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SOCIEDADE, NATUREZA E
DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA
Volume 3
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2021
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem de Capa: Freepik.com
Revisão: Os Autores
SO679
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-2176-5
ISBN Físico 978-65-251-2177-2
DOI 10.24824/978652512177.2
2021
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
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Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) André Luis de Carvalho (UFRRJ)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Angelo Aparecido Priori (UEM)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Arnaldo Oliveira Souza Júnior (UFPI)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Carlos Ugo Santander Joo (UFG)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Dagmar Manieri (UFT)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Edison Bariani (FCLAR)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Elizeu de Miranda Corrêa (PUC/SP)
Celso Conti (UFSCar) Fauston Negreiros (UFPI)
Cesar Gerónimo Tello (Univer .Nacional Fernando Antonio Gonçalves Alcoforado
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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SUMÁRIO
PREFÁCIO����������������������������������������������������������������������������������������������������� 11
Antonio Humberto Hamad Minervino
DOI: 10.24824/978652512177.2.11-16
PARTE 1
ASPECTOS SOBRE AMBIENTES AMAZÔNICOS
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DIATOMÁCEAS PERIFÍTICAS DO
RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA
DE CURUÁ-UNA, SANTARÉM, BRASIL����������������������������������������������������� 91
Jéssica Silva Azevedo
Dávia Marciana Talgatti
Andreia Cavalcante Pereira
Sérgio Melo
DOI: 10.24824/978652512177.2.91-110
SEÇÃO 2
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE
POTENCIAL ANTIMICROBIANO
DE STREPTOMYCES SP ISOLADO
DE SOLO RIZOSFÉRICO DE CYPERUS
ARTICULATUS (PRIPRIOCA)�������������������������������������������������������������������� 157
Bárbara de Iansã Santos Moura
Silvia Katrine Rabelo da Silva
Lauro Euclides Soares Barata
DOI: 10.24824/978652512177.2.157-172
SEÇÃO 3
USO DA TERRA E DE RECURSOS NATURAIS
COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO
BAIXO AMAZONAS À TITULAÇÃO DE
TERRA QUILOMBOLA NO MUNICÍPIO
DE ÓBIDOS, PARÁ������������������������������������������������������������������������������������� 235
Ronei de Lima Brelaz
Lilian Rebellato
DOI: 10.24824/978652512177.2.235-250
provoca a liberação dele para atmosfera e cursos d’água. Contudo merece atenção
especial às atividades de garimpo, que estão associadas a contaminação dos ambientes
amazônicos por este metal.
Em ecossistemas aquáticos, Jéssica Azevedo e colaboradores estudaram algas
diatomáceas perifíticas ao longo de um ano no reservatório da Usina Hidroelétrica
de Curuá-Una, oeste do Pará. Estas algas podem mostrar a integridade do ambiente
lótico, sendo importantes de serem estudadas visto contribuir para a produção primá-
ria nas cadeias tróficas. As algas tiveram alta riqueza, com destaque para o período
menos chuvoso, quando foram registrados os maiores valores de riqueza de espécies.
A segunda seção, Meio Ambiente e Sociedade, é aberta por estudo de Daliane
puderam concluir que as florestas uma vez manejadas comunitariamente são opor-
tunidades para os assentados, são símbolo de sucesso no uso racional dos recursos
florestais, servindo de aprendizagem para outros assentamentos em ecossistemas de
terra firme da Amazônia.
Com relação à agricultura, Miércio Ferreira Júnior e colaboradores, objetivando
identificar, quantificar, e comparar indicadores ambientais, econômicos e energéticos,
no processo produtivo agrícola na região de Santarém, desenvolveram um inventário
do ciclo de vida da produção de grão de soja, sob cultivo mecanizado e de modo
conservacionista. Concluíram que para se ter eficiência produtiva não se pode pensar
apenas na rentabilidade, além disso, aumentando o número de parâmetro analisados,
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PARTE 1
AMAZÔNICOS
ASPECTOS SOBRE AMBIENTES
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PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO
OESTE DO PARÁ: uma reflexão
Lilian M. C. Escobar Bueno Ladeira1
Lilian Rebellato2
DOI: 10.24824/ 978652512177.2.17-34
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Introdução
Neste capítulo versamos sobre a Percepção Ambiental dentro de sua compreen-
são sobre o mundo natural e os impactos humanos no meio ambiente. O ensaio apre-
senta as principais discussões acerca do que é Percepção Ambiental desde o ponto
de vista do indivíduo, como o sujeito que interage com seu meio ambiente através
de sua própria concepção e cultura, bem como as questões ambientais a partir dos
grupos sociais que possuem relações coletivas do uso e percepção da natureza. A
construção teórica a respeito do tema abrange distintas áreas do conhecimento, como
antropologia, biologia, geografia, sociologia e até engenharia.
O principal objetivo no presente artigo refere-se a uma reflexão sobre os concei-
tos que moldam os sistemas cognitivos humanos e nos fazem atuar de certa maneira
– algumas vezes inconscientes – em determinadas situações e locais. A forma com
que percebemos, assimilamos e interagimos com o ambiente ao redor deriva tanto de
questões culturais como suas idiossincrasias. Para entender o processo ao qual estamos
submetidos em relação a finitude dos recursos naturais, faz-se de extrema urgência uma
reflexão sobre os processos perceptivos que regem indivíduos, grupos e sociedades.
Percepção Ambiental
A caracterização da Percepção Ambiental está baseada na discussão sobre as
distintas definições do tema entre os autores de diversas áreas. Para entender a impor-
tância do assunto, faz-se necessário compreender a natureza humana e sua relação
com o meio ambiente. De acordo com Capra (2006), a crise ambiental resulta de uma
crise de percepção. Aos desdobramentos desta crise se entrelaçam os aspectos sociais
e econômicos estabelecendo um padrão de teia, resultado da interdependência entre
esses fatores, no qual as ações e reações repercutem nos diferentes níveis da sociedade.
Os estudos da Percepção Ambiental são de fundamental importância para com-
preender as inter-relações entre o ser humano e o ambiente, suas expectativas, anseios,
1 Mestre em Ciências (IBUSP), Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desen-
volvimento – PPGSND/UFOPA
2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento – PPGSND/
UFOPA e Pesquisadora Visitante no Historika Department, Universidade de Gotemburgo, Suécia
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ideias de percepção como passiva e de cultura como distorção, citadas pelos geógrafos
e pelos antropólogos que observaram como as pessoas de diferentes culturas intera-
gem com o mundo (INGOLD, 2000), são inconsistentes. É mais correto compreender
a Percepção Ambiental como algo ativo. As pessoas procuram informações sobre o
seu ambiente com base no que elas precisam saber para seus projetos ou interesses
atuais. Neste modo de pensar, a cultura funciona como um guia ou roteiro. Ao se
constatar, portanto, um processo ativo de Percepção Ambiental, cuja cultura tem
o papel de guiar instintos e formas de lidar com o mundo natural, como podemos
pensar na importância da sensibilização de jovens e adultos, de diferentes classes
sociais e gêneros com relação aos problemas ambientais atuais? Segue uma sucinta
análise do processo de percepção e compreensão de realidade para indivíduos desde
uma abordagem biológica.
Fonte: Adaptado de Guidelines for Field Studies in Enviromental Perception (WHITE, 1977).
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 25
Cooperação, solidariedade,
Sentimentos emocionais profundos a elementos
Humanista fortalecimento das relações
individuais da natureza (árvores, animais)
entre grupos, pessoas e animais
Busca do conhecimento e
Ecológico-científica Estudos sistemáticos da natureza
compreensão
Marcos Reigota (2004) define Meio Ambiente como o lugar determinado e/ou per-
cebido onde estão em relações dinâmicas e, em constante interação, os aspectos naturais
e sociais. Segundo o autor, essas relações acarretam processos de criação cultural e tec-
nológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade.
De acordo com este autor, a palavra Meio Ambiente diz respeito tanto ao meio natural
quanto ao meio social, diferentemente da palavra natureza, que, na escala da percepção
sensorial do homem, diz respeito somente ao meio natural.
Na visão de Reigota (2004), é mais relevante estabelecer o conceito de ambiente
como uma representação social, isto é, uma visão que evolui no tempo e que depende
do grupo social em que é utilizada. São essas representações, bem como as suas modi-
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ficações ao longo do tempo que têm importância. É nelas que se busca intervir quando
se trabalha o tema ambiente.
Coimbra (2002) sustenta que meio ambiente é o conjunto de elementos abióticos
e bióticos, organizados em diferentes ecossistemas naturais e sociais em que se insere o
homem, individual e socialmente, em um processo de interação que atenda ao desenvol-
vimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais e das características
do entorno, dentro das leis da natureza e de padrões de qualidade definidos.
Para outros, como Milaré (2004), o meio ambiente pertence a uma daquelas cate-
gorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído do que definível, em virtude da riqueza
e da complexidade que encerra. Assim, segundo o autor, um conceito mais amplo que
o meio ambiente abrange toda a natureza original, constituída pela flora, pela fauna e
pela biosfera, e a natureza ou meio ambiente artificial, que corresponde a tudo que foi
construído ou formado pelo ser humano, englobando as edificações e as alterações pro-
duzidas pelo homem.
Uns dos conceitos que mais se aproxima da definição de meio ambiente é o disposto
pelo artigo 3º, inciso I da Lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, onde meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (BRASIL, 1981).
Para Lovatto et al. (2010), o conceito de meio ambiente demonstra a externalidade
envolvida no termo e o caráter teórico ocidental que exemplifica a visão cartesiana e
por vezes antropocêntrica, que exclui o homem da integralidade da natureza. Os auto-
res, baseados em referenciais bibliográficos conceituados, citam conceitos utilizados na
contemporaneidade. No Glossário de Ecologia: Meio Ambiente é o conjunto de todas as
condições e influências externas circundantes, que interagem com um organismo, uma
população ou uma comunidade (ACIESP, 1997).
Meio ambiente é a soma total das condições externas circundantes no interior das
quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objeto existe, conforme
outra publicação, o Dicionário de Ecologia e termos ambientais (ART, 1998). Pode ser
também definido como todo o meio exterior ao organismo que afeta o seu integral desen-
volvimento (GILPIN, 1976)
Similar posição tem Watanabe et al. (1987), onde ambiente é o conjunto de condi-
ções que envolvem e sustentam os seres vivos no interior da biosfera, incluindo clima,
solo, recursos hídricos e outros organismos. Sendo, portanto, a soma das condições que
atuam sobre o organismo.
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REFERÊNCIAS
ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Glossário de Ecologia.
São Paulo: Publicação ACIESP, 1987. n. 57. 271 p.
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
São Paulo: Cultrix, 2006.
SAUVÉ, L. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. In: SATO, M.;
CARVALHO, I. (org.). Educação Ambiental: pesquisa e desafio. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
Introdução
Ao nos propormos estudar modos de organização social adotados por agentes
mobilizados para a gestão compartilhada da Reserva Extrativista — Resex Tapajós-A-
rapiuns3, privilegiamos as interações e decorrentes institucionalidades alcançadas em
cooperações recíprocas, refletidas em situações, no limite, de confrontos e convergências,
mas, de fato, em alteridades mútuas e negociadas quanto às referencias constitutivas de
universos de significação de diferenciados mundos sociais. Em se tratando de relações
em sistemas de posições, elaboramos reflexões, todavia, a partir do ponto de vista dos
moradores de duas comunidades que integram a aludida Unidade de Conservação — UC.
Por esta perspectiva, também especialmente pressupomos balizar acordos e
conflitos enfrentados por membros das famílias aí residentes, anteriormente dotadas
de valorada autonomia porque, em tese, construída por consensualidades de propó-
sitos em acordos comunitariamente consensuais, mormente aqueles, legitimados
ou não, que se referenciam ao uso de recursos naturais e ao direito à mobilidade
espacial. Reproduzindo-se como moradores de área requalificada como Resex, isto
é, por adequação correspondente à conservação ambiental, julgamos que, nessas
Uma das saídas reclamadas supõe que as abordagens de pesquisas sobre a Ama-
zônia exigem a construção de visão complexa, incluindo a problematização do meio
ambiente. Enfim, elaboração de perspectivas que não dissociem o reconhecimento
do meio natural das condições de vida das populações locais, das lutas em prol da
igualdade social com valor referencial. Ou ainda que o meio natural, se considerado,
imponha rupturas epistemológicas quanto aos modos de reordenação social, tal como
reivindicada pelas possibilidades de acesso à educação, à justiça social. Em suma,
pelo assegurado reconhecimento da cidadania como condição de participação social
e política tal como reclamam programas de desenvolvimento tão seletivo.
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ção Ecológica (EST. ECOL.); Monumento Natural (MON. NAT.); Parque Nacional
(PARNA); Refúgio de Vida Silvestre (REVIS); Reserva Biológica (REBIO); Floresta
Nacional (FLONA); Reserva Extrativista (RESEX); Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS); Reserva de Fauna (REFAU); Área de Proteção Ambiental (APA);
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE); Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPN).
No âmbito da conservação ambiental de espacialidade mundial, estratégia ado-
tada a partir da convergência do aumento da produção de conhecimento e necessidade
de conservação ambiental, a concepção de Áreas Protegidas4 representou um novo
paradigma de proteção e apropriação de territórios. No Brasil, as Áreas Protegidas
(Terras Indígenas, Terras de Remanescentes de Quilombos, Áreas de Proteção Per-
manente – APP, Reservas Legais – RL e as Unidades de Conservação – UC, todas
amparadas por meio de dispositivos legais específicos), para além do objetivo de
contenção de impactos ambientais derivados da ocupação dos territórios, justificam-se
pela tutela legitimadora do caráter científico da reivindicação política e administrativa,
razão pela qual são espaços fundamentais de reprodução ampliada e aprofundada
de conhecimento local, compondo repertórios e patrimônios de conhecimento cien-
tífico universal.
