 78, 79, 80,
83, 85, 110, 131, 133, 134, 137, 138, 141, 143, 145, 146, 148, 149, 155, 156,
157, 159, 160, 162, 163, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 238, 265
COVID-19 10, 11, 15, 16, 233, 240, 241, 244, 245, 247, 248, 249, 250, 251,
252, 253, 254, 255, 257, 258, 259, 260, 261, 263, 264, 265, 266
Criança 15, 63, 71, 81, 84, 165, 166, 167, 168, 170, 171, 172, 174, 175, 178,
179, 180, 181, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210,
211, 212, 213, 214, 215, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 227
Crianças 11, 62, 63, 64, 80, 83, 90, 110, 165, 166, 170, 172, 174, 175, 178,
268
189, 190, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210, 211,
212, 213, 215, 217, 218, 219, 221, 223, 225, 226, 227, 228, 229, 268, 269
Cuidados 9, 11, 13, 14, 56, 57, 58, 62, 65, 67, 68, 70, 76, 82, 87, 88, 89, 90,
91, 92, 93, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 109,
113, 116, 120, 122, 125, 127, 129, 148, 168, 177, 179, 195, 201, 204, 206,
207, 210, 211, 217, 218, 219, 221, 222, 226, 237, 239, 241, 242, 249, 255,
256, 258, 259, 262, 267, 270
Cuidados Paliativos 9, 11, 14, 58, 62, 67, 68, 70, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93,
95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 109, 116, 120, 129,
179, 218, 226, 256, 267, 270
D
Desenvolvimento 11, 14, 15, 21, 22, 23, 28, 33, 34, 37, 38, 42, 55, 57, 59,
63, 83, 94, 108, 110, 111, 112, 145, 149, 150, 152, 153, 155, 163, 165, 169,
173, 181, 192, 200, 201, 202, 204, 205, 206, 207, 211, 214, 216, 217, 220,
221, 224, 233, 235, 236, 237, 240, 241, 245, 255, 256, 262, 268, 269, 272
Diagnóstico 11, 14, 17, 27, 29, 30, 33, 41, 53, 55, 57, 63, 70, 75, 79, 80, 81,
82, 84, 87, 88, 89, 93, 95, 99, 105, 107, 108, 109, 110, 111, 114, 115, 121,
122, 123, 131, 133, 134, 136, 137, 138, 139, 141, 143, 145, 146, 147, 148,
149, 151, 153, 154, 155, 157, 160, 163, 165, 166, 168, 169, 170, 171, 172,
173, 174, 175, 177, 178, 179, 183, 184, 185, 187, 191, 192, 199, 217, 218,
219, 220, 222, 226, 236, 238, 239, 240, 250, 254, 256, 257, 258, 259
Diagnóstico de câncer 17, 27, 29, 30, 41, 53, 75, 79, 81, 82, 84, 89, 95, 107,
110, 114, 131, 141, 148, 149, 153, 165, 166, 169, 172, 173, 177, 178, 191,
199, 257
Doença 10, 11, 13, 14, 15, 17, 22, 23, 27, 32, 33, 34, 35, 37, 42, 43, 44, 45,
47, 49, 50, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 63, 66, 67, 68, 69, 75, 76, 79, 81, 82, 83,
84, 87, 88, 89, 91, 93, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 107, 108, 109, 110, 111,
112, 113, 114, 115, 116, 121, 122, 125, 126, 128, 131, 133, 134, 136, 138,
139, 140, 145, 146, 147, 148, 149, 151, 153, 154, 155, 156, 157, 160, 162,
165, 166, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 183,
184, 185, 186, 187, 188, 191, 192, 193, 194, 196, 199, 200, 201, 202, 203,
205, 206, 207, 211, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 225, 226, 236, 237, 238,
239, 240, 244, 253, 255, 258, 260, 267, 271
Dor 58, 63, 64, 67, 68, 71, 87, 91, 95, 96, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104,
108, 109, 115, 116, 124, 125, 126, 127, 133, 140, 145, 147, 149, 150, 155,
170, 173, 187, 188, 192, 193, 194, 200, 201, 206, 207, 209, 221, 238
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 269
E
Emocional 15, 22, 23, 24, 26, 31, 32, 57, 59, 62, 63, 68, 69, 81, 85, 87, 88,
92, 95, 96, 99, 100, 107, 109, 113, 121, 123, 125, 132, 136, 140, 145, 147,
148, 149, 151, 153, 154, 159, 166, 173, 177, 188, 191, 194, 204, 206, 217,
219, 221, 224, 228, 234, 239, 241
Emoções 26, 32, 33, 34, 55, 56, 60, 64, 66, 82, 83, 84, 114, 124, 140, 142,
148, 152, 201, 208, 209, 221, 222, 223
