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Ambientalismo

O ambientalismo, movimento ecológico ou movimento verde consiste em um


heterogêneo feixe de correntes de pensamento e movimentos sociais que têm na defesa
do meio ambiente sua principal preocupação, reivindicando medidas de proteção
ambiental e sobretudo uma ampla mudança nos hábitos e valores da sociedade de modo a
estabelecer um paradigma de vida sustentável.
Embora na Antiguidade ocidental fossem registradas algumas preocupações no sentido de
proteger a natureza, e algumas antigas tradições aborígenes e religiosas de outras partes
do mundo também dessem atenção a ela e mesmo a entendessem como sagrada, pouco
valeram para que se desenvolvesse uma consciência ecológica em larga escala, capaz de
impedir a destruição dos recursos naturais, da vida selvagem e dos seus habitats. Nos
séculos seguintes, em vários momentos e lugares, surgiram defensores do meio ambiente,
mas somente a partir de meados do século XVIII, com o advento do Iluminismo e o
acontecimento da Revolução Industrial, o ambientalismo começou a evoluir com maior
consistência, quando os cientistas e pensadores passaram a analisar seriamente os
efeitos deletérios da ação humana sobre a natureza e os efeitos dessa ação sobre o
próprio homem que a causou. Começaram a ser criadas áreas protegidas e legislação
específica, e importantes mudanças aconteceram.
Contudo, o ambientalismo teve de esperar o fim das grandes guerras mundiais para
emergir como uma tendência influente e como um campo de estudos específico, diante da
constatação de que o modelo de desenvolvimento global em vigor, baseado numa
perspectiva de crescimento contínuo, na manipulação tecnológica da natureza e numa
visão de que os recursos naturais são inesgotáveis e existem basicamente para o
benefício humano, a esta altura já haviam causado uma destruição ambiental sem
precedentes na história da humanidade, pondo em risco até mesmo a futura sobrevivência
da espécie humana.
Rapidamente o movimento ganhou grande espaço nas mídias e desde então vem obtendo
resultados importantes, atraindo uma enorme quantidade de outros campos do saber para
o debate e a pesquisa ambiental, considerando todas as esferas da sociedade diretamente
implicadas e corresponsáveis tanto pelos problemas como pelas soluções que devem ser
encontradas, e ambicionando o desenvolvimento de uma visão integrada e de um manejo
racional, respeitoso e responsável da vida sobre a Terra. O nível de conscientização
popular e de envolvimento acadêmico e institucional nunca foi tão alto, mas ao
questionarem o atual modelo de civilização os ambientalistas atraíram uma sonora e
poderosa legião de críticos comprometidos com o status quo e outro tanto de céticos.
Muitas vezes os embates foram violentos e houve retrocessos dramáticos.
O ambientalismo continua controverso, já que nem todas as suas teorias foram
comprovadas satisfatoriamente, e mesmo as que já foram acatadas pela ciência ou nela
são baseadas, muitas vezes ainda não foram aceitas ou compreendidas pela sociedade
em geral, da qual depende uma parte crucial da desejada sustentabilidade, chocando-se
contra hábitos arraigados, tradições culturais, ignorância, interesses políticos e
econômicos, e outros fatores. Mas, como já foi reconhecido por inúmeras organizações
internacionais respeitadas, pesquisadores renomados ligados a grandes universidades e
mesmo instâncias governamentais de muitos países, os impactos negativos que a
sociedade moderna tem acarretado ao meio ambiente são vastos, requerem medidas
urgentes de mitigação ou reversão e, terão consequências globais catastróficas se a
tendência destrutiva continuar inalterada, especialmente quando se considera a velocidade
do crescimento da população do mundo e sua consequente pressão sempre maior sobre
todos os recursos e sistemas naturais.

Histórico[editar | editar código-fonte]


Primeiros ensaios[editar | editar código-fonte]
Expressões de interesse pela natureza, bem como diversas agressões a ela, foram
registradas desde a Antiguidade, mas poucas vezes foram tomadas medidas efetivas para
sua proteção. Alguns casos são dignos de nota, como os babilônios, que tinham leis para
a proteção das margens dos rios e canais[1] e regulavam o abate de florestas; os indianos,
que estabeleceram florestas sagradas desde os tempos védicos;[2] os etruscos, que
aparentemente praticavam o florestamento planejado, e os egípcios, que penalizavam
quem cortasse árvores sem a autorização do Estado e desenvolviam programas
de reflorestamento em terras degradadas, propriedades públicas, nas margens do Nilo e
dos canais.[1] Segundo Brennan & Lo, os antigos gregos parecem ter dado pouco valor à
natureza em si mesma, a não ser quando seu dano revertesse em prejuízo das
pessoas. Aristóteles disse que "a natureza fez todas as coisas especificamente para o
benefício humano",[3] mas seu mestre Platão deixou um registro sobre
o desmatamento que ocorria em seu tempo, dizendo que "o que hoje resta (de florestas)
comparado com o que havia é como o esqueleto de um homem doente: toda a gordura e a
carne tenra se foram, deixando apenas a moldura nua da terra".[4]
Os romanos, porém, já esboçavam alguma preocupação ecológica mais ampla. Esperava-
se que os proprietários de terras as deixassem em herança nas condições em que as
haviam recebido, a poluição de fontes de água potável era punida severamente, havia
restrições para o abate de florestas e as queimadas, e outros mecanismos legais
impediam que indústrias, como os curtumes e as fábricas de queijo, prejudicassem
propriedades vizinhas com suas emissões de resíduos líquidos e fumaça mal-cheirosa.
[5]
Apesar dessas normas, em seu tempo as florestas se reduziram imensamente,[4] e
tampouco os impediam de, em outras ocasiões, usar a natureza para pura diversão. Dião
Cássio, por exemplo, disse que nos Jogos inaugurais do Coliseu foram mortos nove mil
animais de várias espécies.[6] Mesmo assim, suas conquistas ecológicas os notabilizaram
especialmente no manejo das águas, mas após a queda do Império caíram em desuso e
praticamente não foram mais imitadas ao longo de toda a Idade Média.[5] Mas são bons
exemplos de exceção o amor de São Francisco de Assis pelo mundo natural, incentivando
os madeireiros a cortar as árvores de modo que elas pudessem renascer, e desejando que
se criasse legislação para a proteção das aves,[7] e o banimento do carvão pelo rei Eduardo
I da Inglaterra em 1272, por causa da fumaça que emitia na queima.[8] Na América, há
evidências de que os incas tinham um sofisticado programa de manejo sustentável da
natureza, e o corte de árvores sem autorização do governo era punível com a morte.[1]
Durante o Renascimento a situação no ocidente começou a mudar. Neste período, com a
recuperação maciça dos ideais da Antiguidade Clássica, entrou na moda o modelo
de poesia pastoral cultivado pelos antigos, onde a natureza passou a ser novamente
prestigiada como o cenário perfeito para uma vida simples, pura e harmoniosa, longe da
sofisticação e dos tumultos da civilização. Ao mesmo tempo, se consolidava uma tradição
de paisagismo e jardinagem, buscando tornar os ambientes naturais mais belos e
sugestivos e os ambientes excessivamente humanizados, mais agradáveis.[9] Artistas e
filósofos importantes como Leonardo da Vinci, Maquiavel, Erasmo e Shakespeare,
passavam a entender o mundo holisticamente, e pregavam uma integração mais
equilibrada e respeitosa entre homem e natureza, como declarou Maquiavel: "Os rios são
história, as árvores e edifícios são civilização, e as represas e diques são boas leis e boas
armas que podem ser estabelecidas por grandes líderes". Outras ideias importantes que
surgiram foram a noção de que os recursos humanos e naturais são limitados, que a
natureza está em um estado de constante transformação - ao contrário da concepção
medieval de que ela é uma criação fixa - e que para um bom manejo dos recursos naturais
eles devem ser estudados com profundidade e compreendidos racionalmente.[10] Datam
desta época as primeiras leis de proteção ambiental da cultura lusófona, com a proibição
do abate de árvores frutíferas e da caça de perdizes, lebres e coelhos, incluídas
nas Ordenações Manuelinas, no início do século XVI.[11]
No entanto, a civilização se construía sobre um modelo quase exclusivamente predatório e
destrutivo, a exemplo do que os colonizadores portugueses fizeram com o pau-brasil. De
árvore abundante no litoral brasileiro, foi explorado à exaustão desde que se descobriu
que sua madeira produzia um belo corante vermelho. Foi tão valorizado e a devastação foi
tão frenética que já em 1558 ele só era encontrado a 20 km da costa, e em menos de cem
anos foram derrubados cerca de dois milhões de exemplares, depredando 6 mil km²
de mata atlântica.[12]
Somente a partir do século XVIII, com o advento do iluminismo, o progresso nos estudos
da história natural e os avanços tecnológicos, é que os cientistas e pensadores passaram
a conhecer mais e se preocupar mais com os efeitos da ação humana sobre o meio
ambiente. A partir de então se tornaram mais comuns, embora vagarosamente, medidas
de conservação da natureza, como a criação de parques e áreas protegidas e de normas
para disposição do lixo urbano e emissões industriais. Numa época em que
a urbanização se acelerava na Europa e América, a frequentação de áreas verdes passou
a ser vista também como um antídoto salutar à vida nas cidades, onde a poluição,
a superpopulação e outros problemas ambientais já se faziam sentir. Outra influência
importante veio dos primeiros românticos, que viam a natureza com assombro e
deslumbramento e para quem ela tinha um caráter quase sagrado, buscando uma íntima
comunhão com ela.[13] Esta admiração se tornou um forte componente na elaboração da
estética do Sublime, fonte de copiosa literatura e produção artística.[14]