Delimitando nossa reflexão sobre experiências situadas no estado do Pará e
ainda se ter dimensão da importância das Áreas Protegidas, dados elaborados e
tornados públicos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade
— SEMAS, órgão responsável pela gestão ambiental nesse estado, indicam que ele
4 Em âmbito mundial o termo utilizado para espaços geográficos precisamente definidos com objetivos de
conservação, é ‘áreas protegidas’ (PUREZA; PELLIN; PADUA, 2015). No Brasil, a terminologia áreas
protegidas, segundo Medeiros (2006, p. XX) “[…] encerram um grupo muito mais abrangente de tipologias
e categorias, cuja discussão e práxis de criação atravessaram todo o período republicano brasileiro”. De
acordo com o Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006, que institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas
Protegidas – PNAP, as áreas protegidas incluem as Terras Indígenas, as terras de Remanescentes de
Quilombos e as UC. Podem-se acrescentar ainda ao conjunto de área protegidas, as Áreas de Proteção
Permanente – APP e as Reservas Legais – RL. A distinção entre UC e áreas protegidas reside no fato
de as primeiras terem a destinação do espaço estabelecida no ato legal de criação da área, bem como
a especificação dos objetivos voltados à conservação da natureza e à reprodução de modos de vida de
grupos sociais tradicionais (MILANO, 2012; DUDLEY, 2008). Outra particularidade do sistema brasileiro de
áreas protegidas se refere ao próprio termo. O país adota o conceito de Unidades de Conservação, noção
distinta de áreas protegidas.
42
possui mais de 58% de seu território ocupado pelas mais variadas categorias de Áreas
Protegidas, com destaque para as UC’s. Essas áreas se encontram juridicamente
amparadas pela institucionalidade do SNUC. Enquanto estatuto jurídico, o SNUC é
um dos principais marcos referenciais, teórico e metodológico, recurso basilar das
políticas de conservação do ambiente qualificado natural no Brasil. De fato, como se
reconhece, modo especial de ordenamento territorial, posto que por ele são projetados
os objetivos da conservação da biodiversidade, das várias alternativas de usos do
solo e dos recursos naturais.
Tentando atingir a este escopo, cabe relembrar, a produção entre os anos de
1981 e 2017, mapeamos 1.252 textos. Mas não foi nossa pretensão considerar todos
100
90
80
70
QUANTIDADE
60
50
40
30
20
10
0
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
5 Os textos que compõem a amostra em causa foram escritos majoritariamente no idioma português. Contudo,
foram encontrados 17 textos escritos em inglês, especialmente os que se projetam para circulação universal.
19,96% da amostra equivale a textos escritos no formato de artigo científico.
46
6 O SNUC classifica as UC quanto ao grau de intervenção permitido (Unidades de Proteção Integral e Unidades
de Uso Sustentável), às categorias de manejo e às definições de cada uma das doze categorias.
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 47
sociais e humanas7.
7 Há pesquisas que discutem situações empíricas de UC brasileiras, comparando-as com áreas protegidas
em distintos países da América do Sul (Chile, Paraguai, Venezuela, Equador, Argentina), América do Norte
(Canadá), da África (Moçambique) e da Europa (Espanha e França).
48
20,95%
17,57%
8,78%
6,76%
0,68% 0,68%
8 Santos (2018), Trindade (2016), El Saifi (2015), Lúcio (2013), Ibiapina (2012), Santos (2012), Abirached
(2011), Aguiar (2011), Moralez (2011), Macêdo (2008), Franco (2007).
9 Estudos relacionados a este tema foram elaborados por Schacht (2017), Santos (2014), Afonso (2013),
Freitas (2009), Silva (2006) e Matias (2001). Muitas dessas discussões têm como pano de fundo o antigo
debate sobre a polarização entre conservação versus preservação.
10 Andrade (2016); Arantes (2016); Freitas (2016); Gomes (2016); Silva (2015); Sousa (2015); Castelo (2014);
Govindin (2014); Lira (2014); Nascimento (2014); Perez (2014); Piratoba (2014); Rodrigues (2014); Schettino
(2014); Caldenhof (2013); Castro (2013); Nascimento (2013); Ribeiro (2013); Santos (2013); Silva (2013);
Ibiapina (2012); Luna (2012; 2003); Martins (2012); Broering (2011); Fabiano (2011); Perez (2011); Rocha
(2011); Rodrigues (2011); Ribeiro (2010); Buzzato (2009); Picanço (2009; 2005); Moura (2007); Pinho (2006);
Siqueira (2006); Sousa (2006); Bonassa (2004); Bitencourt (2000).
50
Considerações finais
Pela delimitação dos termos referenciais da construção deste artigo, explicita-
mente comungamos do pensamento crítico explicitado no tocante à construção de
objetos de estudos e generalizações desrespeitosas de situações práticas. Pelo con-
trário, ressaltamos alguns dos meandros desta produção de conhecimento, especial-
mente quanto à dissociação entre desenvolvimento social e conservação ambiental.
A expressividade política dessas valoradas questões, pelos propósitos de construções
incidentes sobre potenciais associações locais, instituições que conferem legitimidade
à representação delegada entre moradores em Resex e instituem o porta-voz outorgado
a circular em espaços sociais e institucionais externos àquele mundo relativamente
11 Da mesma forma, agregar citações aos referidos textos, mesmo às referências bibliográficas ao final do
texto, prática institucionalizada no âmbito científico, tornaria impossível o atendimento, tanto do que nos
propomos a discutir, quanto dos parâmetros previamente definidos pelos organizadores desta coletânea.
Contudo, todas as citações utilizadas neste texto podem ser encontradas na referida tese, a qual motivou
o levantamento bibliográfico aqui apresentado. A mesma está disponibilizada no site do Programa de Pós-
-Graduação Sociedade, Natureza e Desenvolvimento: http://www.ufopa.edu.br/ppgsnd/?page_id=2805.
52
local, nem sempre são vistos como libertadores, pelo contrário, são aprendidos como
bloqueadores da capacidade de cooperação dos povos aí situados. Focalizar nessas
instituições que emergem nesses campos de mediação, muitas vezes nos leva a redu-
zir análises sobre as complexas interações inerentes ao cotidiano das populações
amazônicas e não só as tuteladas por formas organizativas englobadas por Unidades
de Conservação.
No campo acadêmico, a tendência da produção de conhecimento tem postulado
a fragmentação do objeto de análise científica. Edgar Morin (2011) adverte que essa
vontade simplificadora do conhecimento científico tomou como premissa revelar
uma simplicidade escondida por trás da aparente multiplicidade e da desordem dos
REFERÊNCIAS
ALVES, A. J. A “revisão da bibliografia” em teses e dissertações: meus tipos ines-
quecíveis. Cadernos de Pesquisa, n. 81, p. 53-60, 1992.
IANNI, O. A luta pela terra: história social da terra e da luta pela terra numa área
da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1978. 236 p. (Coleção Sociologia Brasileira, v. 8).
TOFFLER, A. La tercera ola. Bogotá: Ed. Plaza & Janes. S.A., 1981. 339 p.
Introdução
A Amazônia é reconhecida, dentre outros aspectos por sua elevada biodiversi-
dade e valor econômico de seus produtos florestais. Em muitos municípios da região
o setor madeireiro assume papel de importância, pois localmente gera emprego e
renda e impulsiona a economia. Apesar da fiscalização e do monitoramento realiza-
dos no setor produtivo florestal, ainda existe um número considerável de empresas e
pessoas trabalhando na irregularidade, fato que compromete as atividades daqueles
que buscam realizar a colheita legal de madeira e a certificação de produção florestal.
O resultado mais visível deste processo de expansão de atividades ilegais na
Amazônia, é a fragmentação e degradação da paisagem florestal que traz prejuízos à
biodiversidade e compromete, especialmente aquelas espécies de alto valor e funcio-
nalidade de conservação (BARLOW et al., 2016). A forte pressão sobre as florestas
compromete seu papel na mitigação das mudanças climáticas e na conservação da
biodiversidade (GAUI et al., 2019).
As atividades humanas e os ecossistemas florestais e suas interações são dinâ-
micas, e dessa forma alteram-se no espaço e tempo. Por isso, são de relevância
social, ambiental e econômica as pesquisas científicas que proponham atividades
sustentáveis, a partir da interação com sistemas dinâmicos e que precisam de medi-
das proativas, e caracterizadas por uma variedade de assuntos, de várias áreas e com
enquadramentos opostos (SARTORI; LATRÔNICO; CAMPOS, 2014). A prática de
manejo florestal envolve o monitoramento contínuo e atitudes ecológicas, socioeconô-
micas, técnicas, científicas, políticas e culturais adequadas (SOUZA; SOARES, 2013).
Na Amazônia, apesar de muitos debates sobre aliar a conservação ao desen-
volvimento, ainda são necessárias mais pesquisas que abordem as características
ecológicas de espécies, para potencializar e valorar uma variedade de espécies no
Considerações Finais
As florestas tropicais possuem potencial para produção com variedade de
espécies arbóreas que apresentam idades, características ecológicas, estruturais,
tecnológicas e dendrométricas distintas. Dessa forma, o manejador precisa con-
siderar essas diferenciações na formulação de estratégias que garantam o uso dos
recursos florestais, visando utilizar os produtos madeireiros em função da geração
de renda para as comunidades locais, melhoria do meio ambiente e redução da
exploração ilegal.
Muitas pesquisas apresentam resultados que corroboram as afirmações de
que a generalização do DMC, ciclo e intensidades de corte preconizados nos
regramentos atuais desconsideram o padrão ecológico, genético e reprodutivo
das espécies, o que pode comprometer a recuperação florestal e a garantia da
sustentabilidade do manejo.
Nesse contexto, é essencial reavaliar as diretrizes técnicas para melhor apro-
veitamento econômico da madeira e recomendar o manejo florestal das espécies
arbóreas com base na sua biologia. A partir disso, os estudos podem propor mudan-
ças na legislação florestal, visando fornecer a produção ecologicamente sustentável.
68
REFERÊNCIAS
ANDRADE, C.G.C.A. et al. Crescimento diamétrico e tempo de passagem de Min-
quartia guinensis após manejo na Floresta Nacional do Tapajós. Pesquisa Flores-
tal Brasileira, v. 37, n. 91, p. 299-309, 2017. DOI: https://doi.org/10.4336/2017.
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BRAZ, E. M. et al. Taxa de corte sustentável para manejo das florestas tropicais.
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CARNEIRO, F.S. et al. Effects of selective logging on the mating system and pollen
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gement, v. 453, p. 1-10, 2019.DOI: http//dx.doi.org/10.1016/j.foreco.2019.117584.
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Oxford, ENG: Pergamon Press: p. 256, 1979.
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Introdução
O mercúrio (Hg) é um elemento químico de número atômico 80, inodoro, e é
o único metal que se apresenta no estado líquido em temperatura ambiente e a 0°C
(AZEVEDO, 2003). Ocorre normalmente, em pequenas concentrações, na hidrosfera,
litosfera, atmosfera e biosfera, e comparativamente a outros, o metal é um elemento
raro, situado em 16º lugar no conjunto dos elementos conforme sua abundância na terra
(AZEVEDO, 1993, 2003). Este elemento pode apresentar-se em três principais formas no
meio ambiente, a primeira forma é a metálica, sem carga (Hgo) ou mercúrio elementar,
a segunda é a forma divalente (Hg2), e a terceira forma, é a metilada, originada a partir
do processo de metilação, ou seja, transformação do Hg2+ a CH3Hg2+, a qual é conhecida
como metilmercúrio (MeHg) (WHO, 1976). Cada forma do Hg apresenta uma dada
toxicidade, sendo que o metilmercúrio é forma mais tóxica do mercúrio podendo causar
danos irreversíveis. É capaz de bioacumular e de biomagnificar através dos níveis tróficos
e se ligar fortemente às proteínas, o que pode facilitar a sua passagem através dos tecidos.
O mercúrio encontra um vasto campo de utilização, entre as mais importantes
aplicações do mercúrio metálico destacam-se: produção de aparelhos científicos de
precisão (como termômetros, esfingomanômetros, barômetros), nos quais se aprovei-
tam as propriedades do mercúrio de se expandir e contrair pela ação da temperatura.
Na indústria elétrica: fabricação de lâmpadas a vapor de mercúrio, tubos de raios X
etc. O mercúrio é muito usado também no processo de amalgamação para separar o
ouro e a prata de outros materiais, e em garimpos do ouro no Brasil este é um pro-
cedimento intensamente utilizado.
1 Mestre em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (Ciências Biológicas) (INPA). Discente de doutorado no
PPGSND/UFOPA. Docente IFPA/Campus Itaituba. Linha de pesquisa: Recursos Naturais, Biodiversidade
e Bioprospecção na Amazônia. E-mail: brendsoncb@gmail.com
2 Doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior - INPA. Docente UFOPA. Linha de pesquisa: Recursos
Naturais, Biodiversidade e Bioprospecção na Amazônia. E-mail: reinaldopeleja@yahoo.com.br
3 Mestra em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (Ciências Biológicas) (INPA). Técnica em Gestão de
Meio Ambiente na SEMAS – PA. E-mail: vasconcelos.mrr@gmail.com
4 Doutor em Ecologia – UFRJ. Docente UFOPA. Linha de pesquisa: Recursos Naturais, Biodiversidade e
Bioprospecção na Amazônia. E-mail: melo.joaopedro@gmail.com
76
apresenta cerca de 8.000 lagos, que em conjunto possuem um volume de água com-
parável aos milhares de lagos continentais formados por degelo em maiores latitudes
(MELACK, 1984).
