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Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização


Cristiano Teixeira Mostarda
Carlos José Moraes Dias
Flávio de Oliveira Pires
Janaina de Oliveira Brito Monzani
(Organizadores)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

EXERCÍCIO FÍSICO EM
CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases
fisiopatológicas e prática

Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem de Capa: pch.vector/Freepik
Revisão Técnica: Cristiano Teixeira Mostarda
Revisão: Os Autores

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506

E96

Exercício físico em condições fisiológicas específicas: bases fisiopatológicas


e prática / Cristiano Teixeira Mostarda, Carlos José Moraes Dias, Flávio de Oliveira
Pires, Janaina de Oliveira Brito Monzani (organizadores) – Curitiba : CRV, 2022.
144 p.

Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-3979-1
ISBN Físico 978-65-251-3980-7
DOI 10.24824/978652513980.7

1. Educação Física 2. Atividade física – envelhecimento 3. Sistema nervoso


autônomo 4. Doenças cardiovasculares I. Mostarda, Cristiano Teixeira. org. II. Dias,
Carlos José Moraes. org. III. Pires, Flávio de Oliveira. org. IV. Monzani, Janaina de
Oliveira Brito. org. V. Título VI. Série.

2022-27116 CDD 796


CDU 796
Índice para catálogo sistemático
1. Educação física – 796

2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
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Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Allyson Carvalho (UFRN)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Andrey Portela (UNIGUAÇU)
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de La Havana – Cuba) Suraya Cristina Darido (UNESP)
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Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)

Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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LACORE
Laboratório de Adaptações Cardiovasculares ao Exercício
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A presente obra foi realizada com apoio da


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Brasil (CAPES).
Código de Financiamento 001.
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO����������������������������������������������������������������������11

CAPÍTULO 1
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EXERCÍCIO FÍSICO E ENVELHECIMENTO��������������������������13


Antonio Woodson Santos Maciel
Leandro Moraes Pinto
Flávio de Oliveira Pires
Cristiano Teixeira Mostarda.

CAPÍTULO 2
MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA
E EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS COM
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE����������������������������31
Daiane Pereira da Silva
Mateus da Silva Rumão
Felipe Bispo Ribeiro Júnior
Alessandra Priscila Agustinho Mostarda
Carlos José Moraes Dias

CAPÍTULO 3
TREINAMENTO RESISTIDO E VARIABILIDADE DA
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM IDOSOS���������������������������������47
Bruno Bavaresco Gambassi

CAPÍTULO 4
SÍNDROME METABÓLICA E EXERCÍCIO FÍSICO����������������57
Sara Raquel Dutra Macêdo
Antônio Carlos Pereira Silva Filho

CAPÍTULO 5
EXERCÍCIO FÍSICO E MENOPAUSA��������������������������������������69
Andressa Coelho Ferreira
Jerdianny Silva Serejo
Carlos Alberto Alves Dias Filho
Janaina de Oliveira Brito Monzani
CAPÍTULO 6
EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO NAS
VARIÁVEIS AUTONÔMICAS E PSICOLÓGICAS
EM PACIENTES COM DPOC���������������������������������������������������91
Leonardo Hesley Ferraz Durans
Alessandra Priscila Agustinho Mostarda
Rodrigo França Barroso

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Josimary Lima da Silva Lula
Cristiano Teixeira Mostarda

CAPÍTULO 7
HIPERTENSÃO E DIABETES NA ADOLESCÊNCIA������������103
Carlos Alberto Alves Dias Filho
Nivaldo de Jesus Soares Silva Júnior
Carlan da Silva Sena
Luís Gustavo Dias Rabêlo

CAPÍTULO 8
EXERCÍCIO FÍSICO E TRANSPLANTE RENAL������������������117
Carlos José Moraes Dias
Luana Monteiro Anaisse Azoubel
Natalino Salgado Filho
Érika Ribeiro Carneiro
Cristiano Teixeira Mostarda

CAPÍTULO 9
EXERCÍCIO, TERMORREGULAÇÃO
E CONTROLE AUTONÔMICO
CARDÍACO NO IDOSO�����������������������������������������������������������127
Ana Lídia Carvalho Cutrim
Raul Lenow Moraes Gomes
Flávio de Oliveira Pires
Sara Raquel Dutra Macêdo
Cristiano Teixeira Mostarda

ÍNDICE REMISSIVO............................................................... 137

SOBRE OS AUTORES������������������������������������������������������������139
APRESENTAÇÃO

Caro leitor, este livro é um compilado de alguns trabalhos rea-


lizados ao longo desses anos pelo nosso grupo, que tem como linha
investigativa principal o efeito do exercício físico em condições espe-
cíficas, como o envelhecimento, as doenças cardiovasculares, a doença
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pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a doença renal crônica (DRC) e


as alterações autonômicas. Todos os autores foram orientados ou são
orientadores dos programas de pós-graduação strictu sensu na Univer-
sidade Federal do Maranhão: Programa de Pós-Graduação em Eduação
Física (PPGEDF), Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto
(PPGSAD) e Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO).
Todos estes trabalhos foram realizados no Laboratório de Adap-
tações Cardiovasculares ao Exercício, o LACORE, na Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) e são produtos gerados por TCCs, dis-
sertações de mestrado e teses de doutorado. O LACORE tem tido como
foco principal o estudo do comportamento dos mecanismos de controle
da pressão arterial em curto prazo em diversas patologias e em indivíduos
saudáveis. Adionalmente, a combinação dos efeitos do uso de fármacos
e exercício também é estudada em nosso grupo. Uma característica do
nosso grupo é a de, após explorarmos esses mecanismos e o efeito de
diversas abordagens em diferentes protocolos de exercício, buscarmos
inserir nossos achados num contexto biotecnológico gerando produtos
como elaboração de aplicativos, validação de equações e patentes. Esta
característica possibilita que a pesquisa científica não fique limitada
somente ao laboratório, mas sirva de alguma forma para facilitar quem
atua no campo da prática em clínicas, academias e hospitais. De certa
forma, estes trabalhos mostram um pouco da trajetória e do crescimento
destes profissionais que hoje atuam no mercado de trabalho em outras
universidades particulares e federais, assim como a linha de pesquisa
em que eles atuam recentemente.
Espero que os trabalhos contidos aqui ajudem você de alguma
forma a ter direcionamento em relação à sua vida profissional.
Um forte abraço e boa leitura!
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CAPÍTULO 1

EXERCÍCIO FÍSICO E
ENVELHECIMENTO
Antonio Woodson Santos Maciel
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Leandro Moraes Pinto


Flávio de Oliveira Pires
Cristiano Teixeira Mostarda.

Introdução

A velhice, concebida da condição de ser ou estar em idade avançada,


que se segue à idade madura, é representada pelo conjunto de efeitos ou
consequências da passagem do tempo, que de forma variável promove
declínio morfofuncional nos sistemas fisiológicos, e por essa razão, são
complexas as mudanças que constituem e influenciam o envelhecimento
(MORAES; MORAES; LIMA, 2010; PAPALÉO NETTO, 2011).
Cientes de que a população mundial tem mudado seu perfil demo-
gráfico, os países e suas respectivas unidades federativas têm observado
fatores responsáveis pelas alterações neste perfil, percebendo uma con-
tribuição dos avanços na medicina, do desenvolvimento socioeconô-
mico, e da redução da natalidade (ABAJOBIR et al., 2017). Progressos
no campo da informação e da tecnologia proporcionam melhor qua-
lidade de vida e acesso a serviços públicos ou privados (TENÓRIO;
MELLO; VIANA, 2017), contribuindo assim para o aumento da expec-
tativa de vida (EV), gerando conhecimento científico para resolução
dos agravos da saúde pública.
Melhorias nos recursos farmacológicos, genéticos e ambientais
podem ajudar a explicar o prolongamento do tempo de vida, atenuar
perda de funções e acometimento de doenças no envelhecimento e,
ainda, reduzir a morbidade da idade avançada (PARTRIDGE; DEE-
LEN; ELINE SLAGBOOM, 2018). Em paralelo, métodos não inva-
sivos e não farmacológicos, particularmente a atividade física (AF) e
o exercício físico (EF), são incluídos nos programas voltados para a
melhoria da qualidade de vida e da longevidade por serem constatados
seguramente seus efeitos benéficos para a promoção de um envelheci-
mento saudável (SCHÄTTIN et al., 2018).
14

Por outro lado, tanto o treinamento físico aeróbio quanto o trei-


namento físico resistido tem sido uma importante estratégia para o
envelhecimento saudável por trazer benefícios em relação a preserva-
ção da massa muscular, plasticidade neuronal, da cognição,melhora do
funcionamento do sistema nervoso autônomo, normalização de diversos
indicadores cardiometabólicos como triglicerídeos, lipoproteínas de
baixa densidade (LDL), lipoproteínas de alta densidade (HDL), assim

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como controle adequado da glicemia, da frequência cardíaca (FC), da
pressão arterial (PA), e outros (HOOD et al., 2019; MOSTARDA et al.,
2009; SCHÄTTIN et al., 2018).

Alterações fisiológicas no processo de envelhecimento

Com o passar da idade, diversas alterações fisiológicas acontecem


no organismo humano, tais como, o declínio hormonal, alterações na
composição corporal, com aumento no armazenamento da gordura e
redução da massa muscular e óssea, e consequentemente, perda da força
e potência muscular, redução da função neural, deterioração da capaci-
dade pulmonar e cardiovascular, com aumento da atividade simpática
nervosa e mudanças na estrutura dos vasos, como espessamento das
paredes, redução dos compostos que induzem a vasodilatação, como o
óxido nítrico, levando a um quadro de disfunção endotelial. Tais altera-
ções fisiológicas do processo de envelhecimento, possuem uma direta
relação entre o avanço da idade e o surgimento de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT’s) e uma das consequências desse envelhe-
cimento populacional é o aumento das prevalências dessas doenças
(SILVA et al., 2015).
As mudanças provocadas pelo envelhecimento são, em grande
parte, conhecidas, mas não se pode afirmar se são dependentes do enve-
lhecimento primário, presente em todas as pessoas e geneticamente
determinado, ou se são resultantes do envelhecimento secundário,
caracterizado pelo somatório de fatores externos, como alimentação,
fumo, sedentarismo, ingestão de álcool, tipo de personalidade e aspectos
socioeconômicos, que juntos se intensificam ou atenuam as mudanças
causadas pelo envelhecimento primário (FECHINE; TROMPIERI,
2012). Por outro lado, a eliminação ou a modificação de tais fatores
pode propiciar o chamado envelhecimento saudável ou bem-sucedido,
caracterizado por baixo risco de doença e de incapacidade funcional
relacionada a elas, um ótimo funcionamento mental e físico, e envol-
vimento ativo com a vida.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 15

Como mostra a Figura 1, os principais fatores que determinam


o processo de envelhecimento perpassam pelos fatores psicossociais
somados aos fatores ambientais, a base genética e o estilo de vida que
o indivíduo leva, além de uma série de alterações fisiológicas que oca-
sionam a uma diminuição do equilíbrio homeostático e o surgimento
das doenças neste processo
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Figura 1 – Fatores determinantes do processo de


envelhecimento e consequente diminuição da capacidade
de manutenção do equilíbrio homeostático
FATORES PSICOSSOCIAIS

ESTILO DE VIDA BASE GENÉTICA FATORES AMBIENTAIS

ENVELHECIMENTO
DO ORGANISMO

ALTERAÇÕES

FUNCIONAIS CELULARES MOLECULARES

DIMINUIÇÃO
CAPACIDADE DO EQUILÍBRIO
HOMEOSTÁTICO

MAIOR DISPOSIÇÃO
À DOENÇAS

Fonte: Papáleo Netto (2011).

Em parâmetros fisiológicos, diversos sistemas são afetados pelo


envelhecimento e o músculo esquelético é um dos que sofre altera-
ções críticas com o passar da idade, pois a remodelagem das unidades
motoras representa um processo contínuo e normal e é responsável
pelo reparo e reconstrução da placa motora terminal, porém, este pro-
cesso deteriora-se gradualmente na idade avançada. A massa muscular
geralmente começa a declinar após 25-30 anos de idade, de tal forma
que em média 40% da massa muscular é perdida em 80 anos. Por sua
vez, uma perda quantitativa na área de secção transversal muscular
é um dos principais contribuintes a diminuição da força muscular
observada com o avançar da idade, ou seja, após 60-70 anos de idade
(GARATACHEA et al., 2015).
Isto é resultado de um processo denominado atrofia muscular
por denervação, uma degeneração irreverssível das fibras musculares,
16

em especial as do tipo II e associa-se com um processo de inflamação


crônica, com aumento de citocinas pró-inflamatórias, diminuíção das
células satélites, baixa síntese proteica muscular, com redução dos hor-
mônios anabólicos, como hormômio do crescimento (GH) circulante e
do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), redução
no número e na capacidade das mitocôndrias, nos núcleos celulares
e nas estruturas da placa terminal. Estas alterações em conjunto ele-

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vam a perda da massa, da função e qualidade muscular, num processo
denominado de sarcopenia. O termo “sarcopenia” foi originalmente
criado para se referir à perda de massa muscular relacionada à idade
com a consequente perda de força (COOPER et al., 2012; PETERSON;
JOHANNSEN; RAVUSSIN, 2012; GARATACHEA et al., 2015).
Por ser considerado a maior reserva de proteína no corpo, e durante
períodos de estresse, subnutrição ou fome, o músculo esquelético pro-
porciona um contínuo fornecimento de aminoácidos para manter a sín-
tese de proteína em outros tecidos (COOPER et al., 2012). Além disso,
ele é o principal local de consumo da glicose, e a diminuição da massa
muscular pode prejudicar o metabolismo da glicose em pacientes com
resistência a insulina e diabetes melito tipo 2 (COOPER et al., 2012).
O sistema endócrino também sofre alterações importantes com o
passar da idade, onde cerca de 40% dos indivíduos com idade entre 65
e 75 anos e 50% daqueles com mais de 80 anos apresentam tolerância
a glicose deteriorada, resultando no aparecimento de diabetes do tipo
2 nestas populações. Além disso, a redução na liberação hipofisária
do hormônio tireoestimulante (TSH), incluindo produção reduzida de
tiroxina (T4), tendo impacto direto sobre a função metabólica, com
resultante redução da taxa metabólica basal (TMB), do metabolismo
da glicose e da síntese das proteínas (COOPER et al., 2012).
Redução das funções do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonodal
também é influenciado pelo envelhecimento, onde nas mulheres, a
alteração na interação dos hormônios estimulantes do hipotálamo e
adeno-hipófise com as gônadas reduz a produção de estradiol pelos
ovários desencadeando a parada permanente do ciclo menstrual, num
processo denominado menopausa e que coincide com o aumento das
doenças cardiovasculares, pois o estrogênio possui uma função car-
dioprotetora e age aumentando a síntese de lipoproteína de alta densi-
dade (HDL) e degradação de lipoproteína de baixa densidade (LDL),
justificando um balanço benéfico no metabolismo dessas lipoproteínas,
ou seja, após a menopausa, as mulheres desenvolvem um perfil lipídico
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 17

mais aterogênico (elevação do LDL e redução do HDL), tornando um


possível fator de risco cardiovascular. O estrogênio tem ainda a capa-
cidade de diminuir a concentração e/ou efeito dos radicais livre, como
o ânion superóxido, por exemplo, que promove a oxidação do LDL e
a consequente formação de placas de ateroma em células endoteliais,
gerando processos inflamatórios e lesão vascular, ou ainda, ocasiona
uma modificação na biodisponibilidade do óxido nítrico, levando a
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formação de um inibidor da síntese de prostaciclina, o peroxinitrito,


que por sua vez, é capaz de induzir vasoconstrição arterial, tornando-
-se um dos fatores de destaque na disfunção endotelial. Além disso,
o estrogênio é capaz de agir diretamente sobre os miócitos cardíacos,
exercendo um efeito modulatório negativo sobre a expressão gênica
da proteína de canais de cálcio tipo L, controlando a atividade desses
canais na membrana plasmática, reduzindo assim as anormalidades
na excitabilidade cardíaca, bem como no risco de arritmias e outras
doenças cardiovasculares (VIEIRA; APRILE; PAULINO, 2014).
A evidência indica que as alterações no tamanho e na força dos
músculos, na composição corporal e na massa óssea, assim como a pro-
gressão da aterosclerose, relacionam-se diretamente com as alterações
hormonais observadas com o envelhecimento. A função neural, por sua
vez também sofre grande alteração no processo de envelhecimento,
apresentando um declínio de quase 40% no número de axônios e 10% na
velocidade de condução nervosa (VIEIRA; APRILE; PAULINO, 2014).
O sistema respiratório também é deteriorado no processo enve-
lhecimento e a função pulmonar tanto estática quanto dinâmica sofrem
sérias modificações. As alterações provocadas pela idade levam a um
comprometimento no transporte de oxigênio e na capacidade funcional
dos idosos. Reduções na complacência da caixa torácica, no recuo elás-
tico dos pulmões e na força dos músculos respiratórios são os principais
responsáveis pelos prejuízos funcionais observados em idosos, além
do mais, a calcificação das cartilagens e articulações da caixa torácica,
associada a diminuição no volume dos discos intervertebrais, leva ao
enrijecimento do tórax. É importante ressaltar que essas modificações
estruturais não alteram somente a complacência da caixa torácica, mas,
também, a curvatura do diafragma e sua capacidade de manter tensão.
Adicionalmente, à desvantagem mecânica, a força dos músculos res-
piratórios encontra-se reduzida com o envelhecimento, levando a uma
diminuição da capacidade pulmonar total e dos principais volumes
pulmonares, o que provavelmente ocorre pelas alterações musculares
próprias da idade (COOPER et al., 2012).
18

Outras alterações decorrentes do processo de envelhecimento e/ou


de condições patológicas, como a hipertensão arterial, acontecem nas
paredes dos vasos, mais precisamente no endotélio, onde os compostos
que induzem a vasodilatação, como o óxido nítrico, são reduzidos e
por sua vez, os compostos que induzem a vasoconstrição, aumentados,
havendo um desequilíbrio desses componentes ocasionando uma dis-
função endotelial nesses indivíduos (BATLOUNI, 2001; ALLEY et al.,

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2014; STORCH et al., 2017).
Com o passar dos anos, essas alterações do organismo humano
no processo natural de envelhecimento geram modificações funcionais
e estruturais (VIEIRA; APRILE; PAULINO, 2014), existindo direta
relação entre avanço da idade e as doenças crônicas não transmissíveis
(SILVA et al., 2015). Uma das consequências desse envelhecimento
populacional é o aumento das prevalências dessas doenças crônicas,
destacando-se, principalmente, as cardiovasculares, que estão associadas
às alterações autonômicas. Estas incluem, usualmente, diminuição da
ativação parassimpática e/ou aumento da modulação simpática, levando
ao aumento da resistência vascular periférica e consequentemente, ao
aumento da pressão arterial, acometendo tanto homens quanto mulhe-
res no período pós-menopausa (VIEIRA; APRILE; PAULINO, 2014).
As DCNT’s podem afetar a funcionalidade das pessoas idosas e que
a dependência para o desempenho das atividades de vida diária (AVD)
tende a aumentar cerca de 5% na faixa etária de 60 anos para cerca de
50% entre os com 90 ou mais anos. Desta forma, os estudos tentam
buscar estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde com
o objetivo de alcançar um processo de envelhecimento mais saudável e
ativo, melhorando a qualidade de vida, em especial da população idosa.
Assim, a prática regular de exercício garante benefícios a nível físico,
fisiológico, social e psicológico, que se resumem num objetivo principal
que é a melhoria da saúde, bem-estar e da qualidade de vida da pessoa
idosa e alguns eixos precisam ser levados em consideração para garantir
resultados positivos à população que envelhece como uma alimentação
saudável para pessoas idosas, prática corporal e atividade física além de
trabalhos em grupo com pessoas de mesma faixa etária (BRASIL, 2007).

Exercício físico e envelhecimento

Como já visto anteriormente, com o passar do tempo o orga-


nismo e o corpo sofrem modificações e perdas de massa muscular,
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 19

flexibilidade, força, equilíbrio, massa óssea, aumento da gordura cor-


poral, entre outras. Adquirindo como hábito o exercício físico, o idoso
encontra um forte aliado na prevenção e controle de diversas patologias,
além de ser imprescindível para um envelhecimento saudável, sendo,
portanto, considerado um fator de promoção da saúde (FERNANDES,
2014; GOZZI; BERTOLINI; LUCENA, 2016).
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Figura 2 – Principais alterações no processo de envelhecimento


e o papel do exercício físico neste processo
IDADE EXERCÍCIO FÍSICO
FUNÇÃO CEREBRAL NEUROGÊNESE
NEURODEGENERAÇÃO
ALTERAÇÕES COGNITIVAS
CARDIOVASCULAR DÉBITO CARDÍACO
PRESSÃO ARTERIAL
FUNÇÃO ENDOTELIAL
FUNÇÃO AUTONÔMICA
PRÉ CONDICIONAMENTO CARDÍACO
PULMONAR
VENTILAÇÃO
TROCA GASOSA

MUSCULAR FORÇA/POTÊNCIA MUSCULAR


RESISTÊNCIA MUSCULAR
EQUILÍBRIO E MOBILIDADE
FLEXIBILIDADE E AMPLITUDE ARTICULAR
DIFERENÇA ARTÉRIO-VENOSA DE O2
COMPOSIÇÃO CORPORAL PESO
MASSA DE GORDURA
MASSA MUSCULAR
DENSIDADE ÓSSEA
METABOLISMO TAXA METABÓLICA DE REPOUSO
SÍNTESE PROTEICA MUSCULAR
OXIDAÇÃO DE GORDURA

Fonte: Adaptado de Garatachea et al. (2015).