Fortalecimento
Uma nova visão da natureza surgiu em meados do século XIX, através da obra de Charles
Darwin, cuja revolucionária teoria da seleção natural obrigou, depois de intensa polêmica e
de sofrer inúmeras chacotas, tanto a comunidade científica quanto o grande público a
iniciar uma revisão em seus conceitos, elaborando, nas palavras de Bocchi & Cerutti, "uma
nova imagem do tempo, do decurso evolutivo, da história", e provocando um
redirecionamento nas formas com que o homem se relacionava com o ambiente.[15]
[16]
Foi Ernst Haeckel, um darwinista, quem cunhou o termo ecologia, a partir de duas
palavras gregas: oikos (casa ou lugar) e logos (estudo ou conhecimento), significando
originalmente a relação de um animal com seus ambientes orgânico e inorgânico.[17]
Ao mesmo tempo, com o florescimento do Transcendentalismo, principalmente pelo
trabalho de Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau, a ideia de uma vida equilibrada
e harmoniosa, associando o conhecimento do homem e da natureza, passou a ganhar
muitos adeptos e influenciar muitos jovens, em especial nos Estados Unidos.[18] Também
deve ser lembrado George Perkins Marsh, autor de Man and Nature (Homem e Natureza),
um dos primeiros estudos abrangentes sobre o impacto ambiental da atividade humana.
Embora se alinhasse à opinião predominante de que a natureza deveria ser dominada pelo
homem, criticou a maneira destrutiva como isso estava sendo feito. Por essa postura
conciliadora suas ideias não encontraram grande oposição e o livro, divulgado
amplamente, desencadeou ações oficiais e populares de preservação em muitos países.[19]
[20]
Na Europa, merece destaque John Ruskin, autor do polêmico Unto This Last (A este
Último. Vide nota:[21]), que contém uma crítica social, econômica e ecológica da civilização
industrial, e que teria uma influência determinante na filosofia de Mahatma Gandhi.[22] Outro
desenvolvimento cultural digno de nota, derivação romântica do Transcendentalismo e do
Sublime, foi uma rica renovação do paisagismo na pintura e na literatura, que exerceu forte
influência social e política em muitos novos Estados que se fundavam ou se redefiniam
nesta época de nacionalismos apaixonados, como a Escola do Rio Hudson, nos Estados
Unidos, caracterizada por um paisagismo épico e monumental das terras virgens norte-
americanas.[23][24][25][26][27][28]
Mas a esta altura, na Europa, com a agricultura em declínio como a principal atividade
produtiva[20] e então vivendo o auge da Revolução Industrial, fazendo uso intensivo
de combustíveis fósseis como o carvão e despejando indiscriminadamente lixo urbano e
efluentes químicos nas águas, no ar ou no solo, o meio ambiente já sofria com a poluição
e havia sido intensa e desreguladamente explorado, com o esgotamento de muitos de
seus recursos, levando alguns de seus países a uma agressiva
prática imperialista e colonialista, a fim de se apropriarem das riquezas naturais de outras
nações, por eles subjugadas. Um processo desenvolvimentista semelhante começava a
ocorrer nas Américas, que experimentavam um acelerado processo de ocupação de
vastas áreas ainda virgens e recebiam grandes levas de imigrantes europeus e asiáticos.[29]
[30]

Esses problemas foram o motivo da criação das primeiras associações ambientalistas do


mundo, como a Open Spaces Society, fundada na Inglaterra em 1865,[31] e o Sierra Club,
nos Estados Unidos, em 1892.[32] Não obstante, desde meados do século diversos países
já estavam elaborando leis de preservação e criavam parques e reservas naturais.[33][11] No
início do século XX pensadores como Teilhard de Chardin e Vladimir
Vernadsky assinalavam a crescente influência da inteligência humana sobre o futuro da
sociedade e do ambiente,[20] e em 1948 seria criada finalmente a primeira organização
ambientalista internacional, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos
Recursos Naturais, que publica a Lista Vermelha de espécies ameaçadas.[34]
O período das grandes guerras mundiais trouxe mudanças de enorme profundidade em
todos os níveis. Os impérios colonialistas desapareceram, os sistemas econômicos e
culturais se transformaram e o mundo se tornou, na expressão famosa de Marshall
McLuhan, uma "aldeia global". Mas a explosão populacional, com suas crescentes
demandas por alimentos, espaço de habitação, energia, transportes, infraestruturas,
confortos vários e até luxos e enormes desperdícios, e as novas tecnologias produzidas na
esteira das guerras, especialmente a segunda, se tornaram um insaciável sugadouro de
recursos naturais e causaram um nível de devastação ambiental sem precedentes.[35][36]
Nesta época foi decidido o primeiro litígio internacional de base ambiental. Após uma
fundição do Canadá ter poluído o ar de uma região dos Estados Unidos ao longo de anos,
apesar de vários protestos infrutíferos do prejudicado, um tribunal arbitral decidiu em 1941
que "sob os princípios do Direito Internacional, bem como da legislação dos Estados
Unidos, nenhum Estado tem o direito de usar ou permitir o uso do território de maneira a
causar prejuízo por fumaças em território de outrem ou nas propriedades de seus
cidadãos, quando o caso tiver sérias consequências e o dano for comprovado", veredito
que, segundo o jurista Leonardo Borges, "passaria a ser invocado como fundamento de
grande parte das normas de proteção ao meio ambiente posteriormente criadas".[37]