Os grandes rios amazônicos, como o Solimões, por exemplo, apresentam uma
acentuada flutuação no nível d´água entre os períodos de seca e cheia, oscilando cerca
de 10 m (JUNK et al., 1989). Essa flutuação sazonal no nível das águas, interagindo
com a variação topográfica da várzea, produzem um complexo mosaico paisagístico
que inclui: as florestas alagáveis, as macrófitas aquáticas e as águas abertas. Desta
forma, a subida e a descida das águas atuam como agentes reguladores e transforma-
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MeHg Hg2+ d
Hipolímnio
Hg2+ MeHg Rio
Hg2+ MeHg Lago
Sedimento
Floresta seca
Seca
Hg2+p Hg2+d MeHg (pouco)
Hg2+p
MeHg Hg2+p Enchente
Rio
Hg2 +
MeHg Lago
Sedimento
está na sua forma inorgânica, sendo pouquíssimo disponível para ser absorvido
pelos vegetais terrestres presentes nestes solos. Todavia, quando ele chega ao meio
aquático, através da lixiviação natural ou mais intensamente através da erosão dos
solos subsequentes às atividades antrópicas (desmatamento, agricultura etc.), este
elemento passa de sua forma inerte nos solos para sua forma potencialmente tóxica
(metilmercúrio), a qual, na forma dissolvida, penetra inicialmente nos primeiros
elos da cadeia alimentar aquática (plâncton), os quais servem de alimentos para
os peixes.
Assim, impactos como o desmatamento, a mineração e as hidrelétricas podem
modificar diversos ciclos biogeoquímicos. A dinâmica de mercúrio em reservatórios
na região amazônica neste contexto assume papel importante nas discussões sobre os
impactos que as usinas hidrelétricas podem gerar, tendo em vista que a construção
de represas na região amazônica ocasiona, na maioria dos casos, na inundação de
grandes áreas florestadas, e a decomposição desta enorme carga de matéria orgânica
consome oxigênio dissolvido, o que resulta em condições hipóxicas ou anóxicas na
coluna d’água que favorecem o processo de bioacumulação e biomagnificaçao de
mercúrio na biota aquática (KASPER et al., 2014, BRITO et al., 2017, PESTANA
et al., 2019b).
Considerações Finais
O Hg pode apresentar diferentes dinâmicas dependo do tipo de ambiente.
Na Amazônia, a diversidade de ambiente influencia no ciclo do Hg. Em lagos de
várzeas, o pulso de inundação influencia na dinâmica de Hg durante todo ano,
tendo em vista os períodos bem demarcados de seca, enchente, cheia e vazante;
além das condições anóxicas desses ambientes que favorece a entrada de Hg na
cadeia aquática. Nos solos amazônicos o Hg é depositado naturalmente, e na
Amazônia Central predominam os solos argilosos extremamente antigos, com alta
capacidade de reter e acumular mercúrio durante muitos anos. Em reservatórios,
a inundação de extensas áreas de florestas e a decomposição da matéria orgânica
contribuem para os processos de metilação.
84
REFERÊNCIAS
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Introdução
As diatomáceas são conhecidas como um dos grupos de algas com maior riqueza de
espécies, com cerca de 12.000 espécies conhecidas e 8.000 espécies ainda desconhecidas
(MANN; VANORMELINGEN, 2013). Basicamente são algas unicelulares, envolvidas
por duas valvas composta por sílica que são unidas pelo cíngulo. Podem formar cadeias
filamentosas, são desprovidas de flagelos na fase adulta e podem aderirem-se às superfícies
por mucilagem secretada proveniente de estruturas como campo de poros apical, rafe e
rimopórtula, característica que lhes proporcionam vantagens adaptativas para se aderirem
a diferentes substratos, o que contribui para a grande representatividade das diatomáceas
na comunidade perifítica (ROUND et al., 1990).
Estudos indicam que as diatomáceas dominam a composição taxonômica do perifíton
(BERE; MANGADZE, 2014). De modo geral, as algas perifíticas, principalmente o grupo
das diatomáceas, são sensíveis às características ambientais e fornecem uma medida direta e
holística da integridade dos sistemas lóticos (FAUSTINO et al., 2016). Os fatores ambientais:
pH, condutividade elétrica, concentração de nutrientes, substrato, velocidade da corrente,
luz, (grau de sombreamento), pastagem e temperatura são as variáveis mais importantes
que influenciam nos padrões de distribuição dessas diatomáceas (GILLET et al., 2015).
Apesar da notável importância ecológica, as algas do perifíton são pouco estudadas.
Schneck (2013) acrescenta que os primeiros estudos ecológicos sobre perifíton foram
realizados no início do século XX por Fritsch (1906) e Brown (1908), sendo que tais
trabalhos tinham por objetivo avaliar a composição e colonização das algas. Scheneck
(2013) realizou uma análise cienciométrica sobre tendências e lacunas dos estudos sobre
perifíton de ambientes aquáticos continentais, e desenvolveu o levantamento de estudos
Material e Métodos
Área de Estudo
Amostragens
técnica do Ácido Nítrico descrita em detalhes por Talgatti et al. (2014) e, após a
lavagem, alíquota de (0,25 ml) do material foi incluída entre lâmina e lamínula
usando a resina Naphrax® (índice de refração 1,7) para a confecção das lâmi-
nas permanentes.
As análises foram realizadas no microscópio óptico trinocular (modelo Axios-
tarplus-Carl Zeiss®), as imagens foram obtidas com a câmera de captura de imagens
Zeiss (AxioCam ERc5s), e posteriormente realizadas as medidas morfométricas de
todos os táxons encontrados com o auxílio do programa Zen.
A identificação das diatomáceas foi realizada com auxílio de obras básicas como:
Hustedt (1965), Patrick e Reimer (1966), Metzeltin e Lange-Bertalot (1998, 2007),
Metzeltin et al. (2005), em revisões recentes publicadas em livros e periódicos. A clas-
sificação taxonômica adotada foi a de Round et al. (1990) e a terminologia utilizada
nas descrições dos táxons foi baseada em Hendey (1964) e Barber e Haworth (1981).
O índice de constância foi calculado através da equação C = (p x 100) /P, pro-
posta por Dajoz, (1978) onde: p é o número de amostras contendo a espécie, P é o
número total de amostras. As espécies com C > 70 % são consideradas constantes;
30% < C < 70% representam espécies frequentes; 10% <C< 30% representam espé-
cies esporádicas; C < 10% representam espécies raras.
Resultados e Discussão
No período estudado, Azevedo (2020) registrou no reservatório de Curuá-Una,
no período relacionado ao presente estudo uma profundidade variando de 3,0m no
ponto 2 em setembro/2016, no período menos chuvoso, a 13,0m no ponto 1 em
maio/2016 no período chuvoso. Enquanto a transparência da água variou de 0,75 m
no ponto 6 em março/2017 no período chuvoso a 2,70m no ponto 2 em setembro/2016
no período de poucas chuvas e, os valores de temperatura da água esteve entre 28,1°C
no ponto 4 em março/2017 a 33,0°C no ponto 2 em outubro/2016. Os valores de
condutividade elétrica apresentaram uma acentuada variação, tendo o menor valor,
4,06 μS/cm-1, sido registrado no ponto 5 em maio/2016 e, o maior, 243,00 μS/cm-1,
no ponto 4 em março/2017 no período chuvoso. Já os valores de pH estiveram entre
4,8 e a 7,5, sendo estes extremos registrados no ponto 5 em dezembro e em junho
de 2016, respectivamente.
96
Em relação aos valores de riqueza de espécies por ponto amostral nos diferentes
meses amostrados foi constatado que o ponto 4 foi o que apresentou o menor valor,
14 táxons no mês de abril de 2017 no período chuvoso, enquanto o ponto 2, no mês
de setembro de 2016 foi o que apresentou maior riqueza de espécies, 46 táxons no
período menos chuvoso (Quadro 1).
Considerações Finais
O estudo propiciou melhor compreensão a respeito da composição florística do
perifíton do reservatório de Curuá-Una. Foi registrada alta riqueza de táxons em todas
as amostragens em comparação com outros estudos realizados com amostradores
tipo EDS (Epilithic Diatom Sampler) no Brasil.
Entre os táxons registrados, aqueles dos gêneros Eunotia Ehrenberg, Gompho-
nema Ehrenberg, Frustulia Rabenhorst Encyonema Kützing e Nupela Vyverman
& Compère foram os que apresentaram maior representatividade na comunidade
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SEÇÃO 2
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE
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O PERFIL DE TRABALHO E SAÚDE
DO PESCADOR ARTESANAL
DE SANTARÉM — PARÁ
Daliane Ferreira Marinho1
Delma Pessanha Neves2
DOI: 10.24824/978652512177.2.111-134
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Introdução
Para efeitos de definição referencial da leitura deste texto, assumimos a
definição oficial do termo pesca: ação, ato ou operação desenvolvida com a fina-
lidade de extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros. E
especificamente, para a situação empírica por nós levada em consideração, a pesca
artesanal como atividade produtiva caracterizada pelo trabalho pouco mecanizado,
exercido de forma autônoma e em regime de economia familiar, condições pelas
quais, como meio de realização, emprega motores de pouca potência em pequenas
embarcações (BRASIL, 2009).
Ainda de acordo com definições oficiais, o Ministério da Pesca e Aquicultura
projetou, no ano de 2010 no Brasil, um total 853.231 pessoas afiliadas a pesca artesanal,
abarcando os pescadores ativos e institucionalmente registrados. Em se tratando da
região Norte, onde foi realizado este estudo, o número de pescadores ativos em 2010
era de 330.749 pescadores. Na região destacada, ocorre a maior produção de pescado de
água doce do país, correspondendo a 55,7% do total produzido no país (BRASIL, 2012).
Esses são números muito expressivos, posto que demonstram a importância
econômica do setor e da gestão de recursos básicos à reprodução autônoma desses
trabalhadores e de seus familiares. Além de representarem uma parcela significa-
tiva da população economicamente ativa do país, eles também desempenham papel
importante na atuação de conservação ambiental das espécies aquáticas, mediante
reivindicação e controle da captura racional de pescado no oceano, rios e lagos, com
respeito ao período do defeso e também à formulação, controle e fiscalização dos
acordos de pesca (CARVALHO; ROCHA; CAMPOS, 2018).
Segundo Isaac et al. (2005), em avaliação dos primeiros anos da década de
2000, só para a sede do município de Santarém, local de realização deste estudo, o
3 Destacamos que a estruturação deste artigo segue referências comumente valorizadas em meios de
circulação de produção intelectual destinados ao gênero pesquisas em saúde e fisioterapia.
114
Resultados
Uma vez filiado, ele deverá pagar uma contribuição mensal mínima de filiação
à colônia, que é utilizada para custear a manutenção do funcionamento da sede.
Ademais, pagar uma taxa anual direcionada ao pagamento do valor a ser transferido
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Após a filiação, o pescador rece-
berá uma carteira de identificação da colônia, que o respaldará para se apresentar
como pescador artesanal e lhe dará direito a usufruir de alguns convênios de serviços
firmados pela CP Z-20.
É função da CP Z-20 encaminhar a documentação pertinente para registro do
pescador junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura, de onde este receberá outra
carteira de identificação, que dará direito de cadastro junto ao INSS, além de acesso
M♀1: “…aí casei com 17 (anos) e fui pescar com o marido…já aprendi a pescar,
consertar malhadeira com o marido…Eu sou associada na Z-20 desde 2005, foi
quando eu entrei, já tem uns 14 anos…” (Associada a CP Z20 desde 2005).
118
M♀2: “Comecei a pescar com o marido, foi o tempo que me filei a Z20, aí o que
aprendi foi com ele, eu sou ‘pilota’ dele…” (Associada à CP Z20 desde 2002).
M♀3: “A gente pesca de malhadeira e de caniço, tarrafa a gente tem, mas não
posso jogar por causa da coluna…”.
H♂1: “A gente usa todos os materiais de pesca, mas ultimamente a gente usa mais
a malhadeira, pois é um instrumento que se torna mais fácil capturar o peixe”.
rápido, não pode esperar muito, porque pode engatar no fundo do rio e perder a
malhadeira, rasgar. Aí para puxar leva mais tempo… porque ela fica mais pesada
molhada e ainda com a corredeira do rio…!!!”.
H♂5: “…aí eu pesco com malhadeira, arpão, anzol… Enquanto põe a malhadeira,
a gente pesca com anzol…”.
H♂6: “…Aí no verão a gente pesca mais de tarrafa, porque em muitas regiões fica
proibida a pesca com rede, porque o peixe fica preso no lago…Aí tem a pesca de
espinhel… No Amazonas é uma rede pesada, no Tapajós é uma rede fina, porque,
se não, não pega o pescado…, porque o peixe vê a rede na água clara…”.
H♂6: “O que melhorou é que modernizou, tem o motor, o gelo, os tipos de rede,
aí é mais rápido a pesca… Tudo isso facilitou, com o whatsapp, tem facilidade
pra se comunicar…porque todo interior tem esse negócio de wifi (internet)… Aí
já não precisa vir sempre na cidade…, até pelo INSS agora tudo é virtual… Essa
modernidade que melhorou a qualidade de vida do pescador…”.
H♂3: “Eu pesco só na região onde moro. Levaria uns 15 a 20 minutos de rabeta
até onde a gente pesca. Mas antes de remo tirava uma hora, ou adaptava uma
122
vela pra ser mais rápido… Aí de 2000 pra cá, logo que começou essa evolução,
a gente comprou o motor rabeta, aí ficou melhor…”.
H♂7: “Alguns anos atrás era difícil, era mais puxado o dia a dia…hoje a tec-
nologia já tá mais avançada. E a agente já consegue ter uma qualidade de vida
melhor, por exemplo, remar hoje pouco rema, hoje o pescador tem um celular,
quando ele quer alguma coisa ele pede… e hoje você já tem um conforto melhor”.
aprendizagem ocorrida na infância, tendo pais e parentes próximos como seus “pro-
fessores” (75,7%). Dados discutidos no trabalho de Peixoto, Belo e Santos (2019)
ao abordarem a ancestralidade na pesca, e por Timóteo (2019), que abordou a pesca
enquanto uma “tradição familiar” ressaltam aproximações de projeção de vida entre
pescadores e pescadoras.
