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EXTENSÃO, ESPORTE E
CULTURA – O ECOAR INCLUSIVO
NAS COMUNIDADES
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2023
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Os Autores
Extensão, Esporte e Cultura – O Ecoar inclusivo nas comunidades / Luiz Pedro San Gil Jutuca,
Maylta Brandão dos Anjos, Maria Simone de Menezes Alencar (Organizadores) – Curitiba : CRV,
2023.
228 p
Bibliografia
1. Educação física 2. Inclusão 3. Cultura 4. Comunidade I. Jutuca, Luiz Pedro San Gil, org.
II. Anjos, Maylta Brandão dos, org. III. Alencar, Maria Simone, org. IV. Título V. Série
2023
Foi feito o depósito legal conf. Lei nº 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela Editora CRV
Tel.: (41) 3029-6416 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Adriana de Oliveira Alcântara (UNICAMP)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Alexsandro Eleotério Pereira de Souza (UEL)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Claudiane Tavares (UNILA)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Luciene Alcinda de Medeiros (PUC-RJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Maria Regina de Avila Moreira (UFRN)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Patrícia Krieger Grossi (PUC-RS)
Carmen Tereza Velanga (UNIR) Regina Sueli de Sousa (UFG)
Celso Conti (UFSCar) Solange Conceição Albuquerque
Cesar Gerónimo Tello (Univer .Nacional de Cristo (UNIFESSPA)
Três de Febrero – Argentina) Thaísa Teixeira Closs (UFRGS -RS)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG) Vanessa Rombola Machado (Universidade
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL) Estadual de Maringá)
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Universidade Federal do Estado do Rio De Janeiro
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 9
Os autores
PREFÁCIO ..................................................................................................... 11
Prof. Carlos Alberto Serpa de Oliveira
Os autores
PREFÁCIO
Extremamente positivo e inovador o livro “Extensão, Esporte e Cul-
tura – O Ecoar Inclusivo nas Comunidades” que tenho a honra e o inusitado
prazer de prefaciar! Nele há importante relato de profissionais que dão vida
a esse projeto, interagindo com as comunidades localizadas em áreas mais
vulneráveis, visando especialmente à sua inclusão, à democratização de conhe-
cimentos, através de atividades esportivas, aulas que estimulem o gosto de
aprender entre outras atividades.
O livro traz no seu bojo a importância da ação coletiva, de diversidade
em que saberes e conhecimentos são trocados. Com isso, favorece à condu-
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DO ECOAR
PRIMEIRA SEÇÃO
PESQUISAS E DEPOIMENTOS
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Introdução
Afora as visitas aos núcleos, onde serão anotados pari passu tudo que
ali ocorre, as realizações das entrevistas serão agendadas para que possam
ocorrer no momento das visitas. Outros instrumentos de coleta poderão ser
realizados por meio de recursos tecnológicos. O definidor dessa aplicação foi
o tempo disponível de coleta de dados e as possibilidades do encontro entre
os pesquisadores extensionistas e os participantes do projeto.
São diferentes esportes oferecidos à comunidade, como oportunidade de
novos fazeres e deslanchar no mundo. As entrevistas com os articuladores,
professores, supervisores e coordenadores dos núcleos serão guiadas com
ações que podem ser trabalhadas com os participantes.
Elaboramos um roteiro semiestruturado que permitirá vir à tona muitos
laços durante o tempo desse projeto. Por isso temos claro que a publiciza-
ção da temática esportes em comunidades deve ser prática primordial na
extensão universitária.
Compartilhar experiências e vivências para a compreensão dos sentidos
da vida social redefinem modos de relacionamento em projetos de fomento ao
esporte. Modelam novos projetos esportivos sociais, ampliando aprendizados
de modalidades esportivas, recreativas em horário complementar à escola. Tais
projetos assumem ações sociais como promoção de inclusão social, poten-
cializando atividades físicas, culturais e formativas nos espaços públicos e
privados que as comunidades possuem. Mostram a imbricação entre esporte,
arte e cultura ao descrever um grupo e seus comportamentos interpessoais,
Considerações
REFERÊNCIAS
ACOSTA, A. O Bem viver – uma oportunidade para imaginar outros
mundos. São Paulo: Autonomia literária/Editora Elefante, 2016.
Equipes ECOAR
Masculino
73,7%
Monitor (a)
36,8%
continua...
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 37
continuação
8
10
6
Total
Total
4
5
0
Até 20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 0 Fundamental Médio Médio Superior Superior Pós Pós
completo incompleto completo incompleto completo graduação graduação
Idade incompleta completa
Tempo de Trabalho
Não 15
10
0
Menos de Entre 1 e 3 Entre 3 e 5 Entre 5 e 7 Mais de
94,7% 1 ano anos anos anos 7 anos
Alunos
Núcleos
Bom Jesus de Itabapoana I
Comendador Levy Gasparian I
Itaperuna I
Magé
Miracema I
Petrópolis I - Alto da Serra
Petrópolis II - Casca�nha
Petrópolis IV - Taquara
Rio de Janeiro II - Mangueira
Rio de Janeiro III - Jacaré
Rio de Janeiro IV - Guara�ba
São Sebas�ão do Alto I
Volta Redonda I
0 25 50 75 100
Observa-se que o Projeto Ecoar atende a alunos das mais variadas idades.
Cabe destaque para o papel que desempenha no público de 3ª idade, com mais
de 60 anos. A inclusão dessa faixa etária se torna um desafio importante a
determinados núcleos, pois esse trabalho qualifica o tempo e a prática, aumen-
tando a autoestima desse público que muitas vezes sofrem invisibilidades em
suas necessidades.
