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Empreendedorismo feminino:
um olhar para o real
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Os Autores
Em55
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-3668-4
ISBN Físico 978-65-251-3667-7
DOI 10.24824/978652513667.7
2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Andrea Vieira Zanella (UFSC)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Christiane Carrijo Eckhardt Mouammar (UNESP)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Edna Lúcia Tinoco Ponciano (UERJ)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Edson Olivari de Castro (UNESP)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Érico Bruno Viana Campos (UNESP)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Fauston Negreiros (UFPI)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Francisco Nilton Gomes Oliveira (UFSM)
Celso Conti (UFSCar) Helmuth Krüger (UCP)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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Sumário
Prefácio ............................................................................................................. 9
Pedro Henrique Lopes Borio
Parte 1
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Capítulo 1
Abordagem histórico-conceitual sobre empreendedorismo feminino
no Brasil........................................................................................................... 15
Noemia de Morais Santos
Carla Antloga
Reni Elisa da Silva
Capítulo 2
O empreendedorismo nos “projetos de vida” do “novo” ensino médio:
uma análise exploratória do PNLD 2021 ......................................................... 33
Cícero Muniz
Capítulo 3
Empreendedorismo na educação superior: análise comparativa
por gênero e modalidade de ensino das características do
comportamento empreendedor ....................................................................... 59
José Sérgio de Jesus
Mauro Célio Araújo dos Reis
Veruska Albuquerque Pacheco
Parte 2
Capítulo 4
“Guerreiras cor de rosa”: Instagram e discursos endereçados às
mulheres empreendedoras.............................................................................. 83
Carla Antloga
Raíssa Nayara Mota Pereira Costa
Capítulo 5
Empreendedorismo social feminino, inovação social e sustentabilidade ...... 101
Graziela Dias Alperstedt
Mariana Fraga
Capítulo 6
Desdobramentos do empreendedorismo negro: da motivação à falta
de crédito ....................................................................................................... 121
Lucas Sena Silva
Capítulo 7
Diga o seu trabalho, e lhe direi de que gênero é: a representação
discursiva das empreendedoras transgêneras entre reivindicação
identitária e luta transfeminista ...................................................................... 145
Nayla Júlia Silva Pinto
Paolo Francesco Cottone
Rafael Oliveira
Alexander Hochdorn
Parte 3
Capítulo 9
Contribuições da psicodinâmica do trabalho para o empreendedorismo
realizado por mulheres .................................................................................. 203
Noemia de Morais Santos
Carla Antloga
Ronaldo Gomes-Souza
Capítulo 10
História de vida como método de pesquisa para estudar o
empreendedorismo realizado por mulheres .................................................. 219
Hilka Pelizza Vier Machado
Capítulo 11
Uma empreendedora em primeira pessoa .................................................... 229
Fernanda Amaral
Capítulo 12
Empreendedorismo feminino como “opção”: inclusão social e
políticas públicas ........................................................................................... 253
Paulo Henrique Souza Roberto
É com grande satisfação que recebi o convite para prefaciar esta obra
coletiva, que se distingue por abordar temática relevante e atual, com enfo-
ques e contribuições de profissionais das mais variadas áreas: Sociologia,
Psicologia, Direito, Administração, Economia, entre outras.
Tal abordagem multidisciplinar, decerto, enriquecerá a compreensão
sobre um assunto complexo, do qual muito se passou a falar ultimamente,
mas pouco se sabe, efetivamente, com abrangência e profundidade.
Daí a importância de o livro procurar dar visão ampla e transversal,
que ajuda, didaticamente, a entender conceitos — pouco familiares para não
especialistas — sobre as estruturas e as dinâmicas que permeiam as relações
socioeconômicas, notadamente quanto ao inestimável papel empreendedor
das mulheres.
Assim, não poderia vir em melhor momento o presente trabalho, inti-
tulado ‘Empreendedorismo feminino: um olhar para o real’ — criteriosa-
mente organizado pelas professoras doutoras Noemia de Morais Santos e
Carla Sabrina Xavier Antloga. Graças ao diligente empenho de ambas, a obra
consegue lançar luz sobre facetas e interpretações matizadas acerca do tema,
com base em apanhados históricos, conceituais e metodológicos.
Pós-doutora em Psicologia pela USP, Carla Antloga teve Noemia Santos
como sua primeira orientanda no curso de doutorado em Psicologia Clínica e
Cultura da Universidade de Brasília (UnB). O livro não só se beneficiou dessa
estreita parceria, mas também é em si um dos resultados do trabalho conjunto
que desenvolveram durante o doutoramento de Santos.
Ao não se aterem à sequência rígida e linear, os capítulos se encadeiam
harmoniosamente para conduzir o(a) leitor(a) a “apreender” e a “dissecar” a
problemática ali exposta sob distintos ângulos, à luz de múltiplos fatores, a
saber: a vasta taxonomia do conceito, a começar pela noção de “empreende-
dorismo por necessidade” e “por oportunidade”; o exame da reformulação
do ensino e da aprendizagem de competências direcionadas ao empreendedo-
rismo, em suas acepções positiva e negativa; a análise comparativa de gênero
sobre “comportamento empreendedor”; o “discurso imagético” de mulheres
empreendedoras nas mídias sociais, com realce para o Instagram; o vínculo do
empreendedorismo feminino com iniciativas em matéria de sustentabilidade e
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Parte 1
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Capítulo 1
Abordagem histórico-conceitual sobre
empreendedorismo feminino no Brasil
Noemia de Morais Santos1
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Carla Antloga2
Reni Elisa da Silva3
1 Universidade de Brasília.
2 Universidade de Brasília.
3 Universidade de Brasília.
16
Empreendedorismo Cooperativo
Empreendedorismo Corporativo/Interno
Empreendedorismo Social
Empreendedorismo Digital
Empreendedorismo Inovador
Empreendedorismo Sustentável
Empreendedorismo Público
Empreendedorismo Familiar
ainda existentes e/ou por ajustes para gerir trabalho e vida familiar. De qual-
quer forma, grande parte dessas mulheres empreende por necessidade, não por
oportunidade. Sendo assim, o empreendedorismo torna-se mais um exemplo
de divisão sociossexual do trabalho de Figueiredo, Nascimento Melo, Matos
e Machado (2015).
Face à realidade, construiu-se uma narrativa descolada da história e dos
fatos, na qual se responsabiliza os indivíduos por seu sucesso, como se não
houvesse antecedentes sociais, econômicos e culturais. Assim, mantém-se
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Cabe ressaltar, conforme apontado pelo mesmo autor, que, aqui, o sistema
patrimonialista e o controle da Coroa Portuguesa não sustentavam atividades
empreendedoras, diferentemente do que aconteceu na colonização estaduni-
dense, empreendedora em sua essência.
Após essa fase, surgiram as denominadas Bandeiras e Entradas. Com
o objetivo de encontrar ouro e pedras preciosas, o movimento, a despeito de
inúmeras vidas indígenas ceifadas, levou, supostamente, o desenvolvimento
e comércio para o interior do Brasil.
atividade empreendedora.
Loh (2016), por fim, defende que o Brasil de 1950 era uma promessa,
denominado como país do futuro. Alicerçado pelas ideias de Juscelino Kubits-
chek, o país parecia, finalmente, a caminho do desenvolvimento. Esperava-se
que o país substituísse a atividade agrícola pela atividade industrial, ou, pelo
menos, que fosse impulsionar esta última. Foi nesse contexto que o Brasil
abriu as portas para o capital estrangeiro. Aqui, a predominância da parceria
comercial inglesa foi substituída pela estadunidense. O capital dos Estados
Unidos proporcionou o desenvolvimento de nossas matérias-primas, desen-
volvimento científico e tecnológico. Todo esse desenvolvimento foi pago
com café, ouro, açúcar, cacau, borracha, ferro e tudo o mais que pudesse
interessar àquele país.