Informação quanto ao aprendizado da profissão de pescador destaca o ambiente
familiar, ilustradas através da fala dos pescadores entrevistados, quando eles
relatam que:
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M♀3: “Eu aprendi a pescar com o pai, com os meus irmãos, minha mãe. Depois
comecei a pescar com o marido”.
H♂1: “Meus pais são do interior, aprendi a pescar com eles, e como dizem, filho
de peixe, peixinho é. A gente vai acompanhando…”.
H♂3: “Eu aprendi essas coisas desde a infância. Eu aprendi com o meu pai. E
devido a gente sempre morar no interior, lá só tinha essas duas atividades, […]
a agricultura e a pesca”.
H♂4: “Aprendi a pescar com o meu pai aos 10 anos, e fui aprendendo. Aí também
criei as minhas habilidades, minha experiência…”.
H♂5: “Aprendi a pescar com o meu pai, mas aprendi várias coisas, pedreiro,
carpinteiro, mas é muito pesado…a pesca é mais fácil…O meu pai é pescador, é
coisa de tradição né, aprendi com ele. Foi a primeira profissão que apendi…”.
H♂6: “Aprendi a pescar com o meu pai…ele era bom pescador, mas meu pai
adoeceu, pegou derrame quando eu tinha 8 anos de idade… Eu e meu irmão, dos
9 anos em diante, nós aguentamos a família…”.
Fragoso Jr. et al. (2018) abordaram o tempo de atuação na pesca por faixa de
anos. A faixa mais citada na amostra alcançada com eles foi a de 11 a 20 anos de
trabalho para homens (36,7%) e 1 a 10 anos para mulheres (30%). Tal diferença deve-
-se provavelmente à amostra pequena que obtiveram. Ou ainda ao fato de o tempo
inferior de trabalho das mulheres na atividade ocorrer em virtude delas, geralmente,
só assumirem a pesca como profissão após o casamento; e não desde a infância ou
na juventude como os homens.
O tipo de embarcação mais utilizada pelos filiados a CP Z-20 de Santarém foi
a canoa a remo (84), posto que em grande parte a pescaria ocorre próximo às suas
M♀1: “…põe a malhadeira e enquanto tá lá, a gente põe os caniços. Eles já vão
no bote (tipo de canoa a remo), porque o bote vai nos lugares que a bajara não
vai (tipo de canoa grande motorizada)”.
Quanto ao uso do tempo do “não trabalho” ou lazer, eles declararam ser “jogar
futebol” (31) ou “ficar com a família” (32). Porém, 12 relataram que o pescador não
possui momentos de folga. Pelo trabalho de Santos (2019), foi levantada a visão de
alguns pescadores de que o lazer da família seria considerado uma tarefa de respon-
sabilidade feminina. Exemplifica assim como as famílias de pescadores artesanais
organizariam as divisões de tarefas familiares por gênero entre o casal.
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M♀2: “Casada com um pescador, o dia é cansativo. Sai cedo, pega muito sol,
estressa. E quando não vai pescar, é a lida da casa, cuidar da casa, cuidar das
criações… Pra mim, os pontos negativos são o sol e o calor…”.
M♀3: “…o ponto negativo é por causa do problema da coluna, sol, chuva, cara-
panã, mas aí não tem outro jeito, aí a gente aguenta… Porque a gente se maltrata
muito, dia e noite sentada, não dorme direito…”.
H♂1: “Muito, a pesca é muito perigosa, o perigo é por que agente que anda no
mar pescado, a gente sabe o que tá perto de você por cima, mas não por baixo, o
risco é cotidiano, porque aí você tá pescando e de repente pega uma tempestade,
que pega a gente de surpresa, a gente corre risco cotidiano, de uma alagação…
Eu acho que esse trabalho prejudica na área física, faz muita força, perde muito
sono, pega sol, a gente come bem, mas sacrifica a parte física, pescar a noite é
melhor, pesca de dia, mas a noite fica mais fácil pra capturar os peixes maior,
é um sacrifício”.
H♂2: “É perigoso, porque você sabe, todo trabalho que é forçado é perigoso, pra
saúde, pra mobilidade do seu corpo, você começa trabalhando bem e depois já
começa a dor costa, cadeira, as perna, por causa do esforço exagerado… Perigo
também as vezes na pesca da noite, por que a navegação as vezes não tá te vendo,
e você pesca sem uma luz adequada na sua canoa, aí você pesca muitas vez onde
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 127
H♂3: “Prejudica tanto pra mim quanto para os demais pescadores, tanto na
questão do sol na pele, como na visão. Eu sempre pesquei protegido com roupa
comprida e chapéu, não com protetor solar, mas de roupa. Mas tem pescador que
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não. Tem também a questão de resfriado, porque tem momentos que você precisa
tá no bote e depois precisa tá na água. De qualquer maneira prejudica sim a
saúde do pescador… Pescador dorme pouco, porque a gente às vezes precisa
pescar a noite toda, mas depois que a gente chega, cuida o peixe, gela, e precisa
dormir um pouco né…”.
H♂4: “…a gente tem que pescar noite e dia; aí já emenda noite e dia, 24h no dia,
rodado… a gente se acaba na pescaria devido o sol, muito esforço físico, a coluna,
a visão da pessoa, porque a gente pega muito sol… porque a gente se expões
muito a raio, trovoadas e os acidentes, isso a fora as doenças que a gente adquire
ao longo do tempo. Nunca tive acidente, mas já tive muito perrengues de tempo
feio; e já vi muitos colegas terem acidentes, alagarem e até já de morrerem… tem
pescadores que com 60 anos estão bem, mas tem uns com 30 ou 40 anos que tem
problemas sérios de coluna, de pele, tem câncer de pele…”.
H♂5: “…já tive ferrada de arraia só uma vez, quando tinha uns 12 anos…”.
H♂6: “Sim ,eu já alaguei três vezes, por causa de temporal, que as vezes pega
você de surpresa, quando você tá no lago limpo, aí de repente o tempo vira e o
temporal pega você no meio do rio, aí você escolhe, ou salva seu material ou se
arrisca a tirar a rede e pegar o temporal… porque a pesca acaba com a gente,
o sol, passa sono, não dorme direito, cansei de pescar longe, dormir no barco,
sol direto, não comer direito, a água direto do rio, sem banheiro, aí tudo isso
maltrata… O primeiro que acaba é a vista, pelo sol, e a coluna pelo esforço, e
ficar muito curvado, puxando rede, espinhel, o dia todo… ”.
Através dos relatos dos pescadores foi possível analisar que os maiores riscos a
que eles reconhecem estar expostos estão relacionados a doenças de pele e deficiên-
cias visuais por exposição prolongada ao sol, a adoecimentos relacionados à rotina
de trabalho inadequada, com realização de esforço físico excessivo que causa dores
128
das suas queixas e dos relatos ouvidos, que trazem informações preciosas para emba-
sar ações de promoção, prevenção e vigilância em saúde, e que são necessárias de
serem implantadas, tanto pelos órgãos oficiais, como por instituições de ensino e
até pela própria entidade de classe dos mesmos, a CP Z-20. Isso com o objetivo de
conseguir minimizar a possibilidade de adoecimentos futuros e favorecer a recupe-
ração dos já instalados, com vistas ao retorno a atividade dos afastados ou não, e a
recuperação da qualidade de vida.
Diante disso, espera-se que esse estudo seja apenas o ponto de partida para
muitos outros estudos, tanto de pesquisa científica como de extensão universitária.
E que possa ajudar os pescadores artesanais, através da Colônia de pescadores com
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a comprovação junto ao INSS das doenças mais comuns que os acometem, e assim
na fixação do nexo causal. Além de que os dados sirvam a CP Z-20 como auxílio
nas diversas ações que objetivem realizar, tanto junto ao SUS, a previdência social,
como junto a iniciativa privada.
130
REFERÊNCIAS
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Integrated Coastal Zone Management, v. 16, n. 2, p. 231-241, 2016.
Introdução
A pandemia de covid-19 se alastrou aceleradamente em 2020, contaminando
praticamente todo o planeta, em um curto espaço de tempo. Esta crise global sem
precedentes forçou mudanças em todas as facetas dos sistemas de saúde, em busca
de prevenção e cuidados, uma nova realidade que trouxe consequências na formação
dos profissionais de saúde, dentre eles os médicos, que tiveram suas formaturas
antecipadas a fim de se incorporarem na linha de frente do combate à covid-19.
A pandemia de coronavírus (covid-19) gera impactos significativos e não com-
pletamente dimensionados na sociedade (DE NEGRI et al., 2020). Trata-se de um
evento inédito na história, dado que, no passado, epidemias parecidas se desenvolve-
ram em um cenário de menor integração entre países e pessoas, divisão do trabalho
e densidade populacional.
Desde março de 2020, a rotina de muitas pessoas pelo mundo foi mudada,
devido à pandemia da covid-19, inclusive dos estudantes, com a necessidade do
isolamento social e a paralização de escolas, universidades, dentre outras instituições,
empresas e ou organizações, como prevenção ao vírus, havendo a necessidade em
implantar o ensino emergencial. Com isso, o curso de medicina também teve que se
adaptar, sendo que algumas Instituições de Ensino Superior (IES) escolheram realizar
aulas remotas buscando continuar a formação dos estudantes através de conferências
chamava, então, “economia da natureza”, isto é, estudo das relações dos organis-
mos com o meio ambiente. Em 1877, Mobius criou o termo Biocenose e, ainda
que pairem dúvidas a respeito da natureza e significado reais de suas concepções
ecológicas, entreviu alguma coisa das interrelações que se processam em um
banco de ostras.
O termo “ecologia no cuidado médico” foi uma provocação de K. White, em
1961, para verificar a relação entre as pessoas e os cenários de saúde/ambiente
com o qual se relacionam. Entender este cenário será o ponto de partida para
adequar as nossas necessidades.
Na essência das palavras e nas definições mais simplórias, Ecologia seria o
estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Já Médica,
do latim medicinal, significa medicar, remediar, sanar, sarar, tratar. Poder-se-ia,
então, definir a Ecologia Médica como a ciência que estuda as doenças e seus
fatores relacionados ao homem, ao meio ambiente e a seus desequilíbrios.
Ecologia Médica (EM), Ecomedicina ou Medicina Ecológica definem um
ramo da Medicina que estuda a relação entre os fatores ambientais e os de saúde
(ALMEIDA, 2010). A EM — sinônimo de Medicina Ambiental e Ecologia Celular
— tem como objetivos restaurar o equilíbrio entre o homem e a natureza e tratar
as patologias ocasionadas pela quebra desse equilíbrio (LOBO, 2011).
Assim, este capítulo apresenta um estudo de revisão sistemática da literatura
alusivo à Ecologia Médica de Egressos de Medicina e a covid-19, com o objetivo
de identificar trabalhos científicos disponíveis que abordam esta temática.
Metodologia
Compreende-se que toda pesquisa surge a partir de um problema no qual se faz
necessário traçar o caminho metodológico em busca de respostas à sua problemática,
sendo indispensável descrever esse processo.
Este estudo é de natureza descritiva e utilizou-se a revisão sistemática da lite-
ratura adotando-se o método Systematic Search Flow – SSF, composto de 4 (quatro)
fases e 8 (oito) atividades. Para melhor entendimento do método, representado na
Figura 1, cada uma das suas Fases e Atividades, bem como sua execução, serão
detalhadas a continuação.
138
Resultados e Discussão
Dando continuidade à aplicação das fases e Atividades do método SSF, o pro-
duto gerado a partir da Atividade 4 traz dados que já incluem um manuseio efetivo
dos trabalhos selecionados.
140
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021), com base no método SSF (2016).
Após leitura dos títulos dos trabalhos selecionados para este descritor, houve a
eliminação dos trabalhos que não estavam alinhados com o tema proposto; o mesmo
procedimento foi realizado com os resumos, onde resultou apenas 3 (três) trabalhos
científicos, o que se considera um número inexpressivo de publicações para o período
proposto (2001–2021).
Quanto ao descritor “Egressos de Medicina”, aparecem na Tabela 2 o resul-
tado dos 11 trabalhos científicos a partir da aplicação do método SSF nas bases de
dados relacionadas.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021), com base no método SSF (2016).
Após leitura de seus títulos, ocorreu a eliminação dos trabalhos que não estavam
alinhados com o descritor “Egressos de Medicina”; o mesmo procedimento foi reali-
zado com os resumos, resultando em 6 (seis) trabalhos científicos, sendo 4 (quatro)
Dissertações (D) e 2 (dois) Artigos (A), o que se considera um número reduzido de
publicações para o recorte temporal proposto (2001–2021).
Na tabela 3 aparecem os resultados decorrentes também das Atividades 1 e 2
da fase 1 do método adotado, na busca do descritor “Covid-19”, com recorte tem-
poral de 2020 a 2021, cujo período justifica-se pela pandemia enfrentada em todo o
Planeta na atualidade.
Dos 217.363 trabalhos científicos encontrados na busca deste descritor sem
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Fonte: Elaborado pelas autoras (2021), com base no método SSF (2016).
Após leitura dos títulos selecionados com o descritor “covid-19” houve a elimi-
nação dos trabalhos que não estavam alinhados; o mesmo procedimento foi realizado
com os resumos, resultando em 14 Artigos relacionados para este descritor, 6 (seis)
deles encontrados no Portal de Periódicos CAPES (2021) e 8 (oito) na Scientific
Electronic Library Online — SciELO (2021), onde o recorte temporal proposto
(2020–2021) demonstrou um resultado significativo de produções para este des-
critor. Entretanto, provavelmente a ausência de resultados no Catálogo de Teses e
Dissertações da CAPES (2021) se deva justamente ao recorte temporal ser recente,
não havendo tempo hábil para que trabalhos defendidos neste período fossem dis-
ponibilização ao acesso público nesta base de dados.
