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PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS
NA CONTEMPORANEIDADE
EDITORA CRV
Curitiba - Brasil
2015
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Editora CRV
Revisão: Os Autores
Conselho Editorial:
Profª. Drª. Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN)
Prof. Dr. Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
Prof. Dr. Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)
Prof. Dr. Leonel Severo Rocha (URI)
Prof. Dr. Carlos Alberto Vilar Estêvâo (Universidade do Minho,
Profª. Drª. Lourdes Helena da Silva (UFV)
UMINHO, Portugal)
Profª. Drª. Josania Portela (UFPI)
Prof. Dr. Carlos Federico Dominguez Avila (UNIEURO - DF)
Profª. Drª. Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNICAMP)
Profª. Drª. Carmen Tereza Velanga (UNIR)
Profª. Drª. Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Prof. Dr. Celso Conti (UFSCar)
Prof. Dr. Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL - MG)
Prof. Dr. Cesar Gerónimo Tello (Universidad Nacional de Três
Profª. Drª. Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
de Febrero - Argentina)
Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Prof. Dr Elsio José Corá (UFFS).
Profª. Drª. Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Profª. Drª. Gloria Fariñas León (Universidade de La Havana – Cuba)
Profª. Drª. Sydione Santos (UEPG PR)
Prof. Dr. Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Prof. Dr. Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Prof. Dr. Guillermo Arias Beatón (Universidade de La Havana – Cuba)
Profª. Drª. Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
Prof. Dr. Joao Adalberto Campato Junior (FAP - SP)
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P479
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-444-0254-2
1 BARROS, Manoel. Livro Sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 73 e 85.
SUMÁRIO
A LEI DOS IRMÃOS ............................................................13
Michel Maffesoli
Michel Maffesoli2
Mesmo sendo a experiência da vida cotidiana tão con-
tundente, é curioso constatar que se recusa, constantemente,
ver que “con-naître” (no original, para destacar o sentido de
“naître”, isto é, nascer. N.T.) significa, antes de tudo, e no seu
sentido estrito, nascer com. De fato, se há uma lei universal
regendo o gênero humano não é, na verdade, aquela que se vê
diante do espelho, mas antes aquela se reconhece em face do
Outro. É a alteridade que me faz existir. Trata-se, aqui, de uma
dessas banalidades a respeito da qual se teria algum escrúpulo
em lembrar se o conformismo lógico, a opinião intelectual, o
politicamente correto, não nos forçassem a fazê-lo.
Lugar comum de antiga memória, pois. Lugar comum de
raízes profundas e de inegável revitalização nos dias de hoje.
O “primitivo” é sempre instrutivo quando se deseja considerar,
em profundidade, aquilo que é. É por isso que, para além da
gasta “fraternidade”, convém voltar às palavras menos habi-
tuais, porém fundamentais, que permitam ressaltar as “coisas”
evidentes da vida de todos os dias, como em As palavras e as
coisas (Foucault): diálogo dos mais instrutivos. Por isso, este
termo que se encontra nas antigas formas de irmandade, o de
“affrérement”. Através dele se exprime a “philadelphie” e a
“philantropie” (optou-se pela grafia no original, com “ph”, para
salientar a mesma raiz da qual os dois termos se originam. N.T).
Na língua do meu país, o “languedocien” (relativo ao
Languedoc-Roussillon, região francesa. N.T.), se diz, para
confraternizar, “s´afreira”. Frédéric Mistral utilizou este ter-
mo tão sonoro para expressar, justamente, o laço profundo,
Comentário do tradutor
A descrição
A intuição
A metáfora
O senso comum
REFERÊNCIAS
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PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS
E FENOMENOLOGIA NO
RELATIVISMO MAFFESOLIANO:
um reencantamento do mundo pelo
viés da sociologia compreensiva
Introdução
4 Université de Paris V – Sorbonne. Centro d´Etude sur l´Actuel el le Quotidien (CEAQ). Groupe
de Recherche sur l´Espace et la Socialité (GRES). Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais (PPGCS) Unisinos-RS. E-mail : <www.imaginalis.pro.br>
40
Convergência e transdisciplinaridade
5 Maffesoli se inspirou em Max Weber, cuja proposta “compreensiva” se apoia na convicção se-
gundo a qual as pessoas não são apenas agentes portadores de estruturas, mas sim produtores
ativos, depositários de um conhecimento importante. A meta é uma explicação compreensiva do
social. O que importa é a história de vida da fonte, e não a história congelada no tempo, nostálgi-
ca, passada. O passado, o presente e o futuro misturam-se.
50
Os pressupostos maffesolianos
6 “Estes dois instintos impulsivos [os espíritos apolíneo/dramático e dionisíaco/trágico] andam lado
a lado e na maior parte do tempo em guerra aberta, mutuamente se desafiando e excitando para
darem origem a criações novas” (NIETZSCHE, 2002, p. 39).
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 53
Considerações finais
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A DIDÁTICA NA PERSPECTIVA
FENOMENOLÓGICA
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lho Pedagógico).
