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Introdução à Poluição Ambiental: Conceitos e

Controle

Conteudista: Prof.ª Esp. Fabiana Taveira de Melo  


Revisão Textual: Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro

Material Teórico

Material Complementar

Referências
1/3

Material Teórico

 Objetivo da Unidade:

Transmitir conceitos e de nições sobre os recursos naturais e tipos de


fontes de poluição.

A Filoso a Sobre os Recursos Naturais


Os lósofos gregos pré-socráticos, considerados grandes pensadores nos séculos VI e VII
a.C., buscavam explicar a origem do universo e o princípio de todas as coisas. 

Naquela época, alguns lósofos gregos, como Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes,
Heráclito, Empédocles de Agrinito, losofavam sobre as razões e a origem das mudanças da
natureza,  a evolução do ser humano e questões relativas à constituição dos elementos físicos
da natureza.  Enquanto prevaleciam os estudos mitológicos e religiosos para entender a
origem da vida, tais lósofos abandonaram tais crenças para buscar teorias mais racionais
sobre as questões da natureza. 
Filósofos Pré-socraticos

ACESSE

Para todos eles, a noção da física (physis) estaria associada a alguma coisa fundamentada, ou
seja, o que constitui a base e a raiz da vida e existência dos elementos da natureza, o que é
mutável e transitório. Portanto, a loso a desses grandes pensadores gregos da época nos
auxiliou (e ainda nos auxilia) a entender a atual posição da Terra, a dependência pela água,
pelo ar e pelo solo, para a sobrevivência do ser humano, dos elementos, organismos e das
espécies vivas que vivem na esfera terrestre, a biosfera.

O primeiro deles foi Tales de Mileto, que a rmou que a água seria o princípio originário de
todas as coisas, elemento mais perfeito e universalmente presente em cada coisa. Depois,
Anaxímenes elegeria o ar in nito, qualitativamente material e determinado, mas espacial e
temporalmente ilimitado, como elemento constitutivo universal (KIRK; RAVEN; SCHOFIELD,
2007; LLOYD, 1970) e, por m, Heráclito, que incluiria o fogo como agente criador. Mas foi
Empédocles de Agrinito que adicionou a terra a esses três conceitos e concluiu que tudo era
formado por quatro elementos.

Re ita
Quem nunca ouviu falar nos quatro elementos da natureza essenciais
para a sobrevivência do ser humano? Os lósofos identi caram esses
quatro elementos, que eram opostos dois a dois:
água (fria e úmida) x fogo (quente e seco);

ar (quente e úmido) x terra (fria e seca).

Logo em seguida, outro lósofo grego, Aristóteles, acrescentaria ao conceito que cada um
desses elementos teria o seu lugar e a “ordem” ou “sequência” seria, por exemplo, a terra
estaria no centro dos quatro elementos, em seguida a água, acima o ar e, por último, acima de
todos, o fogo.

Essa teoria perdurou por toda a idade média (do século V ao século XV) até o renascimento
(século XIV ao século XVI), quando o homem passou a ter uma posição centralizada e isso o
impulsionou a ousar no aprendizado e em descobertas cientí cas ou de novas terras. A partir
dessa época, com o avanço dos estudos da física e da química moderna, o conceito sobre os
elementos da natureza começou a considerar os tipos de átomos que formam moléculas e que,
por sua vez, formam a matéria.

Portanto, atualmente, os elementos da natureza estão associados aos estados da matéria

Líquido = Água;

Energia = Fogo/luz;

Gasosos = Ar;

Sólido = Terra.
Figura 2
 Fonte: Adaptado do Getty Images

Recursos Naturais: Tipologia 


Os recursos naturais são componentes do ambiente que possuem alguma utilidade para o ser
humano, independentemente de serem elementos vivos (bióticos) ou não vivos (abióticos).
Esses recursos, mesmo que ainda não tenham sido usados, serão úteis em algum trabalho que
vise à sobrevivência, ao conforto ou ao desenvolvimento das sociedades.
Todas as formas de sociedade, com diferentes graus de desenvolvimento tecnológico,
utilizam-se de recursos naturais. A alimentação, com grãos, carnes e vegetais, por exemplo,
depende do uso de recursos naturais disponíveis. Outro exemplo é a água, que pode ser usada
para beber ou para gerar energia elétrica em usinas hidrelétricas. Esses dois exemplos
envolvendo a água mostram formas diferentes de usar um mesmo recurso natural.