Com o término da Atividade 4 restaram 23 trabalhos científicos, dentre aqueles
que foram inicialmente selecionados - serão ilustrados na fase seguinte do método.
Este momento correspondeu à realização da Atividade 5, com a elaboração de 3 (três)
quadros com a identificação dos trabalhos selecionados e classificados por ano e por
citação, finalizando a fase 1 do método. A seguir, apresentam-se os Quadros 1, 2 e 3
confeccionados, seguido de sua análise.
142
Catálogo de Teses
Acredita-se que os egressos são os
e Dissertações
Egressos de Medicina DANTAS, A. B. mais legítimos atores da expressão da
CAPES - Biblioteca
no Pará (2006) formação e pela materialização de sua
Profa. Elcy Rodrigues
prática possam fomentar o foco
Lacerda, ICED, UFPA
FORMAÇÃO
E ATUAÇÃO Catálogo de Teses e
PROFISSIONAL Dissertações CAPES
DE EGRESSOS - Biblioteca Profa Dra
A conformidade do perfil desses egressos
DE MEDICINA DE Iracema Alves de
MAUES (2016) com aquele preconizado pelas Diretrizes
UMA INSTITUIÇÃO Almeida- Campus II/
Curriculares Nacionais,
PRIVADA DO PARÁ: Centro de Ciências
Perfil e conformidade Biológicas e da Saúde
com as Diretrizes (CCBS)/UEPA
Curriculares Nacionais
medicina; acredita-se que assim será positiva a convivência entre médico e tecnolo-
gia, tendo em vista o benefício do paciente (RAPOSO, 2013). Estas iniciativas são
evidências de que os estudantes de Medicina fazem a diferença ao estar conscientes
da situação e do papel que podem desempenhar, sendo uma valiosa e inesperada
ajuda em tempos difíceis. No entanto, será necessário avaliar de que modo o ensino
médico saiu prejudicado, ou até beneficiado, pela pandemia, e que impacto isto terá
no futuro (GI et.al, 2020). Neste sentido, estudos vêm sendo realizados e publicados
sobre questões relacionadas a este momento que a humanidade está vivenciando. No
tocante a esta revisão sistemática, os artigos levantados após aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão com o descritor “Covid 19” encontram-se no Quadro 3, a seguir.
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12
10
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021), com base no método SSF (2016).
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Catálogo de Teses e Portal de Periódicos CAPES SciELO
Dissertações da CAPES
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021), com base no método SSF (2016).
Sem dúvida que a publicação de trabalhos em revistas com revisão por pares são
métricas-chave na avaliação profissional, nomeadamente na promoção académica.
No entanto, a necessidade urgente de soluções imediatas para a pandemia do
COVID-19 levou os investigadores biomédicos a favorecer uma forma diferente
de publicação, os preprints. O impacto que estes tiveram na compreensão e tomada
de decisão referente ao surto COVID-19 sugere que devemos repensar como
recompensar e reconhecer as contribuições da comunidade científica durante a
presente e futuras crises de saúde pública.
A magnitude das alterações nas atividades diárias dos cidadãos irá trazer segu-
ramente alterações também significativas nos comportamentos, nas relações inter-
pessoais, profissionais e interinstitucionais (FERREIRA, 2020). Passa ser notório
cogitar que “tudo está diferente”. Assim, a necessidade de versatilidade essencial
para as mudanças no setor da saúde e da educação, de modo que os profissionais,
no decorrer desse tempo pandêmico, serão capazes de permitir que o conhecimento
em busca por resoluções conjuntas, no serviço colaborativo e no sentido de priori-
dades para vencer as dificuldades da formação médica. Quem sabe será necessário
planejar um acompanhamento longitudinal dos egressos do período da epidemia na
perspectiva da educação permanente ou até mesmo retornar ao debate da residência
médica universal (OLIVEIRA, 2020).
Espera-se que o bom senso prevaleça e as recomendações baseadas na melhor
evidência científica sejam seguidas. Nunca a ciência médica foi tão importante para
a sobrevivência humana (PINTO, 2020).
Considerações Finais
Neste estudo, a revisão sistemática da literatura buscou apreender sobre a eco-
logia médica de egressos de medicina e a covid-19 aplicando o método SSF junto as
bases de dados Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, Portal de Periódicos da
CAPES/MEC e Scientific Electronic Library Online – SciELO. Para tal, adotou os
descritores “Ecologia Médica” “Egressos de Medicina” e “Covid-19”, levantando
inicialmente 13, 11 e 109 trabalhos científicos, respectivamente. Visando atender ao
objetivo proposto, após a aplicação dos filtros foram selecionados 23 trabalhos, a
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 151
texto, uma vez que as buscas realizadas estão de acordo apenas com as fases e Ati-
vidades do método SSF.
Com relação ao objeto de análise, compreende-se que a Ecologia Médica é um
exemplo para manifestar a transcendência da austeridade entre educação, pesquisa e
a égide para responder às carências humanas. Cabendo às IES, através da implemen-
tação de seus Projetos Pedagógicos de Curso, atender as necessidades de formação
profissional com perfis dínamos de competências, habilidades e atitudes, responsáveis
pela correspondência determinada por esses perfis, que por sua vez devem refletir os
ensinamentos dos cursos, no atual cenário pandêmico vivenciado.
A EM aparece como elemento necessário para que haja transformações no
processo ensino-aprendizagem, permitindo perfilhar um caminho indispensável à
formação médica e vir a favorecer um atendimento humanizado e de qualidade para
os pacientes e seus familiares.
Neste diálogo, percebeu-se que os egressos, que se tornam médicos, necessi-
tam fortalecer atividades para melhoramento de atenção à saúde e bem-estar digno,
assim como buscar alternativas no cuidado das doenças relacionadas ao meio social
em que vivem os cidadãos. Com entendimentos consolidados na EM esses médicos
recém egressos conseguirão conduzir seus pacientes na prevenção de doenças per-
tinentes ao ambiente, assim como a capacidade de controle dos agentes de ameaça
às enfermidades.
152
REFERÊNCIAS
ABREU, J. L. P. Comunicação Médico-Doente no Cenário COVID-19. Medicina
Interna, v. 27, p. 48-50, 2020.
ALMEIDA, C. Entenda o que significa ecologia médica. UOL, [s. l.],10 set. 2010.
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cao/2010/09/10/entenda-o-que-significa-ecologia--medica.htm. Acesso em: 14 jun. 2021.
FERREIRA, L. S. Tutorial completo para o Zotero 5.0. Planeta Zotero, 22 abr. 2020.
Rio de Janeiro 2018. Disponível em: http://planetazotero.blogspot.com/. Acesso
em: 29 jun. 2021.
GI, A.; RODRIGUES, B.; DIAS-FERREIRA, J.; FARIA, J.; PEDRO, J. P.; OLI-
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VEIRA, J.; VIEGAS, M. H.; RIBEIRO, M. Carta ao editor: o papel dos estudantes
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n. 6, p. 445-445, 2020.
MOBIUS, K. Die Auster und die Austernwirtschaft. Berlin: Wiegundt Hempel &
Parey, 1877.
Introdução
O uso inadequado e excessivo de antibióticos se tornou um dos principais fatores
na disseminação da resistência microbiana, resultando em um preocupante problema de
saúde pública em constante crescimento, tanto em países em desenvolvimento quanto
em países desenvolvidos. Embora a resistência ocorra em diversas classes de fármacos,
ela é mais comum em antibióticos, e o uso desenfreado resulta no aumento nos custos
de saúde, redução das opções de tratamento e maior incidência de mortalidade por
infecções bacterianas no mundo todo. Iniciativas globais estão buscando alternativas
para diminuir a contribuição da população para o crescimento da resistência microbiana,
desenvolvendo novas terapêuticas e buscando novos medicamentos, a fim de minimizar
os danos causados por esse fenômeno, que ocorre quando um grupo bactérias expostas
a um determinado antibiótico ou classe de antimicrobianos, sobrevive e se multiplica,
originando novos microrganismos multirresistentes (ANVISA, 2020; OPAS, 2020).
O solo amazônico é um vasto ecossistema detentor de uma grande diversidade
de microrganismos com propriedades metabólicas ainda desconhecidas pela ciência,
sendo um importante campo de pesquisas. É indiscutível a relação da biodiversidade
microbiana com a produção de diversas biomoléculas com aplicação industrial, que
vem despertando um importante interesse, principalmente pelas indústrias farma-
cêuticas, que cada vez mais investem nas pesquisas, em busca de novos princípios
ativos. Dentre os microrganismos produtores de moléculas bioativas, destacamos um
grupo extremamente diverso de bactérias Gram-positivas filamentosas, as actinobac-
térias, que compõem cerca de 30% da microbiodiversidade existente na rizosfera e
Actinobactérias
É um importante grupo de bactérias filamentosas Gram-positivas pertencentes
a ordem Actinomycetales, que tem como principal característica um alto conteúdo
das bases nitrogenadas Guanina e Citosina (C+G) no seu DNA (66,0–78,0 mol%)
(BARKA et al., 2016). Destacam-se como uma das principais partes integrantes da
microbiota do solo e apresentam mais de 200 gêneros distribuídos em cerca de 52
famílias, 25 ordens e 6 classes (SATHYA; VIJAYABHARATHI; GOPALAKRISH-
NAN, 2017).
São encontradas nos mais variados ambientes naturais, aquáticos ou terrestres
(RODRIGUES et al., 2019), ocorrendo ainda em ambientes extremos como áreas géli-
das (SILVA et al., 2018), solos desérticos (OKORO et al., 2009), salinos (BINAYKE
et al., 2018) e alcalinos (GONG et al., 2018). Habitam preferencialmente o solo,
compondo cerca de 30% da microbiodiversidade da rizosfera, que se destaca como
um ambiente rico em recursos biológicos e com intensa atividade microbiológica,
promovendo o crescimento das plantas e protegendo contra fitopatógenos (SALWAN;
SHARMA, 2018). A diversidade e abundância desse filo está totalmente relacionada a
fatores ambientais do meio em que estão inseridas, como temperatura, pH, umidade,
disponibilidade de nutrientes e presença de matéria orgânica, sendo fatores cruciais
no desenvolvimento desses microrganismos nos mais variados habitats (ARIFUZ-
ZAMAN et al., 2010; ZHAO et al., 2011; BARKA et al., 2016).
As actinobactérias são conhecidas por produzirem uma gama de moléculas
bioativas e apesar de apresentarem um crescimento lento, possuem um metabolismo
extremamente rico e frequentemente acompanhado pela produção de metabólitos
secundários muito importantes para a interação dos microrganismos com o meio
ambiente (SUBRAMANI; AALBERSBERG, 2012; SUBRAMANI; SIPKEMA,
2019). São consideradas uma das maiores produtoras de antibióticos de origem natu-
ral, podendo ser aplicadas na indústria, agricultura, medicina e veterinária, como
estreptomicina, clorafenicol, eritromicina, kanamicina, vancomicina, nistatina e
anfotericina B além da capacidade de produzir agentes antitumorais e enzimas de
interesse industrial (SILVA-LACERDA et al., 2016; BARKA et al., 2016).
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 159
O gênero Streptomyces
Representam um gênero bacteriano muito importante, pertencente à família
Streptomycetaceae, subordem Streptomycineae, ordem Actinomycetales, classe e
filo Actinobactéria. São bactérias aeróbicas e estão presentes em quase todos os
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Resistência microbiana
Definimos como resistência microbiana a capacidade da bactéria de resistir a
ação dos fármacos utilizados para tratá-las, e microrganismos resistentes são aqueles
cujo crescimento e multiplicação não são inibidos por concentrações habitualmente
alcançadas pelos fármacos utilizados, e o uso irracional destes medicamentos favo-
rece o desenvolvimento de uma cadeia de reações tóxicas ao organismo. O erro ou
retardamento do diagnóstico, duração do tratamento e o uso indiscriminado podem
favorecer o surgimento de bactérias resistentes, podendo ocorrer cerca de dois ou
Antibióticos
Com o advento da alquimia, no século XVI, as pesquisas por medicamentos
começaram a se desenvolver, e desde então, vários pesquisadores têm contribuído
com achados importantes em relação à propriedade antimicrobiana de compostos
provenientes do metabolismo secundário de alguns microrganismos. No século XX,
o desenvolvimento de pesquisas como as realizadas por Fleming (1928), com a des-
coberta da Penicilina e sua aplicação terapêutica iniciou a era do antibiótico, a partir
daí, a produção de antibióticos por bactérias filamentosas, como as actinobactérias,
vem sendo estudadas (PEREIRA; PITA, 2018).
O primeiro composto com ação antibiótica isolado de uma espécie de actino-
bactéria foi a actinomicina A (WAKSMAN; WOODRUFF, 1940), o que despertou
o interesse a respeito dos metabólitos secundários desse grupo de bactérias, sendo a
estreptomicina, o primeiro antibiótico obtido por Streptomyces sp., a ser aplicado no
uso terapêutico, combatendo principalmente a bactéria patogênica Mycobacterium
tuberculosis (CHATER et al., 2010).
Dentre os antibióticos de origem natural utilizados na terapêutica de infecções
microbianas, cerca de 70% são compostos secundários oriundos do gênero Strep-
tomyces (AVALOS et al., 2019), porém, a capacidade entre espécies é variável, algu-
mas espécies podem produzir apenas um antibiótico, enquanto outras produzem uma
série de compostos de diferentes classes. Compostos de estrutura química variada,
agem em diferentes processos celulares e levam à inibição de outros microrganismos
(BARKA et al., 2016).