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 99
15 Na edição brasileira de Sein und Zeit utiliza-se o termo “cura” para traduzir Sorge. Preferimos o
termo “cuidado”, amplamente utilizado pelos comentadores e tradutores de Heidegger.
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 109
Impessoalidade cotidiana
16 Tomemos “egologia” como o primado do estudo do eu em sua dimensão transcendental (Nota do autor).
110
Compreensão e disposição
17 Esta estrutura ontológica (Sorge), que pode ser traduzida como “cura” ou cuidado, será mais
apropriadamente tematizada no subitem a seguir.
18 Befindlichkeit é um dos termos de ST de mais difícil tradução. Optamos aqui por disposição
seguindo a tradução da edição em português. Talvez predisposição fosse uma boa opção por
ressaltar o caráter a priori da disposição.
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 115
20 A própria cunhagem dos termos Besorgen e Fürsorge traz o termo Sorge como radical, explici-
tando o caráter fundamental deste último.
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 119
21 Porque, em sua essência, o ser no mundo é cuidado, pode-se compreender, nas análises prece-
dentes, o ser junto ao utensílio como ocupação e o ser como coseraí dos outros nos encontros
dentro do mundo como preocupação. (HEIDEGGER, 1988, p. 260)
120
23 H. G. Gadamer conta que as preleções de Heidegger atraíam à sala do jovem professor es-
tudiosos como Werner Jaeger e Max Weber, fazendo com que estes “[...] que representavam
certamente o que havia na época de maior nas cátedras da universidade alemã, parecessem
colegiais [...]” (GADAMER, 1976, apud KAHLMEYER-MERTENS, 2008, p. 12).
24 KNELLER, 1996, apud KAHLMEYER-MERTENS, S. Heidegger e a educação. Belo Horizonte:
Autêntica, 2008, p. 13.
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 123
Considerações finais
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INGRESSO E INÍCIO DA DOCÊNCIA
NA ÁREA DA SAÚDE:
análise existencial fenomenológica
Apontamentos provisórios
Eros e Psique
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
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154
Carlos A. Gadea
II
28 A “textualidade” consiste em indicar como significa um texto e não o que significa; compreender
que um texto está integrado por palavras que podem ter distintos significados. “Texto” no sentido
semiológico de discurso extenso, ou seja, de “todas” as práticas de interpretação, que incluem a
linguagem, mas que não se limitam a ela. Ver Derrida (2008 [1967]).
29 Contra a noção essencialista da certeza de sentido, apela-se ao conceito central do estruturalis-
mo: o sentido não é inerente aos signos nem àquilo referido, senão que resulta das relações entre
eles. A consequência pós-estruturalista deste argumento, em termos derrideanos, relaciona-se a
considerar as estruturas de sentido incluindo e implicando ao observador. Nesse sentido, afirma-
-se que “observar é interagir”. Isto não supõe, como muitos podem pensar, que existe um recha-
ço à “razão” como fonte explicativa da realidade, mas sim à representação dogmática sobre si
mesma como certeza atemporal. Igualmente, não supõe admitir que, conseguintemente, nada,
de fato, seja “real”, já que tudo se limitaria a uma construção cultural, linguística ou histórica, mas
sim em admitir que nada é menos real por ser cultural, linguístico ou histórico, sobretudo se não
existe “uma realidade universal” ou atemporal contra a qual se possa comparar. Como manifesta
Derrida, isto não significa dizer, tão simplesmente, que existe um número infinito de sentidos,
senão que significa dizer que “nunca há um só” sentido (DERRIDA, 2008 [1967]).
PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 157
30 Torna-se oportuno o esclarecimento realizado por Goffman (2006 [1975], p. 3): “El recurso crucial
de James fue, desde luego, un juego bastante escandaloso con la palabra mundo (o realidad). Lo
que él quería significar no era el mundo, sino el mundo actual de una determinada persona”.
158
III
IV
34 Para complementar, Reynoso (2000, p. 146) dirá: “Una vez dentro de esta estrategia, el estudian-
te puede pasar toda su carrera debatiendo interpretaciones, desarrollando lecturas más matiza-
das y provocativas, descubriendo nuevos textos marginados y significados no advertidos antes,
sin encontrar, en todo su camino, a ningún miembro de la audiencia que le pregunte si alguna de
esas cosas tiene algún interés para la vida de alguien”.
166
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PESQUISAS FENOMENOLÓGICAS NA CONTEMPORANEIDADE 173
Carlos A. Gadea
Pós-doutor pelo Center for Latin American Studies da
Universidade de Miami. Bolsista Produtividade em Pesquisa
pelo CNPq, professor e coordenador do Programa de Pós-Gra-
duação (nível mestrado e doutorado) em Ciências Sociais da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Michel Maffesoli
Sociólogo e professor da Université de Paris V Sorbonne,
onde dirige o CEAQ - Centro de Estudos sobre o Atual e o
Cotidiano. Autor de diversos livros sobre a pós-modernidade.