Você está na página 1de 7

DIAGNÓSTICO PULPAR

A polpa dentária é um tecido conectivo que contém uma série de elementos vasculares, linfáticos,
nervosos e componentes celulares indiferenciados com alta capacidade de regenerativa. No
entanto, existem mecanismos bacterianos ou traumáticos que podem causar reações, que vão desde
a hiperemia até uma resposta inflamatória pulpar, a qual evolui de um estado reversível para
irreversível, definido como pulpite.

Etiologia

Pode ter origem microbiana, traumática, idiopática ou estar associada a comprometimentos


sistêmicos devido à patologias subjacentes, como diabetes e doença renal. Em resposta a esses
agentes agressores, a polpa adota, inicialmente, uma resposta aguda, buscando a preservação, que
se não resolvida, torna-se uma resistência crônica, terminando em um processo de necrose pulpar

Fisiologia Pulpar

Protocolo de atendimento

Anamnese escuta ativa Exame radiográfico

Queixa principal

História da doença

História médica

Exame clínico extra e intraoral

Quando o paciente chega você já inicia a inspeção visual.

Palpação

Utiliza-se a ponta do dedo indicador para apalpar a face bilateralmente na busca de semelhanças e
diferenças entre o lado direito e esquerdo do rosto do paciente. (buscar edema/ elevação)
Palpação apical

Tatear a região apical do elemento suspeito de forma delicada com o dedo indicador, verificando a
presença de resposta dolorosa e/ou alteração patológica que altere a forma.

▪ Edema apical – mole a palpação – indicativo de polpa necrosada, infectada, com abcesso
apical.
▪ Aumento de volume apical endurecido, de sensibilidade leve, respondendo a palpação
com crepitação óssea – como apertar uma bolinha de tênis. Indica uma lesão de
crescimento lento e expansivo, por ex. lesão cística.
▪ Perda de continuidade da integridade óssea acompanhada de ligeira depressão que é
preenchida por tecido mole á palpação – cistos ou granulomas.

Se for encontrado significa destruição óssea

Crepitação – crocancia

Percussão

feita inicialmente com a costa do dedo indicador de forma delicada se a reposta for negativa, aí
sim, lançar mão do cabo do espelho, no sentido perpendicular a coroa ou no sentido do seu eixo.

Vertical – se tem alguma alteração no espaço do ligamento periodontal – inflamação de origem


endodôntica

Horizontal – alteração do ponto de vista periodontal

Sondagem e Mobilidade Dentária

Sondagem

Feita para verificar a normalidade do periodonto, em pelo menos 3 sítios na face vestibular e
lingual + região de furca.

Verificar a presença de bolsas!!!!! É bem comum elementos que apresentem processo


inflamatório irreversível ou necrose mostrarem radiolucidez na região de furca ou perirradicular no
rx, o que em um dente normal indicaria B.P., mas nesse caso ela não existe, e a confirmação pode
ser feita através da soldagem.

Mobilidade

Consiste na utilização de dois instrumentos metálicos segurados com firmeza ou 1 instrumento e 1


dedo. É necessário a aplicação de força, na busca de movimentar o dente em todas as direções, no
caso de doenças patológicas esse movimento costuma ser no sentido vestíbulo-lingual.

Grau 1- ligeiramente maior que a normal

Grau 2 – moderadamente maior que o normal

Grau 3 – mobilidade grave – sentido vestibulolingual e mesiodistal,

combinado com deslocamento vertical.


Causas: perda de suporte ósseo, sobrecarga dentaria, trauma, pode ocorrer durante a gravidez,
ciclo menstrual e uso de anticoncepcional.

Exames complementares:

Radiografia/ tomografia/ testes pulpares/ teste de anestesia seletiva/ teste de cavidade

▪ Periapical - imprescindível para o planejamento endodôntico

orto – temos uma visão panorâmica do dente, sua largura, seu comprimento e a curvatura da raiz.
Além de mostrar alterações ósseas perriradiculares.

clark – para dissociação das raízes

▪ Interproximal (bite wing) : coroa e cervical da raiz – mostra com mais clareza a relação de
proximidade entre a polpa e restaurações ou cavidade de carie, é possível observar
deposição irregular de dentina ou calcificações
▪ Geralmente não é possível observar fraturas verticais em rx.

▪ Tomo: para ver o dente em três dimensões, procurar um canal perdido, uma fratura, a
saída de um canal, uma grande destruição óssea

Testes pulpares/ de vitalidade

Indica sensibilidade pulpar positiva ou negativa. Importante aliado para determinar se a polpa
dental deve ou não ser preservada.

Importante: Informe ao paciente que ele irá sentir um desconforto, que será necessário para
estabelecer o diagnóstico. Solicitar para ele levantar a mão esquerda quando sentir e abaixá-la
quando a dor cessar.

Qual o tipo de dor que eu estou esperando?

▪ Teste Frio - endoice – carro chefe

É feito primeiro no dente normal e depois no dente suspeito!!!

