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Introdução da criança no atendimento clinico odontológico

Muitas vezes a criança chega para ser introduzida no tratamento já com uma
experiência negativa, chega ansiosa e com medo, pois os profissionais
anteriores não conseguiram fazer o tratamento “ela conseguiu se safar”.
Temos as crianças que chegam com uma experiencia previa, tem aqueles que
vem com a experiencia dos pais. Cada criança vai se comportar de um jeito.
Nós temos que ter um vínculo com a criança, tanto ela como a mãe devem
confiar no profissional.
A criança é moldada pela sociedade uma vez que ela se espelha nos
amiguinhos, na professora, nos pais, nos irmãos, em todos que ela tem
contato. A escola tende a nivelar as crianças pelo fato de uma se espelhar na
outra.
O paciente criança
Quando tem medo, expressa, pode ser por meio de choro, ou por não querer
sair do colo, ou por não querer sentar na cadeira, nesses casos precisamos
estabelecer uma boa relação com a criança.
Como alternativa podemos pedir para que a mãe sente na cadeira com a
criança. Porém a presença da mãe pode atrapalhar no tratamento,
principalmente quando ela saiu da primeira infância, quando ela já não é mais
bebe.
Devemos sempre ter uma atitude positiva com a criança. Em casos de urgência
esse atendimento pode variar um pouco devido a gravidade do caso.
Normas básicas do primeiro contato
 Aproximar-se da criança da maneira mais adequada às suas reações.
 Motivar a criança, conquistar sua confiança e transmitir-lhe segurança.
A criança é imprevisível, ela pode ter um bom comportamento no geral, mas
podem haver situações onde a criança dá trabalho, portanto, devemos
respeitar a situação do dia em que a criança se encontra. Devemos estar
sempre conquistando a confiança e motivando a criança. Tanto a criança
quanto o dentista já têm um pré conceito um com o outro, portanto devemos ter
a mente aberta para tratar a criança.
No caso dos bebes, não conseguimos estabelecer um diálogo, mas devemos
estar sempre conversando com a criança, pois pode ser um canal de
comunicação com a mãe, que estará a todo momento analisando a forma como
tratamos a criança.
Comportamento infantil no consultório
É um dos mais variáveis, é extremamente diferente de atender o adulto, pois o
adulto opta, decidi ir ao dentista, mas a criança não quer ir de forma alguma.
 Comportamento cooperativo
 Falta de capacidade cooperativa– as vezes a criança não coopera
por não ter capacidade parar cooperar, como falta de compreensão
sobre o assunto, falta de movimento cognitivo, falta de maturidade e
consciência, a criança simplesmente não entende o porque deve ficar
alo.
 Comportamento potencialmente cooperativo
A construção do comportamento da criança também depende de nós.
Comportamento cooperativo
Onde a criança não faz movimentos bruscos de pernas, braços, não se debate,
não grita não chora, mesmo assim devemos ter atenção pois o movimento
brusco de uma criança é involuntário, as vezes ela ouve um barulho e
automaticamente já olha para trás para ver o que aconteceu e se nesse caso,
nos encontrarmos com um material perfuro cortante na mão, podemos
machucar a criança, portanto, nossa atenção deve ser redobrada.
 Curiosas
 Conversam
 Compreendem os procedimentos
 Seguem instruções
 Sentam sozinhas na cadeira
Nesses casos podemos inserir a criança durante o tratamento, por exemplo,
dar um rolinho de algodão para ela ou o sugador, para então motiva-la.
Devemos nos atentar se a criança é cooperativa e exercer isso na criança.
Falta de capacidade cooperativa
Dificuldade em estabelecer comunicação:
 Pouca idade - bebes
 Pacientes especiais
 Dor
Quando a criança já chega chorando, ou com dor, fica complicado estabelecer
um diálogo e para criança fica difícil cooperar.
Comportamento potencialmente cooperativo
 Comportamento tímido ou envergonhado - Esse tipo de criança
conseguimos modelar, fazendo com que ela passe a sentir confiança em
nós.
 Comportamento de cooperação tensa – podemos melhorar esse tipo de
comportamento, tornando mais agradável.
 Comportamento incontrolado – onde precisamos fazer contenção
inicialmente, até o final do tratamento conseguimos controlar o paciente
de forma que nos livramos da contenção.
 Comportamento rebelde ou teimoso
 Comportamento de choro contínuo
 Comportamento estóico – criança indiferente que não esboça nenhum
tipo de reação, é um dos comportamentos mais difíceis na clínica.
Importância emocional da boca
 Porta de comunicação entre o bebe e o mundo em que vive desde o
nascimento
 A criança recebe sua primeira satisfação física sob forma de alimento
 A criança faz seus primeiros esforços para comunicar sua fome ou
qualquer insatisfação (choro)
 A criança explora o mundo ao seu redor.
A criança conhece o mundo pela boca, sendo ela um fator emocional
extremamente importante para as crianças e para o bebe, sendo exatamente
esse local que iremos invadir.
Durante a vida do individuo
 Múltiplas funções envolvidas
 Comer
 Falar
 Transmitir emoções
 Comunicar
Durante a vida a boca ainda é responsável por uma estética agradável, além
de melhorar as interações sociais e até mesmo ajudar o individuo no ramo
profissional.
Fatore que influenciam o comportamento da criança
Idade de 0 a 2 anos
 Fortes laços emocionais ligando a mãe a criança
 Total dependência: só se sente segura nos braços da mãe
 Criança vai aos extremos: o SIM e o NÃO são igualmente convidativos

