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A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE: PERSPECTIVA HISTÓRICA E

PROJEÇÃO FUTURA

Débora Raquel Freitas da Silva1

1 INTRODUÇÃO

Na atualidade, uma das grandes polêmicas em todo o mundo, seja na


conjuntura política- jurídica ou na própria instância da sociedade civil, é a
questão ambiental ou proteção ao meio ambiente. Mundialmente, nos últimos
vinte anos, conferências, protocolos, leis, organizações não governamentais,
políticas públicas e movimentos populares tem se mobilizado e se direcionado
a levantar a “bandeira verde”, sinalizando o crescimento do movimento
ambientalista.

Empresas privadas estão cada dia mais procurando certificações que


comprovem sua preocupação com o meio ambiente, uma vez que,
mercadologicamente falando, isso apraz ao próprio mercado consumidor.
Governos, a fim de responder a esta questão emergente, tem desenvolvido
meios de juridicamente promover a proteção ao meio ambiente, numa tentativa
de amenizar ou evitar danos irreversíveis acometidos pelas mais diversas
atividades humanas.

Nas universidades, emergem conhecimentos científicos dos mais


diversos segmentos voltados a esse paradigma ambiental, sugerindo, inclusive,
a necessidade de uma transdisciplinaridade 2 que aventura-se em dar conta
dessa realidade a fim de transformá-la ou preservá-la.

Entretanto, apesar deste atual destaque do movimento ambientalista e


da diluição da questão ambiental nas mais diversas instâncias da sociedade, é
importante ressaltar que, nesse processo histórico, alguns momentos
importantes foram precedidos, como o protecionismo, conservacionismo,
ecologia política, gestão articulada e gestão de sustentabilidade.

1
Graduada em Geografia pela Universidade Federal do Ceará. Mestranda em Geografia pelo
Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará.
2
Entende-se por transdisciplinaridade o movimento que faz com que a própria ciência
transcenda os seus limites e povoe as suas fronteiras.
O objetivo deste texto é de traçar uma perspectiva histórica sobre a
proteção do meio ambiente, elucidando também aspectos gerais de uma
projeção futura deste. Escolheu-se como caminho metodológico o
levantamento bibliográfico dos assuntos pertinentes ao tema do trabalho,
através de uma ótica dialética da realidade.

Destarte, num primeiro momento delinea-se o contexto histórico mundial


e, brasileiro, em que toma força à questão ambiental. Em seguida, discutem-se
os eventos e conferências que marcaram o desenvolvimento do paradigma
ambiental, destacando, sobretudo, aspectos gerais da proteção jurídica do
meio ambiente. Finalmente, ponderam-se projeções futuras sobre o assunto,
com base nos derradeiros acontecimentos no cenário brasileiro e global.

2 CONTEXTO HISTÓRICO EM QUE EMERGE O MOVIMENTO


AMBIENTALISTA

Os problemas de degradação das riquezas ecológicas não são próprios


da Modernidade. Alguns autores como Mccormick (1992), Alphandéry, Bitoun e
Dupont (1992) revelam como esta realidade já fora alvo de discussão em
diversos momentos da história, com moderadas ênfases.

Nas sociedades pré-agrárias na Ásia e no Oriente Próximo, há 400 anos


a.C algumas atividades extrativistas foram proibidas e, no Império Persa, foram
estabelecidas áreas reservadas à caça, colocando assim, leis de proteção as
regiões das planícies úmidas (DAVENPORT; RAO, 2002)

Na Roma antiga, em pleno século I, Columelo e Plínio “já advertiam que


o gerenciamento medíocre dos recursos ameaçava produzir quebras de safras
e erosão do solo” (MCCORMICK, 1992, p. 15). Platão, por sua vez, na Grécia
Antiga, deu sua contribuição no que diz respeito à preocupação com a erosão
do solo provocada pelo excessivo corte das árvores em pleno século IV a. C.
Contudo, “apesar dessas advertências prévias não havia ainda alarme ou
interesse da sociedade pela questão ambiental, (...) o que só teve início depois
da Revolução Industrial” (FERREIRA, 2008, p. 9).
Passet (1994) apud Rodrigues (2012) mostra que as denúncias sobre a
dilapidação dos recursos naturais, em todo o século XX, passaram por três
fases relevantes. Num primeiro momento, tido como o período da neutralidade,
acreditava-se que os problemas eram locais; a partir dessa ideia, nos países
desenvolvidos foi frequente as manifestações contra as indústrias que por sua
vez passaram a ser implantadas nos países periféricos.

Em seguida, na fase chamada de Environment verificou-se que os


problemas ambientais se estabeleciam em escala local. Por conseguinte, num
terceiro momento, descobriu-se que a produção capitalista do espaço era
capaz de destruir as condições de sua manutenção, e, que as classes e
setores dominantes deveriam iniciar e assumir o debate, o que promoveu as
conferências internacionais.

É sabido que algumas concepções teóricas na problemática ambiental,


ao longo dos anos passaram a influenciar as massas. Merece destaque,
sobretudo, a concepção do preservacionismo e do conservacionismo, advindos
ainda do século XIX e no início do século XX.

Esta primeira concepção, o preservacionismo, influenciada poelas


leituras de naturalistas como Darwin, surgiu no século XIX na Grã-Bretanha e,
partia do pressuposto biocêntrico que concebe o homem como um ser
interdependente das outras espécies e não como um ser superior.