A emergência do ambientalismo contemporâneo


Ao final das guerras o modelo de civilização baseado no capitalismo havia triunfado em
escala quase mundial, mas já crescia também a percepção de que seus princípios
estavam equivocados, e que o progresso cobrava um preço elevado demais, tanto na
questão do ambiente como em aspectos sociais e culturais.[38][35][39] Com isso, entre os anos
50 e 60 surgiu, principalmente na Europa e América, uma série de fortes movimentos
sociais, incluindo o movimento hippie, o pacifismo, a revolução sexual, o feminismo e
o black power, que, reunidos sob o rótulo de contracultura, contestavam o modelo de
civilização em vigor e defendiam valores de liberdade, direitos humanos, respeito às
minorias, paz e desenvolvimento equitativo.[40][35][38][41] Os países detrás da Cortina de Ferro,
embora dirigidos por princípios políticos e econômicos diferentes, não parecem ter tido
melhor sucesso no manejo do ambiente,[38][35] e mesmo as regiões orientais, com tradições
muito distintas do ocidente, também enfrentavam problemas similares, como foi o caso
da Índia, que somente entre meados do século XIX até o início do século XX perdeu 33
milhões de hectares de mata, ou da China, onde se cultuava a natureza,[39] mas que desde
o início da dinastia Qin, em 221 a.C., até a fundação da República Popular, em 1949,
reduziu sua área florestada de 60% para 10% do território.[42]
Na onda de contestação contracultural surgiu também o ambientalismo propriamente dito.
[40]
A própria noção de que o mundo é uma "aldeia global" favoreceu uma compreensão da
vida na Terra como uma realidade unificada e do meio ambiente como um patrimônio de
todos, acima de todos os territorialismos, de toda a política e de todas as culturas
particulares. A vigorosa emergência do movimento surpreendeu os sociólogos, que de
modo geral defendiam o modelo civilizatório tradicional, e não dispunham de um corpo
teórico consistente para lidar com o assunto.[35][38] Como analisou Leila Ferreira:
"Presume-se que existam duas explicações para o fato de os sociólogos deixarem
a questão ambiental como marginal em seus empreendimentos teóricos. Uma
delas refere-se às falhas do determinismo geográfico e biológico e sua visão
conservadora para o entendimento das mudanças e conflitos sociais; a outra diz
respeito ao próprio pensamento vigente que, em meados do século XX, enfatizava
a literatura sociológica de modernização. Certamente havia críticos ao paradigma
desenvolvimentista, como os sociólogos marxistas, mas, mesmo assim, tendiam a
ver a temática ambiental como um desvio das questões mais cruciais
do humanismo".[38]
Um dos marcos do movimento foi lançado em 1962, com a publicação do livro Silent
Spring (Primavera Silenciosa), de Rachel Carson, que embora tratasse especialmente dos
problemas do uso do DDT na agricultura, deixou um legado influente ao combater
o materialismo da ciência e as ideias de controle tecnológico da natureza.[43][44] Para Charles
Dewberry, embora o seu conteúdo gerasse muita controvérsia, Silent Spring "pode ter sido
o livro mais importante para a formação do movimento ambientalista nos anos 60".[45] Logo,
com o aprofundamento dos problemas, incluindo vários graves desastres ecológicos e o
temor de um conflito nuclear durante a Guerra Fria, e o crescimento do ativismo em muitas
partes do mundo, se tornou patente que o ambientalismo não era uma simples moda
passageira, mas sim tocava em questões abrangentes de enorme importância para o
futuro da sociedade e da vida em geral, e viera para ficar.[37][38]
Em 1972 o Massachusetts Institute of Technology (MIT) publicou o livro The Limits to
Growth (Os Limites do Crescimento), um estudo encomendado pelo Clube de Roma,
elaborando uma sombria previsão sobre o efeito do desenvolvimento mundial na
perspectiva da sustentabilidade, indicando que se o ritmo do crescimento continuasse
inalterado um colapso global aconteceria em algum momento do século XXI, mas dizendo
também que seria possível reverter a tendência com medidas adequadas. O livro levantou
enorme controvérsia e recebeu vasta divulgação, sendo editado em 30 idiomas e
vendendo milhões de cópias, com um grande e duradouro impacto nas discussões
ecológicas.[46] No mesmo ano veio a público uma imagem da Terra vista do espaço, obtida
pelos astronautas da missão Apollo 17. A imagem, apelidada de "A bolinha-de-gude azul"
("o berlinde azul" em português europeu), se tornou imediatamente um dos mais
pungentes símbolos do movimento ecológico, e até hoje é uma das mais divulgadas de
todos os tempos.[47] Segundo Gregory Petsko,
"É fácil entender o motivo. Nosso planeta, nesta imagem, subitamente pareceu
pequenino, vulnerável e incrivelmente solitário contra a vasta escuridão do
cosmos. Ele também pareceu 'inteiro', uma unidade, um todo integrado, impressão
que nenhum mapa poderia ilustrar. Conflitos regionais e diferenças mesquinhas
poderiam ser ignoradas como triviais quando comparadas aos perigos ambientais
que ameaçavam toda a humanidade, viajando junta através do vácuo nesta
bolinha-de-gude tão frágil".[47]
Na década de 1970 o ambientalismo se disseminou rapidamente pelo mundo,
surgindo muitos grupos influentes de ativistas, como o Movimento Chipko na Índia,
inspirado nos métodos de resistência pacífica de Gandhi;[48] o United Tasmania Group,
na Austrália, o primeiro partido político "verde" do mundo;[49] o Greenpeace, fundado
no Canadá e até hoje uma das mais conspícuas organizações ambientalistas do
mundo;[50] a Agapan, no Brasil, a primeira associação ecológica da América Latina e
modelo para inúmeras seguidoras;[51] o grupo People do Reino Unido, o primeiro
partido verde da Europa,[52] e muitos outros. Também nesta década foi estabelecido
pelo filósofo Hans Jonas o "princípio da responsabilidade", influente na definição das
futuras políticas ambientais,[53] e foram organizados eventos de grande repercussão,
como o primeiro Dia da Terra, lançado em São Francisco, mas com celebrações por
todos os Estados Unidos que contaram com a participação de membros de milhares
de colégios, universidades, escolas primárias e comunidades, totalizando uma
multidão estimada em 20 milhões de manifestantes.[54]
O impacto da devastação e do movimento ecológico levou também a Organização das
Nações Unidas a se engajar na defesa do meio ambiente, passando a desenvolver
vários projetos e programar conferências internacionais. Ainda nos anos 1970 podem
ser destacados, por exemplo, o lançamento do programa O Homem e a Biosfera,
resultado da Conferência sobre a Biosfera de 1968, promovendo uma série de
pesquisas sobre o efeito da atividade humana sobre a biosfera e a biodiversidade;
[55]
a Conferência de Estocolmo, a primeira reunião internacional a propor uma política
ambientalista de aplicação global; o Plano Vigia da Terra (Earthwatch); o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente;[56][37] a adoção da Convenção para a
Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, incluindo ambientes naturais de
importância universal à lista do Patrimônio da Humanidade,[57][58] e a assinatura de
vários outros acordos internacionais, como a Convenção de Londres sobre a poluição
atmosférica e a Convenção de Washington sobre o comércio de espécies selvagens
ameaçadas.[59]
No final da década apareceu outro marco importante, o livro Gaia: A New Look at Life
on Earth (Gaia: Um Novo Olhar sobre a Vida na Terra), de James Lovelock,
apresentando ao grande público a Hipótese Gaia.[60] O conceito foi desenvolvido em
parceria com Lynn Margulis, e em essência propunha que a Terra (Gaia, para os
antigos gregos) é um sistema complexo, integrado e autorregulado, cujos organismos
vivos evoluem em conjunto com seu substrato inorgânico, influenciando-se e
transformando-se mutuamente de modo a perpetuar a existência da vida.[61] Embora a
teoria tenha sido rapidamente apoiada pelos ambientalistas, encontrou muita
resistência no meio acadêmico, mas muitos de seus pressupostos foram provados e
hoje são aceitos pela ciência.[60]

