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CASOS CLÍNICOS:
1. Caso clínico 1
Paciente com 2 anos e 6 meses de idade compareceu na clínica de Odontopediatria da FOAr
após a avulsão do elemento 61, imediatamente após sofrer o traumatismo e com o elemento
dentário armazenado no leite. Descreva a sua conduta clínica desde a anamnese até o
acompanhamento do caso (adaptado de Carvalho Rocha et al., 2008).
Resolução
Anamnese
Como ocorreu o acidente? Qual a intensidade?
Onde ocorreu o acidente? Estava contaminado?
Quando ocorreu acidente e o local do acidente para verificar possíveis infecções
Houve período de inconsciência? (se paciente apresenta cefaleia, amnésia, náusea,
vômito, sonolência, pode ser indício de trauma crânioencefálico)
Histórico de acidente com a face?
Algum dente dói?
Breve história médica: alterações sistêmicas, alergias, necessidades especiais,
comprometimentos sistêmicos/locais
Está imunizado contra o tétano? Geralmente os ferimentos são contaminados,
portanto precisa verificar a carteira de vacinação.
Exame clínico
Avaliar estado geral da criança a partir da chegada à clínica/consultório
Avaliar nível de consciência: realizar perguntas para avaliar qual o nível de
consciência.
Avaliar se há traumas associados: dores, dificuldades de movimentação, escoriações
Avaliar se há sangramento: determinar causas, profundidade, terapêutica necessária.
Avaliar se há ferimentos de tecido mole: lavar bem ferimentos com soro fisiológico
antes de investigar
Avaliar se há presença de corpos estranhos em ferimentos/alvéolo: sujeira, fragmento
de dente
Avaliar se há crepitação óssea: pedir para paciente movimentar ossos, inclusive a
mandíbula e verificar se há crepitação
Avaliar se há mobilidade dentária ou perda de outros elementos dentários
Checar com a criança se ela sente a mordida alterada, pois pode ter relação com
fraturas de mandíbula ou maxila.
Exame radiográfico
As técnicas radiográficas mais indicadas são: periapical infantil ou oclusal com filme
adulto, para permitir a correta visualização das estruturas de interesse, como alvéolo e
germe do dente sucessor permanente.
Em caso de suspeita de fraturas ou outros traumas em decorrência do acidente,
indica-se outros exames imaginológicos complementares, como radiografia
panorâmica.
Com base na radiografia exposta no exercício, constatamos a ausência do dente no
alvéolo
A radiografia fornecida possui uma limitação, já que não é possível avaliar o germe do
dente permanente. Portanto seria necessário a avaliação por meio de radiografia
oclusal com filme adulto.
Classificação do traumatismo:
Traumatismo dentoalveolar, com lesão no tecido de suporte e feixe vasculonervoso.
O traumatismo foi classificado como Avulsão, sendo que a característica indicativa é
de ausência do dente clinicamente e radiograficamente no alvéolo.
Tratamento proposto:
Redução ansiedade: primeiramente, devido à situação de acidente e trauma, é
indicado a redução da ansiedade tanto dos pais, mas principalmente da criança, que
pode estar tendo seu primeiro contato com o dentista nessa ocasião. Explicar aos pais
o que será feito e como será feito.
Reposicionamento contra-indicado: devido ao potencial dano e contaminação do
germe do dente permanente sucessor. O reposicionamento pode ocasionar dano ao
dente permanente, reabsorção inflamatória, abscesso dentoalveolar e anquilose
dental do dente reposicionado. Além disso, com o reposicionamento, existe o risco de
aspiração do dente.
Devido a idade do paciente e consequente falta de maturidade, não é indicado no
momento a confecção de um mantenedor de espaço. Nesse caso, a conduta adotada é
de acompanhamento do caso clínico.
Orientações aos pais/responsáveis:
Cuidado ao comer para não traumatizar ainda mais os tecidos moles
lesionado, indica-se dieta macia.
Limpeza do local com escova de dente macia ou cotonete e aplicação tópica
de digluconato de clorexidina 0,1-0,2% 2x ao dia por duas semanas para
permitir cicatrização da gengiva e não permitir formação de biofilme.
Antibioticoterapia: em geral, não é necessário o uso de antibióticos sistêmicos.
Entretanto, o estado de saúde da criança pode justificar, por isso sempre que possível,
entre em contato com o pediatra, que pode fornecer recomendações mais
específicas.
Vacinação antitetênica: depende de como ocorreu o acidente e se houve
contaminação da lesão pode ser necessário um reforço, em caso de dúvida deve-se
contatar o pediatra dentro de 48 horas.
Acompanhamento do caso:
Periodicidade: as consultas de acompanhamento devem iniciar após 1 semana do trauma
e após 6-8 semanas. Também deve ser feita consulta aos 6 anos de idade.