Idade
80
60
n de alunos
40
20
0
Até 6 a 10 10 a 16 a 21 a 31 a 41 a 51 a 61 a 71 a Mais
5 anos anos 15 20 30 40 50 60 70 80 de 80
anos anos anos anos anos anos anos anos anos
A�vidades
A�vidade funcional
Futebol
Luta livre espor�va
Wrestling
Jiu jitsu
Ginás�ca
Dança
Muay Thai
Judô
Circuito
Boxe
A�vidade psicomotricidade
com música
Percussão
Futsal
0 50 100 150 200
Não pra�cava
42,1%
2 vezes
65,4%
75
nº de alunos
50
25
0
Menos de 1a2 3a4 5a6 7a8 9 a 10
1 mês meses meses meses meses meses
200
nº de alunos
Menos de 1 Km
45,6%
100
Entre 1 a 5 Km
41,5%
0
1 = nenhuma 2 3 4 5 = muito di�cil
Sobrinha/Sobrinho
0,8%
Primos/Primas
12,6%
Irmãos/Irmãs
14,2%
Não, ninguém da
Tios/Tias minha família
52,9%
4,2%
Netos/Netas
1,3%
Filhos/Filhas
5,5%
Cônjuge
2,1%
Mãe/Pai
5,3%
200 200
nº de alunos
nº de alunos
100 100
0 0
1 = ruim 2 3 4 5 = ó�ma 1 = pouco 2 3 4 5 = muito
O quanto você acha que sua qualidade de vida O quanto você acha que a prá�ca de a�vidade �sica lhe ajuda
melhorou por estar se exercitando? a melhorar seu desempenho escolar?
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300 125
100
nº de alunos
200
nº de alunos
75
50
100
25
0 0
1 = pouco 2 3 4 5 = muito 1 2 3 4 5
200
nº de alunos
100
0
Saúde Educação Cultura Inclusão Social Físico Nada
300
nº de respondentes
100
0
Sim Não
Sim
71,1%
Não
4,1 %
Sim
76,9 %
Considerações
REFERÊNCIAS
ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências
naturais e sociais. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
Introdução
extensão delas.
O ECOAR me permitiu recorrer à múltiplas estratégias para que atingís-
semos os meios saudáveis de interação e divulgação desse trabalho, importante
para cada membro que dele participa. Pude nesse construto presenciar muitos
ex-alunos do projeto se tornarem professores, monitores, coordenadores e
desportistas bem-sucedidos com várias conquistas medalhistas. Presenciei,
in loco a prática dessas atividades desportivas como a principal opção de
lazer e vida.
Muitas práticas dos esportes que vi implementadas no ECOAR eram de
alto rendimento individual, com práticas de dedicação aos esportes de combate
como o boxe, jiu-jítsu, judô, taekwondo. Inferi que apesar de serem esportes
individuais com objetivo central vencer o oponente, eles eram trabalhados e
acessavam o coletivo nas aulas. Isso se dava nas trocas de duplas, nas rodas,
filas, através de toques dos corpos no aprendizado das técnicas.
Presenciei a raiz competitiva desse esporte, a aderência que possuía junto
à juventude pujante da comunidade. Os dedicados alunos se voltavam a eles
buscando o máximo desempenho capaz de capturar as dimensões das regras
constitutivas do esporte. Aceitavam os desafios como prática instituciona-
lizada, caracterizada pela coordenação orientada à competição e buscavam
nos seus rendimentos a melhoria de suas vidas, a possibilidade de conquistas,
vitórias e redimensionamento.
Deduzi que a inclusão social age como extensão da dimensão da partici-
pação, ampliando oportunidades de desenvolver o hábito de treinas sem perder
a perspectiva desse prazer na perspectiva coletiva, de se constituir em novos
horizontes que não seriam trazidos pelas condições de suas vidas econômicas.
No tatame que se erguiam aos meus olhos, via e sentia o esporte como um
direito, implicando o reconhecimento do esporte, da cultura e do lazer como
dimensões sociais legítimas. A partir do que vi, vivi, senti e li, pude pensar
que projetos de inclusão através de esporte, ao ter como foco o bem comum
60
Eis que a visão do esporte como uma prática social, institucionalmente orga-
nizada, ao buscar o melhor rendimento dos presentes e futuros alunos deve traba-
lhar elementos de empoderamento que quebrem ciclos de opressão. Que amplie
a alegria por estarem ali praticando o esporte com possibilidade de convivência,
aprendizado e reconhecimento da competição e da vitória élans de mudança.
São esses valores embutidos como modus operandis que se revela nas
muitas medalhas e troféus que estavam expostos em todos os espaços popu-
lares que visitei. E estavam sempre nos melhores locais desses espaços. Ao
nos mostrar as medalhas, a população participante me remeteu ao que havia
lido, ou seja, para que a prática de um esporte seja um modo de viver, uma
vida de excelência, era preciso que o envolvimento em competições não se
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em equipe e pela participação ativa dos indivíduos nos seus vários projetos
que favorecem aos novos percursos para intervir na realidade objetiva da vida,
desvelando as abordagens ingênuas e simplistas.
Nas ações voltadas para projetos interinstitucionais a atividade exten-
sionista destaca-se pela característica integradora. O conhecimento levado à
comunidade também é permeado pelos saberes locais ou populares. A permuta
de conhecimentos exprime um forte componente para propiciar a reformulação
de conceitos, sobre o aumento da adesão às modalidades esportivas.
Todos da equipe de extensão destinados ao ECOAR demonstraram e
aprimoraram seus conhecimentos, elaboraram, planejaram e aplicaram as
metodologias destinadas para abordagem junto à comunidade. A cada visita
entrevistaram, aplicaram questionários, observaram o território, desenvolve-
ram estratégias para o aprimoramento das análises e realizações dos relatos
e artigos. Buscaram ampliar sua percepção do outro, suas concepções e pers-
pectivas. Acionaram suas escutas para garantia da qualidade em suas ações. Se
humanizaram ainda mais na valorização dos sujeitos, no estímulo ao esporte
e na valorização do trabalho coletivo.
O projeto despertou a compreensão da ação desportiva como um poten-
cial disseminador de conhecimentos da comunidade atendida. Nesta pers-
pectiva, a ação extensionista contribuiu para ações promotoras do esporte.
Os Desafios para formação de competências esportiva e a transformação das
práticas em busca do comportamento são muitos. Se torna cada vez mais
imprescindível o estímulo à projetos nas comunidades de base com engaja-
mento dos docentes e discentes.
Precisamos de mais suficiência para todas as atividades na busca de
um viver virtuoso. Para a realização de reação às exclusões da vida. Que
sejamos nessa unidade diversa que a extensão proporciona ter, reativos ao
mal, às opressões e aos “esquecimentos, indiferença e ausências” do Estado.