 Resistência, choro
 Importância emocional da boca
 Pode atender a criança no colo da mãe, posição joelho a joelho de forma
muito compreensiva e carinhos a
 Evitar movimentos bruscos (encosto de cadeira, refletor...)
 Difícil acordo verbal – as vezes ela entende melhor a comunicação não
verbal.
 Precisa tocar e manusear objetos
 Não permite relações interpessoais prolongadas
É uma idade que aparece muito na clínica, principalmente devido a muitos
traumas que essa criança sofre, devido estar começando a andar.
Idade 3 anos
 Idade mental imitativa (idade do eu também)
 Surgimento da individualidade e da independência
 Curiosidade
 Negativismo
 Aumento do vocabulário e do interesse pelas coisas
 Começa a surgir os “comos” e “porquês”.
 Função subjetiva- gosta de manter a atenção sobre ela
 Muito imaginativa – inventa estórias, amigos imaginários e brinquedos
 Principio “parte/todo” (a parte é igual ao todo) – é o momento de evitar
que ela veja instrumentais com ponta, evitar mostrar a carpule.
É a oportunidade que nós temos de mostrar o amiguinho com bom
comportamento na esperança de que ela o copie.
Devemos ter cuidado com o que a gente fala, com o que a criança vê.
Idade de 4 a 6 anos
 Muito sociável e colaboradora – quando ela é colaboradora, ela é muito
colaboradora.
 Espirito critico (cuidado com a contradição) – sinceridade/ falsidade
 Declínio gradual dos medos primários (afastamento da mãe, lesão
corporal, ser abandonada) – mesmo nessa idade a mãe pode ou não
permanecer na consulta.
 Imitação social e orientação dos pais.
 Gosta muito de elogios e tem orgulho de mostrar seus conhecimentos
 Maior espirito de decisão.
 Idade do como e porque – desejo de conhecer.
 Grande interesse pelas coisas e pessoas mais sociável que resistente.
 Muito comunicativa e conversadora (criança tagarela).
 Cooperadora.
 Gosta de escutar explicações: é possível criar na criança um sentimento
de responsabilidade.
É uma idade como nos permite trabalhar muito o comportamento cooperativo
na criança.
Dor
A dor é um estimulo de uma sensação, onde a criança acaba por perceber que
algo está errado, o choro e a reclamação da criança ela mostra emoção e
busca atenção para que a situação seja resolvida. Mesmo que tudo isso ocorra
de forma inconsciente. A dor também causa muita ansiedade. Quando a
criança está com dor e mãe fala que vai levar no dentista, ela não sabe o que
vai ter lá, o que vai acontecer com ela, as crianças tendem a gostar daquilo que
elas conhecem, pois elas têm mais segurança e controle.
Quando a criança se vê sem controle de uma situação, sem saber o que vai
acontecer com ela, sua ansiedade aumenta e acaba por potencializar a dor e é
muito difícil a comunicação nesse momento.
Quando estamos atuando no tratamento da criança, pelo choro conseguimos
identificar o nível de dor da criança, além de que podemos lançar mão de
escalas.
A criança pode até nos falar se a dor é provocada, espontânea, persistente,
mas a intensidade da dor ela não consegue nos falar, pois essa engloba muitos
fatores subjetivos.
Estratégias de manejo – Em busca da participação e colaboração da criança
no tratamento odontopediátrico
 Ampliando o campo perceptivo infantil – podemos mostrar a percepção
da água na mão da criança, a percepção do ar, para que a criança sinta
que tem um maior domínio da situação.
 Comunicando-se – devemos evitar buscar os materiais no momento do
atendimento, é melhor que tudo esteja presente, pois o ato de sairmos
pode quebrar a comunicação que estabelecemos anteriormente.
 Estruturação do tempo
 Distraindo a criança
 Dessensibilizando
 Reforçando
 Modelando
Ampliando o campo perceptivo infantil
Ar, água, som, luz, cheiro, cor, tato – dizer, mostrar e fazer.
Podemos jogar o ar na mão da criança, passar o baixa rotação na unha, para
que ela tenha uma experiência prévia do que vamos fazer.
O ambiente clinico não pode ser exagerado, mas deve ser adaptado para
criança.
Comunicação
Desejamos reciprocidade com participação mutua
Profissional – paciente
 Ativa – passiva – não é o desejado, queremos a reciprocidade.
 Orientação – cooperação
Modelos de participação mutua:
 Primeiro contato
o Saber o nome, idade, preferencias
o Olhar nos olhos e se apresentar,
o Trata-las pelo nome, sem diminutivos
o Mostrar o consultório, deixando-a à vontade.
o Respeitar o humor em cada dia de atendimento.
o Perguntar o que está sentindo.