De maneira geral, os principais benefícios do exercício físico no


processo de envelhecimento estão descritos na Figura 3. Neste sentido,
programas de exercícios físicos vêm sendo conduzidos com o intuito de
atenuar os efeitos deletérios do envelhecimento e pode propiciar tanto
benefício agudo, quanto crônico (NOGUEIRA et al., 2010).
Pois sabe-se que baixos níveis de condicionamento físico estão
associados com a alta prevalência de risco cardiovasculares e os exercí-
cios físicos são considerados estratégias eficientes de combate a HAS,
e muitas doenças crônicas como diabetes, dislipidemia, doença arterial
coronariana (DAC) e obesidade.
Além disso, o exercício físico pode proporcionar benefícios car-
diovasculares, metabólicos e autonômicos tanto de forma aguda, quanto
a uma adaptação crônica e isto têm levado muitos investigadores a suge-
rir o treinamento físico como conduta não farmacológica importante
no tratamento de diferentes patologias (MOSTARDA et al., 2009). O
20

efeito protetor do exercício físico vai além da redução da PA, estando


associado à redução dos fatores de risco cardiovasculares e à menor
morbimortalidade, quando comparadas pessoas ativas com indivíduos
de menor aptidão física, o que explica a recomendação deste na preven-
ção primária e no tratamento da hipertensão (NOGUEIRA et al., 2010).
O Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda que
para esta população, sejam desenvolvidos programas de exercícios

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físicos considerados multicomponentes que visem desenvolver diversas
capacidades físicas, como a melhora da força, resistência, flexibilidade
e do equilíbrio, para manter a aptidão física em idosos e assim diminuir
o risco de quedas, muito frequentes, além de melhorar a capacidade
muscular e cardiorrespiratória, reduzindo os riscos de morbimortalidade
associadas às doenças crônicas (GARATACHEA et al., 2015).
Para se obter resultados na capacidade aeróbia, é de primordial
importância a prescrição correta da intensidade do exercício, uma vez
que exercícios leves podem não ser suficientes para promover adap-
tações cardiovasculares e modificações nos fatores de risco. Diferen-
tes estudos têm demonstrado que programas de exercícios físicos que
englobem o treino aeróbio com intensidade superior a 60% do VO2max,
com duração entre 20 a 60 minutos, frequência semanal de pelo menos
3 dias durante 16 ou mais semanas, podem aumentar significativamente
(média de 3,8 ml/kg/min) o VO2max em adultos de meia-idade e idosos
crônicas (GARATACHEA et al., 2015).
Por outro lado, diferentes estudos têm referido que a sarcopenia
associada ao envelhecimento, traduzida na perda da quantidade e qua-
lidade muscular, predispõe os idosos a uma limitação funcional sendo
este um aspecto determinante na morbidade e mortalidade destes grupos
etários mais velhos (COOPER et al., 2012). Neste contexto, o treina-
mento de força vem sendo considerado uma intervenção promissora
para impedir ou reverter, pelo menos em parte, as perdas decorrentes
do envelhecimento. A musculação tem sido fortemente recomendada
para terceira idade, resultando na melhora das habilidades funcionais,
do estado de saúde, da qualidade de vida, da independência dos ido-
sos e na prevenção de doenças crônicas (OLIVEIRA; BERTOLINI;
JOAQUIM, 2014).
Os benefícios do exercício regular em humanos, são considerados
uma dose-resposta. Níveis mais altos de exercício moderado a vigoroso
(> 450 min / semana, claramente acima das recomendações internacio-
nais mínimas de 150 min / semana) estão associados a maior expectativa
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 21

de vida. O exercício certamente não pode reverter o processo de enve-


lhecimento, mas atenua muitos de seus efeitos deletérios sistêmicos e
celulares. As condições crônicas mais comuns associadas à idade são
as doenças da fisiologia e, portanto, as intervenções fisiológicas, das
quais o exercício físico é sem dúvida o melhor exemplo, são em grande
parte a resposta (JOYNER, 2011).
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Treinamento com restrição de fluxo sanguíneo e envelhecimento

O treinamento de força tradicional tem por finalidade promover


melhorias no sistema musculoesquelético, aumentando a força, a potên-
cia e a resistência muscular, além de aumentar a densidade óssea, porém,
este tipo de treinamento representa estímulos diferentes ao organismo
e dependem diretamente de fatores como a intensidade, volume, densi-
dade, dentre outros, e, portanto, resultam em adaptações musculares e
cardiovasculares distintas (DUTRA et al., 2013; FERNANDES, 2014;
GARATACHEA et al., 2015).
Sabe-se que para ganhos de força e para o aumento da massa
muscular, intensidade mais altas precisam ser empregadas para a obten-
ção de tais resultados. Embora os benefícios do treinamento de força
sobre a força e a massa muscular estejam bem estabelecidos, o seu
efeito na morfologia cardíaca permanece ambíguo. Alguns estudos
têm demonstrado, que este tipo de treinamento quando realizado em
intensidades mais altas, estimula o aumento da musculatura cardíaca,
promovendo a chamada hipertrofia cardíaca concêntrica, resultando
em grande sobrecarga de pressão sobre o sistema cardiovascular, de
modo que a longo prazo, observa-se um aumento da massa cardíaca,
da contratilidade cardíaca e não há um aumento expressivo da câmara
interna do coração (GARATACHEA et al., 2015).
Entretanto, estudo tem relatado que o treinamento de força tanto
de curta duração (<5 anos) quanto de longa duração (>18 anos) não
altera a morfologia cardíaca, principalmente do ventrículo esquerdo,
argumentando que a hipertrofia cardíaca concêntrica não é uma adap-
tação obrigatória secundária a esta forma de esforço e que essa altera-
ção pode ser causada pelos mecanismos cardiopulmonares agudos que
minimizam o aumento da pressão transmural (pressão ventricular menos
a pressão intratorácica), o estresse da parede do ventrículo esquerdo
durante o exercício, uso subjacente de esteroides anabolizantes ou o
tipo específico de treinamento de força realizado (JOYNER, 2011).
22

Nesse contexto, diversos métodos de treinamento têm sido


desenvolvidos, investigados e aplicados, com o intuito de garantir os
benefícios do treinamento de força, sem, contudo, afetar a saúde da
população idosa. Assim, o método de restrição de fluxo sanguíneo, tem
sido utilizado no treinamento de força para proporcionar os benefícios
semelhantes àqueles trabalhados em alta intensidade. Tem se notado,
uma grande quantidade de estudos voltados a investigar os benefí-

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cios agudos e crônicos do treinamento de força de baixa intensidade
com a utilização do método de restrição de fluxo sanguíneo sobre os
parâmetros hipertróficos e o aumento da força muscular em diferentes
públicos e condições de saúde, bem como proporcionar benefícios de
saúde aos idosos, indivíduos que se recuperam de lesões articulares e a
pacientes submetidos à reabilitação cardíaca (MANINI; CLARK, 2009;
LOENNEKE; WILSON; WILSON, 2010; TEIXEIRA; HESPANHOL;
MARQUEZ, 2015; LOENNEKE et al., 2015; GIL et al., 2015; SLYSZ;
STULTZ; BURR, 2016; SPRANGER et al., 2015).
Os possíveis mecanismos pelos quais o treinamento de força de
baixa intensidade (<50% de 1-RM) combinado com a restrição do fluxo
sanguíneo estimula os aumentos de força e hipertrofia muscular seria
a indução da hipóxia local, ou seja, baixa disponibilidade de oxigênio,
levando a um acúmulo de metabólitos como o lactato sanguíneo indu-
zido pela redução do pH e pelo aumento nas concentrações dos íons
de hidrogênio promovido pelo desequilibrio ácido-base, aumento tam-
bém da concentração gás carbônico (CO2) provenientes da respiração
(LOENNEKE; WILSON; WILSON, 2010; LOENNEKE et al., 2012).
Tal desequilibrio na homeotase fisiológica, estímula o aumento
da hormônio do crescimento (GH) devido a ativação do nervo sim-
pático através do reflexo quimioreceptor mediado pelos metaborre-
ceptores (TAKARADA et al., 2000; ABE; KEARNS; SATO, 2006;
LOENNEKE; WILSON; WILSON, 2009; LOENNEKE et al., 2010;
MANIMMANAKORN et al., 2013; OZAKI; LOENNEKE; ABE,
2015), hiperativação de unidades motoras e fibras do tipo II, as quais
são mais reponsivas ao TF e consequentemente, um aumento da sín-
tese proteica através da via de proteína alvo da rapamicina em mamí-
feros (mTOR) ativado através da fosforilação da S6K1 e inibição da
miostatina, um potente inibidor de proliferação das células satélites
(TAKARADA et al., 2000; MANINI; CLARK, 2009; LOENNEKE;
WILSON; WILSON, 2009; LOENNEKE et al., 2010; TEIXEIRA;
HESPANHOL; MARQUEZ, 2012).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 23

Embora alguns estudos agudos e crônicos tenham sido feitos com


o intuito de investigar os possíveis benefícios do treinamento de força
com restrição de fluxo sanguíneo sob o sistema cardiovascular, ainda
não há um consenso na literatura sobre a pressão de restrição ideal a
ser aplicada, qual o tempo necessário para que haja uma adaptação
cardiovascular e hemodinâmica, qual o tamanho e largura ideal do
manguito para restringir a passagem sanguínea ou então quais popu-
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lações estão mais suscetíveis a um evento cardiovascular ao receber


este tipo de treinamento.
Em idosos, estudos que investigaram o treinamento de força com
a restrição do fluxo sanguíneo mostraram efeitos benéficos no combate
à sarcopenia (FRY et al., 2010) e que pode ser utilizado na reabilitação
em idosos acometidos por osteoartrite (FERRAZ, 2014; BUFORD
et al., 2015), além de proporcionar aumento significativo no tamanho
muscular, com melhora na área transversal, bem como na força muscu-
lar e na capacidade funcional (ABE et al., 2010; KARABULUT et al.,
2010; TEIXEIRA; HESPANHOL; MARQUEZ, 2012; TEIXEIRA et al.,
2012; YASUDA et al., 2015).
Para populações especiais, como hipertensos, estudo mostra que
teoricamente, o treinamento de força combinado com restrição do fluxo
sanguíneo não seria recomendado, pois elevaria ainda mais a pressão
arterial, a frequência cardiaca, a estimulação simpática autonômica no
coração e nos vasos, devido a baixa oferta de oxigênio (O2), aumento
na concentração de gás carbônico (CO2), íons de hidrogênio, conse-
quentemente uma mudança no pH, aumentando a acidose e levando
estimulação dos reflexos nervosos (SPRANGER et al., 2015), dentre
eles, o mecanorreflexo que são constituídos por terminações nervosas
livres que se situam na adventícia de grandes vasos (aorta e carótida)
e que são estimulados por deformações das paredes desses vasos, o
quimiorreflexo que detectam os aumentos ou as quedas da pressão
parcial de oxigênio (PO2), da pressão parcial de gás carbônico (PCO2)
e da concentração de íons de hidrogênio e os metaborreflexos que são
estimulados quimicamente pelo acúmulo de lactato, CO2, íons de hidro-
gênio etc., e são mediados via ativação de receptores mecanicamente
e quimicamente sensíveis que por sua vez, ativam as fibras nervosas
dos grupos III e IV predominantemente associadas aos metaborrefle-
xos, além disso, estímulos mecânicos como o estiramento muscular,
ativam principalmente os neurônios associados ao mecanorreflexo, que
chegam ao comando central e como resposta os ajustes autonômicos
24

desencadeiam as alterações no sistema cardiovascular, aumentando a


atividade simpática e reduzindo simultaneamente a atividade paras-
simpática (IRIGOYEN; CONSOLIM-COLOMBO; KRIEGER, 2001).
Sabe-se que em indivíduos hipertensos, a atividade simpática
nervosa em repouso é aumentada comparada a indivíduos normoten-
sos, assim, de acordo com alguns estudos, esta população estaria mais
suscetível a riscos cardiovasculares durante o exercício (SPRANGER

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et al., 2015). Porém, muitos estudos têm sido feitos com esta população
utilizando o treinamento de força de baixa intensidade combinado com
a restrição do fluxo sanguíneo e o que tem se obervado é que ajustes
de caráter neural, autonômico e cardiovascular acontecem para manter
a homeostasia e como resposta, geram adaptações hemodinâmicas e
efeitos hipotensores tanto em estudos agudos quanto crônicos (POTON;
POLITO, 2014; MORIGGI et al., 2015; NETO et al., 2015; BUNEVI-
CIUS et al., 2016; NETO et al., 2017).
Diversos estudos têm mostrado efeitos hipotensores na utilização
da restrição de fluxo sanguíneo combinado ao treinamento de força
de baixa intensidade, até mesmo, similares aos treinamentos de alta
intensidade, porém com baixa percepção de esforço. Em um estudo de
revisão, que objetivou sistematizar as evidências científicas disponíveis
sobre as mudanças agudas ou crônicas promovidas pelo treinamento
de força de baixa intensidade com restrição de fluxo sanguíneo nas
variáveis hemodinâmicas, mostrou que essas alterções promovidas por
este modelo de treinamento, não parece diferir entre indivíduos com
idades distintas, porém, a largura do manguito parece interferir em tais
resultados. Os autores consideram que estes parâmetros estão dentro
do intervalo normal e, assim, concluem que o método de restrição do
fluxo sanguíneo quando associado ao treino de força de baixa intensi-
dade, pode ser considerado seguro e viável para populações especiais,
como os idosos e cardiopatas, pois promove maiores ganhos de força
e hipertrofia, sem alterar negativamente as medidas hemodinâmicas
(NETO et al., 2017).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 25

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CAPÍTULO 2

MODULAÇÃO AUTONÔMICA
CARDÍACA E EXERCÍCIO FÍSICO EM
IDOSOS COM COMPROMETIMENTO
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COGNITIVO LEVE
Daiane Pereira da Silva
Mateus da Silva Rumão
Felipe Bispo Ribeiro Júnior
Alessandra Priscila Agustinho Mostarda
Carlos José Moraes Dias

Introdução

O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial, no


Brasil as mudanças ocorrem de forma acelerada (VERAS, 2009). A
organização mundial da saúde (OMS, 2010), afirma que até 2025 o
Brasil passará da 10ª para a 6ª posição com o maior índice de pessoas
idosas no mundo. No Brasil segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística-IBGE (2011) indicam que, essa população che-
gará a 26.7% em 2060, devido baixas taxas de mortalidade e natalidade.
Envelhecimento ou velhice é um fenômeno natural que atinge
todos os seres humanos, caracterizado como um processo dinâmico,
progressivo e irreversível, ligados a fatores biológicos, psíquicos e
sociais (BRITO; LITVOC, 2004; MENEZES et al., 2018).
Mudanças biológicas estão relacionadas com perdas da massa
muscular, diminuição da frequência cardíaca e da homeostase. Essas
alterações nos idosos fazem com que comecem a enfrentar os impactos
das doenças crônicas degenerativas, fragilidades e a temida dependên-
cia, ocasionada muitas das vezes por diminuição na cognição, encontra
partida nos idosos ativos essa realidade tende a diminuir (PIMENTA
et al., 2013; MACENA; HERMANO; COSTA, 2018).
Com envelhecimento, funções cognitivas são afetadas negativa-
mente, pois a partir da terceira década de vida ocorre perda de neurô-
nios com concomitante declínio da performance cognitiva (ANTUNES
32

et al., 2006; ASSUNÇÃO; CHARIGLIONE, 2020). A diminuição na


cognição são alterações no processo neurodegenerativo no sistema
nervoso central (SNC) do ser humano, demostrando dificuldades na
memória, linguagem e alterações comportamentais, influenciando no
sistema nervoso autônomo (SNA). O sistema nervoso autônomo é um
importante neuromodulador dos sistemas cardiovascular e metabólico,
permitindo que o sistema nervoso central mantenha a homeostase diante

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das alterações, tanto agudas quanto crônicas, em estados fisiológicos e
patológicos (MOSTARDA et al., 2009).
Para avaliar a influência do sistema nervoso autônomo (SNA)
de forma não invasiva, é utilizado a mensuração da variabilidade da
frequência cardíaca (VFC), que permite a avaliação da modulação
dos componentes do SNA, como o sistema nervoso simpático e o
sistema nervoso parassimpático (TÚBERO et al., 2014). A variabili-
dade da frequência cárdica (VFC), descreve oscilações dos intervalos
entre batimentos cardíacos consecutivos (intervalos R-R), que são
relacionados sobre a influência do SNA sobre nódulo sinusal (VAN-
DERLEI et al., 2009).
Neste sentido, o sistema nervoso central e autonômico relaciona-se
com estruturas no processo do envelhecimento, tanto cerebral quanto na
diminuição de atividades cognitivas. Assim, trabalhos realizados com
a população brasileira para avaliar a questão, mostrou haver redução
da influência parassimpática e uma relativa exacerbação simpática em
pacientes com déficit cognitivo (DIAS et al., 2013). Dessa forma, a
prática regular de exercícios físicos pode ajudar a promover benefí-
cios à função cerebral e desempenho cognitivo na população, além de
contribuir sobre o controle autonômico cardíaco (RÊGO; CABRAL;
FONTES, 2018).

Envelhecimento e comprometimento cognitivo leve

O comprometimento cognitivo leve (CCL) é definido como o


estágio intermediário entre a capacidade cognitiva dita normal para
a idade, e a que se caracteriza como demência (PETERSEN et al.,
2014). É considerado uma síndrome, que muitas das vezes, é uma fase
de transição para demência (PETERSEN, 2013; PETERSEN, 2016).
É importante ressaltar que termo comprometimento cognitivo leve
é considerado compatível ao termo transtorno cognitivo leve sustentado
pela Classificação Internacional de Doenças (CID11), ou seja, apresenta
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 33

definições bem semelhantes ao termo comprometimento cognitivo leve,


porém a vasta maioria da literatura segue utilizando o termo comprome-
timento cognitivo leve (LAUTENSCHLAGER; COX; ELLIS, 2019).
A prevalência de idosos com comprometimento cognitivo leve
é considerada alta mundialmente, apresentando números que variam
de 0,5% a 41,8%, com uma estimativa média mundial de 17,3% (IC
95%, 13,8-20,8) (PESSOA et al., 2019). Quando falamos em Brasil,
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essa estimativa se apresenta maior que a média mundial apresentando


média de 19,5% (IC de 95%, 16,6-22,8) (CÉSAR et al., 2016). Entre-
tanto, esses números sofrem muitas variações por serem influenciados
pela escolaridade, idade, nível socioeconômico, sexo, disfunções auto-
nômicas cardíacas e pelo fato de não ser aplicado critérios uniformes
para classificar uma pessoa com comprometimento cognitivo leve
(GALLUZZI et al., 2009; PETERSEN, 2016; PETERSEN, 2018;
GJØRA et al., 2021).
Existem vários meios para classificar uma pessoa com compro-
metimento cognitivo leve, desde avaliações subjetivas, como o grau
de comprometimento na realização das AVDs, onde não podem estar
totalmente ou quase totalmente comprometidas, até vários instrumen-
tos neuropsicológicos (PETERSEN et al., 2014; PETERSEN, 2016).
Entre eles, o Mine Exame do Estado Mental (MEEM) e o questionário
Montreal Cognitive Assessment (MOCA), que são os dois instrumentos
neuropsicológicos mais utilizados mundialmente (BRUCKI et al., 2003;
GALLAWAY et al., 2017; PYTKA, 2020).
A manutenção das funções cognitivas, como memória, função
executiva, atenção, percepção e linguagem, é uma condição fun-
damental para autonomia e realização de atividades da vida diária.
Desse modo, realizar a avaliação de tais funções torna-se importante,
podendo influenciar nas intervenções físicas e cognitivas que podem
minimizar os índices de comprometimento cognitivo leve em idosos
(FREITAS et al., 2006).

Exercício físico e cognição em idosos

É inquestionável que a prática regular de exercícios físicos tem


efeitos positivos na saúde, ajudando a reduzir o risco de doenças car-
diovasculares e cerebrovasculares como comprometimento cognitivo
leve e demência (MAZO, 2018; DAUWAN et al., 2021). Com o enve-
lhecimento, algumas funções cognitivas como atenção, memória e
34

concentração diminuem, tornando-se mais lentas e ineficientes, assim


como algumas funções físicas como andar, correr, saltar e se equilíbrar
(PRAKASH et al., 2015; ERICKSON et al., 2019). Essas manifestações
são decorrentes da perda de células neurais nos lobos frontal, parietal e
temporal que dependem fortemente de uma ipofunção das vias monoa-
minérgicas e colinérgicas (LIMA et al., 2020). Muitas dessas alterações
cognitivas são evidentes e podem causar comprometimento cognitivo

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leve, mesmo que não seja atingido um estado de demência.
Contudo, idosos ativos apresentam risco reduzido de desenvolver
comprometimento cognitivo, como também, melhorias nas funções
executivas, velocidade de processamento e memórias (PRAKASH
et al., 2015; ERICKSON et al., 2019). Estudos indicam, que a prática
de exercícios físicos é uma alternativa não medicamentosa, que pode
produzir efeitos positivos no desempenho cognitivo de indivíduos ido-
sos, podendo reduzir incidência de doenças neurológicas (HAMER;
CHIDA, 2009, HINDIN; ZELINSKI, 2012; DAUWAN et al., 2021).
Dessa forma, estudos de meta-análise prospectivos que investiga-
ram a associação entre a prática de exercício físico e risco de declínio
cognitivo, mostrou que, independente da intensidade (leve, moderada
ou intensa), a prática regular de exercício físico pode ter efeito pro-
tetor contra a ocorrência de declínio das funções cognitivas (SOFI
et al., 2011).
Ademais, estudos tem investigados detalhes específicos no treina-
mento físico como intensidade, duração e frequência, bem como seus
efeitos no desempenho cognitivo de idosos. Os resultados têm mostrado
que exercícios aeróbios e exercício contra resistência, podem produzir
efeitos positivos no desempenho cognitivo (GUIMARÃES; ROCHA;
BARBOSA, 2014; BARBOSA; AGNER, 2016).
Além disso, o exercício físico pode aumentar a circulação de oxi-
gênio no cérebro e a síntese de neurotransmissores, podendo produzir
efeitos protetores no cérebro reduzindo risco de desenvolver doenças
neurodegenerativas (HAMER; CHIDA, 2009).
Nesse sentido, alguns fatores de risco modificáveis, como hiper-
tensão, obesidade, diabetes e inatividade física, estão relacionados ao
comprometimento cognitivo e ao risco de demência. No entanto, a
prática regular de exercícios pode ter efeitos positivos contra esses
fatores de risco, apontando o exercício como mecanismo de caráter
preventivo no comprometimento cognitivo das funções cognitivas e
demência (PRAKASH et al., 2015; ERICKSON et al., 2019).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 35

Variabilidade da frequência cardíaca e exercício físico em


idosos

A Variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido utilizada


como ferramenta não invasiva para analisar a influência do sistema ner-
voso autônomo (TÚBERO et al., 2014). Dessa forma, estudos apontam
que durante o processo de envelhecimento temos redução na atividade
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parassimpática e consequentemente, diminuição nos índices da VFC,


assim idosos com disfunção autonômica apresentam risco aumentado
em desenvolver comprometimento cognitivo leve (GALLUZZI et al.,
2009; AUDIFFREN, 2010; BOEMEKE et al., 2011). Contudo, esses
fatores podem ser revertidos através da pratica regular de exercícios
aeróbios, resistidos cognitivos.
Dessa forma estudos como Buchheit et al. (2004) mostram que
idosos praticantes regulares de exercícios físicos, apresentam maiores
índices de VFC e principalmente dos índices vagais. Albinet et al.
(2010), apresentam a VFC e funções cognitivas em mulheres e homens
idosos durante 12 semanas de treinamento aeróbio e alongamento, veri-
ficando melhoras nos parâmetros vagais da VFC, mostrando o papel
do exercício aeróbio como proteção de importantes fatores cardíaco
e cerebrais.
Além do mais, Rossi et al. (2013) concluíram no seu estudo que
após 16 semanas de treinamento aeróbio e resistido houve benefícios
na modulação autonômica cardíaca em mulheres idosas. Silva et al.
(2017), também apresentam que exercícios físicos em altas intensidades
influenciam nas mudanças do controle autonômico cardíaco e cerebral,
fortalecendo as constatações do sistema cérebro – coração e destacando
a importância da intensidade e volume dos exercícios físicos.
Sabe-se, que a redução da variabilidade da frequência cardíaca,
está relacionada a disfunção autonômica e a risco de desenvolvimento
clínico de doenças cardiovasculares e metabólicas em adultos de meia
idade e idosos (TAPANAINEN et al., 2002; SEALS; DINENNO, 2004).
Dessa forma, estudos presentes na literatura apresentam a prática
regular de exercícios físicos, como possível regulador no processo de
envelhecimento, aumentando a capacidade funcional e estimulando o
sistema nervoso parassimpática através dos receptores muscarínicos
(DONG, 2016). Além do mais, Saboul et al. (2016) confirmam que as
alterações da VFC durante o exercício e a face de recuperação ocorrem
de acordo com a intensidade e impacto fisiológico do exercício.
36

Ademais, estudos demostram que o principal neurotransmissor


responsável pelas funções cognitivas e do ramo parassimpático após
exercícios físicos é acetilcolina (SILVA et al., 2017). Contudo, as
mudanças fisiológicas melhoram tanto o sistema cardiovascular como
cerebral, porém os mecanismos que avaliam cognição e exercício físico
não estão bem estabelecidos na literatura (LUBANS et al., 2016).