Actinobactérias representam um valioso recurso na investigação científica contra
microrganismos multirresistentes às drogas convencionais, apresentam um notável
potencial genético para produzir uma grande variedade de metabólitos secundários
com diferentes funções, e sua aplicabilidade não se limita apenas à produção de
antibióticos, abrangendo também antifúngicos, imunossupressores e na produção de
pigmentos (BARKA et al., 2016). Produzem compostos de diversas naturezas quí-
micas, como policetídeos, peptídeos, aminoglicosídeos ou terpenoides (NETT et al.,
2009). Estudos recentes ainda evidenciam a capacidade do metabolismo secundário
de Streptomyces sp. em produzir compostos voláteis, que podem atuar como promo-
tores ou inibidores de crescimento, ou ainda, moduladores de resistência a drogas
(AVALOS et al., 2019). Terpenos voláteis, como a geosmina e 2-metilisoborneol
162
(2-MIB), responsáveis pelo cheiro de solo úmido após a chuva, são conhecidos por
serem produzidos por espécies de Streptomyces (GERBER; LECHEVALIER, 1965).
Considerando a biodiversidade Amazônica, e a importância dos microrganismos
presentes no solo, a busca por este grupo de bactérias de interesse biotecnológico,
apresenta-se como uma estratégia importante para a bioprospecção de novos com-
postos bioativos.
Considerações Finais
Combater o uso indevido de antibióticos e a resistência bacteriana é um desafio
e um problema que vem crescendo cada vez mais e se tornou uma questão extrema-
mente preocupante de cunho mundial, pois muitos fármacos disponíveis no mercado
já não apresentam resposta frente à determinadas infecções, comprometendo e pondo
em risco a vida da população.
Pesquisas à cerca da prospecção de novas moléculas antibióticas de origem
natural são necessárias e importantes, e as Actinobactérias isoladas de solo rizosférico,
destacam-se por ser um grupo de bactérias com uma gama de aplicações industriais
capazes de produzir diferentes classes de antibióticos de grande importância bio-
tecnológica, sendo uma promissora fonte de novos antibióticos no combate frente a
bactérias patogênicas multirresistentes.
Agradecimentos
Agradeço à CAPES pela bolsa e financiamento da pesquisa e a Universidade
Federal do Oeste do Pará — UFOPA pelo apoio à pesquisa.
164
REFERÊNCIAS
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antifeedant properties of Cyperus articulatus against Tribolium casteneum Hbst. Phy-
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Journal of Essential Oil Research, v. 18, n. 1, p. 10-12, 2006.
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SEÇÃO 3
USO DA TERRA E DE
RECURSOS NATURAIS
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O BIONEGÓCIO DE PEIXES
ORNAMENTAIS NA BACIA
DO RIO TAPAJÓS
Luan Aércio Melo Maciel1
Erick Cristofore Guimarães 2
Albino Luciano Portela de Sousa3
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setor no país são obstáculos no alcance dessa meta (FARIA et al., 2016). Além disso,
há de se considerar que a deficiência regulatória no mercado internacional de peixes
ornamentais (BIONDO; BURKI, 2020) e a dinâmica de exportação praticada no país
põe em risco a lucratividade e sustentabilidade deste setor econômico.
Os principais importadores de peixes ornamentais nativos do Brasil são países
do sudeste asiático e líderes mundiais do comércio internacional. Em contraste ao
Brasil, esses países desenvolvem políticas agressivas de investimento no setor e na
organização de suas cadeias produtivas. Espécies nativas da bacia amazônica que
alcançam altos valores no mercado internacional, tais como acará disco, cascudos e
raias já são reproduzidas fora do Brasil, inclusive com o desenvolvimento de varie-
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dades novas de grande apelo comercial (FARIA et al., 2016). A continuidade das
exportações de peixes ornamentais extraídos de populações selvagens do Brasil pode
ser drasticamente reduzida à medida que novos protocolos de manejo e reprodução
sejam estabelecidos nos países importadores. Em consequência, as exportações futuras
poderão ficar limitadas a volumes menores, provavelmente destinados ao enriqueci-
mento genético dos plantéis reprodutores estabelecidos fora do Brasil.
A sustentabilidade dos estoques naturais e do negócio de exportação de peixes
ornamentais do Brasil depende de urgentes avanços dos setores público e privado,
para o desenvolvimento de pacotes tecnológicos e apoio a piscicultura ornamental
do país, com vistas a produção em escala comercial de espécies nativas e interrup-
ção do fluxo evasivo de matrizes genéticas de alto valor comercial agregado, porém
comercializadas a baixo custo para o mercado exterior.
A bacia do rio Tapajós é conhecida como uma das áreas de endemismo impor-
tantes da Amazônia, com grande destaque para peixes. Ao longo de sua extensão
e de seus tributários existem diversas cachoeiras e corredeiras que podem repre-
sentar barreiras eficientes à dispersão dos peixes (BRITSKI; GARAVELLO, 2007,
DAGOSTA; PINNA, 2019). A presença destas barreiras poderia explicar a elevada
quantidade de espécies restritas ao rio Tapajós (BRITSKI; LIMA, 2008). As regiões
de endemismos concentram-se nas corredeiras do rio, principalmente na porção
superior da bacia. Entre os principais gêneros que incluem espécies restritas a esta
bacia estão: Hyphessobrycon Durbin 1908, Jupiaba Zanata 1997, Leporinus Agassiz
1829, Moenkhausia Eigenmann 1903, Hisonotus Eigenmann & Eigenmann 1889 e
Géry & Boutière 1964, ambos da família Characidae, ainda continuam sendo os mais
populares quando se trata de comércio de peixes ornamentais (ANJOS et al., 2009).
A popularidade dos caracídeos pode ser explicada pela grande diversidade de espé-
cies incluindo cerca de 1.300 espécies (representando aproximadamente 58% das espécies
dentre a ordem Characiformes), ocorrendo exclusivamente na região Neotropical, sendo
a quarta família mais diversa de peixes, ficando atrás apenas de Gobiidae, Cichlidae e
Cyprinidae (FRICKE et al., 2021). Além disso, seus membros apresentam as maio-
res abundâncias, e formam o principal conjunto de espécies dos igarapés amazônicos
(HERCOS et al., 2009). Em contrapartida, devido à sensibilidade e às baixas condições
ambientais que são mantidos até a comercialização e principalmente devido à falta de
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entrepostos preparados para receber esses peixes ornamentais, são necessárias capturas de
grandes quantidades para obtenção de peixes de boa qualidade para o comércio (TAVA-
RES-DIAS, 2020). Esse fato gera aumento do custo na base das cadeias produtivas e
consequentemente tornando o produto mais caro e menos atrativo aos atravessadores,
bem como o mercado nacional e internacional.
Nesse aspecto os peixes da família Cichlidae (Cichliformes) e Potamotrygonidae
(Myliobatiformes), levam vantagem, pois alguns gêneros dessas famílias possuem rela-
tivamente maior resistência. No entanto, algumas das espécies mais apreciadas no aqua-
rismo dessas famílias, são menos abundantes, e por esse motivo são mais valorizadas e
geram uma grande receita por exemplar, a exemplo das espécies do gênero Symphysodon
Heckel 1840 (Figura 4), que tem valores de exportação podendo chegar até US$ 1.500
a unidade (ANJOS et al., 2009).
A busca por exemplares de maior valor comercial, pode estar levando algumas
espécies ao declínio populacional, dos quais podemos citar os casos de algumas
espécies de arraias (Potamotrygon spp.) que devido a fatores inerentes a sua
história de vida, tais como o crescimento lento, maturidade tardia, longo período
de gestação e baixa fecundidade e longevidade de algumas dessas espécies não
sustentam a pressão pesqueira dessa atividade ornamental (ARAÚJO et al., 2004;
ARAÚJO, 2005; MARTIN, 2005; RINCON; CHARVET-ALMEIDA, 2006).
De acordo com MMA (2017) essa foi exatamente a razão do estabelecimento
de medidas mais restritivas de controle, baseadas em um rígido sistema de cotas de
China
Coreia do Sul
Japão
Estados Unidos
Tailândia
Taiwan
Dinamarca
França
Macedônia
Malásia
200
180
160
140
120
100
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80
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40
20
0
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G
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M
Dados: Guias de trânsito de peixes de água continental para fins
ornamentais e de aquariofilia (GTPON) e Nota Fiscal (DANFE) relativas
ao período de 2013-2016, Fonte: Registro da pesquisa, 2021
18
16
14
12
0
na
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an
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Es
3 Conquista 150 2 8
4 Aldeia 50 17 9
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento
(PPGSND – UFOPA), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq) pela concessão da bolsa de estudo a LAMM. Agradecemos aos
gestores das empresas de aquariofilia que generosamente aceitaram participar da
pesquisa, assim como as agências governamentais IBAMA e ADEPARÁ secretarias
regionais na cidade de Santarém-PA. Agradecemos a Tauanny Lima pelo auxílio na
edição das figuras. LRRR foi financiado pelo projeto INCT ADAPTA II (CNPq –
Processo 465540/2014-7) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM
– Processo 062.1187/2017).
190
REFERÊNCIAS
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BOGUTSKAYA, N. Freshwater Ecoregions of the World: A New Map of Biogeogra-
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Auchenipteridae) from the rio Teles Pires, upper rio Tapajós basin, Brazil. Neotro-
WORLD WIDE FUND FOR NATURE. Uma visão de conservação para a bacia
do Tapajós. [S. l.]: WWF Brasil, 2016. 28 p.
USO DE RECURSOS FLORESTAIS
POR FAMÍLIAS DAS COMUNIDADES
SÃO MATEUS E SANTO
ANTÔNIO DO ASSENTAMENTO
RURAL MOJU I E II, PARÁ
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Introdução
Os estudos relacionados à estrutura e ao potencial florestal de comunidades
rurais são realizados por meio de inventários florestais, os quais quantificam os
estoques de produtos florestais madeireiros e não madeireiros. A integração entre
estes produtos e a agricultura de subsistência pode ser uma forma de melhorar os
padrões de desenvolvimento socioeconômico e ambiental para diferentes territórios,
tais como os assentamentos rurais (GAVIN; ANDERSON, 2007; GUARIGUATA
et al., 2010; ZENTENO et al., 2013).
Nestes assentamentos rurais, as unidades agrícolas necessitam, na maioria das
vezes, de práticas silviculturais associadas ao planejamento e execução do manejo
florestal a fim de obter diversos usos dos produtos madeireiros e não madeireiros,
com a consequente melhoria da renda e bem-estar para os assentados (ALMEIDA
et al., 2013; DAWSON et al., 2014). Nesse sentido, Duchelle et al. (2012) mencio-
nam o manejo florestal de uso múltiplo como sendo uma estratégia de conservação
e desenvolvimento mediante as fontes de produtos oriundos da floresta e seus ser-
viços ambientais.
Esta concepção de desenvolvimento baseia-se na utilização das espécies flo-
restais pelos comunitários quanto aos aspectos socioeconômicos, verificados na
Metodologia
s
H ’ = − ∑ pi.ln pi
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Pi = ni / N
H1′ + H 2′
t=
δ H2 ′ + δ H2 ′
1 2
Resultados e discussão
O Índice de Diversidade de Shannon (H’) foi de 4,14 para a Comunidade São
Mateus e de 3,76 para a Comunidade Santo Antônio no ano de 2008. Em relação à 2018,
o Índice foi de 4,09 para a Comunidade São Mateus e 3,65 para a Comunidade Santo
300
NÚMERO DE ÁRVORES (HA)
250
2008 2018
200
150
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0
15 25 35 45 55 65 75 85 > 90
CENTRO DE CLASSE DE DAP (CM)
160
140
NÚMERO DE ÁRVORES (HA)
confirmando que a colheita ocorrida nas duas áreas não alterou a estrutura das flo-
restas. As dominâncias absolutas nos anos de 2008 e 2018 nas duas comunidades,
apresentaram diferença significativa (p > 0,05) pelo teste t não pareado. Esse resultado
aponta que a colheita seletiva pode modificar a área basal das florestas.
Considerando as 133 espécies amostradas em 2008 na Comunidade São Mateus,
62 apresentaram densidade absoluta (DA) igual ou superior a 2,0 ind/ha. As 10 espé-
cies mais abundantes (DA ≥ 10 ind/ha) foram Licania kunthiana Hook.f., Pouteria
cladantha, Eschweilera coriacea, Protium cf. heptaphyllum, Nectandra sp., Pouteria
guianensis, Bixa arborea Huber, Tetragastris altissima (Aubl.) Swart, Chamaecrista
scleroxylon e Richardella macrophylla, que, juntas, representaram 41,4% da densi-
dade absoluta total (Tabela 1).
No ano de 2018, dentre as 146 espécies identificadas, 71 apresentaram densidade
absoluta igual ou superior a 2,0 ind/ha. As 10 espécies mais abundantes (DA ≥ 10
ind/ha) foram Eschweilera coriacea, Nectandra sp., Bixa arborea Huber, Protium cf.
heptaphyllum, Licania kunthiana Hook.f., Pouteria guianensis, Tetragastris altíssima
(Aubl.) Swart, Pouteria cladantha, Duguetia sp. e Richardella macrophylla (Tabela
1), as quais juntas contribuíram com 36,81% da densidade absoluta total. Segundo
Silva et al. (2016) a floresta ombrófila densa de terra firme é caracterizada pela alta
variedade de espécies vegetais e elevada ocorrência de espécies raras.
FA DA DoA VI
Espécies
2008 2018 2008 2018 2008 2018 2008 2018
Bixa arborea Huber 44,4 73,3 13,3 21,3 0,2 0,5 1,6 2,6
Tetragastris altissima (Aubl.) Swart 77,7 100 12,2 17,3 0,2 0,4 1,9 2,4
Chamaecrista scleroxylon (Ducke) H.S.Irwin
44,4 - 11,5 - 0,7 - 2,2 -
& Barneby
Richardella macrophylla (Lam.) Aubrév. 66,7 45,8 9,4 11,7 0,2 0,3 1,8 1,9
Duguetia sp. - 54,5 - 13,6 - 0,4 - 1,8
Fonte: Elaborado pelo autor (2020). FA: Frequência Absoluta; DA: Densidade
Absoluta; DoA: Dominância Absoluta; VI: Valor de Importância.
var. riedelianum (Engl.) Daly, Inga sp. e Nectandra sp., que, juntas, representaram
36,2% da densidade absoluta total (Tabela 2).