Durante o tempo de atuação, em 11 meses ganhei mais noção e consciência da
64
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, J. C. A reconversão cultural da escola. Porto Alegre:
Sulina, 2007.
reticências das últimas frases das últimas páginas eram mais uma interrupção
do que um prolongamento da ideia, era uma alegoria, nada tem a ver com o
real, tendo tudo a ver com o real... Ué, como pode? Era para ser assim. Eu
estava sucumbindo à amargura, à resignação fatalista.
Aí, a bancada de defesa dos meus heróis pediu a palavra no tal Supe-
rior Tribunal, aquele da consciência, e com uma citação do próprio Darcy
chacoalhou meus ossos e qualquer argumentação da promotoria: “fracassei
em tudo na vida... mas meus fracassos são minhas vitórias, detestaria estar
no lugar de quem me venceu”. Ah, Darcy! Ajudei a banca, por quem eu, no
fundo ou no raso, sempre torci, lembrando outra referência da adolescência,
Eduardo Galeano, com a definição sobre utopia que ele popularizou: “utopia
Terceiro setor
legitimando o que fazíamos, coassinando o que estava por vir. Mais do que
entender o lugar de fala, entendemos o espertíssimo poder da escuta. Qual
guia poderia nos ser melhor do que a própria comunidade do Tabajaras-Ca-
britos? Bendita essa nossa sagacidade de sacar a fonte certa.
É claro que em projeto social é importante ter uma estrutura vertical,
cadeia organizacional e ordem hierárquica, mas o fundamental é estabelecer
relações horizontais, estar próximo de alunos e familiares, da comunidade que
se pretende atender. Próximo e em um mesmo plano, olho no olho. Afinal,
como já dito, eles têm todas as respostas que você precisa para melhorar o
trabalho social. Eles sabem. Eles vivem.
Estabelecer esta relação solidária, não verticalizada, não impositiva,
Importante fazer uma parada no tempo, nessa linha do tempo, para dar
créditos, falar de gente fundamental nesse trabalhar com gente, da gente que
surgiu no caminho, não necessariamente por acaso (há de se ajudar a sorte),
para, irmanada, somar, tornar tudo possível. Projeto social, olhado por um
espectro menosprezível, pode ser visto só como um tijolo na muralha de
contenção social. E se você se pergunta quantos tijolos são necessários para
conter as deformidades históricas brasileiras, uma possibilidade enorme de
desânimo pode te afetar. Não somos a colcha de retalhos, somos sim um
retalho na colcha, e a ideia de, junto com as políticas públicas, governa-
mentais ou não, de proteção social, conseguir que a soma cubra todas as
partes confortavelmente (conforto enquanto estágio básico civilizatório),
todos os que carecem de assistência, não é fácil, parece bem distante. E de
um jeito que essa manta retalhada fique, ao fim, bonita tal como cetim de
algodão. No Brasil, o óbvio é belo. Então o que salva é a teima, o saudável
hábito de teimar, achar gente que queira teimar contigo, não desistir. Daí a
importância dessa gente. Inclusive como mais um fundamento nessa análise
sobre ação social.
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 73
mentos que façam uma ponte com o ambiente escolar. Isto é, ampliar o reper-
tório dos instrutores/educadores, seja de qual modalidade for, para convergir o
esporte às disciplinas curriculares. Ao falar da origem ou da chegada ao Brasil
de uma arte marcial, por exemplo, podem-se instigar questionamentos sobre
História e Geografia; em várias outras atividades, falar sobre miscigenação,
cultura popular, estágios sociológicos, e até biomecânica do movimento e Cine-
siologia. O Jiu-jítsu, tirando como modelo e tão popular no ECOAR, é 90%
a aplicação dos conceitos de alavancas, é pura Física. Quando um aluno vai
além do empirismo, da tentativa e erro, e aprende a ler posturas e movimentos,
ganha em qualidade como atleta e desmistifica “monstros das lousas”, como a
equação: “Fp·dp=Fr·dr.”.
A ideia é que os ambientes práticos e já acolhedores das aulas esportivas
descompliquem temas, provoquem a curiosidade, desperte o interesse. Cremos
que este é um pressuposto da Educação moderna, naturalizando o aprendizado
pela prática além dos intramuros escolares.
O Futebol, outra modalidade com grande quantidade de núcleos e adesão
de alunos no ECOAR, pode ser visto, também como exemplo, sendo bem
mais que um esporte. Trata-se de um dos fenômenos mais bem enraizado em
nossa cultura, classificado tranquilamente como “fato social completo” (algo
que não pode ser dissecado em apenas um campo de pesquisa), base para se
estudar a evolução de nossa sociedade, pois expõe, a rigor, tudo que na prá-
tica circunda nossas vidas: relações de sociabilidade, traços de formação de
identidade, construção dos pertencimentos, coletivos de afetividade (para o
bem e para o mal), depósitos de esperanças ou descrenças, maneira como se
enxerga o outro, democracia racial e assim por diante.
Enfim, o futebol transcende o aspecto do esporte e acaba se transfor-
mando numa grande metáfora da relação das pessoas em sociedade. Pratica-
mente todos os eventos sociológicos estão representados nele, dá para ligar
pontos e se ter um campo poderoso de estudo do processo civilizatório do
início do século XX até agora, tanto no Brasil quanto no exterior.
78
capital fluminense. Também ambos têm uma similitude nos trajetos, em suas
vivências, em meio às dificuldades de acesso conseguiram sair vitoriosos
em seus objetivos: um como profissional da luta, multicampeão de MMA,
reconhecido internacionalmente; e o outro como referência de engajamento
comunitário, traduzido em exitosas práticas comunitárias. Agora os dois estão
juntos no Projeto ECOAR, unindo forças, assim como tantos outros da nossa
equipe, também com belos e comoventes testemunhos de vida, comparti-
lhando sabedorias forjadas na luta e que tanto acrescentam ao trabalho social
como um todo.
Johnson Teixeira:
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Dudu Dantas:
Johnson Teixeira:
ainda em 91, mas tinha vergonha por ser preto. Deparava com um monte de
gente famosa na porta da academia, enfim, só tive coragem no ano seguinte.
Pedi licença e vi que era a coisa mais tranquila. Fui super bem tratado por
todos. Aí, pensei no meu pai e disse para mim mesmo, não vou desperdiçar
essa oportunidade, não posso errar mais.”