Anos recentes
A partir da década de 1980 o ambientalismo se multidisciplinarizou definitivamente,
consagrou a importância da educação ambiental para uma mudança geral de hábitos[62] e
se tornou um movimento quase onipresente, muito diversificado e em grande parte
solidamente embasado na ciência, embora muitas vezes ainda se encontrem agudas
dissidências internas, incoerências, utopias, mistificações, expressões emocionais e
teorias não comprovadas ou extravagantemente fantasiosas entre seus defensores, o que
acaba por prejudicar a credibilidade do movimento como um todo.[63][64][40] Também contribuiu
para sua rejeição previsões consideradas alarmistas sobre um colapso global dentro de
pouco tempo se não ocorresse uma verdadeira e profunda revolução em práticas e
conceitos.[65][46]
Constatando que, apesar do aumento na conscientização geral, relativamente pouco havia
sido feito pelo ambiente em grande escala, a ONU criou em 1983 a Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujos trabalhos resultaram no Relatório
Brundtland, que enfatizou a íntima associação entre pobreza e subdesenvolvimento e
dano ambiental, e sedimentou o conceito de desenvolvimento sustentável. O relatório
também recomendou a convocação de uma conferência internacional a fim de discutir os
avanços e necessidades não atendidas desde a Conferência de Estocolmo, o que se
concretizou em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou ECO-92. A Conferência produziu
uma série de documentos importantes, entre eles a Carta da Terra, a Declaração do Rio
sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção sobre a Biodiversidade, a Convenção
sobre as Mudanças Climáticas e a Agenda 21, estabelecendo compromissos e metas a
serem alcançadas pelos países signatários. Vários outros encontros e acordos seriam
realizados nos anos sucessivos, mas, nas palavras de Leonardo Borges, repetidamente se
alega que os avanços até hoje são insuficientes.[37]
Também nos anos 90 surgiu uma tendência contemporizadora, que buscava um consenso
na resolução dos problemas, sem extremismos que alegadamente só desencadeiam
reações negativas e resistência, tendência promovida, segundo Layrargues,
especialmente pelo empresariado:[66]
"Por ter adquirido recentemente enorme expressividade, (o ambientalismo) sofreu
o golpe da dominação ideológica do sistema hegemônico, representado pela
ideologia da racionalidade econômica. Teve seu ideário absorvido, reelaborado,
contaminado e devolvido à sociedade, no sentido literal do termo, como um
produto mercadológico.... Retirando da pauta de discussão justamente a crítica ao
modelo de desenvolvimento convencional predatório-perdulário da sociedade
industrial, e substituindo-a pela valorização do mito tecnológico, o ambientalismo
empresarial não veio somar esforços ao ecologismo, e sim desestruturar seu
núcleo estrutural".[67]
Uma abordagem de consenso, porém, não é necessariamente perversa, tendo sido
adotada por muitos grupos e instâncias internacionais respeitadas, por sua ênfase no
compartilhamento de responsabilidades e no estabelecimento de metas realistas,
considerando a dimensão supranacional dos problemas, as diferenças entre as culturas e
as diferentes capacidades de resposta dos diversos países.[41][68] Mas isso não anula a
previsão de efetivo colapso do meio ambiente, com perigo até para a sobrevivência da
civilização, se o ritmo de destruição continuar como está, apenas talvez a crise geral se
desencadeie mais tarde do que estimavam os mais pessimistas, como informou uma
atualização de 2008 do estudo The Limits to Growth de 1972.[46] Segundo o relatório da
ONU Harmony with Nature (Harmonia com a Natureza), de 2012, um crescente número de
cientistas está propondo que se dê ao período geológico em que vivemos a denominação
de Antropoceno, tamanho o impacto que as atividades humanas estão tendo sobre o
ambiente e os processos naturais.[20] De qualquer modo, o ambientalismo ainda é foco de
disputas acaloradas por todo o mundo.[69][44][70][3]
Mas ressalta na história do movimento, mesmo que ele seja ainda extremamente
controverso e ainda enfrente muitas resistências, o fato de ter conseguido influir em muitas
instâncias e políticas oficiais e pelo menos ter conseguido incutir em uma população muito
grande, incluindo muitos jovens, um maior conhecimento da questão, despertando seu
interesse, se ainda não foi capaz de mudar completamente seus hábitos e valores.[71][69][44][70]
[72][39][40]
Nas palavras de José Lutzenberger, conhecido ambientalista brasileiro, "a verdadeira
contestação é ampliar o horizonte".[72] Outra conquista notável foi ter dado espaço e
legitimidade para reivindicações ecológicas de filósofos, povos indígenas, comunidades
tradicionais e de antigas religiões orientais como o Budismo e o Hinduísmo, que entendem
a natureza - incluindo o homem - como um todo integrado e interdependente que merece e
precisa de respeito e cuidado, adicionando tradições imemoriais e uma dimensão ética,
filosófica, espiritual e mesmo poética à discussão científica mais atual, que se revela a
cada dia mais multidisciplinar e mais complexa.[69][39][44][3][73][74][75][76]

Aspectos centrais
O ambientalismo de modo geral se fundamenta nas noções de que a vida na Terra é
integrada e interdependente, que as outras espécies, tanto como o homem, têm o direito à
vida, que a ação humana tem um importante efeito sobre o meio ambiente, efeito pelo qual
o homem é responsável, e que os recursos naturais são limitados e devem ser manejados
com objetividade e prudência, tendo em vista também a justiça social e a viabilidade
econômica.[77][78][71][41] São propostas inúmeras possibilidades de ação para conseguirmos um
equilíbrio entre a vida humana e a natureza e para a criação e implementação de um
modelo de desenvolvimento sustentável,[79][41][80] um conceito consolidado em 1987 com o
trabalho da Comissão Brundtland realizado sob a chancela da ONU, e assim definido:
"Desenvolvimento sustentável é garantir o atendimento às necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade das futuras gerações de atender a suas próprias
necessidades".[79]

Propostas e novos desafios[editar | editar código-fonte]


Entre as principais propostas dos ambientalistas, a partir das análises de David Pepper, e
Kates, Parris & Leiserowitz, podem ser destacadas:[80][41]