Enfrentamento 10, 11, 15, 16, 17, 24, 32, 33, 47, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 70,
78, 81, 84, 88, 89, 95, 97, 98, 100, 101, 111, 112, 122, 125, 126, 132, 138,
139, 141, 142, 153, 154, 163, 165, 166, 167, 168, 169, 173, 174, 176, 179,
183, 187, 190, 191, 194, 201, 204, 208, 210, 214, 217, 220, 221, 222, 224,
225, 227, 229, 237, 259, 261
F
Família 13, 14, 17, 22, 56, 59, 67, 68, 75, 82, 83, 84, 87, 88, 89, 90, 91, 92,
93, 94, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 106, 108, 122, 123, 128, 129, 133,
136, 137, 141, 145, 148, 149, 156, 166, 167, 169, 172, 173, 177, 178, 179,
180, 181, 192, 196, 199, 201, 204, 210, 211, 219, 220, 221, 222, 235, 238,
241, 268, 269
G
Gestalt-terapia 9, 41, 42, 43, 44, 51, 269, 270
Gravidez 9, 14, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 169, 173
H
Hospital 27, 32, 70, 80, 95, 96, 99, 104, 107, 108, 115, 120, 162, 165, 167,
168, 169, 174, 176, 178, 180, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 208, 209,
210, 211, 212, 213, 214, 215, 222, 226, 227, 229, 243, 245, 258, 267, 268,
269, 270, 271, 272
I
Idosos 60, 62, 63, 66, 67, 233, 234, 235, 237, 238, 239, 240, 241, 242, 243,
244, 245, 246, 249, 250, 258, 259, 260, 265, 266
L
Luto antecipatório 9, 14, 97, 98, 101, 104, 108, 117, 121, 122, 123, 124,
125, 126, 127, 128, 129
270
M
Ministério da saúde 36, 70, 71, 93, 106, 158, 160, 189, 218, 226, 247, 253,
261, 265
Momento 7, 17, 41, 45, 53, 57, 66, 84, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 95, 96, 97,
98, 99, 100, 101, 102, 103, 108, 112, 122, 123, 124, 127, 132, 138, 145, 165,
167, 178, 183, 186, 187, 192, 195, 199, 200, 202, 203, 205, 206, 207, 208,
210, 211, 222, 224, 254, 255
Morte 14, 17, 21, 53, 54, 67, 68, 69, 75, 76, 88, 89, 90, 91, 92, 94, 95, 96, 97,
98, 99, 100, 101, 102, 103, 105, 106, 107, 111, 113, 114, 116, 121, 122, 123,
124, 125, 126, 127, 128, 129, 131, 132, 133, 136, 137, 138, 139, 141, 142,
145, 146, 147, 157, 166, 168, 172, 174, 175, 177, 183, 187, 188, 191, 192,
195, 199, 200, 218, 219, 220, 221, 235, 236, 237, 238, 241, 245, 256, 257
Mulheres 10, 15, 22, 27, 32, 38, 39, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85,
107, 110, 113, 131, 133, 134, 137, 138, 139, 143, 145, 146, 149, 154, 156,
157, 160, 162, 163, 191, 194, 195, 196, 197, 233, 241, 265
P
Paciente 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 23, 24, 27, 34, 35, 45, 46, 47, 48, 53, 54,
56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 76, 80, 82, 83, 84,
85, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104,
107, 111, 113, 114, 116, 121, 122, 123, 125, 133, 135, 138, 139, 140, 141,
142, 145, 148, 149, 153, 156, 157, 169, 174, 175, 180, 183, 184, 185, 186,
187, 188, 189, 190, 191, 192, 196, 201, 204, 210, 211, 213, 217, 219, 220,
221, 222, 223, 225, 233, 237, 238, 239, 245, 250, 256, 257
Paciente oncológico 14, 34, 35, 47, 62, 113, 133, 180, 188, 189, 245, 256, 257
Pacientes com câncer 23, 32, 38, 55, 57, 58, 63, 108, 109, 111, 112, 113,
114, 115, 159, 193, 196, 241
Pandemia 10, 16, 240, 241, 242, 243, 253, 254, 255, 257, 259, 260, 261,
263, 264, 265
Personalidade 9, 11, 13, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 32, 33, 34, 35, 36,
37, 38, 39, 48, 49, 137, 153, 154, 168, 176, 179
Processo 11, 14, 15, 16, 17, 21, 23, 24, 34, 35, 43, 44, 45, 46, 48, 49, 56,
57, 60, 61, 62, 65, 67, 68, 69, 76, 81, 82, 84, 89, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 97,
98, 99, 100, 101, 102, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 132, 134, 138,
140, 145, 148, 149, 150, 152, 153, 154, 155, 165, 167, 168, 173, 178, 183,