Anotação de prognósticos gerais: nas consultas de acompanhamento é importante anotar
os prognósticos genéricos, tais como: dor na região; estética; trauma relacionado à
ansiedade ao tratamento odontológico; número de consultas e impacto no
desenvolvimento do sucessor permanente
Monitoramento da erupção: deve ser feito o monitoramento da erupção dos dentes
permanentes, para verificar possíveis comprometimentos na erupção do sucessor
permanente.
Radiografias: a realização de radiografias é indicado em caso de prognósticos
desfavoráveis, como atraso na erupção do dente sucessor permanente.
Orientações: deve ser feita orientação aos pais/responsáveis de retornar à clínica em caso
de observar qualquer prognóstico desfavorável.
2. Caso clínico 2
Paciente de 3 anos de idade compareceu a clínica de
Odontopediatria da FOAr após sofrer uma queda e
traumatizar os dentes 51 e 52. Ambos não
apresentavam mobilidade. Descreva a sua conduta
clínica desde a anamnese até o acompanhamento do
caso (imagens cedidas pela Dra. Natália Domingues).
Resolução
História clínica: A mãe, J.S., compareceu à clínica de
Odontopediatria com a queixa de que seu filho, B. H. S., de 3 anos
“caiu e bateu os dentinhos da frente ao tropeçar”.
Exame clínico extra oral: não foi observado nenhuma alteração nos
linfonodos, não havia presença de assimetria ou lesões/hematomas
na região de face, apenas no lábio superior próximo aos elementos
51 e 52 que o lábio se encontra com coloração mais arroxeada em
comparação ao lábio inferior.
Avaliação radiográfica: foi realizada radiografia periapical na qual foi possível observar
que há um ligeiro espessamento do ligamento periodontal do dente 51 e mesial do 52,
sem perda de tecido ósseo da crista alveolar. Com relação ao dente permanente observa-
se que o mesmo está no estágio 5 de Nolla e não houve nenhum prejuízo para sua
formação.
Diagnóstico: de acordo com os dados coletados como ausência de mobilidade, dor,
alteração no plano oclusal, leve impacto no ligamento periodontal ou alteração na posição
do elemento foi possível concluir que o paciente sofreu um trauma do tipo concussão, o
qual é causado por impacto leve a moderado e provoca poucas repercussões para as
estruturas dento-alveolares.
Tratamento: para tratar a fratura pode ser realizado restauração em resina composta de
forma direta ou apenas o arredondamento dos ângulos da fratura. Para tratar a concussão
orientar os pais quanto a dieta líquida e pastosa por 2 semanas, não sendo necessário a
imobilização.
3. Caso clínico 3
Paciente de 4 anos de idade compareceu a clínica de
Odontopediatria da FOAr após sofrer uma queda e traumatizar
os dentes 51,52 e 61. Dentes 51 e 52 apresentavam mobilidade
grau 3 e 61 grau 1 no momento do exame clínico. Descreva a
sua conduta clínica desde a anamnese até o acompanhamento
do caso (imagens cedidas pela Dra. Natália Domingues).
Resolução
4. Caso clínico 4
Resolução
Subluxação:
Características do trauma
Impacto frontal forte
Lesão mínima sobre o ligamento
Edema e sangramento junto ao ligamento, podendo ser observado sangue no sulco
gengival
Sensível à percussão
Mobilidade aumentada
Não apresenta deslocamento
Tratamento
Alívio oclusal
Imobilização se confortável para o paciente
Acompanhamento de 2 meses
Uso de anti-inflamatório e analgésico se necessário
Risco de reabsorção inflamatória progressiva é rara
Risco de necrose pulpar é mínimo
Luxação lateral:
Características do trauma
O dente se encontra deslocado, geralmente no sentido palatino/lingual ou labial
O dente se apresenta imóvel e à percussão apresenta um som metálico (anquilosado)
Fratura do processo alveolar presente
Testes de sensibilidade apresentam resultados negativos
Aumento do espaço do ligamento periodontal é melhor observado em exposições
radiográficas oclusais ou excêntricas
Tratamento
Reposicionar o dente digitalmente ou com fórceps para deslocá-lo do osso e
reposicioná-lo suavemente em seu local de origem
Estabilizar o dente durante 4 semanas, utilizando uma contenção flexível Monitorar a
vitalidade pulpar
Se ocorrer a necrose da polpa, o tratamento endodôntico é indicado para evitar a
reabsorção radicular
Prognósticos favoráveis
Ausência de sintomatologia
Sinais clínicos e radiográficos normais ou em processo de reparo periodontal
Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem
ser observados até 3 meses)
Altura do osso marginal corresponde à mesma observada radiograficamente após o
reposicionamento
Continuidade da formação radicular, nos casos de dentes com rizogênese incompleta
Prognósticos desfavoráveis
Sintomas e sinais radiográficos consistentes com lesão periapical Resposta negativa
aos testes de sensibilidade (resultados falso negativos podem ser observados até 3
meses)
Se a integridade do osso marginal for perdida, realizar contenção adicional por 3-4
semanas
Reabsorção radicular inflamatória externa ou reabsorção por substituição Indicação de
terapia endodôntica apropriada, de acordo com o estágio de desenvolvimento
radicular
→ A coloração do dente pode ter sido alterada em razão de uma possível hemorragia pulpar.