Havia, então, um grande plano desenvolvimentista para o Brasil em
cinco áreas: energia, transporte, alimentação, indústria e educação. A capital
foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília, a cidade planejada e criada
para essa finalidade, localizada no eixo central do país. Foram construídas,
também, a rodovia Belém-Brasília, possibilitando o trânsito de pessoas
e mercadorias entre o Centro e o Norte. No mesmo período, foi criada a
Fundação Universidade de Brasília, relevante instituição de ensino e pes-
quisa do país.
Entretanto, o golpe militar, o desequilíbrio econômico e a alta inflação
minaram os planos de crescimento de grande parte da população. No período
pós-golpe, embora houvesse intenso crescimento e acumulação de capital
por parte da elite, esse recurso não era acessado pela massa de trabalhadores,
isto é, os salários seguiam estagnados, posto que a manifestação, a sindica-
lização e a luta por direitos eram proibidas, aumentando, mais uma vez, as
desigualdades sociais.
Após a redemocratização do Brasil, o governo enfrentou inflação alta,
aumento da dívida externa e inflação. Por sua vez, a criação do Plano Real
trouxe certa estabilidade econômica, bem como as políticas públicas pos-
teriores ocasionaram uma importante base para o desenvolvimento recente
do país, incluindo aí a atividade empreendedora, conforme notamos nos
dias de hoje.
24
Para Costa, Breda, Bakas, Durão e Pinho (2016), a inclusão das mulheres
no mercado de trabalho e no mundo do empreendedorismo tem tido notável
expansão. Também Tonelli & Andreassi (2013) destacam o aumento da entrada
das mulheres no segmento.
Entretanto, uma questão parece se contrapor ao significado disruptivo
associado ao “empreender” com sucesso: as mulheres empreendem em territó-
rios “femininos”, como cuidados, educação, vendas de produtos para mulhe-
res (cosméticos, roupas) ou para crianças e dificilmente querem ou podem
Empresárias (*)
43% R$80.563
40%
R$67.492
Referências
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entrepreneurship: same, different, or both?. Entrepreneurship theory and
practice, 30(1), 1-22.
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Machado, H. V., St-Cyr, L., Mione, A., & Alves, M. C. M. (2003). O processo
de criação de empresas por mulheres. RAE-eletrônica, 2(2).
Cícero Muniz1
1 Universidade de Brasília.
34
Essa “escola neoliberal”, cada vez mais determinada pela inovação e pela
formação da força de trabalho, vai sendo constante e paulatinamente modifi-
cada em função das mudanças no trabalho, formando agentes sociais cada vez
mais dirigidos e determinados pela diretriz da “empregabilidade individual”,
em contraposição à formação profissional qualificada para o emprego regulado
sob relação salarial e a vida cidadã (Laval, 2019).
Na escola neoliberal, um aspecto importante é a forma como a educação
e a escolarização vão promovendo processos de cultivo de subjetividades
neoliberais racionalizadoras, imbuídas de cálculo, planejamento, compreen-
são socioemocional e capacidades cognitivas que expressem um “espírito
empreendedor” (Dardot et al., 2021). Essa promoção se dá através tanto dos
processos de reformas educacionais quanto da mercadificação do ensino e da
escola — promoção essa sempre acompanhada de paulatina aplicação desses
mesmos processos (Laval, 2019).
Essas reformas são aplicadas e defendidas sob o argumento de que com-
bateriam o desemprego, as crises econômicas e auxiliariam na melhoria da
qualificação da força de trabalho e, por conseguinte, da eficiência produtiva.
Assim, por um lado, vai sendo deslindado um contexto de adequação do
ensino, do currículo e do perfil da educação nacional à aplicação de lógicas
econômicas à pedagogia, movimento mais geral que se assenta em discursos
“modernizadores” de busca de “eficiência” na escola, profissionalização e
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 35
2 Não pretendemos aqui entrar na seara acerca da definição de “neoliberalismo”, discutida ao largo da literatura
especializada. Concordamos que o conceito é bastante polissêmico e plástico, acompanhando os diferentes
olhares e perspectivas teóricas e de análise (Andrade, 2019). E, a partir da finalidade deste trabalho, não
cabe uma tentativa de esgotamento da questão. Dessa maneira, optamos por uma definição operacional e
que sirva mais enquanto uma chave analítica para a compreensão das mudanças estruturais no trabalho e
seu desdobramento nos agentes.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 37
Chamayou (2020) aduz, por seu turno, que o neoliberalismo pode ser
interpretado enquanto uma matriz de valores e normas que visa a produção
e a consolidação de uma governabilidade do capital sob novos termos. Para
isso, se faz necessário lançar mão de um autoritarismo combinado a um Estado
forte, pois só essa fórmula possibilita a instituição e a naturalização da gra-
mática neoliberal. “Liberdade” então se traduz enquanto liberdade de e no
mercado, e esta só pode ser assegurada através de um intervencionismo con-
tínuo, lastreado em uma política autoritária, que governe não só os processos
e procedimentos do Estado e das instituições sociais, como também introduza
à fórceps a lei e a ordem do mercado nas mentes, corações e subjetividades.
Apesar das diferenças, esses autores concordam que o neoliberalismo
é um fenômeno desafiador para seus analistas, devido à sua complexidade e
capacidade de aprimoramento diante das contradições do real. Não obstante,
há uma linha geral de análise no que toca aos seus desdobramentos, implica-
ções e consequências. A partir dessas diferentes análises, podemos observar
que, como produto, temos a conformação, em nível superestrutural, do indi-
vidualismo enquanto matriz geradora e resultado desse deslocamento das
fontes valorativas das condutas sociais e suas subjetividades engendradas; e
no nível da agência e das consciências sociais, a responsabilidade individual
enquanto liberdade ambígua, pois é inculcada nesse nível mais como dever
do que direito.
Este último aspecto — nível da agência e das consciências sociais dos
agentes sociais — pode ser melhor destacado e observado quando atentamos
que a partir do neoliberalismo se engendram processos macro e microssociais
de “financialização” de tudo (Harvey, 2011). Na busca de sua subsistência e
reprodução social, o agente se vê encurralado num jogo financeiro, no qual
ele necessita se remodelar enquanto sujeito no mundo, tornando sua agência
interessada e meticulosamente ponderada; inovar em suas práticas e manusear
conhecimentos e tecnologias cada vez mais inéditas e de tempo de giro mais
rotativos; qualificar-se e adquirir novos conhecimentos etc. Para isso, faz-se
necessário investimento. E daí a estratégia financeira muitas vezes mobili-
zada é o consumo via crédito, que gera o endividamento e a captura de suas
necessidades pelo sistema bancário-financeiro, de um lado, ou o consumo via
38
3 Em sua obra, Saad Filho e Morais (2018) atribuem esse novo-desenvolvimentismo aos governos do PT,
também denominado, por eles, de “neoliberalismo desenvolvimentista”. Perry Anderson (1995), por sua
vez, também aponta que foi com os governos da América Latina que se iniciou a variante “neoliberalismo
progressista”, através da adoção do receituário neoliberal por partidos e governos de esquerda, e a sua
combinação com estratégias desenvolvimentistas.