Dudu Dantas:
Por quê? Vou falar uma frase que eu escutei, há muitos anos atrás, que nunca
mais saiu da minha cabeça: se você não treinar é a sua cara que vai estar no
jogo. Se eu não for disciplinado, se não fizer o que precisa ser feito, dormir
cedo, me alimentar bem, estudar, quem vai pagar o preço sou eu. Então isso é
o que? A arte marcial me ensinou tudo, me ensinou a querer procurar mais, a
querer procurar mais ferramentas, não só como atleta, mas como ser humano.
...
Além de saúde e educação, as artes marciais também são segurança
pública, principalmente dentro da comunidade, onde os jovens têm diversos
espelhos que influenciam para coisas ruins. Então, uma arte marcial é outro
espelho ali, espécie de reforço positivo, vindo de um mestre, de um professor,
Johnson Teixeira:
“Muitos alunos me chamam de pai. Uma vez o Seu Bigode, meu falecido
pai, me procurou intrigado com isso: “Johnson, que troço é esse, tem um
monte de moleque te chamando de pai? Que negócio é esse, que treta você
arrumou aqui? Tem um branquinho, um pretinho, um moreninho...”. Disse que
eu fazia com eles o mesmo que ele fez comigo: conversava, dava conselhos,
explicava as consequências das ações.... Que estavam me chamando de pai
por causa disso. Na verdade, eu sempre quis que me chamassem de Johnson,
não gosto de ser chamado de Mestre... Peço sempre que em situações quando
a sopa ferve, que eles desçam para a praia e reflitam. Eu não tinha praia, no
meu tempo no Jacarezinho eu sentava no esgoto e ficava olhando para o rio,
pensando no que o Seu Bigode me dizia, de como seria meu futuro... como
seria quando chegasse aos dezesseis, aos dezoito anos.
...
(TRANSIÇÃO – ATLETA E MULTIPLICADOR). Comecei a treinar.
Acordava, dava minha corridinha, ia trabalhar, depois treinar e daí direto
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 89
para casa. Mudei totalmente a minha rotina. Ninguém sabia. Deixava minha
roupa na academia. Aí meu irmão descobriu e, como não poderia deixar de
ser, o morro todo também. A criançada começou a me pedir para dar aula. Um
grande amigo, Marcos Leite, me passou a missão: Johnson, você vai tomar
conta desse morro. Relutei, não era nem faixa preta, mas ele me enquadrou:
Você vai fazer! Pedi a outro amigo, Helvecio Penna, um espaço na academia
dele, vizinha à Ladeira dos Tabajaras. Ele autorizou de boa. Comecei levando
quatro garotos da comunidade, em 2002. Começou assim.”
Dudu Dantas:
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Johnson Teixeira:
Dudu Dantas:
Johnson Teixeira:
melhor porque treina, tem que respeitar a todos, não desviar... Agir assim no
morro ou no asfalto, ter postura, controle.” (CONEXÃO ENTRE PROFES-
SOR, ALUNO E FAMÍLIA) “Há anos tivemos a ideia de fazer um intercâmbio
com as escolas, onde a maioria dos nossos alunos frequentava. Pedíamos a
autorização às diretoras. Íamos lá e entrávamos nas salas de aula. Nem pre-
cisava falar com eles, bastava o olhar, bastava eles saberem que eu estava lá,
que eu tinha essa preocupação de estar lá. Todos me conhecem só no olhar.
Assustaram-se com a minha presença e eu dizia calma, só quero saber como
vocês estão. É preciso conhecer a criança e o adolescente. Tirar fora do
dojô, muitas vezes, e conversar para conhecer o aluno. Ter a integração entre
professor e família. Tirar quarenta e cinco minutos, uma horinha, depois da
aula, para conversar. Com esse diálogo você transforma vidas. Hoje em dia
eu falo para os professores: tem que ter paciência, tranquilidade, ganhar a
confiança dos alunos, para trazê-los para o nosso lado, para o lado da família.
Quando ele aprender a conviver com ele e com a família, ele vai aprender a
conviver em comunidade. Dou sempre o meu exemplo, coloquei na cabeça
que iria conseguir ser um faixa preta, chegar aonde queria. Hoje vejo vários
alunos também nesse processo, competindo, já dando aulas, competindo até
no exterior. A família tem que incentivar os filhos com palavras positivas.”
Dudu Dantas:
“Sobre motivação, preciso dizer que não tenho. 98% das vezes acordo
desmotivado. Eu simplesmente acordo e faço. Vou dar um exemplo. Hoje fui
dormir 5h30 da manhã. Não estava conseguindo dormir, insônia, pensando
no que vou fazer no próximo dia, como vou treinar. Quando fui ver era 1h30
da manhã. Levantei fiz uma proteína, tomei, voltei a deitar e não consegui
dormir. O tempo foi passando, fui mexendo no telefone, virava para um lado
e para o outro e não conseguia dormir, quando fui ver era 4h50 da manhã, a
92
Não consigo fazer nada mais ou menos. Sou 8 ou 80, ou faço nada ou faço
muito, porque as artes marciais me ensinam isso.”
Concluindo temporariamente e ciente das inúmeras demandas sociais,
assim como das demandas no campo da episteme, ressaltamos o entusiasmo
e a felicidade existentes na clivagem envolvendo a ECOAR e a Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, pois o acolher acadêmico advindo da
Universidade desvelou múltiplas possibilidades à atuação da ECOAR.
Assim, somos gratos à UNIRIO que ressignificou os preceitos do his-
tórico Renascimento e o uso dos valores clássicos e que enalteceu conosco
o valor existente na quebrada, através da empática praxe da alteridade e da
corajosa abertura ao devir.
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todo, que pode ser definida pelas relações sociais, familiares e culturais, onde
o sujeito afeta e é afetado pelo mundo (ALVES; FRANCISCO, 2009).
Diante do exposto, uma avaliação mais criteriosa em relação às ques-
tões psicossociais dos alunos inseridos nos núcleos do projeto ECOAR se
faz necessária. Surge então, a Roda ECOAR para fazer parte desse processo,
com seu núcleo social e uma equipe multidisciplinar, atuando em diversas
áreas, tais como, psicologia, assistência social, biologia, engenharia ambiental,
história e filosofia.