No ano de 2018, dentre as 176 espécies identificadas, 75 apresentaram densidade
absoluta igual ou superior a 2,0 ind/ha. As 10 espécies mais abundantes (DA ≥ 10
ind/ha) foram: Franchetella anibaefolia (A.C. Smith.) Aubr., Pouteria guianensis
Aubl., Rinorea guianensis Aubl., Protium paniculatum var. riedelianum (Engl.) Daly,
Protium cf. heptaphyllum (Aubl.) Marchand, Inga alba (Sw.) Willd., Endlicheria
longicaudata (Ducke) Kosterm., Eschweilera coriacea (D.C.) S.A.Mori, Eschweilera
amazonica Knuth e Sclerolobium sp., que, juntas, contribuíram com 35,5% da den-
sidade absoluta total (Tabela 2).
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Fonte: Elaborado pelo autor (2020). FA: Frequência Absoluta; DA: Densidade
Absoluta; DoA: Dominância Absoluta; VI: Valor de Importância.
204
No que diz respeito ao uso dos recursos florestais madeireiros e não madei-
reiros da Comunidade Santo Antônio, as cinco espécies que se destacaram foram:
Aniba canelilla, Pouteria bilocularis, Carapa guianensis, Tabebuia impetiginosa e
Hymenaea courbaril. A espécie Aniba canelilla ocorre em florestas de terra firme na
Amazônia. O chá da casca é utilizado de forma medicinal no combate de distúrbios
gastrointestinais pelos comunitários rurais (SILVA et al., 2007); Pouteria bilocularis
é uma espécie que também ocorre em florestas da região amazônica. O uso madei-
reiro acontece em serrarias, além de seus frutos serem apreciados pela fauna local
(VIEIRA et al., 2014).
Carapa guianensis é uma espécie que ocorre em toda a Bacia Amazônica,
[…] a gente sabe que a andiroba é usada por muitos colonos aqui na comunidade.
A minha família usa pra gripe e garganta inflamada, até porque ela ajuda a aliviar
a tosse nas crianças. É bom falar também que a maioria dos colonos usa para curar
feridas e inchaços […].
Considerações finais
As florestas nativas manejadas das duas comunidades estão com boa estrutura
fitossociológica e riqueza de espécies, demonstrando, deste modo, poucas alterações
no número de espécies arbóreas no período de 2008 a 2018. Assim sendo, as duas
áreas continuam fornecendo produtos não madeireiros para as famílias, o que pos-
sibilita a ampliação das práticas de manejo florestal nas comunidades São Mateus
e Santo Antônio.
A variedade observada no agrupamento das espécies para uso madeireiro e não
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madeireiro nas comunidades São Mateus e Santo Antônio demonstrou o valor das
florestas como fomentador de oportunidades para os assentados, sendo o planeja-
mento organizacional do manejo florestal comunitário o fator chave para o sucesso
no uso racional dos recursos existentes nestas duas comunidades, com a consequente
aprendizagem para outros assentamentos de terra firme da Amazônia.
As informações obtidas neste capítulo podem contribuir para as políticas públi-
cas que visam subsidiar as atividades de manejo florestal madeireiro e não madei-
reiro no assentamento Moju I e II, bem como promover a formação de programas
participativos de fomento à produção sustentável considerando o mercado atual e
agregando valor aos produtos. O uso de recursos florestais baseado na organização
produtiva auxilia na conservação da biodiversidade destas comunidades rurais e no
uso mais eficiente da terra e do capital pelas famílias assentadas.
Agradecimentos
Agradecemos a todos os agricultores familiares das Comunidades São Mateus
e Santo Antônio do Projeto de Assentamento (PA) Moju I e II pela contribuição
especial para a produção deste capítulo.
206
REFERÊNCIAS
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Research: The Perceptions and Expectations of a Rural Community in Semi-arid
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of alpha- and beta-amyrin from Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Pharmacology,
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2. ed. W. M. C. Brow: Dubuque, 1984. 226 p.
DAWSON, I. K. et al. The management of tree genetic resources and the livelihoods
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forestry practices and tree commodity crops. Forest Ecology and Management,
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in Central Amazon. Revista Árvore, v. 40, n. 4, p. 603-615, 2016.
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STROPP, J. et al. Tree communities of white-sand and terra-firme forests of the upper
Rio Negro. Acta Amazonica, v. 41, n. 4, p. 521-544, 2011.
ZENTENO, M. et al. Livelihood strategies and forest dependence: New insights from
Bolivian forest communities. Forest Policy and Economics, v. 26, p. 12-21, 2013.
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AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
DA PRODUÇÃO DE GRÃOS (SOJA –
PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL)
NO OESTE DO PARÁ
Miércio Jorge Alves Ferreira Junior1
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Rodrigo da Silva2
Marcos Ximenes Ponte3
DOI: 10.24824/978652512177.2.211-234
Introdução
Um importante desafio que o mundo enfrenta, atualmente, é como prover ali-
mentos a uma população que aumenta vertiginosamente sem comprometer o for-
necimento de energia e os recursos ambientais finitos. Para enfrentar este desafio
segundo (LEFROY; RYDBERG, 2003), é vital a aplicação sustentável dos métodos
agrícolas que devem ser avaliados para determinar aqueles com maiores rendimentos
em relação ao seu uso de recursos e degradação ambiental. Processos que utilizam
maiores percentuais de energia renovável precisam ser identificados, porque eles
tendem a ser mais sustentável do que aqueles que utilizam um percentual maior de
energia não renovável.
O cenário acima se constitui a partir do processo desenfreado de globalização,
crescimento da população, industrialização, aumento do consumo, redução acentuada
dos recursos naturais e consideráveis impactos ambientais. A formulação de polí-
ticas públicas e a operacionalização de estratégias para solucionar essas questões é
de difícil implementação e obtenção de resultados satisfatórios em um intervalo de
tempo relativamente curto.
Essa problemática tem sido reconhecida por líderes mundiais, através de con-
ferências e instrumentos importantes como a Conferência de Estocolmo (1972), o
Relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento (Relatório
Brundland, 1987), a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen-
volvimento Humano (Rio 92), a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sus-
tentável na busca emergente de mudanças nos padrões insustentáveis de consumo
e produção.
Nesse contexto, tornam-se cruciais o desenvolvimento de estudos que pos-
sam apontar modelos agrícolas que forneçam indicadores de uma atividade mais
Desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável é um tema emergente nas sociedades huma-
nas, cuja crescente importância, faz dos estudos científicos acerca das complexas
relações entre as questões sociais, econômicas e ambientais, urgentes e necessá-
rios. A questão do desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira tem sido
214
como Argentina, com participação, também importante e China com menor valor
estimado dentro desse quadro (11,8%). O EUA lidera as posições na produção da
soja no mundo com 106,96% (CONAB, 2016; USDA, 2016).
Esses números apontam o Brasil como um dos maiores produtores, nesse cenário
mundial de produção de grão de soja, conforme mostra a Figura 1
11,8; 4%
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China
56,5; 21%
Argentina 106,96; 39%
EUA
99; 36%
Brasil
década de 1940 e 1960, o cultivo da soja foi bastante difundido em nível de pequenas
e médias propriedades familiares numa escala de 50 hectares na parte sul do país.
A expansão do processo produtivo deu-se pela adaptação da produção em regiões
tropicais, na década de 1960, no estado do Mato Grosso, e hoje verificam-se proprie-
dades com produção de soja em áreas de até 10.000 hectares. Esse fato, deve-se ao
modelo de produção adotado sob a forma mecanizada (Costa, 2012).
Esta aceleração vertiginosa na produção deve-se, em grande parte, à similaridade
nas condições ecossistêmicas do sul do Brasil e dos EUA que propiciou a adapta-
ção na adversidade do grão, melhoramento nas condições de adaptação do solo, os
incentivos fiscais e governamentais fornecendo elementos favoráveis na produção
Além disso, os impactos não ficam restritos às áreas cultivadas, mas devido aos
padrões de climatológicos da região, os efeitos causados pela utilização desordenada
de fertilizantes e defensivos agrícolas são sentidos nas áreas naturais que circundam
essas áreas de produção. Florestas e corpos d’água são atingidos pelos compostos
emitidos pelas áreas de cultivo e têm suas funções ecológicas modificadas e passam
a não mais contribuir com seus processos naturais. Dentro da região, a diversidade
dos ambientes e das condições climáticas torna necessário medidas a longo-prazo da
dinâmica dos mecanismos que controlam as interações entre biosfera e atmosfera.
A partir de 2010, Santarém e Belterra, tornam-se, dentre outros municípios, os
maiores produtores de grãos, especialmente, soja respondendo por cerca de 90% de
toda a produção da região Oeste do Pará (Costa, 2012).
45000
40000
35000
30000
Produção (t)
25000
Santarém
20000 Belterra
15000
10000
5000
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Período (anual)
50000
45000
40000
35000
Área plantada (ha)
30000
25000
Santarém
20000
Belterra
15000
10000
5000
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Período (anual)
222
Análise de
Impacto
Definição
de objetivo Interpretação
e escopo
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Análise de
Inventário
Inventario da ACV
Inventário do Ciclo de Vida (ICV), tais como, qualidade dos dados, fluxo de ener-
gia, análise de incerteza e outros. A qualidade dos dados depende da forma como a
informação é obtida na busca de se contemplar os requisitos estabelecidos.
Em relação ao fluxo de energia, este abrange input e output de uma unidade de
processo ou produto do sistema, ao quantificar as unidades de energia. É importante
frisar que o fluxo de energia que é o input pode ser denominado de energia de input.
Conforme a ISO 14041 (1998), o estágio relativo ao delineamento do inventário
do ciclo de vida é muito complexo e requer um trabalho pormenorizado por vários
motivos, que geralmente relacionam-se a ausência de dados confiáveis e a precisão
necessária visando estipulá-los garantindo a qualidade do dado que está disponível.
O uso da terra é uma das categorias de impacto recurso em ACV. Área do ter-
reno é um importante recurso limitado; é especialmente relevante para incluir o uso
da terra em estudos de produção agrícola e florestal. O impacto do uso da terra, no
entanto, raramente foi incluído em estudos de ACV, devido à falta de uma metodo-
logia estabelecida. Não há acordo em vigor sobre como descrever o uso da terra em
um inventário de análise e as análises atuais se concentram em fluxos energéticos e
materiais (WEIDEMA; LINDEIJER, 2001) .
Diante de uma população, cada vez mais, crescente, o acesso à terra agrícola
é cada vez mais limitado e uso sustentável da terra é vital. Métodos intensivos
que empregam pesticidas e fertilizantes químicos industriais pode produzir um
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aumento de emissão, que representa cerca de 91% de CH4 e 94% de N2O (CERRI
et al., 2007).
Global
Brasil
22% de CO2
75% de CO2
55% de CH4
91% de CH4
80% de N2O
94% de N2O
Considerações finais
O desenvolvimento de uma abordagem integradora torna-se cada vez mais
urgente na atualidade. Foi à proposta deste trabalho, considerar determinados indi-
cadores para que se tenha uma visão mais abrangente dos efeitos do manejo do solo
nos parâmetros analisados.
Com o intuito de se fornecer subsídios para que o agricultor e técnicos, após
identificar os pontos críticos do ciclo produtivo, possa atuar de modo a aprimorar
e fazer ajustes durante os procedimentos relacionados à sua atividade, sobretudo,
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 229
no uso dos insumos agrícolas, das operações com maquinário, aplicação de defen-
sivos agrícolas, ou seja, utilizar os recursos durante o ciclo produtivo de forma
mais racional, para que, obtenção do produto final ocorra gerando o menor impacto
ambienta possível.
A eficiência de uma atividade produtiva deixou de estar associada, meramente,
a rentabilidade quando se considera o impacto no meio ambiente. Quanto o maior
número de parâmetro analisados melhores as condições para se entender a eficiência
e o quanto sustentável é uma dada atividade produtiva.
Com a utilização conjunta da ACV e o método da câmara de concentração bus-
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ca-se uma análise mais eficiente de todas as fases do processo de produção agrícola
(grãos de soja) focando identificar os pontos mais críticos da etapa produtiva, sob
os aspectos do desempenho energético, econômico e ambiental (emissões de CO2 do
solo), visando fornecer indicadores que agreguem na discussão da implementação
de modelos agrícolas mais sustentáveis.
230
REFERÊNCIAS
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Introdução
Conhecer a história do negro afrodescendente na região do Baixo Amazonas,
e em especial nas comunidades quilombolas do município de Óbidos, é poder viajar
no tempo e acompanhar os motivos de sua chegada na região, a relação com os seus
senhores “brancos”, as fugas para os mocambos e a luta pela sua liberdade e, mais
recentemente, pela propriedade de suas terras. É compreender um passado marcado
pelo não conformismo da condição de escravo, imposta pelos “brancos”, e pela luta
à liberdade e à afirmação de sua identidade étnico-cultural.
Os negros africanos trazidos para o Baixo Amazonas, inicialmente para suprir a
demanda local de mão de obra nas atividades produtivas, foram submetidos a todo tipo de
abusos e violências pelos seus senhores e autoridades da sociedade colonial. Não supor-
tando mais tais condições, os negros embrenharam-se nas matas distantes, e de difíceis
acessos, para retomar sua liberdade e assim poder reconstruir uma nova vida, a partir de
sua própria cultura e identidade. E assim foram formadas as primeiras comunidades de
negros africanos na região, originariamente denominadas de mocambos3. Contudo, esse
processo de refúgio e formação de comunidades negras na região do Baixo Amazonas
não ocorreu de forma pacífica. Como resposta repressiva, houve muito sangue derra-
mado e comunidades negras destruídas pelas autoridades coloniais. Também houve muita
luta, resistência e estratégias que culminaram na sobrevivência dos afrodescendentes e
possibilitaram a sua reprodução física, social e cultural na sociedade até os dias atuais.