40
É sobretudo esse segundo tipo que nos chama atenção, pois a efetivação
do “projeto de vida” não apenas em nível de princípio, mas também como
dispositivo da Reforma, na forma de componentes curriculares e materiais
didáticos, representa a explicitação do fulcro da principal motivação e objetivo
da Lei nº 13.415/2017: a operacionalização da Teoria do Capital Humano por
meio da naturalização da pedagogia de habilidades e competências (Bodart
& Feijó, 2020; Dardot & Laval, 2016; Dardot et al., 2021; Laval, 2019). Não
à toa, ao nosso ver, a construção da ideia de “projeto de vida” vir à lume
pautada no léxico neoliberal de propósito, eficiência, projeto, sucesso etc.
que se substancia tão bem na noção de empreendedor e empreendedorismo.
A partir do que foi definido nas seções anteriores, nesta seção iremos
nos aprofundar nos discursos e representações sobre “empreendedorismo”
presentes nos livros didáticos de “projetos de vida”.
Para tanto, os procedimentos metodológicos foram estabelecidos da
seguinte forma: primeiro, a seleção dentre os livros aprovados pelo PNLD
2021. Dos 24 livros selecionados, compomos uma amostra de dois livros,
de acordo com o critério de que esses apresentaram capítulos e/ou seções
próprios e explícitas sobre “empreendedorismo”, além da acessibilidade ao
autor7; Em seguida, utilizando-se a análise de conteúdo, identificou-se as
visões/abordagens que essas obras possuíam sobre o empreendedorismo,
colhendo citações que representassem os discursos e as representações do
fenômeno, destacando a construção deles e o direcionamento ideológico, a
nível do discurso e conteúdo. Por fim, através da decomposição e exposição
7 Frisamos que a escolha também se deveu a uma questão de acesso: devido à pandemia de covid-19, ao
tempo exíguo para acesso através da plataforma do Simec e a impossibilidade de apreciação de cópias
físicas das obras, como nas edições anteriores do programa. Tivemos, ainda, dificuldade em apreciar todas
as obras listadas no Guia do PNLD 21, pois este se resumiu a um guia sumarizado das obras, o que dificultou
o processo de identificação e seleção das obras pertinentes para esta análise. Dessa forma, conseguiu-se
apenas avaliar cinco (05) obras do total de aprovadas.
44
Considerações finais
Referências
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do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo.
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médio brasileiro. Revista Espaço do Currículo, 13(2), 219–234. https://perio-
dicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/51194
Dardot, P., & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a socie-
dade neoliberal. São Paulo: Boitempo.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 57
Dardot, P., Guéguen, H., Laval, C., & Sauvêtre, P. (2021). A escolha da guerra
civil: uma outra história do neoliberalismo. São Paulo: Elefante.
Meller, A., & Campos, E. (2020). Caminhar e construir: projeto de vida. São
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Saad Filho, A., & Morais, L. (2018). Brasil: Neoliberalismo versus Demo-
cracia. São Paulo: Boitempo.
Valle, G. M. V., Corrêa, V. S., & Reis, R. F. dos. (2014). Motivações para o
empreendedorismo: necessidade versus oportunidade?. RAC, 18(3), 311-327.
Introdução
Referencial teórico
Ensino de empreendedorismo
Exigência de qualidade
e eficiência Independência
Planejamento e e confiança
monitoramento
Correr riscos calculados sistemático
Metodologia
4 Livre de valores.
68
Resultados e discussão
Tabela 3 – Média dos conjuntos das CCE dos grupos (2019 e 2021) e gênero
Conjunto de CCE Todos 2019 Masc. 2019 Fem. 2019 Todos 2021 Masc. 2021 Fem. 2021
Realização 3,71 3,71 3,72 3,77 3,77 3,89
Planejamento 3,52 3,52 3,54 3,64 3,64 3,75
Poder 3,45 3,45 3,46 3,48 3,48 3,45
presencial e remoto
Tabela 5 – Análise de Variância das CCE entre ensino presencial e ensino remoto
ANOVA
Considerações finais
Referências
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um levantamento da realidade brasileira. Revista de Administração FACES
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Parte 2
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Capítulo 4
“Guerreiras cor de rosa”: Instagram e discursos
endereçados às mulheres empreendedoras
Carla Antloga1
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ao algoritmo, o que faria com que todo conteúdo pesquisado por uma mulher
empreendedora, por exemplo, inclusive fora de sua temática de negócios,
terminasse por ser direcionada a ela.
De certa forma, vive-se, nas redes sociais, o dilema apresentado por
Umberto Eco (2006) em Apocalípticos e Integrados: os integrados seguem
consumindo a informação destinada à “massa”, informação esta que é ela-
borada de maneira a se amalgamar com a subjetividade do usuário, ditando
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aplicativo, quer seja para pesquisar sobre algo, quer seja apenas por distração,
um grande volume de imagens chega até o usuário.
Estudos realizados sobre a influência do conteúdo do Instagram na sub-
jetividade vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos, mas a maior parte
deles trata de adolescentes, autoestima, autoimagem e questões semelhantes
(Djafarova & Rushworth, 2017; Fardouly et al., 2017; Prichard et al., 2020;
Want, 2009). Naqueles que abordam a influência sobre o comportamento
Método
Coleta de dados
Resultados
continuação
Nas 40 imagens, cada uma analisada por 5 juízes, foram marcadas apenas
Categoria 3 20 ocorrências quanto ao empreendimento que aparecia na imagem. Em 180
Empreendimento identificado análises, não se identificou o negócio envolvido. Entre os negócios que podem ser
a partir das imagens identificados, estão publicidade, marketing, moda, comércio de presentes, serviços
relacionados à estética e cosméticos.
Categoria 4
Em 6 das 40 imagens analisadas não apareceram pessoas. Nas 34 imagens em
Se há uma pessoa nas
que se verificavam pessoas, todas eram mulheres, com a postura física remetendo a
imagens, qual é a postura
poder, relaxamento, calma e confiança.
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Discussão
Considerações finais
Quais responsabilidades éticas podem ser imputadas às redes sociais?
Essa é uma ampla discussão, mas que precisa ser colocada na mesa. As
narrativas e a imagética apresentadas no Instagram apresentam um mundo
“cor-de-rosa”, que não se materializa para grande parte das empreendedoras.
Quando o trabalho de empreender é narrado como algo lúdico, leve e que
garante sucesso, reforça-se uma ideia de que, quando a situação não está tão
leve, positiva, organizada e próspera, o problema é individual; é da mulher
que não se sacrificou o suficiente, banalizando-se condições sociossexuais,
econômicas e culturais que obstaculizam e dificultam o trabalho.
Somado a isso, há um reforço do lugar da mulher no mundo do trabalho e
na sociedade: ela deve suportar todas as adversidades, sendo uma “guerreira”,
em um contexto em que pouco (ou nada) se responsabiliza o Estado e a própria
sociedade pela carência de suporte e políticas públicas para o trabalho das
mulheres, não só no que tange ao empreendedorismo, mas em um cenário
global. Especialmente no Brasil, onde têm-se questões tão críticas quanto à
desigualdade de gênero no trabalho, importa trazer à tona as contradições, e
não colaborar com seu ofuscamento.
Este capítulo objetivou a proposição de reflexões sobre o discurso, no
Instagram, sobre as mulheres empreendedoras. Por todo o exposto, entende-
mos que micro violências de gênero contra as mulheres são, sim, reforçadas
pelo conteúdo referente às empreendedoras nessa rede social.
Por fim, entendemos que se fazem necessários estudos adicionais sobre
a influência do Instagram na vida das empreendedoras, especialmente consi-
derando sua importância nos negócios feitos por essas mulheres.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 97
Referências
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100
Mariana Fraga2
Introdução
As mulheres e o empreendedorismo
Considerações finais
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and Small Business, 4(3).