A equipe é composta pela Psicóloga, Maria Virginia de Vasconcelos;
pela Assistente Social, Claudia Irlane; pela Bióloga e Mestre em Engenharia
Ambiental, Viviane Köppe Jensen e pelo Filósofo, Historiador, Graduando
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nossas vidas.
102
REFERÊNCIAS
ALVES, E. S.; FRANCISCO, A. L. Ação psicológica em saúde mental: uma
abordagem psicossocial. Artigos • Psicol. cienc. prof. v. 29, n. 4, 2009.
O Judô é uma arte marcial japonesa que tem como objetivo principal
aprimorar o corpo e a mente, promovendo o desenvolvimento pessoal e
social dos praticantes. Seu conceito baseia-se em utilizar a força do opo-
nente contra ele mesmo, por meio de técnicas de projeção, imobilização
e estrangulamento.
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 107
Nos últimos anos o judô, tem se tornado cada vez mais popular como
uma ferramenta terapêutica para crianças e adultos com diversos tipos de
transtornos e deficiências. Isso se deve em grande parte aos benefícios do
judô para o desenvolvimento motor e cognitivo.
O desenvolvimento motor é um aspecto importante do desenvolvimento
humano, pois está relacionado à capacidade de uma pessoa se mover e intera-
gir com o ambiente. O judô é uma atividade física que envolve movimentos
complexos, como arremessos, quedas, rolamentos e imobilizações, que exigem
coordenação motora fina e grossa. Além disso, a prática regular do judô ajuda
108
Além disso, o judô é uma atividade que pode ser praticada por pessoas
de todas as idades e condições físicas, o que contribui para a diversidade e
inclusão no grupo. Os praticantes aprendem a respeitar as diferenças e a con-
viver com pessoas de diferentes origens e habilidades, desenvolvendo assim
sua empatia e tolerância.
Outro aspecto importante do judô como ferramenta terapêutica é o seu
impacto positivo na autoestima e autoconfiança dos praticantes. Durante as
aulas, os praticantes são desafiados a superar seus limites e a enfrentar seus
medos, o que ajuda a fortalecer sua autoimagem e autoestima. Além disso,
a prática regular do judô contribui para o desenvolvimento físico e mental
dos praticantes, o que pode melhorar sua saúde e bem-estar geral (TRUSZ;
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DELL’AGLIO, 2010).
O judô pode ser utilizado como complemento ao tratamento de algumas
condições psicológicas, como ansiedade, depressão e transtornos do espectro
autista. Estudos têm demonstrado que a prática do judô pode ajudar a reduzir
os sintomas dessas condições e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes
(TRUSZ; DELL’AGLIO, 2010).
Ademais, o judô também tem sido utilizado como uma ferramenta tera-
pêutica para indivíduos que sofrem de comportamentos agressivos. Essa abor-
dagem terapêutica tem se mostrado eficaz na redução dos comportamentos
agressivos, e os benefícios do judô como terapia são cada vez mais reconhe-
cidos por profissionais de saúde e educadores.
Um dos principais benefícios do judô como ferramenta terapêutica é o
fato de que ele ensina disciplina e autocontrole. A prática do judô requer que
os praticantes se concentrem em seus movimentos e em suas emoções. Isso
ajuda a desenvolver habilidades de autorregulação emocional, o que pode ser
útil para aqueles que sofrem de comportamentos agressivos. Além disso, a
prática do judô ensina aos indivíduos a importância do respeito pelos outros e
pela autoridade, o que pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar a reduzir
os comportamentos agressivos (CAMARGO, 2016).
Outro benefício do judô como terapia é que ele ajuda a aumentar a
autoestima dos indivíduos. Muitas pessoas que sofrem de comportamentos
agressivos tendem a ter uma baixa autoestima. A prática do judô pode ajudar
a melhorar a autoestima, pois os praticantes são encorajados a definir metas
para si mesmos e a trabalhar duro para alcançá-las. Além disso, os praticantes
são encorajados a se concentrar em seus pontos fortes e a trabalhar em suas
fraquezas, o que pode ajudar a melhorar a autoconfiança (CAMARGO, 2016).
O judô também pode ser uma forma eficaz de terapia porque ensina
habilidades sociais importantes. Durante a prática do judô, os praticantes
são incentivados a interagir com outros praticantes, o que pode ajudá-los a
110
REFERENCIAS
ANTUNES, Marcelo Moreira et al. Pedagogia das artes marciais e esportes de
combate no Brasil: um estudo sobre a produção científica nacional. Arquivos
em Movimento, v. 13, n. 1, p. 64-77, 2017. Disponível em: https://revistas.
ufrj.br/index.php/am/article/download/13563/pdf. Acesso em: 15 mar. 2023.
Introdução
Metodologia
Discussão
Primeiramente, vale destacar que apesar do projeto não ter tido como
foco principal a área da saúde, desde o início pude exercitar o “ser enfer-
meiro”, já que a Enfermagem se dá em qualquer lugar onde haja pessoas
necessitando de cuidados, ainda que elas não estejam ali com esse propósito,
como quando vão ao hospital, visto que logo em uma das reuniões iniciais
Conclusão
REFERÊNCIAS
Extensão Universitária: organização e sistematização. Fórum de Pró-Reitores
de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras; Organização: Edison
José Corrêa. Coordenação Nacional do FORPROEX. -– Belo Horizonte: Coop-
med, 2007. Disponível em: http://www.UNIRIO.br/proreitoriadeextensaoecul-
tura/quem-somos/perguntas-frequentes#:~:text=O%20QUE%20%C3%89%20
EXTENS%C3%83O%20UNIVERSIT%C3%81RIA,transformadora%20entre
%20universidade%20e%20sociedade. Acesso em: 13 de fev. 2023.
SEGUNDA SEÇÃO
ARTIGOS E RELATOS ACADÊMICOS
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Introdução
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Gestão do conhecimento
Conhecimento
tácito Socialização Externalização
de
Conhecimento
explícito Internalização Combinação
las, painel com especialistas, peer assist, pesquisa aplicada, podcasting, pro-
grama de ideias, programa de mentoria técnica, Q&A, rede social corporativa,
retrospectiva, serious games, shadowing, storytelling, taxonomia, universidade
corporativa, wiki, world café; e workshop de lições aprendidas.
No entanto, para neste trabalho foi delimitada a observação a apenas 5
destas práticas.