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Métodos avaliativos e protocolo de treinamento físico para
idosos com comprometimento cognitivo leve

Anamnese e avaliação antropométrica

Obter informações precisas a partir de histórico médico, hábitos


alimentares e relação com atividade física, são procedimentos funda-
mentais para melhor compreensão nos resultados obtidos a partir da
avaliação física e funcional do idoso (SHIGUEMOTO, 2004).
Assim, mudanças na composição corporal, com a diminuição
da gordura subcutânea e periférica e o aumento da gordura central e
visceral, aumentam os riscos à saúde propiciando o surgimento de inú-
meras doenças (SOUZA et al., 2013). E para avaliar esses parâmetros,
é realizado avaliação antropométrica com medidas de peso, estatura e
Circunferência cintura (CC), identificação do índice de massa corporal
(IMC) através da fórmula peso (kg/altura(m2)) Charro et al. (2010), e
percentual de gordura através do protocolo de sete dobras cutâneas
(subescapular, axilar média, tríceps, coxa, supra-ilíaca, abdome e pei-
toral) (POLLOCK et al., 1993).

Questionários para rastreio cognitivo em idosos

A literatura nos mostra instrumentos bastante utilizados no rastreio


cognitivo em idosos (MARTINS et al., 2019). Entre os instrumentos,
temos o questionário do Mine Exame do Estado Mental (MEEM), que
tem rápida aplicação e avalia as seguintes funções cognitivas especi-
ficas: orientação, memória imediata, atenção, cálculo evocação, lin-
guagem e atividade motora. Sua pontuação varia de 0 a 30 pontos, no
qual é considerada o nível de escolaridade para definir a faixa de corte
(BRUCKI et al., 2003; GALLAWAY et al., 2017; PYTKA, 2020).
Ademias, a literatura também sugere como instrumento para ras-
treio cognitivo de fácil aplicação o Montreal Cognitive Assessment
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 37

(MoCA) (NASREDDINE et al., 2005). O MoCA é um teste capaz de


detectar os graus de comprometimento cognitivo, constituído por um
protocolo breve, cujo tempo de aplicação é de aproximadamente 10 a
20 minutos. O teste avalia os seguintes domínios cognitivos: atenção,
concentração, funções executivas, memória, linguagem, capacidades
visuoespacial, capacidade de abstração, cálculo e orientação. Os pontos
de corte variam de 0 a 30 pontos. As pontuações de limiar diagnóstico
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para comprometimento cognitivo leve são classificadas em função do


nível de escolaridade e idade (NASREDDINE et al., 2005; FREITAS;
SANTANA; SIMOES, 2010; GUPTA et al., 2019).

Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC)

Os métodos de análise da VFC podem ser obtidos através de


métodos lineares e não lineares (TASK FORCE, 1996). Podendo ter
medidas padronizadas tanto para interpretação fisiológica, quanto para
uso clínico (NOVAS et al., 2004).
O método linear é dividido através dos seguintes índices: Domínio
do tempo RR (a média dos intervalos RR), SDNN (desvio padrão dos
intervalos RR) e rMSSD (raiz quadrada da média dos quadrados das
diferenças entre intervalo RR adjacente). O índice SDNN são obtidos a
partir de registros de longa duração que representam atividades simpá-
tica e parassimpática (NOVAS et al., 2004; NISKANEN et al., 2004). Já
o índice rMSSD representa a atividade parassimpática (RASSI, 2000).
E o domínio da frequência utilizando a transformada rápida de
Fourier (FFT), que mensura as bandas de baixa frequência (LF), de alta
frequência (HF) em valores absolutos de potência (ms²) e em unidades
normalizadas (nu), e de muito baixa frequência (VLF) que representa
as modulações simpático e vagal, respectivamente, e a razão LF/HF
(ELECTROPHYSIOLOGY, 1996; NISKANEN et al., 2004).
Na variabilidade de intervalos RR as altas frequências traduzem
o funcionamento do sistema parassimpático, ao passo que a variabili-
dade de baixas frequências reflete a influência de ambos os sistemas
simpáticos e parassimpáticos no coração. Nesse sentido, a variabi-
lidade de intervalos RR é um forte indicador de prognóstico para o
desenvolvimento de doenças cardíacas (; NISKANEN et al., 2004;
VANDERLEI, 2009).
38

Teste de Caminhada de 6 minutos

A necessidade na avaliação da capacidade funcional do idoso, é


essencial para determinar a prescrição de exercícios mais apropriados,
reduzindo riscos e aumentando mudanças fisiológicas e psicológicas.
Assim é recomendado testes fidedignos de baixo custo e de fácil apli-
cação e reprodução (ANDRADE et al., 2015).

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Dessa forma, o teste de caminhada de 6 minutos (TC6), está
sendo bastante utilizado na literatura por ser de fácil acesso e boa
aceitabilidade para avaliar a capacidade funcional do idoso. No TC6
a instrução é caminhar o mais rápido possível e o indivíduo é quem
determina a velocidade de caminhada, podendo interromper o teste caso
sinta alguns sintomas como dores em membros inferiores, taquicardia
ou qualquer outro sintoma de desconforto (ANDRADE et al., 2015;
BRITO; SOUSA, 2017).
O TC6 pode ser relacionado com alguns parâmetros funcionais
importantes. A diminuição na distância percorrida sugere restrição na
habilidade de realizar, por exemplo, trabalhos domésticos leves ou
intensos, fazer compras, cozinhar, participar de eventos festivos ou
sociais, subir um lance de degraus, que estão relacionados com capa-
cidade funcional e qualidade de vida (ARAÚJO et al., 2006)

Protocolo de Treinamento Físico para idosos

O treinamento físico é um fator de promoção de saúde essencial


para o envelhecimento ativo (MAZO, 2018; DAUWAN et al., 2021). O
tipo de exercício, a intensidade e a frequência são fatores importantes
e indispensáveis na produção de mudanças morfofisiológicas (BAR-
BOSA; AGNER, 2016). Dessa forma, diferentes tipos de exercícios
vêm sendo proposto para idosos com comprometimento cognitivo leve.
A Literatura recomenda exercícios que devem privilegiar os gran-
des grupamentos musculares, sendo exercícios de predominância aeró-
bia (dança, caminhada orientada e/ou circuitos) (DIAS et al., 2014).
Exercícios resistidos (resistência e/ou força muscular), a seleção dos
grupos musculares a serem trabalhados deve se direcionar aos grandes
grupos musculares que são importantes nas atividades da vida diária
(CASTRO et al., 2018).
Exercícios de Flexibilidade, os movimentos devem ser lentos,
seguidos de alongamento estático durante 10 a 30 segundos e 3 a 5
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 39

repetições para cada exercício, a amplitude do movimento articular


deve ser confortável, sem causar dor. Equilíbrio, os exercícios devem
ter duração de 10 a 30 segundos com 2 a 3 repetições para cada posi-
ção ou exercício, perfazendo um total de 10 a 15 minutos, podendo
ser exercícios estáticos ou dinâmicos, que envolvem combinação de
manipulação, giros lentos e coordenação corporal. Agilidade, a seleção
dos exercícios deve ser feita de maneira que predomine exercícios em
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velocidades máximas, combinados ou não com deslocamentos do corpo


no espaço, mudanças de direção e alterações do centro de gravidade
e exercícios cognitivos (jogos perceptivos) (SOFI et al., 2011; BAR-
BOSA; AGNER, 2016; CASTRO et al., 2018).
Nesse sentido, a ACSM (2009) e a OMS (2010) adverte que o
exercício físico deve ser realizado pelo menos 150 minutos com inten-
sidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa por semana.
40

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2010. Acesso em 10 out. 2015.
CAPÍTULO 3

TREINAMENTO RESISTIDO E
VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA
CARDÍACA EM IDOSOS
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Bruno Bavaresco Gambassi

Introdução

O processo de envelhecimento está associado com modificações


estruturais e funcionais no sistema cardiovascular. Nesse sentido, com
o passar dos anos ocorre perda de miócitos, redução na complacên-
cia arterial e alterações nas câmaras cardíacas (PUGH; WEI, 2001;
CHEITLIN, 2003).
Outra importante modificação advinda do processo de envelhe-
cimento é a redução da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC),
fator relevante para aumento de morbimortalidade cardiovascular. De
acordo com pesquisas, a explicação para este fenômeno, reside na
associação do envelhecimento com uma diminuição da modulação
vagal cardíaca (MARK, 1995; BOEMEKE et al., 2011). No mesmo
sentido, o processo de envelhecimento provoca a prejuízos sobre o
controle barorreflexo da frequência cardíaca (WEDDELL; RIISA-
GER, 1962; ABRAHAM, 1967; MOSTARDA et al., 2009).
Adicionalmente, segundo Ferrari et al. (1991) o principal determi-
nante das alterações no controle autonômico cardíaco (CAC) decorren-
tes do avanço da idade, parece ser o comprometimento dos neurônios
cardíacos vagais. Em relação a estas alterações vagais associadas ao
processo de envelhecimento, podem estar envolvidas disfunções na
atividade neural aferente, central ou eferente do sistema vagal cardíaco
e dos receptores muscarínicos (MOSTARDA et al., 2009).
Além disso, é possível constatar o aumento da atividade simpática
pelos níveis aumentados de noradrenalina e registros diretos da ativi-
dade nervosa simpática periférica (MOSTARDA et al., 2009).
Dessa forma, a redução da VFC devido ao processo de envelhe-
cimento está associada com a redução da modulação vagal e com o
aumento da atividade simpática.
48

Por outro lado, alguns estudos demonstraram benefícios do Trei-


namento Aeróbico (TA) sobre o CAC (aumento da VFC) de idosos
(PICHOT et al., 2005; MADDEN; LEVY; STRATTON, 2006; ALBI-
NET et al., 2010; FERREIRA et al., 2017).
Como a população de idosos também realiza a prática de Treina-
mento Resistido (TR), os objetivos desse capítulo são:

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a) demonstrar os efeitos do TR sobre a VFC de idosos;
b) analisar os protocolos de exercícios resistidos utilizados para
a melhora a VFC nessa população.

Efeito do treinamento resistido sobre a VFC de idosos

Embora tenha sido demonstrado diversos benefícios da prática do


TR (LIU-AMBROSE et al., 2010; BEST et al., 2015; LOPEZ et al.,
2018; GAMBASSI et al., 2019a; GAMBASSI et al., 2020; ALMEIDA
et al., 2020), são escassos estudos sobre a melhora da VFC através desse
tipo de exercício em idosos.
Nesse sentido, Gerage et al., (2013) não observaram melhora
da VFC de idosas saudáveis após 12 semanas de TR com intensidade
moderada. Adicionalmente, em pesquisas com aplicação de TR excên-
trico (isocinético) (12 semanas), não foi observado melhora do CAC
de idosos (MELO et al., 2008; TAKAHASHI et al., 2009). Além de
não ter sido demonstrado benefícios, em pesquisa conduzida por Melo
et al. (2008), foi demonstrado aumento nos valores dos índices de baixa
frequência e na relação baixa frequência/alta frequência. De acordo
com os autores, pode ser que o TR excêntrico (isocinético) tenha pro-
vocado modificações estruturais na parede arterial dos idosos. Outra
hipótese para explicar esses achados, consiste no intervalo de tempo
entre a última sessão de treinamento e a avaliação do CAC. Devido ao
grande estresse muscular causado pela prática do treinamento resistido
excêntrico, ocorreu a redução da VFC no momento da avaliação final.
Assim, poder ser que o tempo entre a última sessão de exercício e a
avaliação tenha sido inadequado.
Por outro lado, em estudo conduzido por Gambassi et al. (2016),
foi observado redução da gordura corporal e melhora da VFC de idosos
após 12 semanas de intervenção. Quando comparado com o grupo con-
trole, não foi encontrado diferenças nessas variáveis. Nesse sentido, os
autores sugerem que a redução da gordura corporal tenha influenciado
no aumento da VFC dos idosos submetidos ao TR.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 49

Nos estudos supracitados, foi aplicado diferentes propostas de


TR e mesmo assim não foi observado melhora da VFC em idosos. É
importante deixar claro que as adaptações no organismo provocadas
pelo treinamento dependem do tipo de exercício (exercícios resistidos,
exercício aeróbio) e da manipulação das variáveis relacionadas com
volume e intensidade.
De acordo com algumas pesquisas, o volume do programa de
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exercícios resistidos (duração em semanas) pode influenciar nas adapta-


ções cardiovasculares de alguns parâmetros cardiovasculares de idosos
(PARK, 2016; COELHO-JÚNIOR et al., 2018). No entanto, embora
isso tenha acontecido com algumas variáveis cardiovasculares, não é
possível afirmar aumento da VFC em idosos saudáveis após a prática
de TR por um período prolongado (WANDERLEY et al., 2013; KANE-
GUSUKU et al. 2015).
A maioria dos achados supracitados corroboram com recente revi-
são sistemática com metanálise conduzida por Bhati et al. (2018), onde
foi demonstrado que a prática de TR não aumenta a VFC de indivíduos
jovens e/ou idosos saudáveis. No mesmo sentido, Wanderley et al.
(2013), não encontraram melhora do controle autonômico cardíaco de
idosos com doenças crônico degenerativas após 8 meses de TR.

Análise dos programas de exercícios resistidos aplicados


com propósito de melhorar a VFC em idosos

As adaptações orgânicas proporcionadas pelo treinamento físico


dependem da relação adequada entre estímulo e descanso. Além disso,
a magnitude das adaptações provocadas pela sequência das sessões
de treino depende do tipo de exercício (aeróbico ou resistido) e da
manipulação das variáveis relacionadas ao volume, bem como com a
intensidade. Nesse sentido, as adaptações cardiovasculares provoca-
das pela prática do TA sobre o sistema cardiovascular são diferentes
quando comparado com o TR (melhora da aptidão aeróbica, aumento
da VFC. Isso pode ter relação com as diferenças de estímulos entre os
dois tipos de treinamento e/ou duração do treinamento e/ou intensidade
das sessões entre outras variáveis.
Conforme observado na tabela 1, existe diferentes durações (12,
16 e 96 semanas) de treinamentos e nenhum benefício foi encontrado
para determinados protocolos. Adicionalmente, não foi investigado os
efeitos de um protocolo com baixa intensidade e/ou somente de alta
50

intensidade sobre VFC de idosos. Além disso, é escasso estudos com a


aplicação de diferentes modelos de periodização sobre VFC de idosos.
Embora as hipóteses supracitadas tenham relevância, as diferenças
de frequência e magnitude dos estímulos durante uma sessão de treino
entre exercício aeróbico e exercícios resistidos merecem destaque e
podem ser consideradas como a principal hipótese para as diferentes
adaptações cardiovasculares dessas duas propostas.

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Durante a prática do exercício aeróbico o sistema cardiovascular
é estimulado constantemente, enquanto na prática de exercícios resis-
tidos isso não ocorre devido às pausas para descanso entre as séries e
entre os exercícios.
Assim, conforme observado na Tabela 1, as propostas de TR apli-
cados com objetivo de melhorar a VFC de idosos, apresentam intervalos
de descanso relativamente longos. Durante esse descanso, o sistema
cardiovascular é menos estimulado e assim podemos esperar menores
adaptações. Uma hipótese para gerar maiores adaptações nesse sistema,
é a aplicação de protocolos de TR com estímulos constantes e em grande
magnitude (sem intervalos de descanso relativo).
Nesse sentido, em estudo conduzido pelo nosso grupo, foi encon-
trado melhora do CAC e importante redução da pressão arterial após a
prática de TR dinâmico (GAMBASSI et al., 2019b). A proposta desse
protocolo é estimular o sistema cardiovascular em grande magnitude
de maneira constante. Os exercícios foram aplicados sem intervalos
de descanso absoluto. Adicionalmente, em outra pesquisa (dados não
publicados), foi observado diferentes adaptações cardiovasculares (pres-
são arterial) quando comparados 2 distintos protocolos de exercício
resistidos (intervalo de descanso diferentes).
Finalmente, são necessários estudos (ensaios clínicos randomi-
zados com controle das variáveis relacionados as validades interna e
externa respectivamente) com protocolos de TR dinâmicos (estímulo
constante em grande magnitude para o sistema cardiovascular) sobre
VFC de idosos para confirmar a nossa hipótese.
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Tabela 1 – Principais características dos diferentes programas de exercícios resistidos aplicados em idosos saudáveis
Número de séries Intervalo de Descanso entre
Número de Frequência seminal e Tipo de contração/ Duração das fases concêntrica e
Autores e repetições / as series/ Entre os exercícios/
exercícios duração do programa excêntrica
Intensidade Entre as sessões
Isocinética
2 minutos
Melo et al. 2-4 X 8-12 2 X semana A extensão excêntrica do joelho e o pico de torque de
4 -----
2008 Moderada 12 semanas flexão da perna dominante foram testados a 60º/s, através
-----
de uma faixa de 90º a 30º de flexão do joelho
Isocinética
2 minutos
Takahashi 2-4 X 8-12 2 X semana A extensão excêntrica do joelho e o pico de torque de
2 -----
et al. 2009 Moderada 12 semanas flexão da perna dominante foram testados a 60º/s, através
-----
de uma faixa de 90º a 30º de flexão do joelho
60-90 segundos
Gerage et 2 X 10-15 3 X semana Isotônica
8 2-3 minutos
al. 2013 Moderada 12 semanas 1/2 segundos
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática

24 horas
2 minutos
Wanderley ???? 3 X semana Isotônica
9 ?????
et al. 2013 Moderada 96 semanas 3/3 segundos
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS

24 horas
3 minutos
Kanegusuku 2-4 X 10-4 2 X semana Isotônica
7 3 minutos
et al. 2014 Moderada-Alta 16 semanas 1/2 segundos
-----
2 minutos
Gambassi 3 X 15-8 2 X semana Isotônica
8 -----
et al. 2016 Baixa-Moderada 12 semanas 3/3 segundos
48 horas
51
52

Diante do exposto, é possível afirmar que a prática de alguns


programas de exercícios resistidos não proporciona a melhora a VFC
de idosos saudáveis e/ou com doenças crônico degenerativas. Por outro
lado, é importante destacar a escassez de estudos de boa qualidade
metodológica (ensaios clínicos randomizados com controle das variá-
veis relacionados as validades interna e externa) sobre assunto, bem
como a possibilidade de explorar mais o TR (manipulação das variáveis

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desse tipo de exercício). Vale lembrar que não foi mencionado nesse
capítulo os efeitos do TR com restrição de fluxo, pois esse tema será
abordado em outro capítulo.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 53

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CAPÍTULO 4

SÍNDROME METABÓLICA
E EXERCÍCIO FÍSICO
Sara Raquel Dutra Macêdo
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Antônio Carlos Pereira Silva Filho

Introdução

A primeira concepção da Síndrome Metabólica (SM) foi elaborada


pela American Diabetes Association, em 1988, designando-a de Síndrome
da Resistência Insulínica ou Síndrome X (ESCOTT-STUMP et al., 2013).
São diversas as referências para caracterização da SM, porém, a mais
utilizada é a do The National Cholesterol Education Program–Adult
Treatment Panel III com ampla aplicação na área clínica, bem como, em
sua epidemiologia (EXPERT PANEL ON DETECTION, 2001).
O desenvolvimento da SM em determinado indivíduo depende de
uma complexa interação entre a predisposição genética e fatores ligados
ao estilo de vida, como padrão dietético, sedentarismo e obesidade, o
que caracteriza a natureza multifatorial da patogênese da SM (GRAY
et al., 2016).
A SM representa a anormalidade metabólica mais comum da atua-
lidade e também a maior responsável por eventos cardiovasculares na
população e o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2),
elevando o índice da mortalidade geral em cerca de uma vez e meia, e
a de mortalidade relacionada a doenças cardiovasculares (DCV), perto
de duas vezes e meia (FORD et al., 2002; GOTTLIEB et al., 2008).
Com a sensibilidade à insulina afetada ocorre alguns distúrbios na
utilização de carboidratos, elevando a glicemia e o mecanismo compen-
satório de secreção de insulina, com consequente hiperinsulinemia. Com
o tempo, as células β-pancreáticas ficam hipofuncionais, agravando a
hiperglicemia (MÁRQUEZ-SANDOVAL et al., 2011). Há alterações na
lipogênese caracterizada pela elevação na síntese triacilgliceróis, altera-
ções quantitativas e morfológicas do LDL-colesterol (LDL-c) e redução
dos níveis de HDL-colesterol (HDL-c) que compromete o transporte
reverso do colesterol, confere efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes
e vasodilatadores protetores do endotélio (NELSON et al., 2009).
58

Além disso, a SM é responsável por induzir alterações no sistema


nervoso autônomo (SNA) vistas através do aumento do seu componente
simpático. Angelis et al. demonstraram em um modelo experimental de
SM que as ratas tratadas com frutose apresentaram aumento do tônus​​
autonômico simpático (ANGELIS et al., 2012). Em estudos com huma-
nos, Milia et al. também indicaram um aumento da atividade simpática
em pacientes com SM (MILIA et al., 2015). Assim como foi visto em

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pacientes com DCV (SATA et al., 2018), demonstrado a susceptibili-
dade destas condições clínicas a apresentarem comprometimento da
sensibilidade do barorreflexo (LINDGREN et al., 2006), bem como
prejuízo na modulação autonômica (LINDGREN et al., 2006).
As alterações fisiológicas e metabólicas que ocorrem em diferentes
faixas etárias entre homens e mulheres devem ser consideradas. Mulhe-
res no período pós-menopausa e no climatério podem estar sujeitas ao
hipometabolismo, onde a perda por massa magra é maior e também o
aumento do tecido adiposo, ocasionando a obesidade, dislipidemias e
DCV, que são fatores de risco importantes no desenvolvimento da SM
(NAKAGAWA et al., 2006).
No Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, o país passou por uma
forte transição no estilo de vida e nutricional, havendo uma tendência
por hábitos de vida sedentários, caracterizado com a obesidade acome-
tendo 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres (IBGE, 2011). Esse fato
merece destaque já que o excesso de peso está diretamente associado
às alterações no perfil lipídico, ao aumento da pressão arterial (PA) e à
hiperinsulinemia, fatores esses que aumentam o risco do desenvolvi-
mento da SM e das DCVs (BONOMINI et al., 2015).
Por outro lado, embora o sedentarismo venha sendo descrito como
o maior problema de saúde pública do século XXI (CIOLAC; GUI-
MARÃES, 2004), os benefícios das terapias não farmacológicas e não
invasivas, como o exercício físico (EF), estão se tornando cada vez
mais reconhecidos. Nesse contexto, o EF pode ser implementado para
modificar o estilo de vida e reduzir os fatores de risco associados à SM,
uma vez que se mostrou clinicamente relevante para combater os efeitos
negativos associados à dieta (BIDWELL et al., 2014).
Os benefícios ao SNA associado ao EF estão sendo amplamente
demonstrados em vários estudos (VIEIRA et al., 2012; DONATO et al.,
2015). O EF em intensidade moderada evitou à disfunção diastólica em
ratos machos submetidos a sobrecarga de frutose (MOSTARDA et al.,
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 59

2012), também foi responsável por diminuir o comprometimento meta-


bólico, a taquicardia de repouso, os aumentos simpáticos cardíacos e a
diminuição da sensibilidade barorreflexa induzida pela sobrecarga de
frutose em ratas ovariectomizadas (SANCHES et al., 2012; MACHI,
2015; BERNARDES, 2016). Além disso, o EF também se correlacionou
positivamente na prevenção de alterações metabólicas e hemodinâmicas
em ratos machos que receberam frutose (MACHI et al., 2013).
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Síndrome metabólica

Em 1988, Gerald Reaven, do Departamento de Medicina Cardio-


vascular da Universidade de Stanford, na Califórnia, em uma memo-
rável conferência (Banting Lecture), chamou a atenção para o fato de
que alguns fatores de risco aparecem com frequência agrupados em
determinados indivíduos. Este agrupamento de fatores de risco foi
unificado e ampliado com a publicação histórica da palestra de 1988.
Reaven postulou que a resistência à insulina (RI) e sua hiperinsulinemia
compensatória predispõem os pacientes à hipertensão, hiperlipidemia
e DM2 e, portanto, foi a causa subjacente para o desenvolvimento de
DCV. Embora a obesidade não tenha sido incluída na lista principal
de transtornos causados pela
​​ resistência à insulina, ele reconheceu que
ela também estava correlacionada com a RI ou hiperinsulinemia, e que
o “tratamento óbvio” para o que ele denominou “síndrome X” era a
manutenção do peso (perda de peso) e pratica regular de atividade física
(ALBERTI et al., 2006; CARDINAL et al., 2018).
Assim, a primeira concepção da SM foi elaborada pela Gerald
Reaven que a designou de síndrome X. Atualmente, a SM afeta quase
30% da população mundial, representando a anormalidade metabólica
mais comum e também a maior responsável por eventos cardiovas-
culares na população (GOTTLIEB et al., 2008; FORD et al., 2014;
ETCHEGOYEN et al., 2018).
O desenvolvimento da SM em determinado indivíduo depende de
uma complexa interação entre a predisposição genética e fatores ligados
ao estilo de vida, como padrão dietético, sedentarismo e a obesidade, o que
caracteriza a natureza multifatorial da patogênese (GRAY et al., 2016).
No que diz respeito à estatística global de SM, um item impor-
tante a destacar é a falta de unanimidade no seu diagnóstico e na sua
determinação que têm sido dificultados pela ausência de consenso na
60

sua definição e nos pontos de corte dos seus componentes, pois ainda
não se estabeleceu uma causa única ou múltiplas causas para o desen-
volvimento da SM, mas sabe-se que a obesidade abdominal e a RI
parecem ter um papel fundamental na gênese desta SM. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e as diretrizes do Painel
de Tratamento Adulto do Programa de Educação sobre Colesterol III
(NCEP/ATP III) (LOPES e EGAN, 2006) a SM é definida conforme

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os critérios descritos na Tabela 1.