Após a abolição da escravidão, os negros começaram a assumir sua identi-
dade étnica e ampliar sua rede de relações com os diversos setores da sociedade.
rios Trombetas e Curuá e das cabeceiras de lagos do noroeste paraense (atual Óbidos),
os negros africanos enfrentaram diversas expedições de tropas punitivas na primeira
metade do século XIX (1812, 1821, 1823 e 1827), resultando na destruição de vários
mocambos dos rios Trombetas e Curuá (ACEVEDO; CASTRO, 1998; ARENZ,
2017; TAVARES, 2018).
Pode-se dizer que a segunda fase se inicia na década de 1830, com a chamada
Revolta da Cabanagem5, na qual muitos mocambeiros do oeste do Pará juntaram-se
aos cabanos nesse movimento (ACEVEDO; CASTRO, 1998). Diante dessa posição,
muitas comunidades receosas de sofrer retaliação pelas tropas governamentais, reti-
ram-se para os vales do alto Trombetas e Curuá. Porém, as perseguições continuaram,
5 Revolta popular ocorrida entre 1835 a 1840 na antiga província do Grão-Pará, motivada pela extrema pobreza
pela qual a região passava e o abandono político após a Independência do Brasil.
6 Implantação da Mineração Rio do Norte (MRN); obras da Eletronorte e da empresa Andrade Gutierrez;
ALCOA (Aluminium Company of America); atuação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF); abertura de estrada pelo 8º Batalhão de Engenharia Civil (BEC); criação da Floresta Nacional do
Tapajós (FLONA); e Reserva Biológica do Rio Trombetas.
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 239
7 Cláusula que prevê a titulação coletiva das terras tradicionalmente habitadas por remanescentes de quilombos.
240
8 “Uma ONG que atua junto aos índios e quilombolas para garantir seus direitos territoriais, culturais e
políticos, procurando contribuir com o fortalecimento da democracia e o reconhecimento dos direitos das
minorias étnicas”
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 241
10 Além das seis comunidades certificadas como “Remanescentes de Quilombos” pela Fundação Cultural
Palmares por meio da Portaria, 28, de 12 de março de 2013, atualmente são reconhecidas mais cinco
comunidades quilombolas pertencentes à “Terra Quilombola Área das Cabeceiras”.
244
11 “Art. 2° Criar o Projeto de Assentamento PA ESPECIAL QUILOMBOLA ÁREA DAS CABECEIRAS, Código
SIPRA. 4101)0 a ser implantado e desenvolvido por esta Superintendência Regional, em articulação com
a Superintendência Nacional do Desenvolvimento Agrário”.
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 245
Considerações finais
Os danos causados aos afrodescendentes escravizados no Brasil são, até hoje,
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sentidos por esse grupo que ainda vive em condições de desigualdade social, eco-
nômica e política no País.
Cansados dos abusos e maus-tratos de “seus senhores”, os escravos africanos
fugiam para terras distantes e de difíceis acessos. Essas terras conhecidas por mocam-
bos serviam como lugar de refúgio e liberdade, longe das perseguições dos “brancos”,
bem como lugar das manifestações de sua cultura e identidade. Era ali que eles podiam
expressar sua religiosidade e eventos culturais, assim como o desenvolvimento das
atividades produtivas para sua subsistência e comercialização. E aos poucos, come-
çaram a fazer parte da sociedade colonial, negociando e trocando alimentos, objetos
e outros produtos oriundos de sua força de trabalho.
Após a abolição da escravidão, em 1888, os negros já podiam transitar livre-
mente pelas ruas das cidades e vender seus produtos sem serem abordados, amea-
çados, ou presos, muito embora o estigma do preconceito e da discriminação ainda
perdurava no meio em que viviam.
Atualmente, a luta não é mais pelo direito à liberdade, mas sim pelo direito à
propriedade de suas terras, herdadas pelos seus ancestrais que outrora ali refugia-
ram-se e formaram comunidades, alterando o uso para sua reprodução física, social
e cultural e para reafirmação de sua identidade étnica. Cem anos após a abolição da
escravidão, a Constituição Federal de 1988 legitimou as comunidades afrodescen-
dentes como remanescentes de quilombos e reconheceu suas terras como propriedade
definitiva. Diante desse feito, as comunidades quilombolas do Brasil, e em especial
do Baixo Amazonas, se organizaram em um novo movimento em prol da efetividade
do dispositivo constitucional que obriga o Estado brasileiro a outorgar o título de
reconhecimento das terras quilombolas.
No Baixo Amazonas, as comunidades remanescentes de quilombos se mobi-
lizaram e realizaram vários encontros, denominados de “Raízes Negras”, nos quais
tinham como principal pauta a reivindicação do direito territorial. As associações das
comunidades remanescentes de quilombos dos municípios do baixo Amazonas foram
criadas para fortalecer o movimento e iniciar os trâmites protocolares e burocráticos
que eram exigidos pelos órgãos federais. Na década de 1990, a partir da criação
e mobilização da associação quilombola de Oriximiná, em parceria com ONG e
outras entidades, o Incra outorgou o título de propriedade coletiva à primeira terra
quilombola do Brasil. Ainda nessa década, outras terras quilombolas de Oriximiná
e de Alenquer também foram regularizadas e tituladas pelo Incra.
246
Agradecimentos
Os autores agradecem primeiramente às Associações Quilombolas e moradores
que forneceram informações e acolheram o trabalho. À Coordenação do Programa de
Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND/UFOPA) pela
proposta da edição do volume III do livro “SOCIEDADE, NATUREZA E DESEN-
VOLVIMENTO NA AMAZÔNIA”, criando assim mais um espaço aos discentes e
egressos do Programa para divulgarem suas pesquisas e contribuições científicas. Os
autores dedicam também um agradecimento especial aos organizadores, professores
Thiago Vieira e Sérgio de Melo, pela iniciativa e predisposição em colaborar para o
êxito dessa nova edição. E por fim, porém tão importante quanto, agradecem à CAPES
pelo aporte financeiro para realização do Trabalho de Tese e consequentemente para
construção deste capítulo.
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 247
REFERÊNCIAS
ACEVEDO, R.; CASTRO, E. Negros do Trombetas: guardiães de matas e rios.
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Amazonas 13, 50, 53, 54, 68, 78, 83, 86, 92, 93, 104, 118, 119, 122, 131,
174, 175, 177, 185, 190, 191, 192, 202, 208, 235, 236, 237, 238, 239, 240,
241, 245, 247
Amazônia 3, 11, 12, 13, 17, 35, 38, 39, 53, 54, 55, 56, 57, 59, 60, 61, 62, 64,
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 80, 81, 83, 84, 86, 87, 89, 91, 92, 96,
103, 106, 107, 108, 111, 131, 135, 147, 154, 157, 163, 167, 173, 175, 176,
193, 195, 196, 198, 199, 200, 202, 204, 205, 206, 207, 208, 211, 212, 213,
214, 215, 218, 219, 230, 231, 234, 235, 246, 247, 248, 249
Ambiental 11, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35,
36, 37, 38, 41, 45, 46, 47, 49, 50, 51, 55, 56, 59, 61, 63, 84, 88, 111, 132, 137,
153, 164, 192, 195, 205, 211, 214, 215, 222, 226, 230, 231, 245
Ambiente 11, 12, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32,
35, 38, 39, 41, 42, 45, 46, 52, 54, 55, 56, 60, 61, 66, 67, 69, 71, 73, 74, 75,
76, 77, 82, 83, 89, 94, 111, 112, 114, 117, 118, 123, 133, 135, 136, 137, 142,
152, 153, 154, 158, 159, 160, 175, 191, 192, 206, 211, 212, 214, 229, 230, 244
Antibióticos 12, 157, 158, 159, 160, 161, 163, 165, 167
Aquicultura 81, 111, 116, 130, 166, 174, 190, 191, 192
Atmosfera 12, 17, 75, 76, 78, 81, 216, 220, 226
B
Bacia do Rio Tapajós 76, 78, 80, 173, 175, 176, 178
Biodiversidade 11, 17, 32, 35, 42, 45, 50, 59, 60, 63, 69, 71, 75, 77, 91, 92,
93, 157, 162, 166, 167, 173, 175, 191, 192, 205, 212, 225
Biologia 11, 17, 18, 28, 47, 59, 66, 67, 70, 75, 87, 88
C
Comunidades 13, 17, 35, 38, 39, 53, 61, 62, 63, 67, 74, 86, 88, 96, 121, 122,
125, 128, 133, 195, 196, 197, 198, 199, 201, 204, 205, 206, 208, 235, 236,
237, 238, 239, 240, 241, 242, 243, 244, 245, 246, 247, 248
252
Comunidades quilombolas 13, 235, 236, 237, 239, 240, 241, 242, 243, 244,
245, 246, 247, 248
Comunidades remanescentes de quilombos 236, 239, 241, 245, 246
Conservação 11, 17, 22, 35, 36, 37, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 50,
51, 52, 53, 54, 56, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 66, 67, 69, 71, 72, 74, 93, 111, 164,
173, 181, 195, 205, 212, 214, 215, 216
Conservação da biodiversidade 35, 42, 50, 59, 63, 69, 71, 205, 212
Crise 17, 18, 37, 126, 135, 143, 150, 167
E
Ecologia 12, 27, 29, 33, 47, 65, 72, 73, 75, 89, 91, 92, 104, 107, 135, 137,
139, 140, 142, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 155, 190
Ecologia médica 12, 135, 137, 139, 140, 142, 148, 149, 150, 151, 152,
153, 155
Economia 12, 17, 49, 53, 54, 59, 61, 111, 112, 117, 137, 190, 212, 237, 238
Educação 17, 18, 22, 30, 31, 32, 33, 39, 43, 44, 45, 53, 54, 74, 132, 133, 135,
136, 137, 142, 143, 144, 150, 151, 152, 154, 155, 169
Egressos de medicina 12, 135, 137, 139, 140, 141, 143, 144, 148, 149, 150,
151, 152, 153, 154
Energia 80, 121, 122, 128, 211, 212, 215, 222, 223, 224, 225
Espécies 11, 12, 17, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 70, 71, 72, 73, 74,
78, 81, 91, 92, 93, 95, 96, 101, 102, 103, 107, 111, 117, 125, 159, 161,
162, 164, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 183, 184, 187, 188,
189, 190, 191, 192, 194, 196, 197, 198, 199, 201, 202, 203, 204, 205, 206,
208, 209
SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA 253
F
Floresta 17, 41, 46, 50, 54, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 73,
74, 78, 80, 92, 94, 196, 198, 199, 200, 201, 206, 207, 208, 209, 212, 214,
218, 221, 231, 238
I
Impacto 17, 60, 61, 71, 81, 82, 132, 145, 147, 149, 152, 214, 218, 222, 224,
225, 226, 229, 232
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
L
Legislação 11, 17, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 116, 117, 144, 181, 239, 248
M
Madeireiros 12, 60, 61, 62, 67, 69, 195, 196, 199, 202, 204, 205, 208
Manejo florestal 11, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 69, 70, 71, 72, 74,
195, 199, 201, 205
Meio ambiente 12, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32,
38, 39, 41, 45, 46, 52, 55, 60, 67, 69, 71, 74, 75, 76, 82, 111, 114, 117, 133,
136, 137, 142, 158, 191, 192, 211, 212, 214, 229, 230, 244
Mobilização 38, 47, 81, 82, 188, 216, 236, 239, 240, 241, 245
Mulheres 55, 117, 118, 119, 120, 122, 124, 131, 132, 162
N
Natureza 3, 11, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 32, 35, 36, 39, 41, 46,
48, 51, 53, 55, 56, 72, 86, 111, 113, 117, 118, 119, 128, 135, 137, 157, 173,
189, 195, 213, 222, 235, 246
O
Ocupação 13, 25, 38, 41, 225, 235, 236, 237
P
Peixes ornamentais 12, 173, 174, 175, 176, 178, 179, 181, 182, 183, 184,
185, 186, 187, 188, 189, 190, 192, 193, 194
Percepção ambiental 11, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 29, 30, 31, 32
Pescadores 12, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122,
123, 124, 125, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 173, 181
Pescadores artesanais 12, 112, 113, 120, 121, 122, 125, 128, 129, 130, 131,
132, 133, 173
254
Política 17, 27, 29, 36, 39, 41, 51, 54, 128, 130, 153, 213, 237, 245, 248
Preservação 11, 17, 26, 27, 28, 30, 46, 47, 49, 52, 89, 93, 218
Produção de soja 216, 217, 218, 219, 221, 222
Q
Quilombola 235, 236, 237, 239, 240, 241, 242, 243, 244, 245, 246, 249
S
Saúde 12, 17, 111, 112, 113, 114, 122, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131,
132, 133, 135, 136, 137, 139, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 149, 150, 151,
153, 154, 155, 157, 160, 161, 167, 222
Sociedade 3, 11, 12, 17, 19, 22, 26, 27, 35, 39, 47, 51, 52, 53, 54, 55, 61, 70,
72, 73, 74, 89, 111, 113, 135, 136, 144, 153, 154, 157, 165, 173, 182, 189,
190, 191, 195, 214, 230, 235, 236, 238, 245, 246, 249
Solo 12, 17, 27, 42, 63, 77, 78, 80, 81, 93, 122, 157, 158, 159, 162, 163, 196,
212, 213, 214, 215, 216, 218, 221, 224, 225, 226, 227, 228, 230, 231, 232
T
Trabalhador 17, 112, 116, 124, 128, 132, 133
U
Unidades de conservação 35, 37, 39, 41, 43, 44, 45, 46, 52, 53, 56, 62
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
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SOBRE O LIVRO
Tiragem: 1000
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)