Resultados
5 Embora a SBGC identifique a prática banco de documentos como uma prática de gestão do conhecimento,
tal prática não é um consenso na literatura. Alguns autores adotam a prática de banco de imagem em vez
da prática de banco de documentos.
130
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Guilherme Carvalho. Briefing. In: ANDRADE. Guilherme Car-
valho. Modelo de gestão do conhecimento em operações da polícia federal
como ferramenta de auxílio à tomada de decisão. 2019. f. 40-41. Disser-
tação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Faculdade de Engenharia de
Produção, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
NUNES, Ana Lucia de Paula Ferreira; SILVA, Maria Batista da Cruz. A exten-
são universitária no ensino superior e a sociedade. Mal-Estar e Sociedade,
v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011.
que a extensão foi a última das três funções universitárias a se consolidar nas
universidades (PAULA, 2013), o que pode ser um dos motivos para que a
extensão ainda não esteja completamente compreendida e consolidada nas
universidades brasileiras.
Tendo em vista o papel da extensão universitária, o objetivo do pre-
sente artigo é apresentar algumas considerações que possam contribuir para
a consolidação das discussões sobre a extensão universitária, dando ênfase
aos desafios da curricularização e da gestão de atividades extensionistas
nas universidades.
Para uma melhor organização do que será apresentado, na primeira seção,
o artigo abordará questões relacionadas a Perspectivas de Extensão, versando
sobre as concepções e práticas extensionistas presentes nas Instituições de
Ensino Superior (IES). Na segunda seção, o tema “Curricularização da Exten-
são” será discutido, apresentando como este processo tem sido conduzido
pelas IES, a partir dos regulamentos definidos no âmbito do Ministério da
Educação (MEC). Para melhor embasar essa discussão, será apresentado
como exemplo o contexto da Universidade Federal de Juiz de Fora. Por fim,
a terceira seção apresentará questões relacionadas aos “Desafios de Gestão
da Extensão”, buscando refletir sobre a importância da adoção do modo de
gestão estratégica e integrada nas universidades, a fim de garantir a eficácia
da operacionalização de atividades extensionistas.
a atividade extensionista como uma via de mão dupla. Nesse sentido, uma
ação de extensão assistencialista distancia-se da perspectiva dialógica que tem
Paulo Freire como principal referência de estudos e pesquisas. Ele defende
um modelo de extensão através do qual ocorre um diálogo entre a sociedade
e a comunidade acadêmica, que culmina na troca e na construção mútua de
saberes que, por sua vez, vão contribuir para o objetivo da atividade extensio-
nista e, em especial, com a transformação da realidade social. Nesse modelo,
tanto a academia quanto a sociedade assumem papel de protagonistas da ação
de extensão, uma vez que ambas são partícipes e construtoras dos resulta-
dos gerados.
Aqui, ao contrário da unilateralidade apresentada na extensão assisten-
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
cialista, existe uma via de mão dupla marcada pela prática dialógica, capaz de
promover tanto a troca quanto a construção mútua dos saberes. A comunidade,
segundo Jenize (2004, p. [3]), “deixa de ser passiva no recebimento de infor-
mações/conhecimentos transmitidos pela universidade e passa a ser partici-
pativa, crítica e construtora dos possíveis modos de organização e cidadania”.
Como preconizado na Constituição Federal de 1988, as universidades
devem desempenhar as atividades de ensino, pesquisa e extensão de forma
indissociável. No entanto, a prática extensionista foi a última destas ativida-
des a ser desenvolvida no âmbito da educação superior. Este fato pode ser o
motivo para que a extensão tenha passado muito tempo sem ser plenamente
compreendida no ambiente universitário, ao contrário do ensino e da pesquisa.
Nesse sentido, Imperatore, Pedde e Imperatore (2015) já chamaram a atenção
para a falta de conhecimento sobre extensão que docentes e gestores univer-
sitários apresentaram em eventos que os autores analisaram. Segundo eles,
diferentes entendimentos puderam ser observados nas falas dos profissionais
de educação superior, evidenciando
2. Curricularização da extensão
está definido desde o PNE (2014-2024) e já poderia ter sido exigido de forma
gradativa e com prazos seccionados para dar às instituições e aos cursos,
se não um maior prazo, uma diretriz clara de ritmo para que as atividades
nas instituições fossem incentivadas a caminhar de forma contínua, mas
aos poucos. Por exemplo, algumas iniciativas de gestão dessa curriculari-
zação já podiam estar sendo estruturadas desde a criação do PNE (2014-
2024), estabelecendo prazos e metas intermediárias, a fim de orientar as
IES no cumprimento dessa exigência de forma progressiva. Assim, essas
instituições teriam uma melhor visão da dimensão deste desafio e, com isso,
condições para construírem uma proposta exequível no prazo estabelecido.
Observa-se, então, que isso poderia ter sido feito, inclusive, por iniciativa
da própria instituição.
A falta da definição de mecanismos que possam ditar o ritmo do anda-
mento do processo de implementação de curricularização da extensão como,
por exemplo, definindo prazos intermediários, normalmente pode levar à
demora por parte da gestão dos cursos em iniciar e conduzir o processo em
tempo adequado. Daí a importância de se estabelecer um planejamento estra-
tégico que, entre outras coisas, gera um cronograma bem definido e detalhado
das atividades acerca do objetivo final.
Entendemos que a curricularização da extensão deveria ser pensada não
como uma obrigação decorrente de uma nova regulamentação, mas sim como
uma oportunidade de se discutir sobre e repensar a importância do currículo
de um curso para a formação discente. Esse currículo normalmente apresenta
um conjunto de disciplinas (atividades de ensino) sobre as quais os alunos
não têm o poder de escolha e obrigatoriamente devem cursar. Mesmo no
caso das disciplinas eletivas e optativas, o discente precisa escolher obriga-
toriamente a que deseja cursar dentre as ofertadas no currículo. Por vezes,
eles não necessariamente se interessam por todos esses conteúdos que lhes
são ofertados de forma compulsória, mas se deparam com a alegação que
144
REFER ÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior.
Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a
Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta
12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação -PNE
2014-2024 e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasí-
lia, DF, ano 155, n. 243, p. 34, 26 jun. 2018. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_docman&view=download &alias=104251-r-
ces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192. Acesso em:
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
6 jul. 2023.
Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: UFMG, 2004. Disponível em: https://
www.ufmg.br/congrext/Gestao/Gestao12.pdf. Acesso em: 6 jul. 2023.
anpad.org.br/eventos.php?cod_evento=18&cod_edicao_subsecao=989&-
cod_evento_edicao=70&cod_edicao_trabalho=16688. Acesso em:06 jul. 2023.
Introdução
Percurso Metodológico
Este trabalho pode ser considerado um relato de experiência, uma vez que
descreve nossa atuação no processo de elaboração, organização e aplicação
de atividades extensionistas como cursos extracurriculares, disciplinas de
cursos de graduação da UFF, cinedebates e oficinas de produção de vídeos que
contenham o audiovisual para uma formação inicial de estudantes do Ensino
160
Relato da Experiência
Quadro 1 – Os Projetos
continuação
O Vídeo no Ensino de Química e Divulgação Científica: Formação
2016 a 2019 PROEX-UFF2
Continuada de Professores de Química e demais áreas do saber
PROGRAMA
2020 e 2021 O Vídeo no Ensino Médio: um instrumento educacional.
LICENCIATURAS-UFF4
1 vídeo e
Vídeo: Não Fui eu,
2015 Curso 2/Cinema 5 1 apresentação
foi minha imagem
em evento1
1 vídeo e
Vídeo: Barba,
2016 Curso 1/História 3 1 apresentação
Cabelos e...Dentes
em evento1
Vídeo: Comida
2017 Curso 1/cinema 3 1 vídeo
de Verdade
1 vídeo e
Curso/Disciplina
2018 2/Cinema 5 1 apresentação Vídeo: Agroidéias
optativa
em evento1
1 vídeo e
3/Cinema e Vídeo: Das Dúvidas
2018 Oficina 7 1 apresentação
Química às certezas
em evento1
a
Mídia eduquímica u químic u ciência
s
Mídia ed Mídia ed
Fonte: o autor.
. Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
172
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
das oficinas eram apresentados para toda a Escolas que discutiam sobre todo
o processo bem como sobre o vídeo exibido. Observou-se também o empo-
deramento do uso do vídeo para a formação dos participantes da atividade
de extensão, a motivação deles e da plateia. Houve questões pela discussão
que se dava após a exibição da produção audiovisual.
continua...
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 179
continuação
Área de formação e
Nível escolar e quantidade dos
Título do vídeo quantidade dos bolsistas e/ou
cursistas/área de formação
voluntários colaboradores
Ensino Superior:
3 graduandos em Química - UFF
Agroideias Cinema/2
1 graduanda em Farmácia - UFF
1 graduado em Química – Docente da UFF
Laços 4 alunos do Ensino Médio - CEBRIC Química/3
Ensino Superior:
Cozinheiras, as
1 graduando em Licenciatura em Química ---
Químicas do sabor
- UFF
Ensino Superior:
A gente é o que come! ---
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Fonte: os autores.
Considerações finais
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; MORAN, José Manuel. Integração
das tecnologias na educação: o salto para o futuro. Brasília: Ministério da
Educação, Seed, 2005.
SILVA, Thays Kelly Carvalho da; Silva, Erivanildo Lopes da. Aproximações
entre as competências e habilidades da BNCC e PCN+. Scientia Naturalis,
v. 3, n. 3, p. 1258-1272, 2021
Introdução
O interesse por artes visuais, em especial pela dança, sempre fez parte da
minha vida profissional, desde graduação, quando optei pela Pedagogia com
Licenciatura em Educação Especial- UERJ, na pós-graduação em Reeducação
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Central
Cefaleias Olhos
Depressão Alterações visuais
Ansiedade
Falta de memória
Problemas para dormir
Tonturas
Mandíbula
Disfunção e dor
Muscular Sistêmicos
Dor Dor, ganho de peso,
Cansaço crônico frio, sensibilidade ao toque
Fraqueza
Mamas
Dor
Urinário Gastrointes�nal
Dor ao urinar Náuseas, sindrome do
intes�no irritável
Osteoar�cular
Dor, rigidez ma�nal
Fonte: https://megaarquivo.wordpress.com/2013/05/01/8126-medicina-o-que-e-a-fibromialgia/.
6 Biodanza cujo nome original vem do espanhol Biodanza, etimologicamente significa “a dança da vida” (união
do prefixo grego bio (vida) + dança). Nesta pesquisa, a grafia Biodanza será respeitada por ser o termo
utilizado na escola de formação do Rio de Janeiro e em citações de Toro (2002).
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 193
Pretendo trazer apenas a demonstração de como pode ser uma aula, sem
a pretensão de esgotar o tema. A aula ou sessão de biodanza é composta por
sistema de vivências apresentadas de forma sequencial, pensada e programada
para atender as necessidades da turma.
194
de fluidez fui convidada a fluir também com mais leveza pela vida. A PG
de embalar a vida remeteu-me ao autocuidado, que é importantíssimo na
FM. Na biodanza foi possível trazer o vivenciado em aula para o meu
cotidiano e experimentar sempre muito bem-estar ao final de cada sessão.
De acordo com Toro 2002.
As linhas de vivência
A vivência em biodanza
Como seres sociais que somos, temos a urgência de valores que cele-
brem a vida, a solidariedade e a humanidade. Sobre tais valores, Figueira
(2017, p. 10) ilustra:
Esses valores, ainda que possa soar estranho aos ouvidos de muitas pes-
soas, precisam ser “ensinados”. Eles não são apreendidos por osmose,
hereditariedade. São produtos socioculturais que precisam ser constante-
mente relembrados, valorizados, trazidos do esquecimento... e, como bem
sabemos, humanos não nascem prontos: fazem-se a cada dia mediante
a ação do meio onde vivem e, fundamentalmente, da intervenção de
outros seres. É na relação com o outro que nós construímos e por assim
ser somos seres sociais.
REFERÊNCIAS
ALVES, Paula Francine Sarti., USO DA CANNABIS NO TRATAMENTO
DA FIBROMIALGIA. Revista Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas
da Fait, Sociedade Cultural e Educacional de Itapeva, FIAT, n. 2, maio 2020.
TORO, Rolando Araneda. BIODANZA. (M. Tápia, trad.). São Paulo, São
Paulo: Editora Olavobrás, 2002.