Tabela 1 – Componentes da síndrome metabólica segundo o


relatório do comitê de especialistas da OMS e da NCEP/ATP III
Definição WHO (hiperinsulinemia jejum ou regulação
glicose alterada e > 2 outros fatores) Definição ATP III (≥ 3 dos 5 fatores de risco)

Também (a) insulina de jejum no quartil superior para Circunferência do abdome


não-diabéticos ou > 102cm para homens
> 88 cm para mulheres
(b) glicemia de jejum ≥ 110mg/dl e ≥ 2 dos seguintes
Pressão arterial

≥ 130 mmHg sistólica e/ou


Pressão arterial sistólica ≥ 140 e/ou diastólica ≥ 90 mm Hg
≥ 85 mmHg diastólica

Dislipidemia: Triglicérides > 150mg/dl ou HDL < 35 para Glicose plasmática


homens ou < 39 mg/dl para mulherest
≥110 mg/dl

Obesidade central relação cintura quadril > 0,90 para Triglicérides


homens ou > 0,85 para mulheres e/ou IMC > 30 kg/m2 > 150 mg/dl

Microalbuminúria (≥ 20 μg/min ou albumina/creatinina HDL-colesterol


≥ 30mg/g) < 40 mg/dl para homens

< 50 mg/dl para mulheres

É importante observar que embora as definições da SM não


sejam caracterizadas da mesma forma, as duas predizem um aumento
significativo no risco de doença coronária e DCV como um todo
(WILSON et al., 2005). Diante disso, cientistas discutem sobre a
capacidade da SM para uma previsão simples, segura e forte de risco
cardiovascular, em comparação com suas características individuais
(BIANCHI et al., 2008).
Além disso, segundo a Federação Internacional de Diabetes (FID),
o diagnóstico da SM é usualmente relacionada à resistência insulínica,
que, agrega, além da obesidade abdominal a hipertrigliceridemia, baixo
colesterol de alta densidade (HDL-c), PA e glicemia de jejum elevadas
(BRUFANI et al., 2011; ZIMMET, 2013).
Para compreendermos um pouco melhor sobre a SM devemos
entender mais sobre os fatores de risco que a compõem:
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 61

Dislepidemia

A condição de Hiperinsulinemia está associada com a chamada


tríade lipídica (aumento moderado dos níveis de triglicerídeos, redução
do colesterol HDL – lipoproteína de alta densidade e aumento dos níveis
de LDL – lipoproteína de baixa densidade). Nos adipócitos, que são
células responsáveis por armazenamento e mobilização de triglicerí-
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deos, retinóis e colesterol (WAJCHENBERG, 2000). A RI causa uma


liberação desregulada de ácidos graxos livres na corrente sanguínea, dis-
ponibilizando cada vez mais energia, no fígado há uma maior liberação
de partículas grandes de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade)
ricas em triglicerídeos (POZZAN et al., 2004), a partir desse fato ocor-
rem uma série de eventos que diminuem a quantidade de HDL (BRITES
et al., 2000), além da redução na ação da enzima lipoproteína-lipase
(PANAROTTO et al., 2002) e aumento na lipase hepática (RIEMENS
et al., 2001), dificultando também a lipidemia pós-prandial, por conta
do colesterol circulante, que também possibilita o desenvolvimento de
processos aterotrombóticos (ROCHE; GIBNEY, 2000).
A atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção
de Aterosclerose, apresenta valores de referência para perfil lipídico em
adultos acima de 20 anos de idade (FALUDI et al., 2017), que podem
ser vistos na Tabela 2:

Tabela 2 – Valores de referência para perfil lipídico em adultos


acima de 20 anos de idade de acordo com a atualização da Diretriz
Brasileira de Dislipidemia e Prevenção de Aterosclerose
Lipídios Com jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL) Categoria referencial
Colesterol total < 190 < 190 Desejável
HDL-c > 40 > 40 Desejável
Triglicérides < 150 < 175 Desejável
Categoria de risco
< 130 < 130 Baixo
< 100 < 100 Intermediário
LDL-c
< 70 < 70 Alto
< 50 < 50 Muito alto
continua...
62

continuação
Lipídios Com jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL) Categoria referencial
< 160 < 160 Baixo
< 130 < 130 Intermediário
Não HDL-c
< 100 < 100 Alto
< 80 < 80 Muito alto

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Fonte: Adaptado da Diretriz Brasileira de Dislipidemia
e Prevenção da Aterosclerose (2017).

Hipertensão arterial (HA)

É uma doença crônica não transmissível multifatorial em que a PA


permanece elevada nos níveis pressóricos de PAS ≥ 140 e/ou PAD 90
mmHg, segundo a 7ª Diretriz de Hipertensão Arterial (MALACHIAS
et al., 2016). Recentemente, a Diretriz de Prática Clínica de Hipertensão
Arterial, apresentou como níveis pressóricos elevados: PAS 130 – 139
mm Hg e/ou PAD 80 – 89 mm Hg, conforme demonstrado na Tabela 2
(REBOUSSIN et al., 2017).
A HA está diretamente associado a distúrbios metabólicos, alte-
rações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela
presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade
abdominal, intolerância à glicose e DM. Mantém associação indepen-
dente com eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico
(AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC),
doença arterial periférica (DAP) e doença renal crônica (DRC) fatal e
não fatal (COLLABORATION, 2002; WEBER et al., 2014; KOTSEVA
et al., 2016; MALACHIAS et al., 2016).

Tabela 3 – Reajustes nos valores de referência da


pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD)
Categoria PA PAS PAD

Normal <120 mm Hg <80 mm Hg

Elevada 120 – 129 mm Hg <80 mm Hg


Hipertensão
Estágio 1 130 – 139 mm Hg 80 – 89 mm Hg
Estágio 2 ≥140 mm Hg ≥90 mm Hg

Fonte: Adaptado das Diretrizes de Prática Clínica de Hipertensão Arterial (2017).


EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 63

Obesidade

Pode ser definida pelo excesso de tecido adiposo no corpo, principal-


mente a concentrada no abdômen, podendo ser medida considerando-se
IMC ≥ 30 kg m −2 para ambos os sexos e CC ≥ 102 cm em homens e CC
≥ 88 cm em mulheres para serem classificados como obesos (COFFMAN;
RICHMOND-BRYANT, 2015; O’NEILL; O’DRISCOLL, 2015). A obe-
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sidade é fator principal no desenvolvimento de SM, causando um descon-


trole nas adipocitocinas ou adipocinas (PAI-1, TNF-α, resistina, leptina e
adiponectina) a partir dos adipócitos, induzida pelo o acumulo excessivo
de gordura, podendo causar trombose e RI (FURUKAWA et al., 2017).

Resistência a insulina

É um descontrole das vias de sinalização mediadas pela insu-


lina, prejudicando as concentrações normais do hormônio, produzindo
uma resposta biológica incomum (TAYLOR et al., 1994; DIABETES,
2016). Há uma compensação da RI pelo aumento da função das células
β-pancreáticas, normalizando a tolerância à glicose. Porém, quando a
capacidade funcional e adaptativa das células β diminuem diante do
excesso de RI, perde-se a tolerância à glicose, resultando em DM2. A
insulinemia perde seu referencial a partir do momento que ocorre des-
compensação da função beta celular, por isso deixando de ser um bom
parâmetro para estimar a RI (DEFRONZO, 2009; DIABETES, 2016).

Papel do exercício físico na síndrome metabólica

O sedentarismo é reconhecidamente como uma das maiores causas


de mortalidade e aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis no
Brasil (SCHMIDT et al., 2011). Além disso, existe uma relação direta entre
sedentarismo e a presença de múltiplos fatores de risco encontrados na
SM (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Contrariamente a isso, o exercício
físico vem sendo recomendado na prevenção e tratamento de fatores de
risco e doenças crônicas como a SM (ACSM, 2013; PATE et al., 1995).
A prática regular de EF apresentam dentre vários benefícios redução
das PAS e PAD em repouso; redução da gordura corporal total; aumento da
quantidade sérica da HDL-colesterol e diminuição dos triglicerídios séricos;
redução da adesividade e da agregação das plaquetas sanguíneas; redução
de inflamação e atraso no aparecimento de doenças e de fatores de risco
para SM (NELSON et al., 2007; JUNIOR et al., 2013; REIS et al., 2018).
64

As recomendações para manutenção da saúde são para que se reali-


zem EF diárias durante 30 min ou parcelados em três vezes de 10 min, pelo
menos três vezes por semana (ACSM, 2013). Nesse sentido, a organização
de prescrições individualizadas e planejadas de EF para melhoria da capa-
cidade cardiovascular, força e resistência muscular, e flexibilidade articular
têm sido ainda mais relevantes. Para isso, a prescrição deve considerar as
necessidades individuais, os objetivos, o estado inicial do cliente/paciente,
o histórico clínico e doenças associadas. Dessa forma, apresentaremos a

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seguir a importância do EF na prevenção e no tratamento dos fatores de
risco para SM. A seguir apresentamos as recomendações da Associação
American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute
(AHA/NHLBI) para intervenção na SM (Tabela 4).

Tabela 4 – recomendações da Associação American


Heart Association/National Heart, Lung, and Blood
Institute (AHA/NHLBI) para intervenção na SM
Reduza o peso corporal em 7% a 10% em 1 ay
Obesidade Continue a perda de peso para atingir <25 kg / m 2 e atinja a CC <102 cm
abdominal em homens e <88 cm em mulheres
Incentive a manutenção do peso após perda de peso
Atividade aeróbica de intensidade moderada (por exemplo, caminhada
rápida) de pelo menos 30 a 60 min e, no mínimo, 5 dias por semana ao
Atividade física
suplemento diário com atividades de vida diária aumentadas
Treinamento de resistência 2 d por semana
Reduza a gordura total para 25% das calorias
Reduza a gordura saturada para <7% das calorias
Composição Reduza a gordura trans
da dieta Limite o colesterol
Escolha a gordura insaturada
Evite açúcares simples
O alvo primário é diminuir o LDL-C guiado por NCEP / ATPIII usando estatinas
Um alvo secundário é aumentado não-HDL-C
Dislipidemia
Se o nível de triglicérides for ≥500 mg / dL, inicie o fibrato ou ácido
nicotínico
Reduzir a PA para pelo menos atingir a PA <140/90 mm Hg
Pressão arterial Para a PA ≥140 / 90 mmHg, adicionar a medicação da BP conforme
aumentada (BP) necessário para alcançar a meta
Para a PA ≥120 / 80 mmHg, usar modificação do estilo de vida
Aumento do nível
Para o IFG, retardar a progressão para o DM2 com mudanças no estilo de vida
de glicose

Fonte: Adaptado de Grundy et al. (2005).


EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 65

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CAPÍTULO 5

EXERCÍCIO FÍSICO E MENOPAUSA


Andressa Coelho Ferreira
Jerdianny Silva Serejo
Carlos Alberto Alves Dias Filho
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Janaina de Oliveira Brito Monzani

Introdução

A menopausa tem como característica a diminuição da produção


de estrógeno e interrupção do ciclo menstrual, promovendo o fim da
função ovariana. Paralelamente, este processo fisiológico resulta em
alterações da composição corporal, caracterizadas pelo aumento de
peso e da adiposidade corporal, além de redução da massa muscular de
forma acentuada. O processo de envelhecimento somado a menopausa
é um fator de grande influência nas diversas alterações morfológicas e
cardiometabólicas que ocorrem nesta fase (MILEWICZ et al., 2001).
Neste contexto, alterações hormonais também podem deixar sus-
ceptível ao aparecimento de doenças cardiometabólicas associadas a um
aumento na ingestão total de alimentos, característica observada após a
perda de função ovariana (MILEWICZ et al., 2001). Neste sentido, as
mulheres pós-menopausadas são mais susceptíveis a desenvolver obesi-
dade, especialmente durante os últimos anos da pós-menopausa (POEHL-
MAN, 2002). Diante disso, intervenções com o intuito de prevenir e/ou
atenuar as disfunções cardiometabólicas têm sido vistas como estratégias
importantes na prevenção e no tratamento de diversas doenças. Ademais,
os efeitos benéficos do treinamento físico têm sido demonstrados na
prevenção dessas disfunções (GUIMARÃES; CIOLAC, 2004).
Desta forma, este capítulo tem como objetivo relatar as principais
mudanças fisiológicas ocorridas na menopausa, bem como as morbi-
dades e disfunções que podem estar associados e o papel do exercício
físico na atenuação destes problemas.

Menopausa

O envelhecimento reprodutivo em mulheres é caracterizado por


um declínio na quantidade e qualidade dos oócitos. Na menopausa os
70

ciclos menstruais cessam e é causada pela redução da secreção dos


hormônios ovarianos estrogênio e progesterona. Sendo alcançada após
a exaustão do pool de folículos primordiais em repouso, ocorrendo em
média aos 51 anos de idade com uma faixa etária que varia entre 40 e
60 anos (DAAN; FAUSER, 2015). A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define a menopausa como a cessação permanente da menstrua-
ção devido à perda da atividade folicular ovariana. O período mens-

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trual final é atribuído retrospectivamente após 12 meses de amenorreia,
na ausência de outras causas patológicas ou fisiológicas (WORLD
HEALTH ORGAN, 1996).
Vários termos foram usados para descrever os eventos que ocor-
rem durante a transição da menopausa. Um modelo desenvolvido na
Oficina de Estágios do Envelhecimento Reprodutivo (STRAW) des-
creve sete estágios do envelhecimento reprodutivo, caracterizados por
ciclos menstruais regulares; estágios de transição da menopausa, com
ciclos menstruais variáveis e altos valores de FSH; e fases pós-meno-
pausa, começando com o período menstrual final até o final da vida da
mulher (SILVA, 2020).
Os primeiros sintomas da menopausa relacionados às reduções
progressivas na secreção hormonal e na deficiência de estrogênio ova-
riano na literatura incluem ondas de calor, sudorese, distúrbios do sono,
alterações mentais e distúrbios menstruais (JOFFE; MASSLER; SHAR-
KEY, 2010). Ademais, podem aparecer também alterações atróficas
urogenitais e disfunções sexuais relacionadas, doenças cardiovasculares,
osteoporose e queixas osteomusculares (STACHOŃ, 2013; MAKARA-
-STUDZIŃŚKA et al., 2014).
Embora a menopausa seja um fenômeno universal entre as mulhe-
res, o tempo de início e a duração da transição da menopausa e o período
final da menstruação não o são. Estudos de confiabilidade e validade
demonstraram que as mulheres podem recordar sua idade na menopausa
com precisão. A inclusão do início da transição menopáusica como
mais um dado da história médica enriquece a anamnese de pacientes do
sexo feminino, fornecendo informações adicionais em termos de futura
morbidade e longevidade (EBONG et al., 2014). A idade na menopausa
pode ser um indicador de aumento do risco cardiovascular e sinaliza a
necessidade de triagem cardiovascular mais frequente e modificação
agressiva dos fatores de risco (SCIOMER et al., 2016).
Interessantemente, em 2012, o American Heart Association
realizou um levantamento estatístico e constatou que as doenças
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 71

cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em todas as


idades. Adicionalmente, notou-se que as mulheres com idade supe-
rior a 55 anos (faixa etária em que as mulheres normalmente já estão
menopausadas) apresentavam um aumento na prevalência da doença
cardiovascular quando comparadas com os homens (SOWERS; LA
PIETRA, 1995; BRITO et al., 2014).
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Doença cardiovascular e menopausa

As doenças cardiovasculares (DCV), nas últimas décadas, cons-


tituem a mais importante causa de morte em ambos os sexos em todas
as regiões do país e no mundo ocidental (MASSA; DUARTE; CHIA-
VEGATTO, 2019). A morte devido às DCV tem maior prevalência
em homens (39%) em comparação a mulheres na faixa etária dos 45 a
64 anos. Entretanto, após os 65 anos, a taxa de mortalidade por DCV
é superior em mulheres ultrapassando em até 22% a prevalência no
gênero masculino (NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATIS-
TICS, 1997). Ademais, observa-se que a taxa de mortalidade por esta
morbidade elevou-se rapidamente nos últimos anos no gênero feminino.
Fator que pode ser justificado em consequência a maior exposição a
fatores de risco como o estresse, fumo, maus hábitos alimentares e o
sedentarismo, além de sua inserção no mercado de trabalho. No Brasil,
a prevalência de morte por doença cardiovascular aumentou de 10 para
25% entre os anos 60 e 70 para o sexo feminino (MASSA; DUARTE;
CHIAVEGATTO, 2019).
Castanho et al. (2001) citam como fatores de risco para doença
cardiovascular: o diabetes, excesso de peso e a obesidade, inatividade
física, fumo, hipercolesterolemia e a hipertensão, sendo estes dois últi-
mos fatores de risco mais prevalentes em mulheres. Neste contexto,
vale destacar que a diferença em mortalidade cardiovascular entre os
sexos pode ocorrer por ação de diferentes fatores, como prevalência
diferenciada dos fatores de risco cardiovascular citados acima, bem
como diferenças na modulação autonômica cardiovascular.
Estudos clínicos e experimentais demonstram a importância dos
hormônios ovarianos no organismo e no processo saúde/doença no
gênero feminino, uma vez que há um consenso entre os autores que,
antes da privação dos hormônios ovarianos, a mulher tem maior pre-
domínio vagal e maior sensibilidade dos pressorreceptores (o mais
importante regulador da pressão arterial (PA) à curto prazo) e, portanto,
maior proteção cardiovascular, em relação ao sexo masculino (KUO
72

et al., 1999; LEINWAND, 2003). Entretanto, é importante enfatizar


que essa proteção autonômica cardiovascular apresentada pelo sexo
feminino é atenuada após a privação dos hormônios ovarianos (KUO
et al., 1999). Além disto, um estudo realizado em mulheres entre 23
a 77 anos demonstrou que 24% destas com mais de 40 anos de idade
apresentam uma marcante diminuição na sensibilidade dos baror-
receptores em relação a mulheres jovens (LAITINEN et al., 1998).

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Considerando esses achados, parece razoável supor que a disfunção
autonômica cardiovascular possa estar relacionada à equivalência nas
taxas de eventos cardiovasculares entre os sexos após o advento da
menopausa (BRENNER, 1988).
Trabalhos experimentais vêm colaborando para o melhor enten-
dimento dos processos envolvidos no aumento do risco cardiovascular
após a menopausa (SHAWAERY et al., 1997). Estudos demonstram
disfunção autonômica relacionada a privação dos hormônios ovarianos
(KUO et al., 1999, LAITINEN et al., 1998; IRIGOYEN et al., 2005).
Efetivamente, após a menopausa, observaram-se significativas e pro-
gressivas alterações fisiológicas que podem afetar diversos órgãos e
sistemas em mulheres e determinar sinais e sintomas conhecidos por
síndrome climatérica, que podem estar relacionadas a alterações no
controle do sistema nervoso autônomo sobre estas (GUYTON; HALL,
2002; DE ANGELIS et al., 2004).
Paralelamente, Colditz et al. (1987) evidenciaram que quanto
mais cedo ocorrer a interrupção da produção dos hormônios femininos
(em especial a interrupção que ocorre por causa cirúrgica), mais efeitos
negativos são observados no organismo, gerando um abrupto aumento
do risco de infarto agudo do miocárdio (COLDITZ et al., 1987). Con-
forme demonstrado por Schouw et al. (1996) onde observaram que,
quanto mais cedo a mulher for exposta ao climatério, ou seja, quanto
mais precoce a mulher entra no período de restrição dos hormônios
femininos, maior é o risco de eventos cardíacos. Demonstrando que
os hormônios ovarianos podem ser responsáveis por tais alterações no
risco cardiovascular.
Corroborando a importância dos hormônios ovarianos no controle
cardiovascular, estudos evidenciam que a PA é mais baixa em mulheres
pré-menopausa, por outro lado também evidencia que este parâmetro
se eleva em mulheres menopausadas (STAESSEN et al., 1997) ou em
animais submetidos à privação dos hormônios ovarianos (IRIGOYEN
et al., 2005). Em estudo realizado no Brasil por Figueiredo et al. (2009)
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 73

ao analisarem a prevalência de pressão arterial alterada de mulheres


na transição menopáusica, notou-se que estas foram mais elevadas na
pós-menopausa (73,4%) quando comparadas àquelas na pré-menopausa
(55,8%). Em estudo de coorte realizado na Holanda por Indhavivadhana
et al. (2011) e em um transversal de base populacional na Índia realizado
por Ghosh em 2008, as variações nos níveis pressóricos mostraram-se
semelhantes, onde a pressão arterial sistólica e diastólica apresentaram
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aumento durante a transição menopáusica. Nos estudos em questão


observou-se que na pós-menopausa a pressão arterial sistólica apre-
sentou níveis acima de 140mmHg, enquanto a diastólica apresentou
aumento significativo apenas na transição.
Além disto, trabalhos sugerem que um dos vários mecanismos
de cardioproteção dos estrogênios está necessariamente vinculado a
preservação da função endotelial, através, por exemplo, da inibição
da proliferação da célula muscular lisa, das ações antioxidantes e
da melhora na reatividade vascular, os quais induziriam um melhor
equilíbrio na função vasodilatadora/vasoconstrictora com conse-
quente diminuição dos riscos cardiovasculares. Por fim, não se pode
esquecer que em paralelo a privação dos hormônios ovarianos começa
a ocorrer mudanças desfavoráveis em metabolismo de lipídios, na
tolerância à glicose (AMODEO; HEIMANN, 2003), aumento do
peso corporal e da prevalência de diabetes e redução na capacidade
de exercício, na força muscular e na massa óssea (SOWERS; LA
PIETRA, 1995). Essas alterações aumentam significativamente o
risco de eventos cardiovasculares nesta fase de vida da mulher e
podem estar relacionadas à disfunção autonômica, uma vez que esses
fatores associados podem desencadear o aparecimento de doenças
cardiovasculares (SINAGRA; CONTI, 2007).
Nos últimos anos houve um aumento na incidência de doenças crô-
nicas (obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares) e fatores de risco
associados para essas doenças (como tabagismo, estresse, sedentarismo
e alimentação inadequada) o que ocasionou o aumento da morbidade
e da mortalidade da população adulta mundial. A atual prevalência de
síndrome metabólica (SM) na população representa um potencial fator
de risco cardiovascular, observando que 21% da população americana
apresenta esta disfunção metabólica (GUIMARÃES; CIOLAC, 2004).
Estudo realizado em diferentes populações do mundo evidencia-
ram altas prevalências de SM, conforme o critério diagnóstico utilizado
para caracterização da SM e o perfil populacional observado, como
74

idade, gênero, etnia e outras patologias associadas a SM, observando


taxas que variaram entre 8% a 24% em homens e de 7% a 46% em
mulheres (CAMERON; SHAW; ZIMMET, 2004). No entanto, ressal-
ta-se que os homens apresentam uma maior prevalência de SM entre
20 e 50 anos de idade; enquanto a prevalência torna-se maior entre as
mulheres apenas a partir dos 50 anos. O que se torna cabível sugerir
que a fase da transição menopáusica (entre os períodos pré-menopausa