Introdução
a) De escravizado a empreendedor
Por esse motivo, e não motivado por uma incapacidade cultural e biológica
inata; a população descendente dos antigos escravos, após a abolição;
viu-se à margem da história da república, tanto no meio urbano, como no
meio rural. Nas cidades os negros foram largados à penúria gerada pelo
subemprego e pela falta de assistência social, sanitária e educacional. No
campo, mormente nas áreas estagnadas da nação (Norte e Nordeste), essa
mesma população permaneceria submetida às práticas de contratação da
força de trabalho fundada em condições semiservis. (Paixão, 2013, p. 297).
2 Durante a década de 1980, o Cebrae passou por realocações, desmontes e, por conta da política de
contenção de gastos públicos, teve seu orçamento cortado e seu quadro de funcionários reduzido em
40%. Em 1989, começou-se a discutir a extinção do Cebrae, pois o órgão era visto com insatisfação em
relação ao seu formato político-institucional e estrutura interna. O órgão enfrentava também dificuldades
de articulação com o governo. Apesar disso, em 1990, no primeiro ano do governo Collor, o órgão sofreu
algumas modificações para acompanhar a abertura da economia brasileira e passou a não mais ter vínculo
com a estrutura governamental, passo que evitou sua extinção (Melo, 2008, p. 74).
126
90
78
80 73
70
65
70 59
66
60 69
50 57
54
40 51
30
20
10
0
2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: GEM Brasil 2017
é a maior fonte de qualidade para seus produtos, e 36% trabalham com ino-
vação (PretaHub, 2019, p. 8).
continuação
Legislação Disposição
Dispõe sobre a prestação de auxílio financeiro pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Lei n.º Municípios, no exercício de 2009, com o objetivo de fomentar as exportações do país, e sobre a
12.087/2009 participação da União em fundos garantidores de risco de crédito para micro, pequenas e médias
empresas e para produtores rurais e suas cooperativas.
Programa Crescer
— Programa Criado em 2011, pelo PNMPO, objetivava ampliar o acesso de empreendedores formais e
Nacional de informais ao microcrédito por meio de bancos públicos federais.
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Microcrédito
Resolução BACEN Altera e consolida as normas que dispõem sobre a realização de operações de microcrédito
n.º 4.000/ 2011 destinadas à população de baixa renda e a microempreendedores.
Dispõe sobre as operações de microcrédito, inclusive as de microcrédito produtivo orientado,
Resolução CNM
realizadas pelas instituições financeiras e sobre o direcionamento de recursos para essas
n.º 4.854/2020
operações.
Lei n.º
Revoga a Lei n.º 11/110, e reformula o PNMPO.
13.636/2018
Conclusão
Ressignificação
Geração Ativismo
de renda
pessoas negras frente aos produzidos por brancos. Dessa forma, por conta da
herança racista que ainda reverbera, embora sejam maioria, os empreendedores
negros são acometidos por dificuldades que não fazem parte da vivência de
outros empreendedores.
Como sugestão de caminhos futuros, pretende-se expandir o estudo aqui
desenvolvido por meio da obtenção de dados próprios e atualizados ao cenário
atual e pós pandêmico. A realização deste capítulo enfrentou adversidades tais
como a falta de informações atualizadas sobre o tema e pouca literatura que
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Capítulo 7
Diga o seu trabalho, e lhe direi de que
gênero é: a representação discursiva
das empreendedoras transgêneras entre
reivindicação identitária e luta transfeminista
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Introdução
Revisão da literatura
Metodologia
dados. O programa foi criado a fim de construir repertórios por meio dos quais
se coordenam diversas tipologias de material discursivo — subdivididos em
séries de documentos de texto relativos a diversos corpos de dados textuais,
as coleções. O programa, ademais, reserva funções particulares, como a sin-
cronização dos arquivos de áudio ou de vídeo com a onda audiométrica e a
transcrição, dotada dos símbolos fonéticos mais comumente usados pelos
analistas da conversação: “Em todas as fases da análise é mantida uma estreita
‘aderência’ entre texto, transcrições, categorias utilizadas e sintagmas áudio
Tabela 1 – Entrevistadas(os)
Sexo Gênero
Entrevistada(o) Origem Idade Empresa Duração Língua
genético social
Belo
Italiano
4 Sujeito Horizonte/ masculino mulher 45 Cabeleireira 91min55s
(básico)
Brasil
Belo Italiano
5 Sujeito masculino mulher 41 Salão de beleza 85min38s
Horizonte (básico)
Italiano/
7 Sujeito Merano/Itália intersexual mulher 55 Dona de canil 120min12s
Alemão
Mantova/
9 Sujeito masculino mulher 44 Advocacia 70min52s Italiano
Itália
Resultados
Sendo que tinha que vender um produto que fosse uma sombra ou outra
coisa, para alguns era oportuno ter uma identidade precisa, ou você é
homem ou é mulher.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 153
a isso, geram idealtipos de identidade. O que Van Dijk (2006) define como
prática retórica estereotipada, em geral, não emerge explicitamente do texto,
mas insinua-se implicitamente na estrutura do discurso e, então, no sentido
comunicativo. O significante xenófobo, por exemplo, na gíria jornalística, com
dificuldade será expresso através de precisas definições semânticas; pode ser
percebido somente através de um conhecimento compartilhado da estrutura
do texto. A ação simbólica, por isso, não se encontra dentro das palavras,
mas nas entrelinhas. Devido a isso, o sentido destes eventos discursivos pode
ser entendido somente conhecendo o contexto em que estes eventos foram
produzidos. A generização normativa que emerge do extrato acima é expressa
através de uma associação entre um determinado produto comercial, “uma
sombra”, e uma representação dicotômica dos gêneros: “uma identidade pre-
cisa!”. Retoricamente, essa correspondência ideológica é enfatizada pela
contraposição dos substantivos “homem” e “mulher”, lexicalmente expressa
por meio da dupla conjunção “ou-ou”.
Mas o sentido desse enunciado não emerge somente do significado
semântico. Este último, como ensinam Berger e Luckmann (1995), é sim
linguisticamente circunscrito, mas torna-se um ato de compreensão partilhada
quando se considera o contexto cultural em que foi produzido o enunciado. O
fato de que alguns produtos de consumo são generizados não está no artefato
em si — a “sombra” —, mas no valor simbólico atribuído para este objeto.
É, portanto, um costume e, assim, um hábito, que algumas práticas de decoro
fossem fortemente associadas a um universo de significados, declinados ao
feminino. A partir do momento em que a antinomia sexual foi reificada em
nível cultural, como construção simbólica monolítica “ou você é homem ou
você é mulher”, será excluída peremptoriamente qualquer outra Weltans-
chauung possível a respeito das representações dos gêneros.
Portanto, essa dicotomia e os seus reflexos, em todos os níveis da inte-
ração social, são definidos nem tanto ou, pelo menos, não somente, pelas
diretrizes linguísticas, mas pelo horizonte histórico em que se geram os even-
tos discursivos.
Torna-se compreensível para qualquer um que lê o extrato acima que
uma sombra é um objeto feminino e que, portanto, quem o vende deve ser
154
Para mim era aquilo que comecei também a fazer, a começar a fazer a
coisa de cozinheiro, porque cozinheiro, preciso dizer que, naquela época,
muitíssimos cozinheiros eram homossexuais. Podia-se dizer mais da maio-
ria, uma grande maioria dos cozinheiros de certos trabalhos, podia mesmo
dizer, com certeza, que, se não for homossexual, pelo menos é bissexual.