 Produção de bens, tecnologias e serviços realmente necessários para a humanidade,


sem levar-se em conta se dão lucro ou não, com o uso mínimo indispensável de
recursos naturais, com o menor impacto ambiental possível, e com a reciclagem dos
dejetos da produção e dos descartes de materiais e produtos usados. Os níveis gerais
de consumo devem cair a um nível mínimo indispensável, evitando todo desperdício
de recursos.
 Estabelecer limites objetivos para o desenvolvimento, levando em conta que o planeta
não suportará um crescimento infinito da população humana, com todas as suas
demandas associadas.
 O planejamento do crescimento deve prever longos prazos; improvisos e soluções
imediatistas não são ecologicamente viáveis.
 O comércio internacional deve ser reduzido ao mínimo indispensável, privilegiando a
produção e consumo intra-regionais e que respeitem características locais, adotando-
se meios alternativos de produção, com menor uso de energia e outros recursos, e
fazendo uso de fontes renováveis e limpas de energia.
 O engajamento na causa ambiental deve ser de todos. Não é mais possível delegar as
soluções aos governos e instituições sem uma mudança generalizada em hábitos e
valores de toda a sociedade. Os Estados devem minimizar sua influência nas
decisões, mas devem estar aptos para auxiliar em todos os momentos e todas as
iniciativas e garantir o cumprimento das leis.
 Promover o entendimento de que o homem não é o centro do universo, e da natureza
como tendo um valor intrínseco que deve ser reconhecido e respeitado,
independentemente do valor utilitário que lhe atribui a humanidade.
 Promover o entendimento de que a conservação não é em si uma inimiga do
desenvolvimento, mas sim é um fator de incremento da qualidade de vida das
populações.
 Promover o entendimento de que a riqueza material sozinha não é um bom indicador
de desenvolvimento humano ou social, nem conduz necessariamente os povos à
felicidade.
 Na medida do possível, buscar a reversão dos danos ambientais já produzidos.
A Declaração de Estocolmo, elaborada na Conferência de Estocolmo de 1972, organizada
pela ONU, estudou a problemática e fez em caráter oficial várias recomendações gerais
aplicáveis globalmente, das quais podem ser citadas as seguintes:[78]

 O homem tem o dever solene de proteger o meio ambiente para as futuras gerações.
 O homem tem a responsabilidade de salvaguardar e manejar sabiamente a herança
da vida selvagem e seus habitats, que estão em grave perigo por uma combinação de
vários fatores, e por isso devem ser elaboradas políticas públicas que levem isso em
conta na elaboração do planejamento econômico.
 Os recursos naturais são um patrimônio coletivo, e aqueles que não são renováveis
devem ser manejados de maneira a preservá-los para as futuras gerações.
 Os países desenvolvidos devem auxiliar os em desenvolvimento em seus esforços de
crescimento, de estabelecimento de uma vida digna para as populações, e de
preservação do ambiente natural. Isso deve ser feito em um esforço coordenado
mundialmente, seguindo um planejamento racional.
 A educação ambiental deve ser uma prioridade para todos os países, de modo que se
formem novas gerações com comportamentos modificados, conscientes e
responsáveis.
 Os meios de comunicação devem promover a preservação ambiental.
 A pesquisa científica deve ser incentivada e compartilhada livremente como meio de
aumentar o conhecimento sobre a natureza e encontrar soluções para os problemas
ecológicos.
 Os Estados devem criar legislação ambiental e prever o manejo de situações
de desastre ecológico.
 As culturas regionais devem ser respeitadas até onde possível no momento de se
planejarem e efetivarem ações ambientais.
 O planejamento ecológico deve ser um projeto multidisciplinar e integrado ao conjunto
da sociedade.
Esses princípios continuam essencialmente válidos e atuais, como atesta a Carta da Terra,
aprovada pela Unesco em 2000 como um código de ética global, cujo preâmbulo reza:
"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que
a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada
vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes
perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no
meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma
família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos
somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito
pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa
cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da
Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande
comunidade da vida, e com as futuras gerações".[85]
É importante assinalar que essas propostas não são fixadas nem com um rigor
absoluto nem em definitivo, mas devem ser interpretadas com uma certa flexibilidade,
adaptando-as a cada momento e a cada contexto específico, num processo de prática
continuada e reavaliação constante dos resultados. De qualquer forma, a proteção à
natureza e a educação ambiental deveriam fazer parte permanente do cotidiano da
sociedade, pois o trabalho, enquanto houver vida, jamais estará concluído.[41][86][87][88]
Além dos desafios ambientais já bem conhecidos, como a poluição, o uso intensivo
de agrotóxicos, o desmatamento, a perda da biodiversidade, a caça e pesca
excessivas e o comércio ilícito de espécies selvagens,[89][90][91][91][92][93][94][95] outros vêm
ganhando mais atenção em tempos recentes, como a urbanização descontrolada,
[96]
a manipulação genética para fins mercadológicos,[97][98] o esgotamento dos recursos
hídricos,[99] o aquecimento global,[100][101][89] o impacto ambiental de guerras e outras
atividades militares,[90][37][102][103] e aspectos de justiça e segurança ambiental, diante da
expectativa de aumento no número de conflitos internacionais e guerras civis ligados à
exploração ou à disputa por recursos naturais em declínio;[103][90] da crescente
ocorrência de desastres ecológicos acidentais, como os vazamentos de radiação em
usinas nucleares e derramamentos de petróleo em oceanos e águas interiores, e
mesmo de ameaças de terrorismo ambiental.[104][105][106][37]

Mecanismos e repercussões do dano ambiental


Ao contrário da antiga visão de que o homem é uma criatura separada da natureza e tem o
direito inato de dominá-la, a ciência já provou com evidências superabundantes que toda a
vida na Terra é interdependente, o que significa que mudanças em um único parâmetro
podem ter repercussões de grande amplitude e com as mais diversas ramificações tanto
para a vida selvagem como para a humanidade, num efeito "bola-de-neve" que pode
continuar durante longos prazos, e que em grande parte é imprevisível.[20]
Seria impossível no escopo deste artigo analisar todas as inúmeras variáveis, mesmo
porque a própria ciência ainda não as conhece todas, mas pode-se ilustrar
simplificadamente o ponto a partir de um único aspecto, dos mais relevantes no processo
todo, que já tem alguns mecanismos bem estabelecidos: a explosão demográfica, e sua
consequência direta: a tendência contemporânea de urbanização das populações. Em
1800 a população da Terra estava em torno de 1 bilhão de pessoas, hoje já vivem cerca
de 7 bilhões, e segundo a ONU as estimativas são de que em torno de 2050 se alcance a
marca dos 9 bilhões, tendo-se nas megacidades a imagem mais visível da maciça
interferência humana no meio ambiente. Além da demanda crescente por simples espaço
de habitação e por alimentos, necessitando-se cada vez maiores áreas para expansão
urbana, agricultura e pecuária, às expensas das áreas virgens, isso tem uma série de
outros efeitos danosos ao ambiente.[96][107][20]
Segundo um relatório de 2008 das Nações Unidas, as áreas urbanas hoje consomem mais
de 65% da energia disponível e geram 70% dos gases que produzem o chamado "efeito
estufa", principalmente o gás carbônico oriundo da queima de combustíveis fósseis. Esses
gases formam uma camada isolante na atmosfera que impede a dissipação do calor,
provocando o aquecimento global, considerado um dos desafios ambientais mais
preocupantes da atualidade e já entendido consensualmente pela comunidade científica
como causado pela atividade humana.[96][108][109][20][110] O aquecimento desencadeia um grande
número de efeitos nocivos diretos e indiretos para o meio ambiente e o bem-estar humano,
entre eles:

 O derretimento dos gelos e a expansão térmica das águas, resultando na elevação do


nível dos oceanos, ameaçando o futuro das regiões litorâneas, onde se localiza um
vasto número de aglomerados urbanos, incluindo megacidades como o Rio de
Janeiro, Buenos Aires e Nova Iorque, que podem vir a ser submersas em graus
variáveis, provocando perdas materiais e culturais incalculáveis e migrações humanas
em massa, que vão causar por sua vez o avanço sobre áreas virgens.[108][107] Conforme
estimativa apresentada em 2007 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, mesmo com a estabilização imediata das emissões de gases do efeito
estufa, a elevação do nível marítimo deve continuar por muitos séculos apenas
pela expansão térmica das águas.[108] Elevando-se o nível do mar, também
desaparecem ou se alteram os ecossistemas costeiros.[107] Derretendo-se os gelos,
a circulação termo-halina dos mares se altera, os ecossistemas polares e
montanhosos são afetados, e o suprimento de água doce para consumo humano e
irrigação de lavouras diminui.[111] Ao mesmo tempo, com o recuo das capas de gelo
diminui o albedo terrestre, causando uma maior retenção do calor recebido do sol,
consequentemente elevando as temperaturas e realimentando o ciclo do aquecimento.
[112]
No derretimento do solo ártico permanentemente congelado, o permafrost, são
liberadas grandes quantidades de metano e gás carbônico, importantes gases estufa.
[113][114]

 Mudança no padrão dos ventos, e um provável aumento na ocorrência ou na


intensidade de episódios de tempo severo, como ondas de calor ou frio extremos
e ciclones tropicais, eventos que frequentemente resultam em perdas de vidas,
impactos ambientais adicionais ou destruições significativas.[108][107][102][115] Os ciclones
tropicais já respondem pela maior parte dos prejuízos decorrentes de catástrofes
naturais nos países desenvolvidos, e são a maior causa de fatalidades e ferimentos
também decorrentes de catástrofes naturais nos países em desenvolvimento.
[116]
O ciclone Nargis, que afligiu a Birmânia em 2008, ilustra os efeitos devastadores de
tais fenômenos: pelo menos 85 mil pessoas morreram, um ano depois cerca 54 mil
ainda eram dadas como desaparecidas (o número exato é controverso e pode ser
muito maior; as Nações Unidas estimaram em mais de 300 mil entre mortos e
desaparecidos), 1,5 milhão foram evacuadas, e um total de 3,2 milhões foram afetadas
de diversas maneiras em torno do delta do rio Irauádi, a região mais atingida, e onde
se localiza Yangon, a principal cidade do país. Cerca de 700 mil moradias foram
destruídas, 3/4 das criações de animais pereceram, metade da frota pesqueira
afundou, um milhão de acres de terras cultivadas foram salgadas por uma maré de
tempestade de 3,5 metros que acompanhou o ciclone, e os sobreviventes sofreram
com epidemias de febre tifoide, cólera, disenteria e outras doenças, além de fome,
sede e falta de assistência médica e abrigo.[117][118]
 A acidificação e desoxigenação dos oceanos, afetando toda a vida marinha e
comprometendo os estoques de peixes, moluscos e crustáceos para consumo
humano.[119][107]
 Mudança no regime de chuvas em todo o mundo, afetando negativamente a
agricultura, as pastagens e a produção de alimentos, potencializando a escalada da
pobreza e da fome, e implicando o uso mais intenso de recursos tecnológicos,
pesticidas e adubos nas plantações, o que eleva os custos de produção, contamina o
ambiente e causa dano à saúde dos consumidores;[119][107][96][110] Liga-se à alteração da
pluviosidade e ao aumento da temperatura, a redução nos mananciais de água doce
em regiões de baixa altitude e média latitude[107] e a desertificação das
áreas subtropicais. Com isso se reduzem as áreas férteis necessárias às lavouras e
desaparecem florestas, de onde o homem obtém madeira e vários outros produtos
naturais valiosos, e que são responsáveis por boa parte da produção de oxigênio e da
redução dos níveis de gás carbônico, o principal responsável de origem humana pelo
efeito estufa. Com a diminuição da capacidade da natureza de reciclar o gás
carbônico, o efeito estufa se realimenta.[119][107][96][108][110]
 Aumento na incidência e mudanças na distribuição geográfica de várias doenças,
especialmente as cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição e
ao sedentarismo, elevando significativamente os custos com a assistência médica e
social.[108][107][120]
Além destes problemas, a urbanização, especialmente quando mal planejada, afeta o meio
ambiente de outras formas, entre elas:

 Impermeabilizando os solos, e com isso causando um aumento nas inundações e


deslizamentos de terra e interferindo nos microclimas locais,[121][122] formando as
chamadas "ilhas de calor", que podem experimentar até 6ºC acima das regiões
vizinhas.[120]
 Exigindo um enorme volume de matérias-primas para construção das suas edificações
e infraestruturas, que muitas vezes são usadas apenas para satisfazer luxos
dispendiosos e com baixos níveis de reciclagem, quando não são simplesmente
desperdiçados em métodos ineficientes de construção.[123][124][120][125]
 Elevando a demanda de energia, o que repercute como mais perdas de áreas virgens
para construção de usinas hidrelétricas, mais perdas de áreas de cultivo de alimentos
para plantio de fontes de biocombustível, e mais minas de carvão e poços de petróleo
capazes de provocar dano ambiental em sua extração, refino e distribuição, ou em
acidentes.[110][126][96][107][120] Calcula-se que no ano de 2009 foram lançadas ao mar 1 milhão
de toneladas de petróleo em acidentes ou nos procedimentos rotineiros de lavagem
dos tanques dos navios cargueiros, com sérias consequências ambientais e para a
saúde humana.[110]