Protocolo: Faz o isolamento relativo do dente, seleciona uma bolinha de algodão compatível com a
cavidade, agita o endoice e aplica na bolinha, apreendida com a pinça. Em seguida, leva na
superfície do dente normal para depois testar o dente suspeito.

Atenção: A aplicação não deve exceder 5 segundos. Em caso de repetição, aguardar 5 min.

▪ Teste Quente – as células (tipo C) que respondem já estão no final da vida. Indicado para
dente com suspeita de necrose

É feito com um bastão de godiva

Protocolo: Isola o dente, aplica vaselina, aquece o bastão na chama da lamparina e aplica na
superfície do dente enquanto a godiva ainda está brilhosa.
▪ Teste de anestesia – Quando o paciente relata uma dor referida, difusa ou reflexa- muito
utilizada para identificar o dente doente! indicada quando os testes anteriores falharam,
por isso quando for possível deve-se anestesiar só o dente suspeito. Se parar de doer é o
dente!!!!!

▪ Teste de cavidade – (invasivo) Dente suspeito de necrose pulpar - acesso do dente sem
anestesia. Quanto todos os outros falharam.

Diagnóstico Pulpar: Nomenclatura recomendada pela AAE/ABE 2013

1. Polpa normal

Anamnese: Paciente não relata sinais e sintomas

Teste frio: Positivo

Polpa clinicamente normal, logo responde de forma suave/ rápida (transitória) a estímulos
provocados pelo frio. Assim, que o endoice é retirado a dor passa, cerca de 1 a 2 segundos depois.

Palpação apical e Percussão vertical: Negativo

Radiografia: Lâmina dura integra e L.P. com espessura semelhante em toda sua extensão
perirradicular.

2. Pulpite Reversível - Processo agudo/ dor provocada

Anamnese: Presença de dentina exposta, cáries ou restauração profunda. Em cavidade cariosa, o


paciente relata dor persistente após a ingestão de doces e alimentos gelados que alivia
imediatamente ao realizar a escovação ou bochecho. Relata não fazer uso de analgésico.

Teste frio/ doce: Positivo

Dor brusca (aguda) que desaparece poucos segundos após a retirada do endoice.

Radiografia: Semelhante à de um dente com polpa normal.

Tratamento: Restaurador (Dentística), remoção de tecido cariado e restauração apropriada.

3. Pulpite Irreversível Sintomática – Dor espontânea e irradiada (dor excruciante a de maior


intensidade)

Anamnese: Presença de sinais e sintomas. Paciente relata dor espontânea e difusa, que
dependendo da postura pode ficar mais intensa, principalmente QUANDO ESTÁ DEITADO ou
CURVADO!!!!!, pode relatar também, que a dor aumenta com a aplicação de frio e alivia em
contato com substâncias quentes ou o inverso, o uso de analgésicos não costuma resolver a dor.
Geralmente está associado a uma cárie extensa, profunda, restaurações defeituosas ou fraturas
com exposição pulpar.

Teste de percussão vertical e Palpação apical: Negativo ou Positivo


Teste frio: Positivo

Dor aguda após a remoção do endoice, com duração de 30 segundos ou mais.

Radiografia: Não é encontrada nenhuma lesão ou é possível observar um ligeiro espaçamento do


E.P

Tratamento: endodôntico não conservador, pulpectomia ou pulpotomia, com preparo químico-


mecânico e obturação do sistema de canais, de preferência sessão única.

4. Pulpite Irreversível Assintomática - Processo longo (crônico) / Paciente jovem/ dor intermitente
quando há a presença de dor.

Anamnese: NÃO há uma queixa clínica dolorosa (o paciente não vai reclamar de dor ao tomar
água gelada ou comer um doce). Mas, ela pode surgir em caso de pressão. Clinicamente o dente
suspeito pode apresentar coloração diferente (que o paciente costuma notar em dentes
anteriores), sinal característico da P.I.A é o pólipo pulpar, quando empregado analgésicos tem
eficácia no alívio de algum desconforto. Geralmente está relacionado com trauma (remoção de
uma carie profunda que levou a exposição).

Teste: Positivo

Costumam responder de forma normal ou moderada aos testes

Tratamento: Endo dos canais ou exo


5. Polpa necrosada

Anamnese: É uma progressão da Pulpite Irreversível, se estende por todo o canal. Não tem tanta
resposta do dente em sim. Mas, os tecidos circundantes podem apresentar. Paciente não sente dor
nenhuma.

Teste de Palpação ou Percussão: Pode ou não dá Positivo.

Teste de calor e frio: Negativo

Radiografia: Pode ou não apresentar ESPAÇAMENTO do L.P e presença de lesão (dependendo do


grau de evolução).

Tratamento: endodôntico radical.

6. Dente com canal tratado (DCT) / Tratamento previamente iniciado (TPI)

DCT - O dente já passou por um tratamento endodôntico. O Diagnóstico é RADIOGRÁFICO onde a


polpa apresenta-se preenchida com material RADIOPACO!!! O dente não responde aos testes
térmicos e elétricos.