Nesse sentido, o preservacionismo era marcado pela ideia de que era


necessário uma total proteção da natureza, onde o meio ambiente deveria se
manter isolado de qualquer influencia humana, a exceção das áreas de
recreação. Foi baseado nesta concepção que, nos EUA, fora criado o primeiro
parque nacional do mundo em 1872, a saber, o parque de Yellowstone
(MCCORMICK, 1992).

A concepção conservacionista, por sua vez, se alicerçava na ideia de


administração racional e sustentada dos recursos naturais, sobretudo o solo e
a água. Sendo muito apoiado no início do século XX pelo governo norte-
americano, esse pensamento após a Primeira Guerra Mundial, passou a se
associar à mentalidade empresarial, adquirindo um caráter econômico e
consequentemente, perdendo, sua essência conservadora (Op. Cit, 1992)

Ainda que o preservacionismo e o conservacionismo tenham sido as


pioneiras concepções sistematizadas no paradigma ambiental, entende-se que,
outros momentos e outros fatores para além do discurso naturalista ou
ecológico foram necessários para que o movimento ambientalista fosse
apoiado pelas massas.

Costa (2008) afirma que, ainda que seja difícil estabelecer, no tempo e
no espaço, uma origem precisa do pensamento ambiental, percebe-se que este
passou a ganhar expressão global a partir do aumento da industrialização e
consequente urbanização ocorrida no mundo pós Segunda Guerra Mundial, o
que acarretou numa expansão do caráter predatório do desenvolvimento
capitalista, desencadeando um crescente nível de consumo, crescimento
populacional, poluição e custos ambientais das novas tecnologias, sobretudo
no ocidente.

A partir desta conjuntura socioeconômica, política e cultural consolidada


na década de 1950 e 1960, surgem movimentos que passam a questionar e a
protestar não somente em favor do meio ambiente, mas, sobretudo, contra o
modo de vida capitalista. A este pensamento, que McCormick (1992, p. 61)
denominou de Ecologia Política:

[...] em algum momento no final dos anos 50 e começo dos anos 60


as circunstâncias conspiraram para dar surgimento a um novo
movimento de protesto, baseado nas preocupações com o estado do
ambiente humano e com as atitudes humanas em relação à Terra.

Nesse momento, os protestos não se resumiam somente a questão


ambiental pela questão ambiental. Surgiam nessa época reinvidicações
socialistas nos movimentos operários que atribuíam ao capitalismo à origem de
todos os males que os homens enfrentavam; nos países capitalistas,
trabalhadores lutavam por melhores condições de trabalho; movimentos em
prol do direito das mulheres, dos negros, hippie, “minorias” étnicas e
manifestações começavam a crescer; e, é sob essas raízes histórico-culturais
que o movimento ambientalista ou ecológico nesse período passou a tomar
força, desenvolvendo lutas ao redor de questões como: desmatamento,
urbanização desenfreada, poluição dos recursos hídricos e do ar, ameaça
nuclear, extinção das espécies entre outros (PORTO-GONÇALVES, 2001).

Alguns fatos históricos contribuíram para que estas questões passassem


a tomar força, como os testes atômicos realizados pelos Estados Unidos da
América, União Soviética, França e Grã-Bretanha; a publicação do livro
Primavera Silenciosa de Rachel Carson em 1962, que denunciou os problemas
da poluição do solo, da água e do ar ocasionados pelas atividades industriais e
agrícolas (AFONSO, 2006). A partir desse período, o que se seguiu foram uma
série de conferências

Conferências...

3. CONFERÊNCIAS E RELATÓRIOS MARCANTES NA PROTEÇÃO AO


MEIO AMBIENTE

3.1 Contexto Político Brasileiro

De acordo com Pádua (2003)

3.2 Sobre a Proteção Jurídica do Meio Ambiente:

4. PROJEÇÕES FUTURAS
REFERÊNCIAS

AFONSO, C. M. Sustentabilidade: caminho ou utopia?. São Paulo: Annablume,


2006.
COSTA, H. S. de M. Meio Ambiente e Desenvolvimento: um convite à leitura.
In: HISSA, E. V (org.). Saberes Ambientais: desafios para o conhecimento
disciplinar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. 79 – 107p.

DAVENPORT, L; RAO, M. A. A história da proteção: paradoxos do passado e


desafios do futuro. In: SPERGEL, B; TERBORGH, J (org.). Tornando os
parques eficientes: estratégias para conservação da natureza nos trópicos.
Curitiba: Fundação O Boticário, 2002.

FERREIRA, A. R. P. G. História do Movimento Ambientalista: sua trajetória no


Piauí. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente. Piauí, 2008.

PÁDUA, J. A. Um sopro de destruição – pensamento político e crítica


ambiental no Brasil escravista (1786 – 1888). Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2003.

PORTO – GONÇALVES, C. W. Os (des)caminhos do meio ambiente. 9. Ed.


São Paulo: Contexto, 2001.

RODRIGUES, A. M. A matriz discursiva sobre o “meio ambiente”: produção do


espaço urbano – agentes, escalas, conflitos. In: CARLOS, A. F. A; SOUZA, M.
L; SPOSITO,M (org). E. B. A produção do espaço urbano: agentes e
processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2012.

MCCORMICK, J. Rumo ao Paraíso: a história do movimento ambientalista. Rio


de Janeiro: Relume Dumará, 1992.

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