Extrusão:
Forças oblíquas deslocam o dente para fora do seu alvéolo, mas as fibras do ligamento
periodontal impedem sua avulsão total. Tanto o ligamento periodontal quanto o suprimento
neurovascular da polpa são rompidos.
Na foto do caso, podemos observar leve extrusão do dente com o desnível oclusal e com a
mancha do elemento 61 mais baixa do que a do elemento 51.
As chances de necrose pulpar são quase 100%.
Revascularização pode ocorrer no caso de dentes com rizogênese incompleta.
Características do trauma
Presença de deslocamento
Mobilidade aumentada
Sensibilidade
Sangramento
Radiograficamente
Deslocamento dental - radiolucidez
Tratamento
Reposicionamento – pressão digital OU se o dente não estiver interferindo na oclusão,
deixe que o dente se reposicione espontaneamente
Para a contenção de decíduo devemos avaliar a condição do permanente e
possibilidade/necessidade de exodontia.
Controle
Remoção da contenção após 2-3 semanas
Avaliar terapia endodôntica (realizar o teste de vitalidade em até 30 dias em dentes
com rizogênese incompleta, pois pode haver revascularização).
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA DO GRUPO:
5. Caso clínico 5
Resolução
Durante anamnese, a mãe relatou que a criança sofreu uma
queda enquanto estava andando de bicicleta, ocorreu um impacto
axial na região anterior, causando intrusão dos elementos 11 e 21
com fratura coronária do 21. A mãe buscou atendimento mais ou
menos 40 minutos após o acidente. No exame clínico
intrabucal, podemos observar a intrusão dos elementos 11 e 21,
no qual o último apresenta uma fratura de coroa em esmalte na
porção incisal. Foi notada uma lesão na gengiva acima do dente
21, que pode ter sido causada pelo trauma. Além disso, na região de incisivo lateral inferior
conseguimos ver uma lesão edemaciada.
Foi solicitada uma radiografia periapical paralela dos elementos 11 e 21 para avaliação
diagnóstica. Outras radiografias como da região inferior, na qual foi constatada a lesão, e uma
oclusal também seriam de grande interesse. Para complementar, duas radiografias adicionais
dos dentes 11 e 21 com diferentes angulações verticais e/ou horizontais podem ser realizadas.
Nos achados radiográficos, foi observado que os dentes apresentam
rizogênese incompleta e que realmente houve intrusão.
Através dos achados clínicos e radiográficos, é possível concluir que o traumatismo observado
nos elementos 11 e 21 pode ser classificado como luxação intrusiva. Ainda, no elemento 21 foi
observada fratura não complicada de coroa (apenas em esmalte).
O tratamento proposto, no caso de intrusão, é permitir a erupção sem intervenção
(reposicionamento espontâneo) para todos os dentes, independente do grau de intrusão. Se
nenhuma reerupção for observada dentro de 4 semanas, deve ser iniciado o
reposicionamento ortodôntico. Deve-se monitorar a condição pulpar, visto que pode ocorrer
revascularização espontânea. Entretanto, se houver sinais de necrose pulpar e reabsorção
externa inflamatória nas consultas de acompanhamento, o tratamento endodôntico deve
ser iniciado assim que a posição do dente permitir (procedimentos endodônticos indicados
para dentes com rizogênese incompleta devem ser utilizados). Os pais devem ser
informados sobre a necessidade das consultas de acompanhamento.
Já no caso da fratura não complicada em esmalte, se o fragmento dentário estiver
presente, o mesmo pode ser colado novamente. Dependendo da extensão e localização da
fratura, pode ser feita a suavização das bordas da fratura ou restauração com resina
composta.
Durante o acompanhamento do caso, é necessário realizar avaliações clínicas e
controle radiográfico de ambos os elementos após 2 semanas, 4, 8, 12, 6 meses e após 1 ano.
Depois desse período, realizar controle anual pelos próximos 5 anos. O retorno à clínica deve
ser feito assim que for observado qualquer prognóstico desfavorável (presença de
sintomatologia dolorosa, dente travado no mesmo lugar, necrose pulpar e infecção, lesão
periapical, reabsorção externa ou inflamatória).