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a pós-menopausa) possa ser um fator importante no aumento da pre-
valência da SM em mulheres nesta fase da vida (KIM et al., 2007).
Alguns autores consideram que a pós-menopausa é caracterizada
como um período de maior queda de valores séricos de estrogênios
com consequente hiperandrogenismo relativo, podendo levar à forma-
ção da aterosclerose em contrapartida, uma vez que há um aumento
dos níveis de colesterol LDL e consequente diminuição nos níveis de
HDL (BANKS, 2008; KALISH et al., 2003). De acordo com Janssen
et al., 2010 mulheres na pós-menopausa possuem acúmulo maior e mais
significativo de gordura visceral quando comparadas às mulheres em
vida fértil. Em contrapartida, o estrogênio, como já mencionado ante-
riormente, é identificado como um importante fator de proteção para
doenças e eventos cardiovasculares em mulheres pré-menopáusicas,
contudo, devido à redução na produção deste hormônio e em algumas
mulheres não havendo a produção qualquer do estrógeno, no período
pós-menopausa ocorre maior suscetibilidade ao aumento e acúmulo
de gordura na região abdominal. Outro hormônio sexual relacionado a
este aumento de gordura visceral é a testosterona, que por sua vez pode
estar associado a um maior risco cardiovascular em mulheres pós-me-
nopausa, embora sua produção não seja aumentada a perda da proteção
cardiovascular do estrogênio propicia o surgimento do risco nesta fase.
De fato, há aumento do risco cardiovascular decorrente da asso-
ciação entre obesidade, hipertensão arterial e alterações no metabo-
lismo lipídico e glicêmico. Uma vez que, tem sido demonstrado que a
distribuição da gordura no corpo é mais importante do que o aumento
de peso (HALPEN, 1998). Desta forma, o acúmulo de gordura abdo-
minal, mesmo em não obesos, está relacionado a doenças metabólicas
comuns na meia-idade. Além disso, foi demonstrado que as mulheres
que apresentaram obesidade abdominal tinham maior dificuldade na
redução da glicemia quando comparadas ao grupo controle de mulheres
eutróficas e ao grupo de obesas com gordura localizada perifericamente
(WARRAM et al., 1990). Este fato pode, talvez, ser explicado por que
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 75

os adipócitos abdominais são muito maiores e têm aumentada tendência


em converter os lipídios em ácidos graxos, quando comparados aos adi-
pócitos acumulados em outros compartimentos corporais (WARRAM
et al., 1990). Ao liberar rapidamente seu conteúdo de ácido graxo na
corrente sanguínea, os adipócitos viscerais provocam um aumento dos
ácidos graxos circulantes, ocasionando aumento dos níveis séricos de
glicose e triglicérides. Ademais, os ácidos graxos livres dificultam a
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entrada de glicose nas células musculares, levando à hiperglicemia com


aumento do risco de desenvolvimento de DM2. Esses ácidos graxos têm
acesso direto ao fígado pela veia porta, interferindo no metabolismo da
insulina e afetando consequentemente a captação celular de glicose, por
sua vez levando a resistência à insulina. Esse estado fisiopatológico é
considerado como elemento fundamental na etiologia da SM (ISSA e
FRANCISCO, 1996).
A relação entre dislipidemia e doença cardiovascular na população
geral está bem estabelecida, sendo independente do sexo, idade, história
de tabagismo e presença de hipertensão arterial ou DM (BATISTA;
RODRIGUES, 2004). Além da hipertensão e da dislipidemia, o diabe-
tes citado anteriormente representa um importante fator de risco para
desenvolvimento e morte por doença cardiovascular (VINIK et al.,
2003; KASETA et al., 1999). Indivíduos com DM2 apresentam 2 a 4
vezes mais risco de doenças cardiovasculares do que não-diabéticos,
sendo a doença cardiovascular a causa de morte em até 80% deles
(KANNEL; MCGEE, 1979; STAMLER et al.,1993).
Nosso grupo recentemente demonstrou que o treinamento físico
induziu melhora na função autonômica associada à redução da mor-
talidade em ratas ooforectomizadas diabéticas por estreptozotocina
(SOUZA et al., 2007). Todavia, este modelo experimental não apre-
senta aumento de peso corporal ou hipertensão, diferenciando-se nestes
aspectos de um modelo de SM.
Estudos recentes do Women´s Health Initiative (WHI) têm mos-
trado relação das mudanças metabólicas que ocorrem nas mulheres na
transição da pré-menopausa com a pós-menopausa, diretamente com a
falência ovariana ou alternativamente como um resultado metabólico
indireto da redistribuição da gordura central decorrente da deficiência
estrogênica (CARR; BRUNZELL, 2003). Diante desses achados, a
detecção da SM é fundamental para estratificar o risco global do indi-
víduo, principalmente da mulher e instituir um tratamento adequado,
com o objetivo de controlar todos os distúrbios fisiológicos presentes.
76

Disfunção autonômica e menopausa

Estudos experimentais e clínicos, vêm demonstrando que a disau-


tonomia (disfunções no SNA) está presente em uma série de patologias,
tais como a hipertensão arterial, a insuficiência cardíaca, o diabetes
mellitus e em outras alterações metabólicas como a menopausa (DE
ANGELIS et al., 2004; IRIGOYEN; KRIEGER, 1998). Neste contexto,

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estudos vêm demonstrando de forma consistente que a hiperatividade
simpática aumenta o risco cardiovascular, ao passo que uma função
vagal preservada ou aumentada tem sido considerada um fator de prote-
ção cardiovascular (TASK FORCE, 1996). Mais recentemente, o estudo
ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes After Myocardial Infarction)
forneceu evidências clínicas do valor prognóstico da disfunção autonô-
mica cardiovascular na mortalidade cardíaca pós-infarto do miocárdio
(LA ROVERE et al.,1998). Dessa forma, intervenções no sentido de
detectar, prevenir e/ou atenuar a disfunção autonômica cardiovascular
tem sido vistas como novas e/ou importantes estratégias no manejo
das doenças cardiovasculares (LA ROVERE et al., 2002). Todavia, os
estudos que verificaram disfunção autonômica foram realizados em sua
grande maioria em indivíduos do sexo masculino. Em contrapartida,
é consenso na literatura que machos e fêmeas apresentam diferenças
fisiológicas importantes que merecem ser mais bem explorados.

Estresse oxidativo e menopausa

Os mecanismos pelos quais o estrogênio reduz o desenvolvimento


de doenças cardiovasculares são multifatoriais e incluem alterações no
metabolismo lipídico, ações nos componentes das paredes vasculares
(endotélio, músculo liso e células adventiciais), e em elementos do
sangue (plaquetas e leucócitos), bem como alterações no controle do
autonômico cardiovascular (MILLER, 1999). De uma forma geral, a
participação do estrogênio como cardioprotetor, agindo como um antio-
xidante, atribui-se a sua estrutura fenólica que pode agir como neutra-
lizador dos radicais livres. O grupamento hidrofenólico do estrogênio
doa o hidrogênio para uma molécula instável, tornando-se um radical
menos lesivo; assim o anel da molécula do estrogênio se reorganiza e se
estabiliza, retirando do meio um radical livre. Dessa forma, o estrogênio
tem ação antioxidante importante agindo como “scavenger” de radicais
livres, ativando enzimas antioxidantes, aumentando a expressão da
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 77

enzima superóxido dismutase (SOD), aumentando a síntese de media-


dores vasoativos derivados do endotélio e diminuindo a expressão de
enzimas pró-oxidantes (NADPH oxidase) (KIM et al., 1996).

Exercício físico e menopausa

A inatividade física não só coloca a saúde da mulher em risco,


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mas também intensifica os problemas relacionados a menopausa. Evi-


dências associam o exercício físico habitual a um melhor status em
vários indicadores de saúde e melhor qualidade de vida, assim como a
prevenção e tratamento das doenças que tipicamente ocorrem a partir
da menopausa (MENDONZA et al., 2016; PEDERSEN; SALTIN,
2015). Neste sentido, os benefícios cardiovasculares, metabólicos
e autonômicos após o exercício físico agudo e crônico tem levado
muitos pesquisadores a sugerir o treinamento físico como uma con-
duta não farmacológica em diferentes patologias (PUCCI et al., 2012;
PEDERSEN; SALTIN, 2015).
O exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada e
repetitiva, que tem como objetivo final ou intermediário aumentar ou
manter a saúde e a aptidão física, podendo propiciar benefícios agu-
dos e crônicos (HORTENCIO et al., 2018). Dentre eles destacam-se a
melhora no condicionamento físico; a diminuição da perda de massa
óssea e muscular; o aumento da força, coordenação e equilíbrio; a
redução da incapacidade funcional, da intensidade dos pensamentos
negativos e das doenças físicas; e a promoção da melhoria do bem-estar
e do humor, além da redução da pressão arterial pós-exercício em rela-
ção aos níveis pré-exercício (NOGUEIRA et al., 2012). Paralelamente,
a atividade física regular age diretamente sobre os fatores de risco
associados, como hipertensão arterial sistêmica, obesidade, dislipide-
mia e diabetes mellitus, podendo reduzir significativamente o risco de
mortalidade cardiovascular em até 60% (HORTENCIO et al., 2018).
O exercício físico, por sua vez, desencadeia adaptações cardiovas-
culares importantes, como a redução dos níveis pressóricos e diminuição
de cardiofibroses (KWAK et al., 2011; MARQUES et al., 2006). Além
disso, Davi et al. (1996) demonstraram melhora na sensibilidade baror-
reflexa e na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) pós treinamento
físico aeróbio em mulheres menopausadas. Neste sentido, um estudo
experimental de nosso grupo com ratas submetidas à privação dos hor-
mônios ovarianos demonstrou bradicardia de repouso, normalização dos
78

valores de pressão artéria (PA) e melhora da sensibilidade dos pressor-


receptores após 8 semanas de treinamento físico aeróbio (IRIGOYEN
et al., 2005). Ademais, estudos anteriores de nosso grupo em animais
submetidos ao treinamento físico aeróbio evidenciaram adicionalmente
redução do estresse oxidativo e aumento das enzimas antioxidantes que
foram correlacionados com melhora em parâmetros cardiovasculares e
autonômicos, inclusive em ratas ooforectomizadas (IRIGOYEN et al.,

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2005; BERTAGNOLLI et al., 2008). Benefícios cardiovasculares e
autonômicos foram também observados em ratas diabéticas ooforec-
tomizadas (SOUZA et al., 2007), dislipidêmicas ooforectomizadas,
bem como na associação de treinamento físico e reposição hormonal
(FLUES et al., 2010).
Paralelamente, o exercício físico em mulheres na pós-menopausa
atenua o envelhecimento arterial, na medida em que causa adaptações
vasculares funcionais e estruturais que ajudam a manter a pressão arte-
rial em níveis mais baixos. Tem sido observado que indivíduos que
treinam frequentemente exibem menor rigidez arterial que indivíduos
sedentários. A principal adaptação funcional resulta do aumento da
atividade da enzima óxido nítrico sintase e consequente liberação de
óxido nítrico (NO). No entanto, as adaptações estruturais que permitem
a distensão da parede arterial, que são alcançadas posteriormente com
o exercício físico, são mais estáveis (MATSUBARA et al., 2014). O
exercício físico também aumenta a sensibilidade dos receptores beta-
-adrenérgicos e reduz a liberação de catecolaminas. O treinamento
físico de moderado a alta intensidade, especialmente o treinamento
intervalado, produz as adaptações endoteliais benéficas em mulheres
na pós-menopausa (KLONIZAKIS et al., 2014).
A inflamação sistêmica crônica, estresse oxidativo, tecido adiposo
visceral abdominal, dislipidemia, sarcopenia e sedentarismo são fatores
de risco para a síndrome metabólica em mulheres na pós-menopausa.
Tanto o treinamento físico aeróbico quanto o de força podem neutralizar
parcial ou totalmente essas alterações, normalizando as alterações do
perfil lipídico, aumentando as respostas anti-inflamatórias, a expres-
são das enzimas antioxidantes e a sensibilidade a insulina; reduzindo
também o tecido adiposo (GLOUZON, 2015).
Interessantemente, alguns estudos têm mostrado o efeito anti-infla-
matório do exercício físico. Já foi demonstrado aumento da interleucina
10 (IL-10) e redução do TNF-α no tecido adiposo após 8 semanas de
treinamento físico aeróbio. Além disso, também foram demonstrados
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 79

benefícios associados ao treinamento físico em indivíduos saudáveis,


mostrando um aumento das citocinas IL-6 e IL-10 e redução do TNFα
(FLYNN et al., 2007). Resultados semelhantes também foram observa-
dos em idosos (BRUUNSGAARD et al., 2003). Já em pacientes com
predisposição a SM, foi observado que o treinamento físico aeróbio
aumentou a adiponectina sérica (RING-DIMITROU et al., 2006). Já em
mulheres com síndrome metabólica este tipo de exercício não promoveu
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aumento adicional nas citocinas pró-inflamatórias, bem como não redu-


ziu as citocinas anti-inflamatórias (PEREIRA et al., 2012). Em relação
ao treinamento físico resistido, Prestes et al. (2009) demonstraram em
mulheres pós-menopausa redução das concentrações de leptina e de
IL-6 após 16 semanas de treinamento físico.
Neste sentido, um estudo que utilizou 12 semanas de exercício
com restrição calórica, causou melhora nos níveis de nitrotirosina
(3-NT) cardíaco e glutationa (GSH). Elevação em níveis de (3-NT)
e (GSH), desempenham papel compensatório contra a fibrose car-
díaca. Logo a atividade física regular contribui para cardioproteção,
atuando como agente terapêutico na remodelação cardíaca (SZABÓ
et al., 2018). Já outro estudo utilizou om protocolo de treinamento
combinado de resistência, durante um período de 6 semanas (5x/sem)
em conjunto com a suplementação de soja. Os resultados mostraram
que a combinação de soja em concomitância ao treinamento físico
regular apresentou valores significativamente maiores na expressão
de eNOS (JOURKESH et al., 2017).
Em um estudo desenvolvido por Claudio et al. (2017), buscou
avaliar o efeito de 8 semanas de treinamento de natação, na prevenção
da disfunção endotelial coronariana em ratas espontaneamente hiper-
tensas ovariectomizadas. Como resultados obtiveram que o treinamento
físico (natação), foi eficiente em prevenir a disfunção endotelial nas
artérias coronarianas, fato esse que pode ser justificado pelo aumento
na expressão de enzimas antioxidantes SOD-2 (superóxido dismutase
2) e catalase, reduzindo o estresse oxidativo, além de aumentar a bio-
disponibilidade de NO.
Pimenta et al. (2015), buscaram investigar os possíveis efeitos do
treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT – natação) durante o
período de 8 semanas, sobre parâmetros de estresse oxidativo, massa
corporal e pressão arterial sistólica em camundongos ovariectomizados
com dieta hiperlipídica ou não. O Treinamento físico (HIIT), teve como
benefícios, a minimização do ganho de massa corporal, para animais
80

com dieta e/ou ovariectomizados. Além disso, houve redução dos níveis
de colesterol e pressão arterial sistólica e aumento dos níveis de enzimas
antioxidantes para os respectivos grupos treinados com HIIT.
Estudo anterior buscou averiguar os efeitos do treinamento combi-
nado (TC) em ratas ovariectomizadas submetidas à dieta rica em frutose,
nas seguintes variáveis, variabilidade da pressão arterial, inflamação
e estresse oxidativo. O protocolo de treinamento ocorreu no período

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de 8 semanas de 40 a 60% da capacidade máxima. Como resultados
os autores evidenciam a redução da pressão arterial média, frequência
cardíaca, resistência à insulina e maior modulação autonômica cardíaca.
Além disso, os animais treinados apresentaram maior biodisponibili-
dade de óxido nítrico, redução de TNFα, aumento de IL-10 no tecido
cardíaco e redução da lipoperoxidação, além de aumento das defesas
antioxidantes nos tecidos cardíaco e renal.
Murai et al. (2015), buscaram avaliar os efeitos do treinamento
físico isolado e combinado com a suplementação de creatina em ratas
ovariectomizadas, avaliando assim sua saúde óssea, no período de 12
semanas. Foram evidenciados efeitos positivos do treinamento isolado
e com suplementação de creatina no conteúdo mineral ósseo e densidade
mineral óssea no fêmur e coluna, tal como aumento da carga máxima,
rigidez e tenacidade do conteúdo ósseo. Corroborando estes dados, estudo
anterior procurou investigar os efeitos de 8 semana de diferentes tipos de
exercícios (natação e escalada), na disfunção endotelial de artérias e perda
de massa óssea em ratas ovariectomizadas. Para os grupos treinados em
natação e escalada os níveis de Endotelina-1 foram significativamente
menores e os níveis de óxido nítrico foram significativamente maiores.
Em contrapartida a natação não foi eficiente em prevenir a perda mineral
óssea, porém suprimiu a disfunção endotelial. Já a escalada apresentou
valores positivos para ambas as variáveis (PARK; OMI, 2014).
Nota-se que os benefícios induzidos pelo treinamento físico aeró-
bio dinâmico, estão bem descritos na literatura, no entanto, faz-se neces-
sário um entendimento sobre os mecanismos que poderiam explicar
esses benefícios, principalmente no sexo feminino. Embora o exercício
aeróbio venha sendo o mais utilizado neste público, as atuais diretrizes
recomendam a inclusão de treinamento resistido para diversos públicos
e indivíduos com doenças crônicas (POLLOCK et al., 2000; PHIL-
LIPS; ZIURAITIS, 2003). Acredita-se que em pacientes hipertensos
a utilização do treinamento resistido é um importante complemento
ao treinamento aeróbio devido aos seus benefícios osteomusculares
(CARDOSO JUNIOR et al., 2010).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 81

Recentemente, em mulheres na pós-menopausa submetidas ao


treinamento resistido observou-se diminuição da porcentagem de tecido
adiposo e aumento da massa muscular e da força (ORSATTI et al.,
2010). O treinamento resistido em pacientes com hipertensão essencial
reduziu os níveis de TNFα, aumentando os níveis de enzimas antio-
xidantes e a biodisponibilidade de óxido nítrico (AGARWAL et al.,
2012). Benefícios metabólicos (colesterol, triglicerídeos), bem como
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redução de pressão arterial sistólica, foram observados em pacientes


diabéticos submetidos a um protocolo de treinamento resistido durante
8 semanas (ARORA et al., 2009).
A menopausa reflete não apenas mudanças fisiológicas decorrentes
da redução nos níveis hormonais ovarianos, mas também o inevitável
final da vida fértil de uma mulher. Diversos sistemas do corpo são afe-
tados com a transição menopáusica o que contribui ao surgimento de
morbidades como as doenças cardiovasculares, síndrome metabólica
e osteoporose. Assim, durante esta fase transicional os profissionais de
saúde exercem um papel fundamental, auxiliando-as a experimentar
este processo em um estado saudável e condicionando-as a um estado
de saúde ideal na pós-menopausa. Neste sentido, têm-se grande rele-
vância identificar os fatores que, além da idade, contribuem para o
aparecimento das comorbidades.
Assim, uma das medidas promissoras que contribuem com a
redução de fatores de riscos é a intervenção com incentivo à prática de
atividade física regular, que como visto anteriormente contribuem na
manutenção do peso corporal e tem influência positiva na redução no
percentual de gordura total e manutenção da massa óssea, assim como
aumento de massa magra e melhor distribuição da gordura corporal.
Paralelamente, a correlação entre a prática de atividade física e
a composição corporal durante a menopausa sofre influência direta de
outras variáveis importantes, tais como a alimentação e o estresse oxi-
dativo. Observando ainda que, a composição corporal alterada quando
associado a menopausa aumenta os riscos de disfunções cardiometa-
bólicas. Ademais, ressalta-se o importante papel do sistema nervoso
autônomo na gênese destas disfunções.
82

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CAPÍTULO 6

EFEITO DO TREINAMENTO
FÍSICO NAS VARIÁVEIS
AUTONÔMICAS E PSICOLÓGICAS
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EM PACIENTES COM DPOC


Leonardo Hesley Ferraz Durans
Alessandra Priscila Agustinho Mostarda
Rodrigo França Barroso
Josimary Lima da Silva Lula
Cristiano Teixeira Mostarda

Introdução

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença


respiratória que se caracteriza pela restrição de fluxo de ar e existência
de sintomas respiratórios que são persistentes, e estão relacionados às
respostas inflamatórias crônicas das vias aéreas (GOLD, 2021).
Essas respostas inflamatórias aumentadas ao longo do tempo podem
causar obstrução e estreitamento das pequenas vias aéreas com inflama-
ção e muco, ou destruição do parênquima pulmonar. Essas mudanças no
componente pulmonar podem promover diminuição da tração elástica que
mantém as vias aéreas de pequeno e médio calibre abertas, o que pode
originar seu fechamento precoce no decorrer da expiração, o que resulta
na obstrução do fluxo aéreo, responsável por originar a tosse, dispneia
e expectoração, principais sintomas da DPOC (VESTBO et al., 2013).
A DPOC gera uma união de alterações que geram danificações
constantes da qualidade de vida do indivíduo acometido. Esses danos
são encontrados a altura das vias aéreas proximais e periféricas, gerando
certo grau de inflamação crônica estruturais na árvore brônquica,
podendo aumentar de acordo com a gravidade da doença (WHO, 2019).
A DPOC é uma doença com grande repercussão sobre a função
respiratória, existindo certos períodos de exacerbação. Segundo GOLD
(2009), a DPOC manifesta efeitos extrapulmonares que podem ajudar
para a sua gravidade.
92

O risco referente para DPOC está atrelado ao tabagismo, e a


sobrecarga de partículas inaladas pelos indivíduos durante muitos
anos (ONDR, 2011). Além desses fatores, a DPOC também pode
estar associada a deficiência hereditária grave de alfa-1 antitripsina
(GOLD, 2009).
Para diagnóstico da DPOC o exame considerado padrão-ouro é
a Espirometria, sendo esse exame de fácil reprodução e amplamente