 Poluindo o ar, água e solo com emissões industriais, fumaça automobilística, esgotos
e lixo, com efeitos deletérios diretos sobre a biodiversidade. A poluição química do ar
provoca doenças humanas e, levada pelos ventos, prejudica pessoas e ecossistemas
que podem se localizar muito longe da fonte poluidora, além de formar a chuva ácida,
igualmente danosa. Nas próprias cidades a concentração aérea de material
particulado, junto com nevoeiro, pode gerar episódios de smog, também ameaçando a
saúde.[107][110][120] Seus componentes clorofluorocarbonetados, usados no fabrico de
geladeiras, espumas sintéticas e sprays, produzem uma redução na camada de
ozônio, permitindo a penetração mais intensa de radiação ultravioleta, que pode
causar mutações genéticas. No homem, as mutações podem desencadear câncer de
pele e doenças do sistema imunológico, e na natureza suas consequências são
imprevisíveis.[127] A poluição da água compromete a saúde e o abastecimento humano
e danifica a vida aquática, também com efeitos de larga distribuição,[128][122] e a poluição
do solo é da mesma forma origem de doenças e também desequilibra os
ecossistemas terrestres.[123][124][107]
 Exigindo meios custosos, complexos e muitas vezes pouco eficientes de distribuição,
processamento, estocagem e comercialização de alimentos, o mesmo se dando com o
abastecimento de água potável, sendo verificada uma enorme quantidade de
desperdícios.[107][129][126] A título de exemplo, calcula-se que sejam perdidas 30 milhões de
toneladas de peixe de um total de 100 a 130 milhões de toneladas pescadas
anualmente, e quase 3/5 das calorias armazenadas nas colheitas agrícolas são
perdidas até que o alimento chegue à mesa do consumidor.[107] Um estudo de caso
num restaurante universitário revelou que, depois de preparada, cerca de 22 a 30% da
comida é desperdiçada.[130]
 Reduzindo áreas verdes e favorecendo a ocupação inadequada do solo, como na
formação de favelas nas encostas instáveis de morros, onde habitam populações da
mais baixa renda que não têm outra opção de moradia, fenômeno observado em
muitas das grandes cidades. Trechos desses aglomerados habitacionais
desordenados não raro acabam desmoronando, principalmente durante chuvas fortes,
com mortes e ferimentos de pessoas e perdas materiais. Além disso, as favelas não
possuem sistemas adequados de coleta de lixo e esgotos, o que acaba por baixar uma
qualidade de vida já precária e contamina o ambiente.[131][121][123][126]
 Impondo aos seres humanos vários tipos de estresses, carências e desequilíbrios
sociais, pouco importantes ou desconhecidos nas zonas rurais, e que significam um
rebaixamento da qualidade de vida.[122][123][124][126][120]
 Favorecendo introduções voluntárias ou involuntárias de espécies invasoras, tais
como animais de estimação e plantas ornamentais exóticas, em ecossistemas nativos.
Como muitas vezes não encontram predadores naturais, podem se multiplicar rápida e
intensamente, competindo com a biodiversidade local e propiciando o surgimento de
pragas e doenças.[107][120][132] Segundo a SBPC, os prejuízos econômicos causados pela
introdução de espécies invasoras chegam a 1,4 trilhão de dólares.[133]
 Depreciando o valor estético das paisagens.[134][135]
Esses efeitos agem interativamente e se potencializam em cascata, têm um grande
impacto em uma vasta população humana, e prejudicam diretamente a biodiversidade ao
interferirem no equilíbrio dos ecossistemas, provocando um aumento no ritmo já acelerado
de novas extinções de espécies inteiras. Com o progressivo declínio da biodiversidade,
as cadeias alimentares se rompem, o ciclo dos componentes inorgânicos se perturba, o
processo entrópico se auto-reforça e, além de certo ponto, os ecossistemas tendem a
entrar em colapso irreversível. Com isso, perdem-se os inestimáveis serviços
ambientais oferecidos pela natureza, e que são essenciais à vida humana, incluindo a
produção de alimentos, substâncias medicinais, fibras e madeira, regulação do clima e
proteção contra desastres naturais, além de ser origem de prejuízos econômicos e sociais
altíssimos.[108][107][20] O Sub-secretário-geral da ONU e Diretor-executivo do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, revelou que só as perdas e
degradação de florestas podem representar um prejuízo de 4,5 trilhões de dólares anuais.
[136]

Controvérsias e perspectivas[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Antiambientalismo, Incerteza na ciência, Negacionismo climático
O ambientalismo não pode ser descrito como um movimento homogêneo, dada a imensa
variedade de correntes que o integram, com visões de mundo, objetivos e métodos de
atuação distintos, transitando desde as propostas mais radicais até as mais inócuas,
decorativas e superficiais, das inteiramente sedimentadas na ciência e na racionalidade
até as completamente intuitivas e emocionais, que não raras vezes entram em conflito
entre si e lutam por espaços diferenciados. O elo que os une é, genericamente, o interesse
pela preservação da natureza e pelo estabelecimento de um modo de vida sustentável.[63]
[137][41]
Mas, como notou Hector Leis,
"O ambientalismo não pode ser apenas idealista ou utópico, isso seria como
pretender predeterminar o futuro abandonando a história. Mas tampouco pode ser
apenas realista, já que perderia seu caráter emancipatório frente a um mundo
organizado instrumentalmente em torno do mercado e do Estado-nação".[138]
A heterogeneidade que caracteriza o ambientalismo é considerada por muitos de seus
integrantes como um de seus pontos fortes, permitindo-lhe absorver uma vasta gama de
interesses e conhecimentos e tocar nas mais diversas questões, mas por outro lado abriu
a porta para inúmeras críticas a respeito de sua alegada inconsistência.[63][139][71][137][41]
Como exemplo, Rush Limbaugh, figura influente da mídia norte-americana e autor de dois
polêmicos best-sellers,[140] disse que os ambientalistas são muitas vezes fanáticos e
histéricos que trocaram fatos por crenças; que não há motivos para acreditar no
aquecimento global; que o homem não é responsável pela redução da camada de ozônio;
que os ecossistemas da Terra não são frágeis e que o homem não tem a capacidade de
destruí-los; que há mais florestas hoje nos Estados Unidos do que no século XV, e que as
regulamentações internacionais não são a melhor maneira de lidar com o problema.
[141]
Opiniões similares são apoiadas por outros nomes em evidência e que possuem
formação científica, como Bjørn Lomborg, autor do também polêmico e muito
divulgado The Skeptical Environmentalist (O Ambientalista Cético), onde questionou a
excessiva importância dada a certos desafios ecológicos e as prioridades do movimento,
dizendo que a explosão demográfica não é um problema, que existe água potável em
abundância, que as perdas de florestas e de biodiversidade são grosseiramente
exageradas, que a batalha contra a poluição já está vencida e que lutar contra o
aquecimento global não vale a pena porque sairia caro demais.[142][143][144] Outras críticas
dizem que a preocupação exagerada com a natureza constitui um impedimento ao
crescimento econômico e ao bem-estar social; que o movimento é manipulado por
interesses políticos e que as previsões de crise global não passam de uma tentativa de
aterrorizar as pessoas a fim de controlá-las; que muitas das teorias apresentadas não têm
consistência ou não representam o consenso da comunidade científica; que os estudos
indicando uma progressão no dano ambiental são falhos ou fraudulentos ou suas
conclusões são precipitadas; que a interferência humana sobre a natureza não é tão
importante como se quer fazer pensar e que os problemas enfrentados hoje derivam
principalmente de processos naturais e não antropogênicos, e que as propostas
ambientais são em geral ingênuas, mal informadas ou inexequíveis praticamente, ou que
seus custos excederiam os supostos benefícios.[145][146][147][148][149][150][151][152] Também é dito que o
ambientalismo é uma "máscara verde" para um programa totalitário e internacionalizante
que ameaça a liberdade dos povos e o princípio da propriedade privada, fere a soberania
dos Estados e enfraquece sua posição numa economia de mercado altamente competitiva;
[151][153][154][151]
que o movimento dá indevidamente maior importância à natureza do que às
pessoas,[151] e que os acordos internacionais são principalmente retórica.[155]
É preciso assinalar que tem ganhado publicidade um grande número de denúncias de que
parte importante da campanha antiambiental é financiada por grandes corporações que
têm fortes interesses na manutenção dos seus mercados e exercem pressão sobre
personalidades públicas, políticos influentes, governos e outras instâncias para que
apoiem seus objetivos,[146][156][157][158][159][148] tendo como uma de suas estratégias a manipulação
com uma aparência científica do discurso ambientalista de maneira a desacreditá-lo ou
para minimizar a importância dos problemas atuais, confundindo deliberadamente a
opinião pública,[146][147][160][63] a qual, segundo pesquisas, raramente está bem informada sobre
a questão ou descrê de sua gravidade, e pode ser facilmente influenciada pela
propaganda.[146][156] Situações como essas levaram a Royal Society, a mais respeitada
associação científica do Reino Unido, numa atitude sem precedentes, a solicitar em 2006
à ExxonMobil, a maior companhia petrolífera do mundo e uma poderosa lobista contra o
ambientalismo, que parasse de financiar estudos que distorçam ou contestem as
evidências sólidas já acumuladas indicativas da realidade da problemática ambiental. A
companhia rejeitou as acusações e continuou suas pesquisas.[149][161]
No entanto, para tornar a situação ainda mais difícil, a ciência de fato ainda não está
absolutamente segura sobre muitos aspectos da natureza, e desconhece inteiramente a
explicação para inúmeros outros, mas da mesma forma antigas certezas econômicas,
políticas, culturais, se revelam duvidosas, deixando questões importantes ainda sem
resposta satisfatória para ambos os lados da discussão.[162][163][152][164][139][153][154] Tendo isso em
conta, uma equipe de cientistas reunida pelo governo dos Estados Unidos, em um estudo
de 2009, considerou que a incerteza na ciência não difere essencialmente das inúmeras
incertezas com que as pessoas lidam em seus cotidianos, e que não deve interpretada
como um impedimento para a tomada de decisões.[165] Mas Giacomini Filho observou que o
cidadão comum fica frequentemente perplexo:
"De um lado há o discurso de entidades públicas clamando pelo zelo da qualidade
do ar e da vida urbana; de outro, integrantes do mesmo governo solicitam que
empresas e consumidores incrementem o mercado automobilístico para gerar mais
empregos e renda. A própria mídia se mostra incoerente: apresenta na sua
programação procedimentos de educação ambiental e, em outros momentos,
anúncios e programas com apelos consumistas. É também uma postura que retira
credibilidade da informação pró-ativa".[167]
Muitos avanços têm sido alcançados, outras corporações estão passando a considerar
a defesa do meio ambiente como um capital social potencialmente lucrativo e investem
nisso,[157][168] de uma forma ou de outra o tema está na mídia quase todos os dias e foi
integrado ao currículo escolar, já existem incontáveis associações ecológicas, partidos
verdes, ativistas independentes, pesquisas acadêmicas, conferências e acordos
internacionais, ações comunitárias, nova legislação, e seu número cresce a cada dia,
mas também se verificam retrocessos em vários níveis, muitas manifestações
ecológicas acabam em violência, o debate muitas vezes não é honesto, nem justo,
nem objetivo, interesses políticos e econômicos via de regra assumem a precedência,
e catástrofes ambientais já não são notícia rara, como incêndios em florestas,
mortandades de animais, extinção de espécies inteiras em uma base diária,
desmatamentos ilegais e acidentes em usinas nucleares.[40][69][70][169][170][171][3][164][74][41][89][172]
O desejado equilíbrio entre homem e natureza ainda não foi conseguido em larga
escala e de forma permanente e sustentável, e ainda é grande a distância entre o
discurso e a prática cotidiana. Segundo Igor Fonseca, estudos indicam que o nível de
conscientização da população é alto em vários países, mas que isso não se traduz em
atitudes concretas na mesma proporção.[172] Na opinião de Giacomini Filho, "em tese,
todos concordam com a perda de privilégios para o ganho ambiental. Mas... nem
cidadãos, nem empresas e nem governos querem que os sacrifícios ocorram nos seus
quintais".[173] Fonseca também alertou para a possibilidade de que, com a
popularização do ambientalismo, seus conceitos se banalizem e percam capacidade
de efetivar mudanças.[174]
Finalmente, mesmo que qualquer um possa questionar o mérito das reivindicações
ambientalistas, ou a exatidão de suas previsões, ou a viabilidade de suas propostas, a
comunidade científica já chegou a um amplo e sólido consenso de que a fase de
dúvidas e incertezas sobre a realidade e extensão dos problemas deve ser
considerada ultrapassada, diante do volume de evidências indicativas de que o
homem está efetivamente destruindo o ambiente em que ele mesmo vive em ritmo
acelerado, e assim fazendo age contra seus próprios interesses, embora isso não
esteja sendo devidamente compreendido. O consenso é expresso concretamente pelo
posicionamento público e oficial de organizações internacionais de alto gabarito, como
o Banco Mundial, a ONU e suas associadas, e pelas inúmeras convenções,
declarações e programas internacionais estabelecidos nos últimos anos para a
proteção ao meio ambiente, que se baseiam em estudos produzidos por vastas
equipes de cientistas ligados a academias e instituições prestigiosas, todos concordes
em dizer que não é mais possível dissimular a enorme gravidade da situação e a
necessidade de mudanças urgentes em larga escala, enfatizando que a ameaça de
crise generalizada é real, e que o meio ambiente em muitos lugares já está
irreversivelmente comprometido, com muitos outros indo no mesmo caminho.[175][176][177][20]
[178][179][180][46][181][182][183][184][78][185][186][187][46][188][94][85][189]