TERCEIRA SEÇÃO
FOTOS DO PROJETO
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 205
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
171, 173, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 182, 194
Ambiente 10, 11, 25, 30, 69, 77, 100, 107, 108, 126, 129, 138, 139, 157, 160,
172, 173, 174, 175, 176, 177, 182, 185, 192
Apresentação 9, 106, 140, 165, 167
Artes marciais 73, 86, 87, 88, 89, 92, 93, 113
Atividade 23, 24, 25, 41, 42, 53, 63, 74, 107, 109, 110, 111, 112, 119, 137,
138, 139, 140, 141, 144, 145, 149, 155, 157, 161, 162, 164, 165, 178, 188,
191, 195, 207, 208, 210, 211, 212
Autonomia 25, 32, 53, 56, 57, 58, 62, 63, 64, 79, 97, 146, 157, 185
B
Biologia 77, 99, 157, 167, 173, 174, 178
C
Cinema 155, 157, 158, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 169, 178, 179, 180,
183, 184, 185, 186, 224
Comunidades 3, 4, 9, 11, 23, 24, 29, 30, 31, 35, 41, 42, 48, 53, 54, 55, 59, 61,
63, 64, 73, 74, 75, 79, 84, 85, 89, 91, 97, 98, 106, 130, 131, 138
Conhecimento 9, 10, 32, 37, 55, 56, 57, 58, 59, 63, 64, 70, 77, 84, 92, 118,
125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 138, 139, 140, 144, 147,
155, 156, 157, 158, 159, 161, 166, 167, 172, 173, 178, 179, 181, 182, 186, 197
Conquista 53, 56, 57, 58, 83
Crianças 38, 39, 43, 53, 55, 58, 62, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 86, 88, 89, 92, 97,
98, 102, 107, 108, 114, 119
Curricularização 137, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 148, 149, 150, 154
216
D
Desenvolvimento 11, 25, 39, 62, 64, 71, 98, 99, 100, 101, 102, 106, 107,
108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 130, 144, 146, 155, 156, 164, 170, 186,
193, 195, 197, 198, 201
E
Educação 4, 11, 23, 25, 26, 31, 46, 53, 57, 58, 64, 65, 69, 71, 77, 86, 88, 97,
99, 100, 102, 106, 117, 118, 119, 129, 133, 137, 139, 140, 141, 142, 146, 151,
152, 153, 154, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 178, 182, 183, 184, 185,
186, 187, 198, 199, 200, 223, 224, 226, 227
F
Formação 10, 24, 53, 55, 57, 61, 62, 63, 64, 73, 76, 77, 79, 107, 110, 111,
113, 139, 141, 143, 144, 145, 148, 153, 156, 157, 158, 159, 161, 162, 163,
164, 165, 166, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 192,
196, 198, 200, 201, 223, 226, 227
H
História 27, 28, 69, 72, 77, 83, 85, 90, 92, 98, 99, 102, 105, 119, 153, 156,
157, 165, 166, 173, 174, 178, 224
Humanos 10, 38, 53, 58, 62, 83, 84, 192, 193, 194, 196, 197
I
Importância 11, 48, 54, 64, 65, 71, 72, 74, 76, 84, 91, 92, 99, 100, 101, 109,
130, 131, 137, 143, 158, 161, 162, 166, 171, 172, 174, 175, 176, 177, 179,
180, 182, 188, 191
Inclusão social 10, 30, 44, 45, 46, 53, 54, 56, 59, 60, 61, 64, 98, 106, 110,
111, 112, 114
L
Linguagem 10, 11, 25, 171, 183, 184, 186, 197
EXTENSÃO, ESPORTE E CULTURA - O ECOAR INCLUSIVO NAS COMUNIDADES 217
P
Pandemia 142, 151, 156, 161, 162, 164, 165, 169, 171, 176, 180, 185
Pedagógicas 28, 55, 147, 164, 169, 170
Professores 24, 26, 29, 36, 39, 47, 48, 55, 57, 58, 59, 61, 73, 76, 77, 78, 79,
86, 87, 91, 112, 119, 148, 149, 156, 158, 162, 163, 164, 165, 166, 169, 170,
171, 176, 184, 185, 186, 199, 223
Q
Qualidade 9, 10, 11, 24, 27, 30, 44, 45, 53, 57, 63, 77, 106, 108, 109, 110,
117, 144, 147, 151, 168, 189, 190, 200
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
R
Realidade 9, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 57, 60, 63, 64, 79, 98, 100, 138, 139,
144, 147, 149, 156, 157, 163
Reconhecimento 30, 56, 59, 60, 61, 65, 98, 142, 179, 188
S
Segurança 53, 55, 56, 57, 62, 64, 88
Sociedade 10, 11, 25, 26, 29, 30, 39, 53, 56, 76, 77, 78, 100, 105, 106, 111,
117, 118, 125, 129, 132, 133, 138, 139, 140, 144, 145, 155, 157, 174, 177,
182, 186, 190, 199, 200
T
Tempo 26, 27, 28, 30, 40, 43, 54, 56, 63, 64, 69, 71, 72, 76, 85, 86, 88, 89, 90,
91, 100, 105, 106, 119, 129, 138, 139, 141, 143, 145, 149, 156, 171, 190, 198
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
SOBRE OS AUTORES
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Proibida a impressão, distribuição e/ou comercialização
Marcelo Sauaia
Comunicólogo, tendo estudado na Faculdade da
Cidade. Experiência em Marketing e Jornalismo.
Idealizador e Coordenador do Projeto Energia
Olímpica e gerenciamento de outros socioespor-
tivos similares. Serviços prestados no Terceiro
Setor em várias instituições, entre elas: Federa-
ção de Luta Olímpica e Associadas do Estado do
Rio de Janeiro, ONG TAMIM e Ação da Cida-
dania. Coordenador Geral do Projeto ECOAR.
Presidente da Associação de Moradores do Bairro Peixoto, Área de Proteção
Alessandro X. Carmo
Pai, Educador, Poeta, Licenciado em Filosofia,
Licenciado em História, Membro do ECOAR,
Professor da SEEDUC RJ. Bacharelando em
Psicologia, com Curso de Aperfeiçoamento em
Cinema Etnográfico, Especialista em Teatro e
Mestre em Educação.
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SOBRE O LIVRO
Tiragem: Não Comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal | Supremo 250 g (capa)