Discussão
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setores que, por tradição, são ocupados por mulheres, como esteticistas
(Sujeitos 1, 2 3 e 5) ou cabeleireira (Sujeito 4). Ao contrário, um transgê-
nero FtM (Sujeito 10) trabalha como mecânico na sua oficina para carros,
trabalho que, desde sempre, teve os homens como protagonistas. As únicas
pessoas trans que não se posicionaram em direção a um dos dois polos de
gênero (Sujeito 6 e 8) trabalham no setor do ensino particular e da empresa
imobiliária e, portanto, dentro de dimensões mais apartadas e reservadas.
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Conclusão
Referências
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Marina Maia2
Carla Antloga3
analisar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, com foco nas garan-
tias e nas proteções sociais vigentes e comparar as legislações trabalhistas
de servidores públicos e de empregados da iniciativa privada com as das
empreendedoras individuais. Entende-se que a análise das legislações vigen-
tes é fundamental para compreendermos como garantir maior proteção para
mulheres, sobretudo para as empreendedoras no Brasil.
maternidade, pensão por morte para família. Mesmo com menos direitos
assegurados pelo trabalhador empregado, o fato de ter acesso a um CNPJ e a
valores diferenciados para tributos poderiam ser mais favoráveis à atividade
econômica. O trabalhar por conta própria, o desenvolvimento e a formalização
de um negócio proporcionam um tipo de inclusão recente bastante positiva.
Entretanto, há limitações para enquadre como MEI, como, por exemplo,
a limitação de contratação de empregados, no caso, somente um, os critérios
de 20 anos de trabalho para homens e 15 para mulheres para aposentadoria,
mulheres e muito mais nos trabalhos informais (IBGE, 2009; 2014). Krein e
Biavaschi (2015) apontaram que os obstáculos advêm das características da
dinâmica econômica e tendem a aprofundar a heterogeneidade e a segmentação
do mercado de trabalho no Brasil.
Conclusão
Referências
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Tabela 1 – Comparação de direitos trabalhistas dos regimes de contratação brasileiros e outras legislações
Direito trabalhista MEI CLT Lei nº 8.112/90
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
fixada em razão das atribuições pertinentes aos
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a respectivos cargos, respeitada a duração máxima
Jornada de trabalho Autonomia dos horários de trabalho. jornada de trabalho de um trabalhador não deve do trabalho semanal de 40 horas e observados
ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas semanais. os limites mínimo e máximo de 6 horas e 8 horas
diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº
8.270, de 17 de dezembro de 1991)
Gratificação Natalina
13º Salário
Pago em duas parcelas. O valor é calculado
13º Salário Não há previsão legal. Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12
sobre a remuneração e as gratificações do ano
da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
correspondente.
dezembro por mês de exercício no respectivo ano.
continua...
continuação
Direito trabalhista MEI CLT Lei nº 8.112/90
192
Concessões:
I — por um dia para doação de sangue;
II — pelo período comprovadamente necessário
para alistamento ou recadastramento eleitoral,
limitado, em qualquer caso, a dois dias;
III — por oito dias consecutivos em razão de:
Dispensa de prestação de serviço sem prejuízo
a) casamento;
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real
continua...
continuação
Direito trabalhista MEI CLT Lei nº 8.112/90
198
Parte 3
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Capítulo 9
Contribuições da psicodinâmica do
trabalho para o empreendedorismo
realizado por mulheres
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Introdução
1 Universidade de Brasília.
2 Universidade de Brasília.
3 Universidade de Amazonas.
204
que trabalha é impelida a lidar com o real na realização das suas atividades.
Daí, surge uma diferença fundamental entre tarefa e atividade: a primeira é
sempre vinculada ao prescrito, ao que deve ser feito; a segunda vincula-se
ao real, à lida com os constrangimentos impostos pelo trabalho enquanto ele
está sendo desenvolvido.
É nesse sentido, devido ao seu caráter investigativo inter-relacional,
que a consistência epistemológica característica da PdT corrobora para a
Livre Atividade
empreender, tendo que superar essas prescrições e ser ainda mais inventiva e
criativa no real do trabalho para lidar com as pressões sociais de dar conta de
todos os seus papéis, atravessados pelos trabalhos produtivos e reprodutivos.
Questão de cor
Considerações finais
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Introdução
1 UniCesumar.
220
Considerações finais
Este capítulo teve como objetivo apresentar uma abordagem sobre a apli-
cação do método da História de Vida em pesquisas com mulheres empreende-
doras. Foram apresentadas algumas considerações sobre o método, destacando
dois aspectos importantes, referentes aos desafios da escuta e da produção de
sentidos. Em seguida, foram elencados pontos específicos a serem analisados
em histórias de vida, de modo a contribuir para a compreensão da formação de
identidades de papel empreendedor por mulheres, levando em consideração
que estes não são definidos a priori, mas conquistados em interações (Bruni
& Perrotta, 2014).
Esses dados demonstraram que o método da História de Vida representa
um parâmetro epistemológico para estudos em Empreendedorismo, que pro-
picia ao pesquisador desvendar a complexidade do empreendedorismo por
mulheres, especificamente quanto à influência dos processos de socialização.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 225
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228
Introdução
Comecemos do início
3 Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 — Brasília, 17 de fevereiro de 1997) foi um antropólogo,
historiador, sociólogo, escritor e político brasileiro.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 231
ser que sua família seja enraizada em outras frentes, na contramão da cultura
local, arrisco dizer que alguma vez na vida um adolescente de Brasília pensará
em fazer um concurso público.
Minha família, moradora do entorno sul do DF, é do comércio. Minha
mãe foi vendedora até eu nascer, quando teve que abandonar o trabalho já
que não era compensativo seguir nele e pagar uma babá ou uma creche para
mim. Meu pai foi vendedor e gerente de loja até meus 14 anos. Inclusive,
tenho uma lembrança muito forte do dia em que foi demitido na véspera da
minha sonhada festa de debutante. Cresci ouvindo meu pai dizer que os irmãos
policiais militares tinham uma vida mais estruturada que ele e o irmão que
“optaram” por trabalhar em shopping. E de fato via que meus pais se sacrifi-
cavam muito para dar a nós (a mim e a meu irmão) acesso a escola particular,
internet etc. No dia em que meu pai chegou mais cedo em casa (só chegava
quase meia-noite, após fechar o caixa da loja que à época gerenciava), senti
pela primeira vez a vontade de jamais passar por tal situação. Decidi, naquele
instante, que cursaria a universidade pública, para não gerar mais despesas
ao futuro incerto que se apresentava com meu pai desempregado, e que,
ademais, seria servidora pública, a qualquer custo. Cheguei a fazer prova de
concurso aos 16 anos. Felizmente, não só não passei, como ainda me mudei
de estado aos 18 anos, quando meus pais já tinham se reestabelecido por meio
da abertura de um próspero comércio local.
Rompendo a bolha
Ele acabou sendo expulso do colégio por não se adaptar. E daí trilhou
um caminho muito mais autoral: o empreendedorismo; e hoje é apenas um
dos maiores empresários do mundo. Bom, eu não fiquei anos tentando pas-
sar na UnB e acredito que se tivesse ficado e passado certamente não me
decepcionaria. Porém, sempre tive medo de ficar muito tempo focada em
algo que nem tenho certeza de quão benéfico é ou qual retorno financeiro
me dará; afinal, como bem disse o Thiago Nigro4, “o ativo mais escasso do
mundo é o tempo”.
Quando me pego imaginando como teria sido fazer a graduação na UnB,
reflito que, possivelmente, minhas referências, tendo em vista minha história
de vida, seguiriam com a força de sempre. Com certeza a influência da pes-
quisa iria entrar e ficar, pois é algo predominante em qualquer universidade
pública, mas o ideal de ser servidor público continuaria muito pulsante em
mim, e quem sabe eu nem estaria escrevendo este capítulo hoje e colaborando
com este livro sobre empreendedorismo feminino.