184, 186, 187, 188, 193, 194, 196, 199, 200, 201, 203, 205, 207, 208, 211,
212, 217, 219, 220, 221, 222, 223, 225, 229, 234, 235, 237, 238, 239, 240,
247, 254, 256, 259, 270
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 271
Profissionais 9, 11, 13, 14, 15, 17, 46, 47, 56, 60, 68, 76, 80, 82, 84, 87, 88,
89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 100, 103, 104, 105, 109, 115, 126, 128, 130,
132, 178, 179, 186, 193, 196, 203, 204, 208, 220, 221, 222, 238, 242, 244,
257, 258, 259, 260, 261, 267
Profissionais de saúde 11, 56, 60, 68, 76, 80, 84, 90, 94, 97, 103, 105, 109,
126, 128, 130, 193, 204, 242, 257, 258, 259, 261
Psicologia 4, 10, 11, 13, 15, 17, 18, 25, 36, 37, 38, 39, 70, 71, 72, 73, 76, 85,
97, 99, 104, 134, 149, 150, 157, 159, 161, 162, 163, 164, 179, 180, 190, 192,
197, 212, 213, 214, 215, 217, 218, 219, 220, 221, 225, 226, 227, 228, 229,
245, 248, 249, 260, 263, 265, 266, 267, 268, 269, 270, 271, 272, 273
Psicologia Pediátrica 10, 15, 212, 217, 218, 219, 220, 221, 225, 227, 228, 229
Psico-oncologia 3, 4, 36, 37, 38, 39, 55, 62, 73, 85, 189, 191, 221, 228,
250, 264
Psiquiatria 72, 107, 114, 228, 249, 268, 270, 271, 272
Q
Qualidade de vida 13, 23, 39, 53, 55, 56, 58, 62, 63, 79, 87, 96, 98, 103, 115,
116, 135, 143, 145, 148, 162, 185, 188, 192, 194, 200, 204, 205, 207, 211,
215, 218, 234, 235, 238, 243, 250, 256, 257, 259
R
Recursos Lúdicos 10, 15, 199, 211
S
Saúde 4, 7, 11, 13, 15, 16, 17, 18, 21, 22, 24, 25, 26, 29, 30, 33, 35, 36, 37,
38, 39, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 50, 53, 55, 56, 60, 62, 65, 66, 67, 68, 69,
70, 71, 72, 76, 79, 80, 81, 84, 85, 87, 88, 89, 90, 92, 93, 94, 97, 102, 103,
104, 105, 106, 107, 108, 109, 114, 116, 117, 121, 122, 126, 128, 129, 130,
131, 132, 133, 134, 135, 137, 141, 142, 145, 146, 148, 149, 156, 157, 158,
159, 160, 161, 162, 163, 164, 167, 176, 183, 184, 189, 190, 191, 192, 193,
194, 196, 197, 201, 202, 204, 205, 210, 211, 217, 218, 219, 220, 221, 222,
223, 225, 226, 227, 228, 229, 234, 235, 236, 237, 238, 239, 240, 241, 242,
244, 245, 246, 247, 248, 249, 250, 251, 253, 254, 255, 257, 258, 259, 260,
261, 262, 263, 265, 267, 268, 269, 270, 271, 272
Saúde Mental 7, 11, 55, 65, 66, 90, 97, 107, 108, 114, 130, 135, 137, 142,
149, 183, 220, 235, 241, 242, 244, 248, 260, 261, 263, 265, 269, 270, 271
Sintomas 14, 25, 26, 42, 44, 54, 56, 61, 67, 68, 80, 81, 87, 88, 91, 92, 98,
100, 103, 107, 109, 110, 111, 112, 113, 115, 116, 120, 135, 151, 162, 169,
272
178, 185, 192, 194, 204, 221, 223, 227, 240, 241, 243, 255, 257, 258, 259,
260, 261, 266
Social 21, 22, 25, 48, 56, 61, 70, 84, 87, 89, 100, 102, 111, 113, 115, 116,
121, 125, 126, 132, 134, 135, 137, 138, 139, 149, 150, 154, 156, 161, 167,
177, 178, 180, 181, 183, 185, 187, 188, 193, 194, 196, 202, 204, 211, 213,
216, 218, 222, 225, 234, 235, 237, 238, 239, 240, 242, 243, 244, 245, 247,
250, 254, 255, 259, 261, 264, 269, 271, 272
Sofrimento 10, 14, 15, 17, 26, 31, 50, 54, 57, 58, 59, 61, 64, 65, 68, 75, 78,
79, 81, 82, 84, 87, 88, 90, 91, 92, 95, 96, 97, 98, 100, 101, 102, 103, 109, 110,
112, 116, 125, 126, 127, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140,
142, 145, 146, 147, 148, 150, 155, 156, 166, 183, 188, 192, 194, 195, 201,
215, 221, 235, 237, 238, 240, 241, 254
T
Terapia 9, 10, 11, 13, 14, 15, 41, 42, 43, 44, 50, 51, 58, 60, 61, 63, 64, 70,
72, 73, 83, 93, 104, 105, 106, 129, 130, 136, 143, 147, 162, 163, 171, 212,
213, 214, 215, 217, 218, 219, 221, 222, 226, 227, 228, 229, 246, 250, 267,
268, 269, 270, 271, 272, 273
Trabalho 13, 14, 26, 31, 41, 42, 43, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 53, 54, 55, 67,