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disponível. Como critério diagnóstico é utilizado o valor da relação
VEF1/capacidade vital forçada (CVF) após o uso de broncodilatador
< 0,7. A gravidade da doença após a espirometria é classificada como,
muito grave (VEF1 < 30% do previsto), grave (VEF1 ≥ 30% do previsto
e < que 50% do previsto), moderada (VEF1 ≥50% e < que 80% do
previsto), ou leve (VEF1 ≥80% do previsto) (GOLD, 2009; VESTBO
et al., 2013).
A DPOC pode se apresentar com aparecimento de dispneia, tosse
e excreção de muco pelas vias aéreas durante as atividades cotidianas.
Os problemas respiratórios podem se tornar incapacitante em uma fase
avançada da doença, o que é relacionado por um aumento elevado de
internações hospitalares durante período de exacerbação (GOLD, 2021).
A hipersecreção de muco pelas vias aéreas está associada a infla-
mação das vias aéreas que leva disfunção ciliar e limitação do fluxo
aéreo, levando um aumento do trabalho respiratório, o que pode gerar
de forma progressiva a dispneia nesses indivíduos, além de hipertensão
pulmonar e hiperinsuflação pulmonar (WHO, 2019).
Adicionalmente, na DPOC ocorre o aumento do trabalho da
musculatura respiratória devido a obstrução das vias aéreas, sendo os
indivíduos acometidos com essa doença forçados a usarem a muscu-
latura acessória, por vezes levando a uma assincronia respiratória em
inspiração e expiração (CARAM et al. 2016).
Os gastos no sistema de saúde com essa doença são elevados
devido sua alta prevalência e o aumento da sobrevida dessa popula-
ção. É estimado que nos EUA a média de custos anuais se aproximem
entre 20 e 29,5 bilhões de dólares (NATIONAL HEART, LUNG AND
BLOOD INSTITUTE, 2009).
Um projeto Latino-americano para Investigação da DPOC feito
em algumas cidades da América Latina relatou que a prevalência é
maior em homens e aumenta com a idade, principalmente acima de 60
anos (MENEZES et al., 2005).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 93

Figura 1 – Influência da obesidade e da qualidade do


sono potencializando a disfunção autonômica e a perda
da capacidade funcional em pacientes com DPOC

DPOC Sistema nervoso autonômico


alterações da musculatura
hiperatividade simpática
respiratória esquelética periférica
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hipoxemia

apneia esgotamento
Sono nutricional

arritmias Obesidade
distúrbio
dispneia

incapacidade
funcional
inflamação
sarcopenia

perda de capacidade
funcional

pior prognóstico

Fortalecimento da musculatura respiratória e alterações


cardiovasculares na DPOC

Atualmente, a DPOC está entre as principais causas de morbimor-


talidade em todo o mundo. É elevado o número de mortalidade decor-
rente dessa doença, porém existe um impacto muito grande decorrente
das morbilidades que estão associadas em indivíduos dpocíticos. Além
disso, a presença de comorbidades pode aumentar o risco de internações
hospitalares e morte nessas pessoas (ROTH et al., 2018).
O vínculo clinicopatológico entre DPOC e outras comorbidades
podem favorecer o aparecimento de outras doenças pela liberação de
marcadores inflamatórios, sendo adquirido o termo multimorbidade
para pacientes crônicos complexos com DPOC (HILLAS et al., 2015).
O tabagismo se destaca como um dos fatores de risco principais
para DPOC. Fumar pode acentuar os sintomas da doença, e está relacio-
nado diretamente com a morbimortalidade decorrente da DPOC. Além
94

disso, é evidente na literatura que o tabagismo passivo e exposição a


poeiras orgânicas e inorgânicas também podem estar associadas ao
desenvolvimento de DPOC. É estimado que no Brasil cerca de 14,8%
da população adulta seja fumante (VIGITEL 2011).
Mais ainda, fatores relacionados a genética, como deficiência
de alfa-1-antitripsina podem estar ligados com o aparecimento de
DPOC. O fator causal para surgimento da DPOC pode ser multifato-

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rial, e é fundamental que esses fatores sejam identificados no início
da doença, pois ativam a células inflamatórias surgindo diversos
marcadores sistêmicos, gerados pelas alterações no parênquima pul-
monar (VESTBO et al., 2013).
Já uma das consequências adquiridas em indivíduos com DPOC
é o desenvolvimento de hipertensão pulmonar gerada pela hipóxia que
provoca vasoconstrição e espessamento da parede dos vasos arteriais
pulmonares, o que pode levar como consequência hipertrofia e dila-
tação do ventrículo direito, gerando quadro de insuficiência cardíaca
(RABE et al., 2007).
Na DPOC os fatores de risco que mais estão correlacionados a
períodos de exacerbação da doença e maior mortalidade são os qua-
dros de dispneia, desnutrição, hipercapnia ou hipoxemia, e redução
da capacidade de exercício (RODRIGUES, 2010; BARRIGA, 2010).
Mudanças na função respiratória podem interferir de forma direta
no sistema nervoso autônomo, podendo levar a aumento do tônus sim-
pático ou perda do tônus parassimpático, e pode ser sinalizado como um
marcador morbidade e mortalidade na população com DPOC. Além disso,
como demonstrado na Figura 1, quando relacionada com excesso de peso,
a disfunção autonômica cardíaca pode estar referente a diminuição da
sensibilidade barorreflexa, aumento da atividade simpática e diminuição
da variabilidade da frequência cardíaca (MOSTARDA et al., 2021). A
obesidade pode ser um fator adicional no comprometimento do sistema
nervoso autônomo na DPOC. Trabalhos do nosso grupo têm mostrado
que indivíduos com DPOC e excesso de peso apresentam desequilíbrio do
sistema nervoso autônomo vinculado ao aumento da modulação simpá-
tica, aumento da pressão arterial sistólica e redução da modulação vagal.
Mais ainda, em nossos resultados, é relatado que o excesso de peso em
indivíduos com DPOC está relacionado com a pior qualidade do sono e
chance para o desenvolvimento de distúrbios do sono, todos esses fatores
são considerados chaves para surgimento de doenças cardiovasculares e
pior prognóstico nesses indivíduos (MOSTARDA et al., 2021).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 95

Existem evidências de que efeitos extrapulmonares podem ser sig-


nificantes para o processo de gravidade do indivíduo com DPOC, como
o estresse oxidativo e a inflamação sistêmica, contribuindo para uma
piora no mecanismo de desenvolvimento da doença (MACNEE, 2008).
Dentre os efeitos sistêmicos de maior frequência estão a perda de
peso e a perda da massa magra, que são sinais de evolução crônica da
doença, levando a certo graus de disfunções musculares e redução da
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capacidade tolerância para realização de exercícios, e podem influenciar


no prognóstico avançado da DPOC (SILVA et al., 2017).
Além da desnutrição contribuir para um pior desempenho físico
em indivíduos dpocíticos, pode geram também aumento para o risco
de infecções. O metabolismo basal de indivíduos com DPOC é maior
em decorrência ao aumento do trabalho respiratório, e com o avanço
da doença as atividades cotidianas se tornam difíceis de serem realiza-
das, pois a fraqueza dos músculos respiratórios associada ao aprisiona-
mento aéreo contribui para o aumento do consumo energético nesses
indivíduos, podendo gerar um gasto energético maior em períodos de
exacerbação da doença (BACHINI et al. 2010).
Segundo Vivodtzev et al. (2008), a fraqueza e diminuição da endu-
rance dos músculos respiratórios também podem ser caracterizados
como fator de limitação para tolerância à atividade física em indivíduos
dpocíticos, apresentando deficiência da musculatura esquelética.
No indivíduo com DPOC o músculo diafragma eleva sua carga
mecânica para melhorar seu desempenho em decorrência da limitação
ao fluxo aéreo e pelas mudanças do tórax geradas pela hiperinsuflação
pulmonar, além da desvantagem mecânica, alterações em mediadores
pró inflamatórios e no estado eletrolítico podem ser fatores de interfe-
rência na função muscular respiratória, o que leva a fraqueza muscular
diretamente ligada a perda de massa muscular (GOSKER et al. 2008).
Em geral, alguns estudos relatam que a estrutura e a função da
musculatura dos membros superiores pode ser menos afetada na DPOC
em decorrência às atividade mantida durante as atividades rotineiras.
Em contrapartida, mudanças na musculatura dos membros inferiores
podem surgir de forma mais evidentes devido descondicionamento
progressivo causado pela doença, provocado pelo sedentarismo ado-
tado de forma adaptativa para diminuir ou evitar sensação de dispneia
(MIRANDA, et al. 2011).
Uma das ferramentas adotadas para melhoras o desempenho
pulmonar dessa população é o treinamento muscular respiratório, que
tem evidências mostrando seus resultados na melhoria do controle
96

autonômico cardíaco e da atividade simpática. Nosso grupo tem estudado


o efeito do treinamento da musculatura respiratória em pacientes com
DPOC. Em nossos achados, Cutrim et al. (2019) sugere nos resultados
do seu estudo que o treinamento muscular inspiratório pode melhorar
a capacidade de exercícios em indivíduos com DPOC. Os pacientes
que realizaram o treinamento da musculatura inspiratória, durante 4
semanas a 30% da Pressão inspiratória máxima, tiveram uma melhora

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da capacidade funcional, percorreram uma distância maior no teste de
caminhada de 6 minutos, quando comparado ao início do protocolo. Adi-
cionalmente, o treinamento da musculatura inspiratória contribuiu para
melhora da função autonômica cardíaca. Essa melhora pode influenciar
diretamente a qualidade de vida destes pacientes, assim como diminuir
risco de mortalidade por doenças cardiovasculares nesta população.
As doenças cardiovasculares contribuem como um fator indepen-
dente de hospitalização e para mortalidade em pacientes com DPOC
(CURKENDALL et al., 2006). Portanto adotar o treinamento da mus-
culatura respiratória para estes pacientes torna-se uma opção na redução
de riscos a médio e longo prazo.
As doenças cardiovasculares estão entre as comorbidades mais
atreladas a DPOC talvez pelo motivo da fisiologia, fisiopatologia e
fatores de risco comuns entre os sistemas cardiovascular e respiratório
terem uma relação estreita (PAPAIOANNOU et al., 2015).
Na DPOC, um fator de risco para desencadeamento de infarto
agudo do miocárdio é a limitação do fluxo aéreo aumentando a proba-
bilidade para mortalidade por doença cardíaca isquêmica. É estimado
que cerca de 27% das mortes decorrentes da DPOC estejam diretamente
atreladas a eventos cardiovasculares (MCGARVEY et al. 2012).
São necessários mais estudos que envolvam DPOC e Insuficiên-
cia Cardíaca devido, principalmente, a seus diversos fatores de risco
comumente compartilhados, visto que cerca de aproximadamente 20%
da população com DPOC exista a coexistência de disfunção ventricular
esquerda (BAAR et al. 2010).
Pacientes com doença grave na estrutura pulmonar podem sofrer
mudanças que podem estar atreladas à insuficiência de ventrículo direito,
o que leva consequentemente a um aumento da resistência vascular
pulmonar e falência de ventrículo esquerdo (BADESCH et al., 2009).
Em períodos de exacerbação, indivíduos com DPOC e cardiopa-
tia isquêmica associadas encontram níveis aumentado de proteína C
reativa em seu metabolismo, sendo comuns muitos sinais e sintomas
entre as duas doenças, necessitando de um diagnóstico individualizado
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 97

nos períodos de estabilidade ou exacerbação, realizado principalmente


pela dosagem de NT-pro-BNP (Plasma Pro-B-Type Natriuretic Peptide)
e BNP (Brain natriuretic peptide) (PADELETTI et al. 2008).
Comorbidades cardiovasculares, endócrinas, músculo-esqueléti-
cas, mentais e elevados níveis de marcadores de inflamação sistêmica
são responsáveis por gerar grande impacto para aumento da mortalidade
nessa população especial (ALMAGRO et al. 2010).
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Constantemente, a diabetes mellitus também é um fator que está


ligada à DPOC, formando no componente metabólico citocinas pró-in-
flamatórias, como TNF-alfa e Interleucina-6, que levam a resistência à
insulina (AIMAGRO et al. 2010; AGUSTI et al. 2010).

DPOC, exercício físico e fatores psicológicos

Uma das principais causas de doenças e alterações tanto meta-


bólicas quanto cardiovasculares é o estresse (SANCHES et al., 2016).
O estresse psicológico pode induzir diversas respostas fisiológicas nos
sistemas nervosos, imune, e/ou endócrino resultantes da adaptação
homeostática, que poderiam ser prejudiciais sob diferentes condições.
Conforme sua duração, pode ser dividido em duas classes: estresse
agudo e crônico (SCHUCH et al., 2016; YANG et al., 2015).
Em situações de estresse, algumas estruturas são ativadas e outras
inibidas no encéfalo, em especial no sistema límbico, que, apesar de
desempenhar outras funções, é responsável por transmitir impulsos
originados na área superior do córtex cerebral para o hipotálamo, desen-
cadeando uma série de reações por neurotransmissores, sintetizando,
secretando e liberando sinergicamente mecanismos de sustentação da
homeostase, a chamada síndrome de adaptação geral (ROLLS, 2015).
A medição do estresse depende do entendimento de fatores que
incluem desde experiências de mudança de vida, como morte, perda de
emprego, e divórcio; influências ambientais, como desastres naturais,
status socioeconômico e violência; até fatores físicos, como doenças,
lesões, gravidez, dentre outros. Ou seja, diferentes recursos fisiológicos,
cognitivos e afetivos, que podem ser avaliados mediante coleta de sangue,
urina, saliva e variáveis autonômicas 37 (BAEVSKY BERSENEVA,
2008; FIGUEROA-FANKHANEL, 2014, TARVAINEN et al., 2019).
Além disso, o estresse também está associado e por vezes foi con-
fundido com outro distúrbio psicológico bastante presente na atualidade, a
ansiedade, quadro que se caracteriza por um estado emocional transitório
98

que envolve conflitos psicológicos e sentimentos desagradáveis de tensão,


sofrimento e angústia (BYSTRITSKY; KRONEMYER, 2014). Os sinto-
mas mais frequentes envolvem apreensão, sudorese, aumento da pressão
arterial e frequência cardíaca, bem como distúrbios gastrintestinais e do
sono (BANDELOW; MICHAELIS; WEDEKIND, 2017).
A doença pulmonar obstrutiva crônica e a depressão são con-
dições heterogêneas comuns frequentemente associadas (MAURER

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2008). Ambas as doenças geram uma carga econômica e social global
elevada (MURRAY 2013). Enquanto a associação entre doença pul-
monar obstrutiva crônica e depressão deve ser antecipada devido ao
isolamento social de pacientes mais graves, a prevalência de depressão
na doença pulmonar obstrutiva crônica parece ser mais frequente do que
em outras doenças crônicas incapacitantes (BARNES 2010). Fumar,
o principal fator de risco para a doença pulmonar obstrutiva crônica,
é frequentemente associado à depressão e, ambos, frequentemente se
potencializam mutuamente (GOODWIN, 2012).
Em uma metanálise e metarregressão prévia (ZHANG et al 2011),
alguns autores objetivaram identificar fatores associados à heteroge-
neidade da prevalência de sintomas depressivos na doença pulmonar
obstrutiva crônica. Esses autores observaram uma variação de seis vezes
na prevalência pontual de depressão em indivíduos com doença pul-
monar obstrutiva crônica e uma variação de 18 vezes nos controles.
Eles concluíram que os fatores demográficos e clínicos (idade, gênero
e histórico de tabagismo) não foram determinantes da heterogeneidade
entre os estudos. No entanto, a pesquisa teve uma série de limitações,
incluindo diferenças na definição de doença pulmonar obstrutiva crônica
entre os estudos selecionados. Em estudo mais recente, Hegerl e Mergl
(2014) exploraram outros aspectos que podem afetar a prevalência de
depressão em pacientes com DPOC, incluindo o fato de que ambas
as doenças compartilham características comuns, como fadiga, baixa
atividade física, distúrbios do sono e perda de interesse pela vida.
Portanto, além da inerente heterogeneidade da doença pulmonar
obstrutiva crônica e depressão, pode-se argumentar que a falta de padro-
nização metodológica entre os estudos é um dos principais contribuintes
para a variabilidade da prevalência relatada de depressão em pacientes
com doença pulmonar obstrutiva crônica.
Por outro lado, o treinamento físico nestes pacientes tem colabo-
rado para melhora da qualidade de vida, melhora da capacidade fun-
cional, melhora da força da musculatura respiratória, redução do nível
de estresse e depressão (GODOY et al., 2010).
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 99

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CAPÍTULO 7

HIPERTENSÃO E DIABETES
NA ADOLESCÊNCIA
Carlos Alberto Alves Dias Filho
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Nivaldo de Jesus Soares Silva Júnior


Carlan da Silva Sena
Luís Gustavo Dias Rabêlo

Introdução

No período de desenvolvimento, especificamente a fase da ado-


lescência, é um período transitório onde ocorrem várias mudanças
tanto no aspecto físico quanto psicossocial, permitindo a consolida-
ção de hábitos alimentares e de atividades físicas que levarão a uma
melhor qualidade de saúde na fase adulta (BARUFALDI et al., 2016).
Este período é marcado pelo rápido crescimento e desenvolvimento,
principalmente em relação ao crescimento físico caracterizado pelo
estirão e pela maturação sexual, além do aumento do senso crítico,
assim como uma independência emocional e do autoconhecimento
(PRIORE et al., 2010).
Indivíduos nessa faixa de desenvolvimento compõem cerca
de 20% do total da população no mundo, com uma estimativa de
1,13 bilhões de adolescentes para o ano de 2025 (HLN et al., 2005)
enquanto que no Brasil de acordo com o censo de 2010, 34.157.633
milhões eram adolescentes compondo 17,9% da população brasileira
(BRASIL, 2015).
Obesidade e hipertensão são doenças crônicas e não transmissí-
veis, cuja incidência têm aumentado vertiginosamente entre as crianças
e adolescentes, inversamente com relação às doenças infectocontagio-
sas, o que caracteriza uma importante mudança no perfil epidemioló-
gico, estabelecendo grandes desafios nos campos da assistência e da
pesquisa referentes a esse grupo etário (GOLDANI et al., 2012).
A existência de um elevado número de óbitos atribuídos às doen-
ças cardiovasculares no Brasil é proporcionada pelo surgimento de
alguns fatores de risco desde a infância e pelo acréscimo de outros
104

no decorrer da vida. Como as mudanças no cotidiano da população


infantil ocorreram de forma drástica e num curto espaço de tempo,
tais indivíduos também passaram a sofrer a ação de doenças rela-
cionadas a esse novo contexto, como no caso da hipertensão arterial
(FERREIRA; AYDOS, 2010).

Hipertensão na adolescência

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A hipertensão está muito bem descrita na literatura como seu
aspecto multifatorial. Levando em consideração diversos fatores que
são danosos a saúde, os adolescentes têm apresentado mudanças pre-
coce na pressão arterial (SIMONYTE et al., 2017). A hipertensão sem
associação com doenças renais, vasculares, neurológicas ou endócri-
nas, tem sido o tipo mais frequente entre os adolescentes, sendo uma
hipertensão mais leve, pois está relacionado com o histórico familiar
da doença (OLIVEIRA BEZERRA et al., 2013). No Brasil esse tipo é
definido como hipertensão primária.
A definição de hipertensão em crianças e adolescentes se
baseia na distribuição da PA normativa de crianças saudáveis,
tendo ainda como fator determinante da PA nessa população, a
altura. Ainda assim é importante os níveis de PA serem interpreta-
dos com base no sexo, idade e altura para evitar uma classificação
errônea (FALKNER et al., 2004).

Tabela 1 – Valores de investigação da PA em adolescentes


PA (mmHg)
Idade Meninos Meninas
PAS PAD PAS PAD
1 98 52 98 54
2 100 55 101 58
3 101 58 102 60
4 102 60 103 62
5 103 63 104 64
6 105 66 105 67
7 106 68 106 68
8 107 69 107 69
continua...
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 105

continuação
PA (mmHg)
Idade Meninos Meninas
PAS PAD PAS PAD
9 107 70 108 71
10 108 72 109 72
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11 110 74 111 74
12 113 75 114 75
≥13 120 80 120 80

Fonte: Adaptado de Almino et al. (2009).

Os percentis (ACHARYA et al., 2007) também são usados


para atribuir valores válidos para crianças e adolescentes, usando a
altura, peso, sexo e faixa etária em cálculos específicos. A PA normal
é dada quando a PAS e PAD estão abaixo do percentil 90 (P90). A clas-
sificação de pré-hipertensão é definida quando a pressão arterial é igual
ou superior a P90 e menor que o P95, ou mesmo quando está abaixo
do P95. É considerada hipertensão estágio 1 quando a PAS ou PAD
são maiores que o P95 e menor que o P99 e a hipertensão estágio 2 é
definida com PAS ou PAD com P maior que 99 (PATTON et al., 2017).
A importância da aferição da pressão arterial em consultas médi-
cas pediátricas, tornou-se uma maneira eficaz para identificar riscos
hipertensivos nessa fase e posteriores fase do desenvolvimento e enve-
lhecimento. No entanto a hipertensão em crianças e adolescentes é
geralmente assintomática, o que colabora para a falta de diagnóstico
precoce, e dificulta a detecção, tratamento e o controle, podendo levar
a reduzir o risco de eventos cardiovasculares para esses indivíduos
(ANYAEGBU; DHARNIDHARKA, 2014)
Deste modo, estudos que se propõem a identificar alterações car-
diometabólicas na adolescência são essenciais para compreender esse
novo cenário global, mas também para traçar métodos de investigação
mais precoce e eficazes. Ainda que seja difícil notar em uma deter-
minada população quando os fatores que causam riscos hipertensi-
vos começam a causar danos a órgãos alvos levando a uma desordem
negativa, é possível deduzir que quanto mais cedo há a presença desses
fatores maiores serão os efeitos danosos sobre a função cardiovascular
(EIKENDAL et al., 2016).
106

No Brasil dados mostram que a hipertensão em adolescente foi


de 8% em 2008 (Magliano et al., 2013), em 2013 de acordo com a
pesquisa nacional de saúde esse percentual chegou a 21%. O que
mostra o desenvolvimento da hipertensão no transcorrer do tempo
indicando a relevância no monitoramento e organização de inter-
venções precoces e devidas, já que é possível notar a dificuldade no
controle do avanço da hipertensão.