Meu cursinho pré-vestibular — o Exatas — promoveu uma excursão
para o vestibular da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e eu
fui! Já estava pensando mais pela minha cabeça e decidida pelo curso de
Letras, a contragosto de todos que me diziam que meu destino era ter um
péssimo salário. Em alguns meses, eu estava mudando toda a minha vida,
4 Thiago Nigro (São Paulo, 7 de outubro de 1990) é idealizador e sócio proprietário do projeto O Primo Rico,
veículo de internet voltado para ensinar seu público sobre educação financeira e gestão de dinheiro. O canal
criado por Thiago atinge mais de centenas de milhares de pessoas por mês, sendo um dos maiores do país
nesse tema.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 233
5 Maria Teresa Gonzaga Alves é doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP). É professora associada do Departamento
de Ciências Aplicadas à Educação (Decae), da Faculdade de Educação da UFMG, e líder do Núcleo de
Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede).
6 Ruth Silviano Brandão, que foi professora de literatura da Faculdade de Letras da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), é mestre e doutora em Estudos Literários pela mesma instituição e pós-doutora pela
Universidade de Paris VIII. Também atua como escritora e tradutora.
234
Eu sei que alguém vai dizer que, na graduação, fez parte de uma
empresa júnior, fez estágio em uma startup ou que foi bolsista de extensão
7 Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997), patrono da
Educação Brasileira, foi um educador e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis
na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado Pedagogia Crítica.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 235
em tecnologia, mas tais experiências não são a regra na maioria dos cursos.
É como se existisse um sistema de castas nas instituições em que cada curso
tem um status quo intransponível. Quem faz uma licenciatura, por exemplo,
só pode dar aulas e em instituições convencionais; conectar-se com uma men-
talidade inovadora e autoral é um caminho, na maioria das vezes, solitário.
E é uma pena, pois tomar decisões, assumir riscos, pensar estrategicamente,
ter liderança, ser competitivo e tantas outras competências do empreendedor
não é ruim para posição profissional alguma.
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A Orientação Empreendedora pode ser benéfica até para quem não quer
empreender; e a universidade nem precisa perder sua essência característica —
pesquisa, ensino e extensão — para dar visibilidade a isso. Todavia, de alguma
forma, o ensino do empreendedorismo é relacionado a uma concepção de mer-
cado que se teme trazer para a universidade. Assim, os meios de empreender
se concentram em determinadas carreiras, enquanto outras não estimulam as
mentes inquietas que certamente já existem entre os matriculados.
O Amyr Klink8 tem uma frase que nunca esqueço: “a gente quer ser
doutor, não fazedor”. No final dos anos 1970, ele cursava Economia na Uni-
versidade de São Paulo (USP). Em 2017, em seu livro, esta era a reflexão
sobre a graduação:
Ninguém nunca nos ensinou a montar um banco, nem uma banca de vender
pipoca. Como é que faz para abrir uma franquia? Eu não sabia nada de
nada. Era o antiempreendedorismo por excelência. Como entrar para o
concurso do Banco do Brasil e salvar sua pele para o resto da vida. Esta
era a espinha dorsal do currículo da USP. (Klink, 2016, p. 25).
8 Amyr Klink (São Paulo, 25 de setembro de 1955) foi a primeira pessoa a fazer a travessia do Atlântico Sul
a remo, em 1984, a bordo do barco IAT. Navegador e escritor, já fez mais de 2.500 palestras no Brasil e
no exterior.
236
9 Gabino Cárdenas Olivares é graduado em Filosofia, mestre e doutor em Educação pela Universidad La
Salle e professor do Departamento de Letras da Universidad de Guadalajara.
10 Eliane Mourão é graduada em Letras, mestra em Estudos Linguísticos, doutora em Literatura Comparada
e pós-doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É professora
efetiva do curso de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 237
que acolhesse o texto dela e até mesmo valorizasse aquele brilho que o modus
operandi no mestrado ofuscou. Por conhecer sua história, fui lendo, revisando,
fazendo sugestões e igualmente criando suposições muito plausíveis para cada
quebra que ela trazia no texto: “aqui foi quando ela descobriu a gravidez”,
“aqui foi um problema no trabalho”, “aqui foi a pressão para defender no
prazo”. O texto realmente tem um DNA. O revisor não é quem descobrirá
as cicatrizes do cliente, entretanto precisa ter um olhar humanizado sobre o
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Todo o crescimento foi natural e orgânico. Poderia ter sido maior e mais
rápido se eu já tivesse estratégia e noção mínima de marketing. Apesar de a
missão da empresa estar clara desde o início, não havia um hábito organiza-
cional que levaria à construção de uma cultura e de uma marca forte.
Entre 2016 e 2017, eu concentrei tudo em mim. Entregava cartões de
visita, pregava anúncio em mural na UnB, alimentava redes sociais, fazia
de pessoas com alto nível de instrução e bastante apego ao que escrevem (além
de uma certa vaidade) não é simples. Você tem que se apropriar do universo
da pesquisa, dos seus roteiros, do seu vocabulário e saber dialogar, mostrar
caminhos, convencer. Foi extremamente desgastante quando, além de passar
a “malícia” necessária a respeito do texto acadêmico e o olhar humanizado
sobre o texto, eu me propus a ensinar regras gramaticais. Se fosse por meio de
uma especialização ou um curso de formação continuada, tudo bem, entretanto
ensinar o básico para quem acredita que sabe revisar foi uma energia gasta
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O Bruno van Enck11 tem uma frase clássica que finalmente internalizei:
“só existe uma profissão no mundo: vendedor”. E é verdade! Se pararmos
para pensar, todos nós fazemos diariamente uma curadoria do nosso lado
que deve estar em exposição. E para quê? Consciente ou inconscientemente,
para nos vender. Fazemos um recorte do mais atrativo, do que vale a pena
mostrar. Todas as relações, mesmo as entre pessoas sem qualquer transtorno
de personalidade, passam pela avaliação dos ganhos e das perdas, dos lucros,
dos riscos. Se nas relações sociais isso é comum, imagine nas relações de
trabalho! Somos um portfólio ambulante, mesmo quando não entregamos
currículo. E quem tem empresa, especificamente, tem ainda mais demarcado o
aspecto da venda. Não adianta ter milhares de seguidores em redes sociais, por
exemplo, se isso não for convertido minimamente em compra. O empresário
quer compradores para seus serviços ou produtos. A habilidade de vender, no
entanto, pode até ser intuitiva na conquista ou na relação entre pares, porém
nos negócios não é bem assim.
Para vender um serviço é preciso saber precificar e cobrar, é claro. Mas
o que faz o cliente adquirir ou não o que se vende não é o preço ou a forma
de pagamento. Saber vender é saber comunicar seu propósito, suas crenças
11 Bruno van Enck é economista, vendedor, fotógrafo e piloto de rally. Fundador da rede Barbearia Corleone,
gerencia seu negócio e emprega mais de 350 pessoas em São Paulo.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 243
12 Bárbara, Débora e Julia Alcantara são três irmãs nascidas em Curitiba, sócias proprietárias das marcas Orna
e Orna Makeup. Juntas, criaram o Efeito Orna, um curso online no qual elas compartilham como criaram
suas marcas do zero e com um propósito e como qualquer pessoa pode igualmente criar e gerenciar sua
marca pessoal e empresarial.