Diante do medo da criança


 Dizer – mostrar – fazer
 Orientação, instrução e reforço
 Atitudes carinhosas e amistosas
 Não ignorar os sentimentos da criança
 Explicações visualizadas/testadas
Para dar anestesia nas crianças, por exemple, devemos pegar o rosto dela por
trás, pegar a carpule por trás e anestesiar segurando sempre a cabeça da
criança, mesmo que seja uma criança cooperativa.
Técnicas comunicativas ineficazes
 Tentativa de tranquilização não dizendo a verdade
 Tentativas de coação persuasão
 Explicações simplesmente verbais
 Parar tratamento por solicitação da criança com intuito de manipula-la
 Manipulação
 Desrespeito a individualidade da criança.
Estruturação do tempo
Consultas odontológicas infantis devem ser breves
 Mesa clinica pronta para chamar o paciente.
 Movimento de trabalho  maior eficiência em menor período de tempo.
Distraindo a criança
 Desenho
 Projeções
 Fones de ouvido (músicas)
 Histórias
 Televisão
Conhecimento sobre a criança e seu universo infantil.
Dessensibilizando
 Colocar o paciente num estado de relaxamento e respiração profunda;
expondo-a gradualmente a estímulos odontológicos que lhe causam
medo e ansiedade.
Em casos onde não temos situações de emergência é muito importante
aumentarmos gradualmente o tempo da sessão e a dificuldade do
procedimento.
Portanto, devemos buscar sempre começar pelos dentes menos complexos
para que assim tenhamos uma adaptação da criança.
Reforçando
 Reforço positivo
 Verbal ou social
 Não punições
Modelando
Mostrar à criança uma conduta apropriada, visando redução do medo e
ansiedade.
Observar outra criança de bom comportamento.
 Aquisição de um comportamento
 Facilitação do comportamento do paciente de modo e em tempo
apropriados
 Desinibição do comportamento
 Extinção do medo associada a um estimulo positivo.
Técnicas restritivas ou aversivas
Mão sobre a boca e/ou contenção = é uma técnica banida que não fazemos
mais o uso.
Indicações:
 Casos de histeria, urgência, em que o profissional não consegue
COMUNICAR-SE com a criança.
Contraindicações:
 Crianças que resistem por fata de comunicação
 Crianças tímidas e medrosas
 Crianças rejeitas, abandonadas ou carentes
Contenção física
É uma técnica ainda em uso, que deve SEMPRE ter a orientação e autorização
dos pais por escrito.
Pacientes de pouca idade, é de extrema importância que os pais autorizem
esse tipo de contenção e participem.
Os pacientes com necessidades especiais também precisam que os pais
autorizem a contenção.
Técnicas restritivas – PRECISA SEMPRE DE ORIENTAÇÃO POR ESCRITO
DOS PAIS E ORIENTAÇÃO.
Contenção física – segurança:
 Paciente
 Responsável
 Profissional
Pedimos sempre a ajuda dos pais para que eles participem da contenção.
Devemos realizar contenção durante a anestesia, sempre segurando a
cabeça da criança por trás.
Pacientes com pouca idade, podemos utilizar faixas, mas os pais devem
autorizar, assim como os pacientes com necessidades especiais.
Técnicas restritivas
 Indicação precisa
 Orientação dos responsáveis
 Permissão dos responsáveis
 Não é castigo ou repreensão – é uma necessidade de segurança.
Orientação aos responsáveis
 Choro é normal
 Converse com seu filho em casa – não falando da consulta, mas da
importância de ir no dentista.
 Nunca engane a criança
 Deixe a criança expressar sua curiosidade
 Controle seus temores
Manejo da criança
No final do atendimento a criança não nos vê como inimigo.
O objetivo do tratamento na criança não é somente o de realizar um
procedimento odontológico, mas também, a preparação de um indivíduo apto a
receber tratamentos dentários pelo resto de sua vida sem abalar seu senso de
autoconfiança e domínio.

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