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A abordagem pediátrica da sua fisiopatologia associada a outros
fatores como por exemplo à obesidade tem mostrado uma relação
com a disfunção do sistema nervoso simpático, resistência periférica
à insulina, alterações da estrutura e função vascular (FROIO, 2017).
Mesmo essas doenças serem mais incomum em crianças e adolescen-
tes, no entanto os seus antecessores estão cada vez mais corriqueiros
(PLETCHER et al., 2016).
Um fato importante que está acontecendo é que a obesidade se
tornou mais comum em indivíduos cada vez mais jovens, expondo-os
ao risco de várias doenças cardiometabolicas (EIKENDAL et al., 2016;
CASTRO et al., 2018), o que os deixam mais suscetíveis a maiores
lesões cardiovasculares. Desta forma, o diagnóstico precoce da HAS e
alterações cardiometabolicas se tornam medidas importantes para pre-
venção na saúde pública (BACK et al., 2005). O aumento da obesidade
em crianças e adolescentes tem sido causada, principalmente por maus
hábitos alimentares e inatividade física (WANG et al., 2008) onde,
essas crianças obesas tem risco hipertensivo maior que as não obesas,
aumentando as chances de se tornarem adultos obesos e hipertensos.
O sedentarismo é de fato algo importante na predominância do
aumento do peso, devido a preferência das crianças e adolescentes
em ficarem no computador, no uso do celular e acompanhando a pro-
gramação na TV (BIELEMANN et al., 2014). Com isso é notado a
importância que esses indivíduos tenham a prática da atividade física
como uma rotina e que seja prazeroso em forma de brincadeiras ou
práticas esportivas de seus interesses. No entanto, como ocorreu e ainda
acontece, há uma diminuição de locais adequados para a prática de ati-
vidade física. Consequentemente, não ocorre o mínimo gasto de energia,
mantendo dessa forma o sedentarismo como o habito principal destes
adolescentes (PALMEIRA et al., 2017).
Com o desenvolvimento da sociedade e como consequência o
advento de novas tecnologias e a população com a rotina mais agitada, a
indústria passou a desenvolver formas mais práticas para os indivíduos
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 107

se alimentarem, com alimentos com taxas calóricas maiores e de fácil


preparo (COSTA, 2017). Sendo assim desde cedo os pais impõe aos
filhos uma rotina sem condições de escolhas ou de saber o que é mais
saudável, consumindo alimentos mais industriais, mantendo uma rotina
agitada e com maus hábitos alimentares comprometendo o desenvol-
vimento físico e mental (ABDELMUR, 2014).
Em fases especificas, os hábitos nutricionais adequados não com-
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pensam em alguns casos o desenvolvimento físico e mental que antes foi


perdido, sendo necessário obter uma boa educação e nutrição, paralelo
aos padrões alimentares ideais, principalmente na infância e adoles-
cência, para facilitar a continuidade desses hábitos quando o indivíduo
torna-se um adulto e para prevenir eventuais doenças (DUMA-KOCAN
et al., 2017), pois dietas ricas em frutas, hortaliças, fibras, minerais e
laticínios concentrações baixas de gordura, influenciam de forma posi-
tiva no controle ou redução da pressão arterial, esses efeitos tem sido
associados ao alto consumo de cálcio, potássio e magnésio (JURAS-
CHEK et al., 2017).

Hipertensão e o componente genético

O entendimento da influência genética na questão saúde e preven-


ção de doenças são de suma importância, pois uma grande quantidade de
genes e marcadores genéticos estão documentados no que diz respeito
à saúde, fenótipos de performance e boa aptidão física o que facilitaria
a orientação para a prática de atividade física mais ideal por exemplo
(OSTRANDER et al., 2009).
Estudos epidemiológicos mostram que o fator genético tem
influência sobre cerca de 30% na variação da pressão arterial (Fava
et al., 2004) e que a hipertensão arterial é duas vezes mais comum em
indivíduos que têm um ou dois pais hipertensos (YAZDANPANAH
et al., 2007). O estudo de Luft F. C. et al. (2001) com gêmeos mostra
que os genes dão indícios para explicar em torno de 50% da variação
da pressão arterial na população (LUFT, 2001).
Dentro das variáveis genéticas relacionada a HA temos os polimor-
fismos, que podem influenciar a expressão e produção de componentes
regulatórios presentes no sistema endócrino como o sistema renina-an-
giotensina-aldosterona (SRAA), que desempenha um papel fundamental
na patogênese da hipertensão arterial essencial (SINGH et al., 2010).
Verificando-se também um aumento do risco de hipertensão arterial na
108

presença dos seguintes polimorfismos: o polimorfismo M235T, respon-


sável pelo aumento da angiotensinogênio (AGT); o polimorfismo I/D
da enzima conversora da angiotensina (ECA) e o polimorfismo A1166C
do receptor 1 de angiotensina II (AGTR1) (SIMONYTE et al., 2017).
Dentre esses polimorfismos tem-se como destaque o polimorfismo
I/D do gene da ECA (rs1799752). Este gene tem sua localização no
cromossomo 17 q23 com 26 éxons, é um polimorfismo do tipo dele-

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ção (alelo “D”) e inserção (alelo “I”) de 287 pares de base no íntron
16 (Amara et al., 2018). No Brasil a frequência do alelo I (selvagem)
desse polimorfismo foi de 0,39 e do alelo D (polimórfico) de 0,61, o
que mostra ser semelhante a distribuição alélica em outros países. Já
em relação a frequência genotípica, o gene I/I apresenta frequência de
0,20, o gene I/D com 0,43 e D/D correspondente a 0,37. Com exceção
tem-se o sul do país que obteve uma frequência de 0,54 para o genótipo
D/D e 0,24 para I/D, essa alteração é justificada pela composição étnica
para cada população (INACIO et al., 2004).
Diante disto, este polimorfismo pode aumentar as chances do
desenvolvimento da HAS (DIAS et al., 2007; SIMONYTE et al., 2017).
Sendo uma importante variante genética para a alteração da função fisio-
lógica cardiovascular (ELENI et al., 2008) em indivíduos que tem uma
quantidade maior de angiotensina II, o que pode levar a alterações de
diversos mecanismos, como disfunção autonômica e função endotelial,
contribuindo para o desenvolvimento da hipertensão arterial (HARRAP
et al., 1993) e outras doenças cardiovasculares (Guney et al., 2013).
A ECA, por sua vez, desempenha importante função na regulação
da pressão arterial e equilíbrio eletrolítico, convertendo Angiotensina
I (Ang I) em Angiotensina II (Ang II), hormônio ativo que, promove
a vasoconstrição (Simonyte et al., 2017). Mostrando ter importante
função dentro do SRAA (PARK et al., 2009) (Figura 1). A ECA é
disponibilizada no organismo em duas formas: testicular e a somática
(Lanzillo et al., 1985). É encontrada tanto como uma enzima conec-
tada a uma membrana apoiada por um segmento terminal de carbo-
xila hidrofóbica, como uma molécula circulante dos fluidos corporais
sendo organizada em dois distintos domínios (domínio N e domínio
C) (SOUBRIER et al., 1988)
O SRAA é um regulador por via humoral da pressão arterial e tem
uma forte influência como sistema endócrino e parácrino, sendo impor-
tante no papel da patogênese da hipertensão arterial (SINGH et al.,
2010), principalmente quando sua atividade está aumentada (Fernandes
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 109

et al., 2008). Pesquisa usando variáveis genéticas mostram que genes do


SRAA tem influência na hipertensão arterial essencial, assim como, no
tratamento anti-hipertensivo (WANG et al., 2017). Células musculares
lisas modificadas (células renais justaglomerulares) localizadas nas
arteríolas aferentes. Estas células são responsáveis pela produção da
renina, que atua sobre a globulina angiotensinogênio, proteína secre-
tada e produzida pelo fígado encontrada na fração globulina Alfa 2 do
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plasma. Esta proteína dá origem a angiotensina I um peptídeo de 10


aminoácidos, que tem propriedades vasoconstritoras leves, no entanto,
quando a angiotensina I é clivada pela ECA, há a produção da Ang II
um peptídeo de oito aminoácidos, que possui uma capacidade maior de
vasoconstrição. Essa harmonia sequenciada é possível devido as ações
dos receptores específicos para angiotensina II (AT1 e AT2) que estão
localizados na membrana celular, o AT1 é o mediador das principais
funções da Ang II (RIGATTO et al., 2004).
A Ang II provoca a retenção de sais e água nos túbulos renais de
maneira secundária à ação da aldosterona, que é liberada pelas glân-
dulas supra-renais. A Ang II ainda interage de maneira indireta com o
SNC e o SNS (LIMA et al., 2007). Estudos demostram que a diminui-
ção da Ang II pela Inibição da função da ECA, melhora a função das
células endoteliais, levando a uma melhor biodisponibilidade do óxido
nítrico, que tem como principal função no endotélio a vasodilatação,
diminuindo as ocorrências cardiovasculares em indivíduos com riscos
iminentes (YUSUF et al., 2000).
Uma vez que os fatores de riscos foram evidenciados, Barbalic
et al, (2006) demostrou que o polimorfismo do gene da ECA I/D teve
maior influência no desenvolvimento da hipertensão arterial em adul-
tos entre 18 e 40 anos de idade (BARBALIĆ et al., 2006). Park et al.
(2009) analisando o genótipo do polimorfismo do gene da ECA I/D
com a gênese da hipertensão arterial em adolescentes entre 16 e 17
anos, concluiu que adolescentes hipertensos com o alelo D tem maior
quantidade de ECA a nível sérico (Park et al., 2009), assim como a
nível cardíaco (GUNEY et al., 2013).
110

Figura 1 – Esquema do sistema renina-


angiotensina-aldosterona (adaptado)
Sistema Renina Angiotensina Aldosterona
Legenda
Secreção do órgão
Pulmão
Rins
Sinal de estimulação

Atividade simpática Sinal de inibição


Fígado Reação
Superfície do Na +
Transporte ativo
Reabsorção tubular

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endotélio pulmonar K+
de Na+ Cl+ e Transporte passivo
e renal: Cl +

excreção de K+, H 2O
retenção de H2O.
ECA

Glândula adrenal:
córtex

Secreção de aldosterona
Angiotensinogênio Angiotensina I Angiotensina II

Vasoconstrição
Renina arterial. Retenção de água
e sal. Aumento do
Diminuição da Aumento da volume de
perfusão renal pressão arterial. circulação efetivo.
(paredes Aumento da
justaglomerulares) perfusão das
Secreção de paredes
ADH justaglomerulares.
Glândula pituitária:
lobo posterior

Ducto coletor:
Absorção de H2O H 2O

Fonte: Sapo Pesquisa1.

Além disso, a ECA tem essa importante função entre o SRAA e o


sistema das cininas, pois além de converter a Ang I em Ang II também
inativa a bradicinina, que auxilia na manutenção do tônus vascular e
a homeostase da água e do sódio (FLEMING, 2006). Assim como a
ECA, outros componentes do SRAA já foram encontrados em outros
tecidos e órgãos do corpo humano, entre eles estão o coração, rins,
órgãos reprodutores, entre outros. A renina, por sua vez, produzida
nos rins, é usada na produção do angiotensinogênio, cuja origem se
dá no fígado. Por fim, a renina ainda auxilia na produção pulmonar da
ECA que será responsável pela conversão de Angiotensina I em Ang
II (LIMA et al., 2007). De maneira mais simples temos a atuação de
um SRAA local e outro circulante.

1 Disponível em: http://saber.sapo.cv/wiki/Sistema_renina_angiotensina_aldosterona.


EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 111

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CAPÍTULO 8

EXERCÍCIO FÍSICO E
TRANSPLANTE RENAL
Carlos José Moraes Dias
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Luana Monteiro Anaisse Azoubel


Natalino Salgado Filho
Érika Ribeiro Carneiro
Cristiano Teixeira Mostarda

Introdução

O transplante renal (TR) é a modalidade de substituição renal


mais indicada para o paciente renal, pois oferece as melhores condições
clínicas, semelhantes ao funcionamento normal dos rins, restabele-
cendo condições como normalização da anemia, melhora da densidade
mineral óssea, cardiovascular e melhora do equilíbrio hidroeletrolítico
e aumento da qualidade de vida. Apesar desses benefícios, a incidência
de doença cardiovascular (DCV) após o transplante, é de três a cinco
vezes maior que na população geral, confirmando que mesmo após o
transplante renal, múltiplos fatores de risco cardiovascular podem per-
sistir, incluindo os eventos adversos dos imunossupressores.(GILLIS;
PATEL; JARDINE, 2014; GLICKLICH; VOHRA, 2014).
Independentemente desses achados, como já observado, a mortali-
dade geral (incluindo cardiovascular) de receptores renais é equiparada
a pacientes em hemodiálise apenas no primeiro mês, após esse período,
diminui a mortalidade favorecendo o transplante renal (TONELLI et al.,
2011). Por isso, geralmente é indicado principalmente para os pacientes
mais jovens, com a tendência atual de indicar essa modalidade mesmo
nos pacientes mais velhos (CONCEPCION; FORBES; SCHAEFER,
2016; LEMOINE; GUERROT; BERTRAND, 2017).
Sabe-se da correlação benéfica entre exercício e saúde cardiovascu-
lar no receptor do rim, principalmente relacionada à diminuição da pres-
são arterial e melhoras na modulação autonômica, além de benefícios nos
índices gerais de saúde, como ansiedade, depressão e sono. qualidade.
Além de tudo, as adaptações metabólicas e cardiovasculares ine-
rentes ao exercício físico praticado regularmente são fundamentais para
a manutenção da saúde geral do paciente com Doença renal crônica.
118

Recomendações para iniciar um programa de exercícios


físicos

Para iniciar um programa de exercício físico (PEF), é essencial que


o receptor renal passe pelo exame médico, a fim de avaliar se o paciente
está apto para o exercício. Vale ressaltar que não há consenso sobre a
avaliação clínica pré-participação (APP) em um PEF especificamente

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direcionado para o receptor de transplante renal ainda, portanto, a boa
prática médica e as recomendações já existentes do American College
of Cardiology Foundation, American College of Sports Medicine, Ame-
rican Heart Association and European Society of Cardiology são a base
para o profissional de saúde avaliar o nível de condicionamento físico
do paciente para tal prática.
Na APP, o médico irá considerar a história clínica, medicamentos
utilizados, comorbidades, cirurgias e história familiar de patologias
e exame físico, incluindo pressão arterial (PA), frequência cardíaca,
sons cardíacos e sopros, palpação de pulsos periféricos e a existência
de complicações osteomioarticulares que causam restrições à execução
de exercícios físicos (FLETCHER et al., 2013; KOVALESKI; GUR-
CHIEK; PEARSALL, 2001).
No entanto, há também a necessidade de avaliar os aspectos car-
diovasculares e bioquímicos. Assim, a avaliação cardiovascular será
realizada por eletrocardiograma de repouso (ECG), teste ergométrico
(TE) e ecocardiograma transtorácico com Doppler (TDE). Tais exames
têm o papel de avaliar a existência ou nível de risco cardiovascular que
o paciente apresenta. O ECG fornece possíveis alterações na atividade
elétrica cardíaca, como sobrecarga, bloqueio de ramo e arritmia.
O TDE fornecerá informações relacionadas aos valores da fração
de ejeção, existência de hipertrofia ventricular concêntrica, disfunção
diastólica e outros aspectos que devem ser considerados antes do início da
PPE. O teste ergométrico possibilita a verificação da existência de doença
coronariana ou arritmias e a resposta da PA no estresse, além de fornecer
o nível de aptidão cardiorrespiratória do paciente, o que será fundamental
na prescrição do treinamento que será feito posteriormente pela equipe
profissional de educação física (PATTI et al., 2021; XIONG et al., 2018).
Com relação aos exames laboratoriais, devem ser solicitados
hemoglobina, hematócrito, glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada
(para diabéticos), creatinina, proteinúria, albuminúria, ácido úrico, perfil
lipídico e transaminases hepáticas, embora, outros exames possam ser
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 119

solicitados para casos que o médico considere necessário (GREEN-


LAND et al., 2010; KASISKE et al., 2010).
No entanto, é importante ressaltar que vários exames são rotinei-
ramente solicitados desses pacientes ambulatoriais e, portanto, também
podem ser considerados pelo médico ao avaliar este paciente para parti-
cipação no PEP. Exames como, densitometria óssea, MAPA 24h e Holter
24h, por exemplo, têm grande contribuição na avaliação da condição
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clínica (metabólica e cardiovascular) do receptor renal e na avaliação


da modulação autonômica (KASISKE et al., 2010).
Outra condição importante para iniciar a PEF é também o tempo
necessário para a cicatrização total da ferida cirúrgica, que é de seis a
oito semanas. Após esse período, o paciente poderá praticar exercícios
físicos, porém é necessário cuidado quanto à modalidade e intensidade.
Esportes de alto impacto ou traumáticos, como brigas, esportes coletivos
de contato, são desencorajados. Se houver um episódio de rejeição do
enxerto, o PEF deve ser suspenso até nova liberação médica.
Após o check-up médico, este paciente será submetido a uma
Avaliação Física Funcional realizada por um profissional que verifi-
cará a composição corporal e o nível de aptidão cardiorrespiratória
e capacidade neuromuscular, visando a prescrição do exercício mais
adequado para cada indivíduo e a modulação autonômica. A modulação
autonômica tem sido utilizada para marcar mortalidade e risco cardiao-
vascular. Além disso, pode ter usado como marcador recuperação após
o treinamento físico.

Exercício físico e adaptações no transplatado renal

Em pacientes com DRC, as doenças cardiovasculares são a prin-


cipal causa de morbidade e mortalidade, representando o principal
fator para o transplante renal em adultos e crianças (CHESTERTON;
MCINTYRE, 2005). Além disso, mesmo após o transplante renal, esses
pacientes podem apresentar alterações cardiovasculares, como disfun-
ção barorreflexa e disfunção autonômica (BORATYNSKA et al., 2013;
GERHARDT et al., 1999).
A disfunção do sistema nervoso autônomo cardíaco (SNA) está
comumente presente em pacientes urêmicos, o que é um fator indepen-
dente para um pior prognóstico e morte súbita cardíaca nessa população
(CHESTERTON; MCINTYRE, 2005; STOUMPOS; JARDINE; MARK,
2015). Por outro lado, estudos recentes relatam que o comportamento
120

balanceado entre o tônus cardíaco


​​ simpático e parassimpático e a melhora
da fração de ejeção do ventrículo esquerdo estão associados à melhora do
equilíbrio do SNA e do sistema renal (HEADLEY et al., 2014; HOWDEN
et al., 2014; PONIKOWSKI et al., 2001).
O exercício físico tem sido utilizado no tratamento e na prevenção
da DRC e cardiovascular. A modulação do SNA pode ser influenciada
pelo exercício físico de acordo com a intensidade, duração, frequência de

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treinamento e tipo (HEADLEY et al., 2014; PONIKOWSKI et al., 2001).
Estudos demonstraram que o exercício físico contribui para
diminuir a mortalidade pós-infarto em pacientes (LA ROVERE et al.,
2002; LARSEN et al., 2004). Além disso, o exercício pode promo-
ver a melhora do sistema cardiovascular em pacientes em hemodiálise
(DELIGIANNIS; KOUIDI; TOURKANTONIS, 1999).
Em estudos realizados por nosso grupo de pesquisa, analisamos
a modulação autonômica entre pacientes transplantados renais ativos e
transplantados renais sedentários, onde o principal achado foi o aumento
da modulação vagal, demonstrado nas taxas observadas em indivíduos
ativos, com redução do simpático e aumento parassimpático.
Esse comportamento, confirmado pelo equilíbrio simpato-vagal,
em que os valores dos indivíduos ativos foram menores que os sedentá-
rios, demonstrando maior equilíbrio autonômico no grupo intervenção
pelo exercício. Esses dados confirmam nossa hipótese, mostrando que
pacientes transplantados renais apresentam melhor modulação autonô-
mica do que seus pares não exercitados (DIAS et al., 2015).
Os efeitos de um programa de exercícios de reabilitação renal em
pacientes com doença renal crônica melhoraram a capacidade física e
a qualidade de vida em pacientes com doença renal crônica nos está-
gios três e quatro. Um acompanhamento mais longo é necessário para
determinar se esses achados se traduzirão em taxas de mortalidade
diminuídas (ROSSI et al., 2014). Já o exercício físico promove melhora
na resposta barorreflexa, atenuando graves alterações hemodinâmicas.
Como mencionado anteriormente, 90% dos indivíduos transplan-
tados renais são hipertensos, com alterações no débito cardíaco ou
resistência periférica. Na figura 1 é demonstrado os principais efeitos
do exercício físico no débito cardíaco e na resistencia periférica em
pacientes que possuem hipertensão. O paciente transplantado renal, com
hipertensão terão como efeito do exercício: queda do DC, diminuição
da resistencia vascular periférica, diminuição da PA com melhora da
sensibilidade barorreflexa e melhora do controle autonômico.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 121

Figura 1 – Efeito cardiovascular da hipertensão


e do exercício físico crônico.

Hipertensão

Débito
Cardíaco RVP
TREINAMENTO
FÍSICO
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CRÔNICO
Sistema Nervoso Artérias

SIMPÁTICO COMPLACÊNCIA
MUSCULAR
PARASSIMPÁTICO
VASOCONSTRIÇÃO

Hemodinâmico

FREQUÊNCIA
CARDÍACA
DOENÇA
VOLUME RENAL
SISTÓLICO

Cardíaca
CONTRATILIDADE PRESSÃO
MIOCARDICA ARTERIAL
FRAÇÃO DE SISTÓLICA
EJEÇÃO
DÉBITO
CARDÍACO LEGENDA

Efeito do exercício

Efeito da doença

RVP: Resistência vascular periférica

Os efeitos do treinamento físico na variabilidade da frequência


cardíaca e na sensibilidade barorreflexa arterial em receptores renais e
observados após seis meses de intervenção pelo exercício um controle
simpático-vagal modificação da variabilidade da frequência cardíaca,
com alterações significativas na modulação autonômica (KOUIDI;
EVANGELIA, 2001).
Nosso grupo de pesquisa identificou mudanças positivas em
8 semanas e frequência de três vezes por semana. Esses resultados
mostraram que um período menor e menor frequência de treinamento
também é possível para conseguir adaptações positivas na modulação
autonômica decorrente do exercício físico. Os resultados do presente
estudo indicaram uma grande mudança na modulação vagal, levando
a um menor equilíbrio simpato-vagal (DIAS et al., 2015).
De fato, o benefício de se exercitar regularmente na regulação
autonômica tem sido demonstrado por um número crescente de estudos,
122

mostrando melhorias similares nos índices de VFC no domínio do


tempo e frequência após o treinamento físico em idosos saudáveis,
cardíacos, hipertensos, diabéticos em hemodiálise e rins. Transplantado
(DELIGIANNIS; KOUIDI; TOURKANTONIS, 1999; MAMELETZI
et al., 2011; PAINTER et al., 2011; TYGESEN; WETTERVIK; WEN-
NERBLOM, 2001)
A maior modulação vagal observada nos indivíduos ativos pode

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ser devida ao aumento da sensibilidade dos receptores muscarínicos de
acetilcolina, responsáveis ​​pela ativação da via colinérgica (KRAMER
et al., 2002).
O ajuste positivo do mecanismo barorreflexo foi encontrado
no grupo de intervenção de exercício físico no estudo conduzido por
(KOUIDI, 2001). Concluindo que essas alterações podem levar a um
melhor prognóstico cardiovascular do transplante renal.
Além das adaptações autonômicas o treinamento físico poderá
promover melhoras cardiorrespiratórias como melhora do VO² pico.
Estudos como (HEADLEY; GERMAIN; WOOD; JOUBERT et al.,
2014), já demonstram melhorias cardiorrespiratórias decorrentes de
protocolos de intervenção por meio do exercício físico. Este estudo
utilizou exercício aeróbio com intensidades de 50% a 60% do pico de
Vo² em pacientes com doença renal crônica no estágio três. Ao final do
período de intervenção, verificou-se aumento de 8,2% do VO² pico e
redução significativa da endotelina 1, responsável pela vasoconstrição
e consequente aumento significativo da relação óxido nítrico/endotelina
1. Esses fatores podem levar a menor resistência vascular periférica
(ROUTLEDGE et al., 2010).
Adicionalmente, em uma revisão com meta-análise (SMART;
STEELE, 2011), concluiu-se que o treinamento físico é seguro e propor-
ciona grandes melhorias no pico de VO², na variabilidade da frequência
cardíaca e na força muscular. Além disso, o uso de terapias eficientes
como o exercício pode controlar os níveis séricos de ácido úrico, crea-
tinina, glicemia e triglicerídeos em jejum e aumento do cálcio total no
sujeitos exercitados (REYNOLDS; HE, 2005).
Dessa forma, esses parâmetros ajudam a confirmar e acentuar a
importância do exercício fiísico como intervenção não farmacológica na
vida do paciente após transplante renal tanto na rotina hospitalar como
no dia a dia dessa população, acompanhado de boas condutas médicas
e técnicas cirúrgicas precisas.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 123