244
13 Carla Antloga é doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, com ênfase em Qualidade
de Vida no Trabalho (PSTO-UnB), professora adjunta do Departamento de Psicologia Clínica (PCL) e do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PPG-PsiCC), coordenadora do Grupo de
Estudos em Psicodinâmica do Trabalho Feminino — Psitrafem, instagrammer, youtuber e a psicóloga que
me ajudou no processo revolucionário pelo qual toda mulher deveria passar: o autoconhecimento.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 245
entendi que trabalho não é filantropia, que existe hora de trabalho e hora de
descanso, que o urgente não pode atrapalhar a prioridade e que é preciso dizer
não e fechar portas para assediadores em qualquer lugar, não sendo diferente
em uma empresa.
Hoje, a Certifique-se conta com rotinas estruturadas, contratos revisados
por advocacia, notas fiscais geradas rapidamente por contabilidade, dia e
horário de atendimento fixos, diversas formas seguras de pagamento para o
cliente, e a partir do treinamento de novas colaboradoras vêm sendo planejados
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[...] mulheres criadas em famílias que não demonstram aceitar seus talen-
tos costumam tomar nas mãos empreendimentos extraordinariamente
grandes, repetidas vezes, sem saber por que motivo agem assim. Elas
acham que precisam ter três doutorados, que precisam ficar penduradas
do Monte Everest de cabeça para baixo ou que devem realizar todo tipo
de empreitada perigosa, demorada e dispendiosa para tentar provar às
suas famílias que têm valor. “Agora vocês me aceitam? Não? Está bem
(suspiro), vejam só essa.”
16 Marianne Williamson (Houston, 8 de julho de 1952) é uma escritora e líder espiritual estadunidense.
248
Prego que não se destaca não leva martelada, mas o que é o prego senão
um instrumento construído exatamente para isso? Não; essa metáfora não é
para falar sobre predestinação ou carma. Aqui, é preciso falar sobre essência.
Eu comecei o relato falando sobre a expectativa que meus pais tinham sobre
meu futuro no serviço público e todo o processo para só ter parte de mim
voltada para isso; e caminho para a conclusão com uma série de lembranças
de relações disfuncionais em que me vi injustiçada, não reconhecida, desres-
peitada, onerada, sugada. Em João 10:10 lemos: “Eu vim para que tenham
vida, e vida em abundância”. Viemos ao mundo para transbordar; para ter
amor, alegria, paz e segurança em abundância. A vida é repleta de aflições,
de turbulências. Para Deus e para Guimarães Rosa, o que ela quer da gente é
coragem. E coragem, definitivamente, não é fugir de marteladas, não é fugir da
dor, não é ficar na zona de conforto. A crença limitante da minha vida não era
ser servidora. Quando eu me dedico a isso, sempre sou convidada a assumir
cargos de liderança com os quais evoluo muito, inclusive financeiramente.
Minha limitação era achar que o certo era agradar, atender e ceder a todo
mundo, a fim de ser querida e reconhecida.
As reflexões que trago aqui servem para a vida, em geral, mas vou me
voltar para o empreendedorismo. É fato que, hoje em dia, toda empresa precisa
doar. A doação é como sementes que o empresário semeia hoje para colher
dinheiro no futuro. Empresas de esporte lançam aplicativos para acompanha-
mento de atividades físicas; é só baixar... Empresas do ramo da moda dão
consultorias sobre estilo em palestras. Empresas de marketing fazem tutoriais
para aprendermos a usar estrategicamente as redes sociais. Empresas de audio-
visual ensinam a editar fotos e vídeos na palma da mão. A dinâmica é dar e
receber. Os empresários dão seu tempo, seus conhecimentos, suas experiências
e recebem não só gratidão e admiração mas também clientes. Se eles derem
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 249
o próprio produto ou serviço, seja na íntegra, seja com descontos que tiram
totalmente seu lucro, se ocuparem todo seu tempo exercendo sozinhos a fun-
ção de vários funcionários, se tiverem a necessidade de controlar tudo, de dar
conta de tudo e de agradar a gregos e troianos, não terão tempo e disposição
para a semeadura que germina e promove a colheita. Ao contrário, colherão
adoecimento físico e mental, colherão dívida... quem sabe até falência.
Os meus clientes não são aqueles que se contentam com um trabalho
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mediano, que preferem o preço ao valor, que preferem o curto tempo à quali-
dade. Por estes, dou o meu melhor e oferto serviços que até se pode encontrar
em outros lugares, mas não com o toque e a autenticidade da Certifique-se. Ao
ofertar um serviço de qualidade e ainda doar tanta ajuda em forma de posts,
áudios e mensagens, sou muito amada, sou muito querida, sou muito honrada.
Mas sabe qual o preço de muitas pessoas gostarem de mim e do meu trabalho?
O preço é ter, igualmente, muitas pessoas que me detestam e torcem para a
minha queda. As crenças limitantes no “agradar todo mundo”, no vestir a capa
da super-heroína me fizeram, por muito tempo, botar demasiada energia no
que não precisava de tanta atenção e, por conseguinte, tardaram meu destaque,
meu holofote, a chegada do reconhecimento de quem interessa e do dinheiro
justo. Eu fui um prego fugindo do martelo; uma mulher se escondendo na
menina; eu fui a mulher-foca, do conto antigo.
Há muitos e muitos anos, mulheres com pele de foca transitavam entre
a terra e o mar, sendo o último sua verdadeira morada. Um homem solitário
e infeliz roubou a pele da mais distraída e jurou-lhe amor eterno e a pele de
volta em sete verões. Mesmo relutante, ela aceitou quitar o foca de seu nome
por um tempo e foi vivendo como humana, tendo inclusive um filho com esse
homem. Por mais que amasse a família, foi, pouco a pouco, definhando-se.
Disse a mulher ao marido: “Quero que me seja devolvido aquilo de que sou
feita”. E depois: “Só sei que preciso daquilo a que pertenço.” (Estés, 2018,
p. 297). A nossa essência, cedo ou tarde, grita. E se não dermos ouvidos, ela
esgoela em forma de ansiedade, depressão etc.
As focas têm uma certa qualidade canina: são afetuosas por natureza. Irra-
dia delas uma espécie de pureza. No entanto, elas também podem ser muito
rápidas para reagir, recuar ou retaliar quando ameaçadas. A alma também
é assim. Ela paira por perto. Ela alimenta o espírito. Ela não foge quando
percebe algo de novo, de incomum ou de difícil. (Estés, 2018, p. 300).
E bem, e o resto?
Agora, por que é que não me dei conta antes, respondi de outro modo,
disse não, disse sim? Talvez porque antes de entender da Letras eu fazia
tradução direta da palavra “pessoa”... adotava o sentido grego. Mas... não é
este propriamente o resto do capítulo. A suma das sumas é que a Fernanda da
Certifique-se sempre esteve, em potencial, dentro da Fernanda menina, filha,
amiga, profissional... A mulher empreendedora está dentro de cada mulher,
lá no seu íntimo, e pode emergir, seja das cinzas, seja do riso, a depender do
que ela faz com o que lhe fizeram.
Mulheres, Steve Jobs17, certa vez, disse: “se você olhar bem de perto,
a maioria dos sucessos que aconteceram da noite para o dia levaram muito
tempo”. Respeite os processos, abrace as dores, transforme problema em apren-
dizado e desafio. A vida lhes será leve! E vamos à História da Certifique-se...
17 Steven Paul Jobs (São Francisco, Califórnia, 24 de fevereiro de 1955 — Palo Alto, Califórnia, 5 de outubro
de 2011) foi um inventor e empresário no setor da informática. Notabilizou-se como cofundador, presidente e
diretor executivo da Apple Inc.https://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Jobs — cite_note-NYT-6 e por revolucionar
seis indústrias: computadores pessoais, filmes de animação, músicas, telefones, tablets e publicações digitais.