76, 77, 82, 92, 95, 96, 97, 98, 100, 102, 113, 123, 127, 128, 142, 148, 149,
156, 157, 164, 165, 168, 177, 178, 179, 185, 192, 196, 211, 217, 221, 239,
254, 267, 269
Transtornos psiquiátricos 9, 14, 107, 108, 110, 115
Tratamento 9, 10, 11, 13, 14, 15, 17, 23, 24, 27, 28, 29, 30, 35, 37, 39, 41,
46, 47, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 71, 76, 77, 78, 79,
80, 81, 82, 83, 84, 87, 88, 89, 92, 97, 98, 99, 100, 103, 105, 107, 108, 109,
111, 112, 113, 114, 115, 116, 134, 136, 137, 138, 140, 142, 143, 145, 146,
147, 148, 157, 162, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 173, 174, 175, 176,
177, 178, 179, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 191, 192, 193, 194, 196, 197,
199, 200, 202, 204, 205, 207, 211, 215, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223,
225, 226, 236, 237, 238, 241, 249, 253, 255, 256, 257, 259, 262, 266, 267
U
Unidade de Terapia Intensiva 104, 105, 106, 129
V
Vida 13, 14, 15, 16, 17, 21, 22, 23, 27, 35, 37, 38, 39, 41, 42, 45, 46, 47, 49,
53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 62, 63, 64, 66, 68, 69, 75, 76, 79, 80, 82, 84, 87,
A ATUAÇÃO DA PSICO-ONCOLOGIA: reflexões e possibilidades de intervenção 273
88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 98, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107,
108, 109, 110, 111, 112, 115, 116, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128,
129, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 143, 145, 146,
147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 155, 156, 157, 158, 160, 162, 165, 168,
169, 171, 172, 173, 174, 177, 178, 179, 181, 185, 187, 188, 191, 192, 194,
195, 196, 197, 199, 200, 201, 202, 204, 205, 206, 207, 211, 215, 218, 221,
222, 229, 233, 234, 235, 236, 237, 238, 239, 243, 246, 250, 256, 257, 258,
259, 260, 265
SOBRE OS AUTORES E
ORGANIZADORES
Ana Carolina Seara - Graduada (2002) e Mestre (2006) em Psicologia pela
Universidade Federal de Santa Catarina; Gestalt-Terapeuta e Especialista em
Psicologia Clínica, com formação no Enfoque Holístico da Saúde e Doença
(com Adriana Schnake, Chile) e em Coordenação de Grupos em Fenomeno-
logia (Feno&Grupos-SP). Ao longo da sua formação, fez aprofundamentos
didáticos-vivenciais com os Psicoterapeutas: Jean-Marie Delacroix (França);
Jean-Marie Robine (França) e Paolo Quatrini (Itália). Desde 2011, dedica-se
ao estudo da relação entre Psicologia e adoecimento, apresentando trabalhos
em congressos nacionais e internacionais. Foi professora e supervisora Clínica
e da Saúde no Curso de Psicologia da UNIDAVI (Rio do Sul-SC); profes-
sora na Escola Técnica Geração (Florianópolis-SC) e, também, no curso de
Psicologia da UNIASSELVI (Blumenau-SC). Desde 2012, é coordenadora
e professora no curso Psicologia do Adoecimento (curso de pós-formação,
em Florianópolis-SC). Como psicoterapeuta, trabalhou junto a profissionais
da área da Educação com foco no atendimento infanto-juvenil e de pessoas
com deficiência no Centro Interdisciplinar (Florianópolis-SC); participou do
corpo clínico do Instituto Gestalten e da Clínica Alcance (especializada em
reabilitação física). Fez parte do Instituto Müller-Granzotto, como supervi-
sora e professora no Curso de Especialização em Psicologia Clínica; além
de trabalhar nesta instituição com atendimento individual (jovens e adultos),
com grupos e com pacientes em tratamento oncológico e outras doenças.
Atualmente, trabalha como psicoterapeuta na UNO Clínica Integrativa (tra-
balho interdisciplinar e multiprofissional) e em seu consultório particular,
atendendo jovens, adultos e pacientes com relato de adoecimento orgânico.
E-mail: ana_seara@hotmail.com