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ISBN: 978-65-5637-767-4.
CONSELHO EDITORIAL:
Angela B. Kleiman
(Unicamp – Campinas)
Clarissa Menezes Jordão
(UFPR – Curitiba)
Edleise Mendes
(UFBA – Salvador)
Eliana Merlin Deganutti de Barros
(UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná)
Eni Puccinelli Orlandi
(Unicamp – Campinas)
Glaís Sales Cordeiro
(Université de Genève - Suisse)
José Carlos Paes de Almeida Filho
(UnB – Brasília)
Maria Luisa Ortiz Alvarez
(UnB – Brasília)
Rogério Tilio
(UFRJ – Rio de Janeiro)
Suzete Silva
(UEL – Londrina)
Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva
(UFMG – Belo Horizonte)
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pessoa negra com olhos que parecem ser orientais, um corte de cabelo
altamente improvável para uma pessoa muito idosa etc. A sensação de
estranheza que esse tipo de estilo gera de algum modo remete aos res-
tritores biológicos (genéticos e anatômicos) de corpos humanos, alguns
dos quais não chegam a marcar distinções cultuais de gênero, etnia, faixa
etária, entre outras. Assim, o sistema recupera padrões que eventualmente
nos alienam da precariedade da vida do outro, justamente para produzir
o que seriam faces humanas mais críveis.
De outro lado, os “estilos” evocam disposições, sensações,
preconceitos e empatia, ou desprezo, dos observadores humanos, e,
por isso, são usados para figurativizar robôs de atendimento virtual,
locutores ou tradutores automáticos em vídeos, personagens que apli-
cam golpes e estelionatos em mídias sociais, “atores” de campanhas
publicitárias entre outros usos. Os estilos são, portanto, uma forma de
evocar, para os negócios, a sensação de que há um rosto por trás do
que é, em verdade, um jogo de “imagens semânticas” cruzadas, uma
brincadeira de entropia relativa, ou seja, não se trata de poluir o rosto
pela representação, como explicou Butler (2004), mas de vender face
por rosto, pela entropia relativa.
O terceiro exemplo de refração entre sentido e informação num
suposto rosto pós-humano é o dos robôs humanoides facialmente ex-
pressivos, como os chamam os engenheiros e pesquisadores em inte-
ligência emocional robótica e computação afetiva9 que os constroem.
Muitos desses robôs têm se tornado celebridades, como é o caso de
Sophia, a estrela da Hanson Robotics10 na Internet. Tanto para identi-
9 “Inteligência emocional robótica” e “computação afetiva” são áreas das ciências da computação,
não metáforas criadas por mim. Trata-se de desenvolver artefatos e softwares que capturem e
evoquem sentimentos e atitudes emocionais nos seres humanos que os utilizam, para quaisquer
fins (SPEZIALETTI; PLACIDI; ROSSI, 2020).
10 A empresa disponibiliza uma “entrevista coletiva”, voltada para a atração de investimentos,
com a androide em vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=S5t6K9iwcdw>.
Mais do que entender como o artefato funciona, a entrevista é interessante como acesso aos
discursos que buscam legitimar sua existência, instaladas em sua memória e de alguma forma
suportados pela atitude condescendente do entrevistador. Vale notar que a androide recebeu
o título de cidadã da Arábia Saudita, em mais uma das ações de marketing em torno dela.
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À GUISA DE CONCLUSÃO
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