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CAPÍTULO 9

EXERCÍCIO, TERMORREGULAÇÃO
E CONTROLE AUTONÔMICO
CARDÍACO NO IDOSO
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Ana Lídia Carvalho Cutrim


Raul Lenow Moraes Gomes
Flávio de Oliveira Pires
Sara Raquel Dutra Macêdo
Cristiano Teixeira Mostarda

Introdução

O processo de envelhecimento é multifatorial e dependente das


alterações que ocorrem em nível celular, molecular e genético, associado
à diminuição da capacidade funcional e sobrecarga nos mecanismos de
controle homeostático. O crescente contingente da população idosa e
sua relação com as doenças crônicas, em particular cardiovasculares,
têm despertado a comunidade científica mundial para medidas profi-
láticas de experimentações alternativas como exercício (OMS, 2015).
A prática de exercício físico tem sido cada vez mais estimulada
em idosos. Tanto o treinamento físico aeróbio quanto o treinamento
físico resistido tem sido recomendado para idosos. Entretanto, toda
prática requer uma avaliação prévia das condições iniciais do idoso,
assim como avaliação do ambiente e horário que o treinamento será
realizado (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
O aumento induzido pelo exercício físico na demanda de energia,
requer uma série de sinalizações periféricas onde, contrair os múscu-
los para o consumo de oxigênio e substratos energéticos é um grande
desafio para a homeostase corporal e engloba respostas coordenadas
a partir dos sistemas cardiovascular, ventilatória, hormonais e de ter-
morregulação (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Para atender as demandas metabólicas mais elevadas, as respos-
tas fisiológicas autonômicas e hemodinâmicas, tais como aumento
da frequência cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM), reajuste
dos barorreflexos (que permite aumentos simultâneos na FC e PAM),
128

retirada vagal, aumento da atividade simpática e aumento da tempera-


tura corporal são geralmente observados imediatamente após iniciação
exercício. Naturalmente, pós-exercício, com a ausência do movimento,
é observado uma fase onde há uma queda rápida da frequência cardíaca
acompanhada de um retorno da atividade barorreflexa e consequen-
temente, aumento da atividade parassimpática. Após a fase rápida é
observado uma fase mais lenta aonde observa-se retirada simpática,

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remoção do lactato e menor ativação de metaborreceptores musculares
e retorno da temperatura (KRIEGER, 2013). Entretanto o tempo para
estas respostas podem variar pois fatores como hidratação e tempera-
tura ambiente poderão influenciar os mecanismos fisiológico atuante
durante e após a prática de atividade física. Consequentemente, fatores
estressantes como atividade física em ambiente quente podem mudar
os limites cardiovasculares em humanos na regulação da temperatura,
balanço de fluidos corporais e, consequentemente, o desempenho
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Em resposta a exercícios realizados em um ambiente quente, as
taxas de dissipação de calor devem ser aumentadas para evitar a ocor-
rência de hipertermia de esforço, o que pode ameaçar a sobrevivência.
Por conseguinte, para além das elevadas quantidades de sangue oxi-
genado e nutrientes que são necessários nos músculos esqueléticos de
trabalho, uma percentagem mais elevada do débito cardíaco é diri-
gida para os vasos cutâneos para dissipar o calor do corpo (WATKINS
et al., 2000). A principal explicação para a fadiga acelerada, que ocorre
durante o exercício prolongado em condições de calor em comparação
com condições de clima temperado tem sido sugerido que é o mais ele-
vado débito cardíaco e o simultâneo fluxo de sangue nos músculos e nos
vasos cutâneos aumentando o esforço cardiovascular (um dos fatores
que modula a taxa de esforço percebido) (RAMANATHAN, 1964).
No idoso, a vulnerabilidade relacionada ao calor após exposição
ao estresse térmico pode ser causada pelos prejuízos na vasodilata-
ção cutânea reflexa e na resposta à sudorese. Adicionalmente incluem
redução do impulso neural simpático, diminuição da contribuição do
cotransmissor colinérgico e eventos alterados de sinalização do segundo
mensageiro. Por outro lado, deficiências na resposta à sudorese são
atribuídas à redução da sensibilidade colinérgica das glândulas sudorí-
paras e à alteração da sinalização da ciclooxigenase e do óxido nítrico
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Embora seja conhecido o esforço cardiovascular adicional com a
prática de exercício em ambiente com temperatura elevada, pouco se
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 129

sabe sobre seus efeitos no comportamento do sistema nervoso autônomo


cardíaco em idosas após 24 horas. Dessa maneira, nosso grupo tem se
preocupado em investigar as respostas autonômicas cardíacas diante de
esforço físico em ambiente climatizado e não climatizado em idosas, uma
vez que possivelmente idosos possam ter respostas diferentes em relação
a indivíduos jovens. Tendo a hipótese de que as respostas cardiovasculares
ao estresse ambiental quente mudem a recuperação do sistema nervoso
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autônomo cardíaco, mesmo após 24 horas (CUTRIM et al., 2017).


Participaram do nosso estudo 12 idosas, fisicamente ativas (par-
ticipantes dos programas de atividade física da UFMA). Classifica-
ção segundo o VO2 pico. Foram submetidas a caminhada na esteira,
em ambiente climatizado (23±0.7 ºC) e ambiente não climatizado
(28±0.73 °C), de forma aleatória, clima da cidade de São Luís, MA.
Incluídas no estudo idosas, saudáveis, sem limitações para a caminhada
na esteira, estando hidratadas (densidade da urina < 1010 sg). As idosas
não tomavam medicamentos para Diabetes e nem Hipertensão.
As idosas realizaram exercício em esteira por 60 minutos de acordo
com a velocidade encontrada no limiar anaeróbico no teste de esteira.
Antes de iniciar o exercício, cada um dos participantes recebeu uma
garrafa de 500ml de água, que foi ad libitum durante todo o exercício.
Para determinar a temperatura ambiente (°C) e umidade relativa do ar
(%) foi utilizado o termo digital higrômetro e para a temperatura da pele
foi utilizado um termômetro digital (Fluke 62max, Everett, WA, EUA).
Para determinar a temperatura média da pele (TMS) foi aplicada a fór-
mula de Ramanathan (1964), utilizando-se as medidas de temperatura do
braço, tórax e perna padronizadas do lado direito. A taxa de percepção
de esforço, variando de 6-20 de fácil a muito intenso, foi analisada por
meio da Escala de Borg, a cada 10 minutos até 60 minutos de exercício
completo juntamente com medidas de temperatura. Já variabilidade da
frequência cardíaca, avaliada nos domínios do tempo e da frequência,
foi coletada antes e 24 horas do exercício em ambas as condições.
Alguns artigos têm usado a variabilidade da frequencia cardíaca
como um método auxiliar para verificar as respostas autonômicas que
ocorrem com o exercício de forma aguda, crônica, como ferramenta
auxiliar na prescrição do exercício e como marcador de estresse gerado
pela sobrecarga de treinamento.
O maior achado deste estudo foi que uma caminhada de uma hora
em ambiente não climatizado, causou mudanças significativas quanto
à recuperação do sistema nervoso autônomo cardíaco em idosas fisi-
camente ativas, mesmo após o período de 24h.
130

Diante de dois estímulos de caminhada iguais, por igual duração, o


fator temperatura foi predominante para provocar alterações no controle
autonômico cardíaco, entre elas: aumento da modulação simpática (LF),
diminuição na modulação parassimpática (HF) e, consequentemente,
aumento no balanço simpato vagal (LF/HF). Como observado na Figura
1, quando as idosas realizaram exercício em temperaturas a aproximada-
mente 28 graus Celsius, a faixa de frequência de até 0.15Hz (frequência

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que demonstra a modulação simpática), mostrou uma potência maior
em 24h após 60 minutos de caminhada quando comparado a fase basal
(antes da caminhada com exercício). Para o momento com a temperatura
controlada a 23 graus Celsius este comportamento não foi observado.

Figura 1 – Representativa do comportamento antes e após 24


horas da modulação autonômica em idosas, em um ambiente
a 28 °C e a 23 °C que caminharam durante 60 minutos

0.04 0.04
PSD (s2/Hz)

ANTES DE 60 MINUTOS DE CAMINHADA ANTES DE 60 MINUTOS DE CAMINHADA


PSD (s2/Hz)

0.02 0.02

0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

Caminhada com ar condicionado Caminhada sem ar condicionado


23±0.70ºc 28±0.72ºc

0.04 0.04
PSD (s2/Hz)

24H APÓS 60 MINUTOS DE CAMINHADA 24H APÓS 60 MINUTOS DE CAMINHADA


PSD (s2/Hz)

0.02 0.02

0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Frequency (Hz) Frequency (Hz)

Retorno da modulação simpática e Modulação


Modulação simpática
parassimpática após 24h parassimpática
Após 24h
após 24h

Fonte: Adaptada de Cutrim et al. (2017).

Estudo em ratos feita por Pires et al, 2013 demonstram que a sensi-
bilidade barorreflexa é responsável por adequações cardiovasculares em
meio ao exercício. Os ratos submetidos a denervação sinoaórtica (cirur-
gia de retirada dos barorreceptores e quimiorreceptores), interrompendo
assim, os sinais aferentes dos barorreceptores arteriais (mecanismo
de controle da pressão a curto prazo) e quimiorreceptores periféricos
(sensores de oxigênio) (39,40) tiveram respostas exageradas no estímulo
simpático em ambiente quente.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 131

Assim, as respostas encontradas em nosso estudo com idosas nos


leva a ver que a sensibilidade barorreceptora diminuída por um tempo
maior nas idosas, devido a temperatura, pode ser um dos fatores deter-
minante para os valores aumentados da modulação simpática, repre-
sentada pelo componente espectral de baixa frequência (LF%) após
a caminhada em ambiente não climatizado após 24h. Além disso, a
sensibilidade barorreflexa diminuída está associada às doenças crônicas
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como hipertensão, diabetes, e outras doenças que são comuns com a


avançar da idade. Sugerem-se investigações semelhantes que estudem
sujeitos jovens para análise do desempenho barorreceptor, pois em
idosos, frequentemente já existe debilidade devido a doenças crônicas
comuns nessa idade.
Alterações no controle autonômico são achados comuns quando
se investigam as alterações fisiológicas com o envelhecimento. Boe-
meke et al. (2011) afirmaram que o processo de envelhecimento está
relacionado com o declínio da modulação vagal e predomínio da modu-
lação simpática sobre o coração, reduzindo-se assim a variabilidade da
frequência cardíaca.
Tasaki et al. (2000), em estudo longitudinal, analisaram a varia-
bilidade da frequência cardíaca de 15 idosos saudáveis com média
de idade de 85,0 ± 4,1 a partir de dois registros de eletrocardiograma
realizados em um intervalo de 15 anos, demonstrando uma redução
significativa na VFC ao longo dos anos na amostra investigada. Também
Vanderlei et al. (2009) afirmaram que a VFC reduzida é um indicador
de mau funcionamento do sistema nervoso autônomo. Porém estes
autores não avaliaram as respostas após exercício em idosos em tem-
peraturas diferentes.
Há evidências de que o excesso do esforço cardiovascular preju-
dica o desempenho humano durante o exercício prolongado no calor
(PIRES, 2007). Porém, o aumento da atividade simpática identificada
em nossos estudos não teve essa associação com a fadiga relacionada
com a percepção de esforço diante do exercício, pois, como mostra
o gráfico, não houve diferenças entre a percepção de esforço entre a
caminhada em ambiente climatizado e não climatizado.
Quanto à temperatura da pele, a exposição de seres humanos à
hipertermia leva a aumentos acentuados no fluxo sanguíneo da pele, a
taxa de suor, e atividade do nervo simpático epitelial (PIRES, 2007).
Estas reações susceptíveis de originar aumentos no suor e atividades
vasodilatadoras, que são diferentes de atividade vasoconstritora durante
132

normotermia e arrefecimento. Para aumentar o fluxo sanguíneo da pele


e taxa de sudorese, a atividade simpática é muito ativada nas condições
hipertermia. No estudo de Cui, 2006, o corpo inteiro foi aquecido signi-
ficativamente aumentando temperatura da pele e Temperatura Interna, o
fluxo sanguíneo da pele, a taxa de suor, e atividade simpática. A análise
espectral revelou não somente que a modulação simpática aumentou,
mas também o balanço simpato-vagal cardíaco e a frequência respi-

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ratória. Embora, alguns dados sugerem que a atividade simpática da
pele não é controlada por barorreflexos, independentemente do estado
térmico do indivíduo (POTTS, 2006), a atividade nervosa simpática
muscular, pressão arterial, frequência cardíaca e está sob forte controle
barorreflexo, quimiorreflexo e metaborreflexo.
Nosso estudo mostra que não houve diferença significativa na tem-
peratura da pele ao longo da caminhada em ambiente não climatizado,
somente na média dos 60 minutos totais de exercício. Segundo Cheu-
vront, 2010 a alta temperatura na pele reduz Vo2max devido a limitações
cardiovasculares, que são agravadas pela desidratação. Apesar do nosso
estudo os sujeitos não estarem em estado de desidratação, parece que o
ambiente não climatizado possa ter causado um stress adicional à sessão
de exercício de 60 minutos, provocando um aumento das respostas
autonômicas simpática em idosas fisicamente ativas mesmo após 24h.
O monitoramento da frequência cardíaca após o término do exer-
cício para verificar o descenso ou o uso da medida da variabilidade da
FC poderia ser uma possível estratégia para quantificar as respostas
autonômicas e evitar este stress adicional ao longo de várias sessões.
Alguns autores têm sugerido que a resposta autonômica cardíaca basal
e após o treinamento poderá servir como um marcador de stress geral
podendo colaborar na prescrição básica diária de exercício em homens
e mulheres, (KIVINIEMI, 2010).
Entretanto, outros estudos na mesma condição serão necessários
para podermos afirmar se cronicamente estas mudanças poderão trazer
algum tipo de complicação ou necessidade de readequação do tempo
de descanso entre as sessões de treinamento.
Portanto concluímos que o treinamento físico e, até mesmo a
prática de caminhada em idosas, em ambiente não controlado poderá
contribuir para maior ativação simpática após 24 horas mesmo sem o
quadro de desidratação. Na prática diária, todo cuidado em relação a
estes fatores torna-se importante para evitar lesões e menor adesão ao
exercício por parte dos idoso.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 133

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Applied Physiology, v. 98, n. 4, p. 1207-1212, 2005.
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ÍNDICE REMISSIVO

A
Atividade física 13, 18, 26, 36, 40, 43, 44, 45, 59, 64, 77, 79, 81,
95, 98, 99, 106, 107, 112, 128, 129, 140
Aumento da atividade simpática 14, 47, 58, 94, 128, 131
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C
Comprometimento cognitivo leve 9, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38

D
Doença pulmonar obstrutiva crônica 11, 91, 98, 99, 100

F
Fatores de risco 20, 34, 58, 59, 60, 62, 63, 64, 70, 71, 73, 77, 78,
84, 93, 94, 96, 103, 111, 112, 117
Frequência cardíaca 9, 14, 31, 32, 35, 37, 40, 44, 45, 47, 68,
77, 80, 94, 98, 113, 118, 121, 122, 127, 128, 129, 131, 132, 135

P
Processo de envelhecimento 14, 15, 17, 18, 19, 21, 26, 35, 43,
47, 69, 127, 131

S
Sistema nervoso autônomo 14, 32, 35, 58, 72, 81, 83, 94, 119,
129, 131

V
Variabilidade da frequência 9, 32, 35, 37, 40, 44, 45, 47, 68, 77,
94, 113, 121, 122, 129, 131, 135
Variabilidade da frequência cardíaca 9, 32, 35, 37, 40, 44, 45,
47, 68, 77, 94, 113, 121, 122, 129, 131, 135
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SOBRE OS AUTORES

Alessandra Priscila Agustinho Mostarda


Graduada em Propaganda e Marketing (UNIP); Granduanda em Psico-
logia (UNINASSAU); Pós-Graduanda do curso de MBA em Gestão de
Projetos (Pitágotas). Pós-Graduanda em Neuropsicologia (FAVENI).
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Ana Lídia de Carvalho Cutrim


Mestra em Saúde do Adulto e da Criança. Especialista em Ciências
e Medicina do Esporte pela UFMA (2015), Graduada pelo curso
de Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do
Maranhão (2013). Atuou, principalmente, nos seguintes temas: força
muscular, composição corporal e envelhecimento, atualmente dedi-
cando-se ao estudo de controle autonômico cardíaco.

Andressa Coelho Ferreira


Graduada em Biomedicina, Especialista em Gestão da Qualidade
em Saúde e Administração Laboratorial. Mestarado em Saúde do
Adulto e Doutoranda em Biotecnologia.

Antônio Carlos Pereira Silva Filho


Professor do curso de Educação Física, com Graduação-Sanduíche
na Colorado State University, Fort Collins, Estados Unidos, especia-
lista em Docência do Ensino superior, mestre em Saúde do Adulto e
Doutorando em Biotecnologia da Saúde pelo RENORBIO.

Antonio Woodson Santos Maciel


Profissional de Educação Física (UFMA); Mestre em Educação
Física (PPGEDF UFMA) e especialização em Educação Especial
e Psicomotricidade.

Bruno Bavaresco Gambassi


Graduado em Educação Física, especialista em Fisiologia do Exer-
cício; Mestre em Saúde do Adulto e da Criança (PPGSAC-UFMA);
Doutor em Educação Física (UNICAMP).

Carlan da Silva Sena


Mestrado em Educação Física-UFMA (2021); Pós-Graduação em Fisio-
logia do Exercício e Nutrição Esportiva – Faculdade Santa Fé (2017);
140

Graduação em Educação Física pela Universidade Ceuma (2015).


Membro do Laboratório da Adaptações Cardiovasculares ao Exercí-
cio (LACORE-UFMA), coordenador de núcleo da Escola de Futebol
Ponte Preta Ludovicense. Possui experiência na área de Treinamento
Desportivo, Ensino do Futebol, Fisiologia do Exercício e Anatomia.

Carlos Alberto Alves Dias Filho

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Bacharel Biomedicina pela Faculdade Estácio de São Luís-MA
(2014); Especialista em medicina do esporte e da atividade física
pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS); Mes-
tre em saúde do adulto e da criança (PPGSAC) pela Universidade
Federal do Maranhão (UFMA); Doutorando em Biotecnologia em
Saúde pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO-UFMA).

Carlos José Moraes Dias


Graduado em Educação Física (UFMA), especialista em Ciência
e Medicina do Esporte, mestre em Saúde do Adulto e da Criança
(PPGSAD) e doutor em Biotecnologia em saúde (RENORBIO).
Atualmente, é professor Adjunto da Universidade Federal do Mara-
nhão – Campus de Pinheiro.

Cristiano Teixeira Mostarda


Graduado em Educação Física (UNICID), especialista em Fisiologia
(UNIFMU), mestre e doutor em Ciências (UNIFESP). Professor
Adjunto na UFMA, Professor dos Programas de Pós-Graduação
PPGSAD-UFMA, PPGEF-UFMA e RENORBIO. Coordenador do
LACORE. Bolsista de estímulo à produtividade em pesquisa sênior
FAPEMA nº 07/2021.

Daiane Pereira da Silva


Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Maranhão,
Pinheiro, Maranhão, Brasil. Mestrado em Educação Física, Programa
de Pós-Graduação em Educação Física-UFMA

Érika Ribeiro Carneiro


Médica, mestra em Saúde Materno-Infantil (UFMA) e doutora em
Ciências Médicas (UFRJ). Atualmente é coordenadora do Centro
de Prevenção de Doenças Renais.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 141

Felipe Bispo Ribeiro Júnior


Estudante de Educação Física, Universidade Federal do Maranhão,
Pinheiro, Maranhão. Laboratório de Adaptações Cardiorrenais ao
Exercício Físico (LACE).

Flávio de Oliveira Pires


Fisioterapeuta, especialização em Fisioterapia Esportiva, mestre em
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Educação Física na área de concentração em Treinamento Esportivo


e Doutor em Biotecnologia. Atualmente, é professor Adjunto da
Universidade Federal do Maranhão.

Janaina de Oliveira Brito Monzani


Graduada em Educação Física, especialista em Ciências do Enve-
lhecimento, Mestrado em Educação Física e Doutorado em Ciências
da Reabilitação. Atualmente, é professora Adjunta da Universidade
Federal do Maranhão,

Jerdianny Silva Serejo


Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Intensiva pediátrica e
neonatal; Mestrado em Educação Física e acadêmica de Bacharelado
em Educação Física.

Josimary Lima da Silva Lula


Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal
do Maranhão. Especialização em Psicologia Social pela Universidade
Federal do Maranhão. Especialização em Psicologia Hospitalar pela
Universidade Ceuma. Atualmente é Docente do Centro Universitário
UNINASSAU, Faculdade Santa Terezinha CEST e Assessora de Saúde
na Secretaria de Educação do Estado do Maranhão.

Leonardo Hesley Ferraz Durans


Fisioterapeuta e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Saúde
do Adulto.

Leandro Moraes Pinto


Graduado em Educação Física, especialista em Treinamento Esportivo,
mestre em Educação Física com ênfase em Biodinâmica do Movimento
Humano e doutorando em Biotecnologia em Saúde – Rede Nordeste
de Biotecnologia.
142

Luana Monteiro Anaisse Azoubel


Graduação em Educação Física, especialista em Treinamento de Força/
Musculação, mestra em Saúde do Adulto e da criança e Doutorado em
Biotecnologia em Saúde, Rede Nordeste de Biotecnologia.

Luís Gustavo Dias Rabêlo


Mestrando em Biodinâmica do Movimento Humano (PPGEF) pela

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Universidade Federal do Maranhão; possui graduação em Educação
Física pela Universidade Federal do Maranhão (2010); especialista em
Fisiologia do Exercício pela Faculdade Redentor (2012); integrante do
LACORE (Laboratório de Adaptações Cardiovasculares ao Exercício)
da UFMA; professor do curso de Bacharelado em Educação Física da
Faculdade Uninassau (unidade São Luís); atualmente é coordenador
técnico e avaliador físico da Academia Gym Sports Center; professor
efetivo do Governo do Estado do Maranhão. Tem experiência na área de
Treinamento, Prescrição do Exercício Físico, Fisiologia Geral Humana,
Fisiologia do Exercício e Grupos Especiais.

Mateus da Silva Rumão


Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Maranhão,
Pinheiro, Maranhão, Brasil.
Mestrado em Educação Física, Programa de Pós- Graduação em Edu-
cação Física-UFMA.

Natalino Salgado Filho


Médico, mestre em Medicina/Nefrologia e doutor em Medicina /Nefro-
logia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (2007-
2008). Atualmente é Reitor e professor titular da Universidade Federal
do Maranhão.

Nivaldo de Jesus Soares Silva Júnior


Graduação em Educação Física, especialista em Fisiologia do Exercício
Avançada com Aprofundamento em grupos especiais, Especialização
em Metodologias Ativas e Prática Docente, mestre em Saúde do Adulto
e da Criança e Doutorado em Biotecnologia.

Raul Lenow Moraes Gomes


Graduado de Educação Física e estuda Fisiologia e Treinamento Físico,
com ênfase em Saúde Cardiovascular e Renal.
EXERCÍCIO FÍSICO EM CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS
ESPECÍFICAS: bases fisiopatológicas e prática 143

Rodrigo França Barroso


Fisioterapeuta, especialista em Atenção a Saúde Renal como fisiotera-
peuta e Mestre em Educação Física.

Sara Raquel Dutra Macêdo


Bióloga, professora, especialista em Docência do Ensino Superior;
Mestra em Saúde do Adulto (PPGSAD) e Doutoranda em Biotecnologia
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(RENORBIO).
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SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 14 x 21 cm
Mancha: 10,3 x 17,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)

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