Esta concordância internacional das maiores autoridades científicas e técnicas é o que


dá solidez e credibilidade às reivindicações centrais dos ambientalistas. Sir John
Lawton, antigo executivo-chefe do Conselho de Pesquisa sobre o Ambiente Natural do
Reino Unido, citando a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, uma das grandes maiores
científicas da atualidade sobre o ambiente, disse que ela "é um consenso muito
poderoso sobre o rumo insustentável em que anda hoje a maioria dos ecossistemas
do mundo. Sem dúvida haverá quem diga que há ganhos.... mas eu os colocaria na
mesma categoria dos que dizem que a Terra é plana e daqueles que acreditam que
fumar não causa câncer". Angela Cropper, co-organizadora da Avaliação, acrescentou
que "a dimensão das respostas atuais não está acompanhando a natureza, a
extensão ou a urgência da situação que temos em nossas mãos".[94] Isso se torna
ainda mais preocupante considerando-se a atual explosão demográfica, que tem como
consequência imediata aumentar continuamente a pressão sobre todos os recursos e
sistemas naturais. Por outro lado, também se considera possível, com medidas
adequadas, minimizar ou reverter grande parte dessa tendência funesta.[188][190][187]
[191]
Uma das mais recentes resoluções oficiais da ONU, intitulada O Futuro que
Queremos, de 2012, invocando e ratificando um longo elenco de convenções similares
anteriores, foi explícita ao dizer que o caminho a ser tomado é o do desenvolvimento
sustentável:
"Nós, os Chefes de Estado e de Governo e representantes de alto nível, tendo-nos
encontrado no Rio de Janeiro de 20 a 22 de junho de 2012, com a plena
participação da sociedade civil, renovamos nosso compromisso com o
desenvolvimento sustentável e para assegurar a promoção de um futuro
econômica, social e ambientalmente sustentável para nosso planeta e para as
gerações presentes e futuras.... Portanto, nós reconhecemos a necessidade de
promover o desenvolvimento sustentável como parâmetro principal em todos os
níveis, integrando os aspectos econômicos, sociais e ambientais e reconhecendo
suas interligações, de modo a conseguir um desenvolvimento sustentável em
todas as suas dimensões".[192]
O Secretariado-geral da ONU, em outro documento de 2012, afirmou ser
imprescindível que a humanidade passe a entender a si mesma não como uma
proprietária ou senhora da Terra, mas como sua guardiã, e que uma grande parte
dos problemas não só ambientais, mas sociais, como a pobreza, a fome, a
violência, são sintomas diretos do paradigma ainda prevalente da dominação.
[20]
Como diz a Carta da Terra, "a escolha é nossa: formar uma aliança global para
cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da
diversidade da vida".[85]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ambientalismo

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