PULPOTOMIA: é indicado quanto durante a remoção de tecido cariado ocorre EXPOSIÇÃO PULPAR
em um dente decíduo ou com pulpite irreversível, essa exposição também pode ocorrer por conta
de trauma. PULPECTOMIA: dente ..... ou necrose
TPI

Anamnese: o paciente cita que já fez canal e o dente voltou a doer, e quando o rx. é analisado o
dente não está preenchido com material obturador radiopaco, provavelmente esse dente foi
acessado, o preparo inicial do canal foi realizado e está com medicação – terapêutica endodôntica
parcial.

Teste de percussão: Positivo ou Negativo

Se deu positivo, por algum motivo a polpa está inflamada e o paciente pode ter desenvolvido uma
PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA.

Tratamento: dependendo do estágio da infecção, realizar o tratamento do canal.

O dente tratado pode sentir dor? PODE CLARO

Eu endodontista, posso ter perpetuado a doença endodôntica, nesse caso tem que ser feito
Retratamento de canal!!!!

Possíveis Causas: NÃO FOI FEITA PATENCIA NÃO FOI FEITA IRRIGAÇÃO

NÃO ENCONTREI TODOS OS CANAIS (4 CANAL DO 1MS)

SELAMENTO DE CAVIDADE SÓ COM COTOSOL

DIAGNÓSTICO PERIAPICAL

Evolução do processo infeccioso

PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA – Dor latejante/ martelante” sensação de dente crescido”

(Início da inflamação na região periapical)

É reversível, é o primeiro estágio da doença periapical. Então, quando eu toco na região gengival
próximo ao dente suspeito esse paciente vai sentir dor.

Anamnese: O paciente sente dor ao morder, relata” sensação de dente crescido” Pode acontecer
em dentes VITAIS e NECRO, está associado a trauma ou sequência de infecção por cárie.

VITAIS: Em caso de TRAUMA (ex. restauração que ficou alta, tratamento ortodôntico, baque - a
criança caiu)
estendeu
NECRO: infecção que se intendeu além do canal radicular e invadiu o periapice, possíveis causas:
sobreinstrumentação, injeção ou extravasamento exagerado de material de irrigação ou obturador.
Testes térmicos são Negativos.

Teste de Percussão e palpação: Positivo

Radiografia: Às vezes, já é possível ver alteração da lâmina dura.

Tratamento: VITAIS: É preciso tratar o canal? Claro que não, é só tirar a fonte e em poucos dias
volta ao normal. NECRO: tratar o canal.
PERIODONTITE APICAL ASSINTOMÁTICA

Anamnese: Mais lenta, longa o paciente não sente dor ou é discreta, diagnóstico casual onde você
vai radiografar um dente e observa uma imagem radiolúcida em outro dente, dente escurecido
(trauma que aconteceu na infância, processo carioso de longa duração). Paciente relata que sentia
dor mais passou aí é batata vai virar P.A.A. tem relação com dentes com necrose pulpar.

Testes de palpação, percussão e pulpar: Negativos

Radiografia: Radiolucidez apical

ABCESSO APICAL AGUDO

decorre de necrose pulpar

Anamnese: RÁPIDO E PRESENCA DE MUITA DOR!!!!! formação de pus dentro do osso. Muito
sensível as manobras de palpação, percussão e pressão sobre o dente, sempre associado a polpa
necrótica, geralmente acompanhado de manifestações sistêmicas: prostração, febre, enfartamento
ganglionar e pode haver trismo.

REQUER INTERVENCAO!!!!!
Tratamento: Nesses casos, temos de fazer o acesso para tentar drenar o abcesso intracanal, pode
evoluir para uma angina. Irrigar bastante, pega lima #10 ou #15, faz patência para tentar criar uma
via de acesso livre para que o pus possa drenar via canal.
ABCESSO APICAL CRONICO

Anamnese: Quase NÃO causa dor no paciente, dente escurecido, presença de fistula intra ou
extraoral. Ideal fazer o rastreamento dessa fistula com cone de guta percha fino e delicado, deixa
uma pontinha para fora, inserir até encontrar resistência, RX vai encontrar o dito cujo, para poder
fechar o diagnóstico.

OSTEITE CONDENSANTE

Crescimento patológico como resposta a uma injúria pulpar, agressão de baixo estímulo.

Anamnese: Esse dente pode estar ainda vital ou em processo de necrose. Ocorre uma
superprodução de tecido ósseo (cemento) associada a ápices de dentes com pulpite, lesão cariosa,
infiltração de cárie, restaurações profundas ou em casos de tratamento endodôntico inapropriado.
Pode acontecer em todas as idades, a maioria dos casos envolve pré-molares e molares inferiores.

Radiografia: Dá para observar o contorno da raiz, com um pouco de destruição contornada por
crescimento ósseo. Não tem uma solução de continuidade entre a região apical e o tecido

neoformado, lesão difusa apical radiopaca.

Tratamento: endodôntico, mas o tecido cimentoso vai ficar lá.

Você também pode gostar