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 251
Referências
Brandão, R. S. (2010). O escritor é, antes de tudo, um leitor. Machado de
Assis em Linha, 3(5), 17-31.
audaz-a-pedagogia-de-paulo-freire.
Silva, F. A. (2018). Ponto de Inflexão: uma decisão muda tudo. Buzz Editora.
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Capítulo 12
Empreendedorismo feminino como “opção”:
inclusão social e políticas públicas
Paulo Henrique Souza Roberto1
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Introdução
mas serve quase sempre para sua sobrevivência momentânea. Nesse sentido,
essa trabalhadora é condicionada a sair em busca de um emprego formal que
possa oferecer maior estabilidade financeira. E esse é o fator primordial reve-
lado nos dados sobre descontinuidade dos empreendimentos motivados por
necessidade, pois o estudo revela que mais de 40% das trabalhadoras desistem
de seus negócios motivadas pela possibilidade de inserção em empregos no
mercado de trabalho formal (GEM, 2020).
Ou seja, o ato de empreender por mulheres é, em suma maioria, motivado
continuação
Programa Objetivos Público-alvo
Trabalhadores (as) em risco de
Promover o fortalecimento e a divulgação
desemprego, desempregados, autônomos,
Programa Economia da economia solidária, mediante políticas
cooperativas, empresas autogestionárias,
Solidária em integradas, visando à geração de trabalho
associações, agências de fomento da
Desenvolvimento e renda, inclusão social e a promoção do
economia solidária e fóruns municipais e
desenvolvimento justo e solidário.
regionais de desenvolvimento.
Promover a qualificação social, ocupacional Trabalhadores que necessitem de
Considerações finais
Referências
Barros, A, A., & Pereira, C. M. M. A. (2008). Empreendedorismo e cresci-
mento econômico: uma análise empírica. Revista de Administração Contem-
porânea, 12(4).
C
Características do comportamento 59, 60, 66, 68, 69, 73, 75
Coleta de dados 66, 67, 68, 90, 91
Comportamento empreendedor 9, 59, 60, 62, 64, 66, 68, 69, 70, 71, 72, 73,
74, 75, 76, 77, 80
Condições de trabalho 38, 86, 104, 128, 177
Condições de vida 11, 40, 174, 181, 183, 184, 261
Contextos de trabalho 147, 148, 152, 153, 161, 166
D
Dados da pesquisa 70, 71, 72, 74, 178
Desemprego 15, 34, 36, 38, 39, 43, 46, 49, 53, 104, 120, 128, 130, 131, 133,
181, 191, 194, 200, 253, 262
Desenvolvimento econômico 22, 38, 59, 64, 123, 126, 254, 257, 258, 261, 266
E
Empreendedorismo feminino 3, 9, 11, 12, 15, 20, 21, 26, 27, 30, 31, 60, 64,
65, 78, 80, 84, 89, 90, 97, 100, 101, 103, 110, 114, 115, 116, 117, 120, 185,
204, 206, 208, 210, 212, 232, 253, 255, 257, 260, 264, 265
Empreendedorismo no Brasil 20, 21, 30, 31, 79, 119, 141, 182, 254, 266
Empreendedorismo por necessidade 9, 15, 21, 27, 49, 128, 130, 131, 132,
138, 254
270
Empreendedorismo social 17, 29, 30, 52, 101, 102, 104, 106, 107, 111, 112,
113, 116, 117, 118, 119
Emprego 16, 18, 25, 34, 39, 46, 47, 48, 49, 50, 56, 57, 110, 127, 128, 133,
137, 138, 148, 154, 155, 166, 173, 174, 175, 181, 212, 257, 260, 261, 262,
266, 267
Ensino de empreendedorismo 60, 61, 62, 72, 74, 75, 76, 77, 78, 80
Ensino médio 33, 35, 41, 42, 53, 56, 231
H
Habilidades e competências 35, 43, 45, 54, 55, 62
Histórias de vida 97, 115, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 227
Homens e mulheres 66, 72, 73, 74, 75, 77, 78, 103, 174, 179, 180, 184, 186,
204, 206, 224, 256, 258
I
Idade 151, 174, 176, 179, 180, 181, 182, 183, 190, 194, 195, 196, 197,
230, 246
Identidade de gênero 118, 145, 147, 148, 157, 165, 166, 168
Ideologia empreendedora 121, 122, 125, 127, 128, 137
J
Jornada de trabalho 27, 185, 188, 190, 191, 192, 256, 259, 260
M
Mão de obra 46, 112, 123, 178, 217
Empreendedorismo feminino: um olhar para o real 271
Mercado de trabalho 10, 20, 21, 25, 26, 35, 38, 40, 43, 45, 47, 48, 49, 50,
51, 52, 53, 72, 88, 97, 101, 107, 108, 109, 112, 123, 124, 128, 133, 175, 178,
179, 180, 181, 183, 184, 205, 206, 207, 208, 210, 253, 254, 255, 258, 259,
260, 261, 262, 263, 265
Método da história 220, 221, 222, 224
Mulheres empreendedoras 9, 10, 24, 30, 31, 64, 65, 75, 76, 83, 86, 87, 88,
90, 93, 95, 96, 103, 107, 108, 109, 182, 187, 208, 211, 215, 219, 220, 222,
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N
Necessidade 9, 10, 15, 16, 21, 25, 27, 45, 49, 51, 55, 57, 61, 63, 64, 72, 76,
77, 84, 88, 89, 93, 94, 95, 121, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 137, 138, 174,
176, 180, 181, 182, 184, 206, 212, 222, 229, 244, 249, 253, 254, 255, 256,
258, 259, 260, 263
Negócios 10, 15, 16, 18, 25, 27, 40, 47, 48, 49, 50, 52, 53, 60, 62, 64, 65,
73, 75, 76, 80, 84, 85, 89, 91, 93, 97, 101, 102, 103, 104, 115, 117, 118, 127,
130, 131, 133, 134, 142, 182, 206, 211, 212, 215, 222, 223, 238, 242, 246,
247, 254, 255, 258, 259, 260, 261, 263, 264, 265
Neoliberalismo 24, 25, 33, 34, 35, 36, 37, 39, 40, 45, 49, 56, 57, 88, 128,
205, 211
Nível de análise 151, 152, 159, 161, 162, 163, 168
O
Oportunidade 9, 12, 15, 16, 21, 49, 50, 57, 68, 70, 71, 73, 74, 88, 89, 121, 123,
129, 130, 131, 132, 133, 137, 138, 182, 206, 212, 221, 225, 256, 261, 264, 265
Organização do trabalho 86, 203, 204, 205, 206, 208, 209, 211, 216
P
Pandemia 11, 31, 43, 59, 68, 69, 71, 74, 75, 76, 85, 86, 90, 93, 94, 95, 98,
99, 101, 178, 180, 253
Políticas públicas 10, 12, 23, 29, 30, 39, 64, 90, 96, 97, 113, 126, 134, 142,
184, 185, 251, 253, 254, 256, 257, 258, 260, 261, 262, 263, 264, 266, 267
272
População negra 121, 122, 123, 124, 136, 137, 139, 142
Previsão legal 188, 189, 190, 191, 192, 193, 196, 197
Projetos de vida 33, 35, 41, 42, 43, 53, 54, 55
Psicodinâmica do trabalho 10, 83, 86, 89, 92, 98, 99, 203, 205, 206, 207,
208, 209, 210, 211, 215, 216, 217, 218, 244
T
Trabalho formal 43, 178, 184, 253, 255, 259, 260, 263, 265
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SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5/11,5/13/16/18
Arial 8/8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)