Não é todo recurso natural que pode ser aproveitado no estado em que é extraído do ambiente.
Há diversos recursos naturais que necessitam ser transformados pelo trabalho humano para
serem utilizados. Um exemplo interessante é o plástico, que não é encontrado na natureza.
Esse material é produzido do petróleo por meio de processos industriais. O plástico, portanto,
é obtido da transformação e do tratamento do petróleo.

Portanto, os elementos da natureza e, consequentemente, o seu estado da matéria, são


recursos naturais essenciais e necessários, para a produção de uma matéria-prima empregada
na fabricação de produtos ou para geração de energia. 

As atividades sociais e as econômicas do setor primário, secundário e terciário, responsáveis


pelo crescimento do país por gerar empregos e Produto Interno Bruto (PIB), são as grandes
consumidoras e dependentes dos recursos naturais para gerar produção e riqueza. Veja alguns
exemplos:

Setor Primário
Na produção por meio da exploração de recursos da natureza, podemos citar como exemplos
agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça.
Ou seja, é o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação.
Figura 3
Fonte: Getty Images
Figura 4
Fonte: Getty Images

Setor Secundário

É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário)


em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados,
eletrônicos, casas). Atividades de manufatura, ou seja, aquelas em que é possível produzir um
trabalho ou material de forma manual, a partir de uma matéria-prima, por exemplo.
Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro
obtido na comercialização é signi cativo. Países com bom grau de desenvolvimento possuem
uma expressiva base econômica concentrada no setor secundário.
A exportação desses produtos também gera riquezas para as indústrias desses países.

Setor Terciário

É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não materiais em que
pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades.

Como atividades econômicas deste setor, podemos citar: comércio, educação, saúde,
telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços
de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, entre outros.
Figura 5
Fonte: Getty Images

Esse contexto mostra a grande dependência dos recursos naturais para o desenvolvimento
econômico e social. 

As atividades do setor primário, por exemplo, dependem principalmente dos elementos da


natureza, como as orestas, o solo, a água, os minerais, os ventos, a luz solar. Já os setores
secundário e terciário dependem mais da matéria: água, energia, gás e solo para produção de
produtos e serviços. 

Conclusão:

Os seres humanos aprenderam, com o tempo, com a necessidade de sobrevivência e conforto,


a desenvolver meios e técnicas para melhor utilizar os recursos naturais para o seu “bem-
estar”. Assim, por meio dos estudos e trabalho, as sociedades vão se utilizando desses
recursos para construir e alterar o espaço geográ co com base na transformação do espaço
natural.
Mas é sempre importante lembrar que, no entanto, a forma indiscriminada e predatória com
que os seres humanos muitas vezes utilizam os elementos da natureza contribui para que os
recursos quem cada vez mais escassos, e isso inclui até mesmo os recursos naturais
renováveis, pois a degradação da natureza pode interromper ou prejudicar os seus ciclos de
renovação. 

Um exemplo é a água, que só pode ser consumida em sua forma potável, e existe em uma
limitada quantidade. Com a poluição dos rios e das reservas hídricas em geral, além da
destruição de boa parte das nascentes, esses recursos vêm cando cada vez mais em falta no
mundo.

Re ita
Temos água em abundância no planeta Terra?  
Cerca de 97% da água do planeta é proveniente dos mares e oceanos.
sendo extremamente salgada e imprópria para o consumo. Apenas 3%
restantes da água são provenientes dos rios, lagos, aquíferos e boa
parte dessa parcela se encontra congelada nas calotas polares.

Portanto, o mais importante é o desenvolvimento de alternativas econômicas e sociais que


visem à construção de sociedades economicamente sustentáveis, ou seja, que visem à
preservação da natureza e de seus elementos para as gerações futuras sem comprometer a
disponibilidade dos recursos por ela oferecidos.
Figura 6
Fonte: Getty Images

Classi cação dos Recursos Naturais


Os recursos naturais podem ser: renováveis, potencialmente renováveis ou não renováveis.

Essa classi cação é feita a partir do tempo de recomposição ou de “devolução” do recurso


natural na natureza na mesma proporção que foi consumida ou utilizada, ou seja, o tempo em
que o recurso é devolvido à natureza na mesma proporção, de acordo com a capacidade de
reposição do recurso natural.

Recursos potencialmente renováveis: 


São recursos naturais que têm sua capacidade de renovação limitada e que podem
acabar pelo uso excessivo e não sustentável. Ou seja, aqueles recursos que apresentam a
capacidade de se recompor naturalmente ou com o auxílio das atividades humanas.

Exemplos: água própria para o consumo, solo, plantas, árvores.

Recursos renováveis: 
São recursos naturais que podem ser usados in nitamente ou aqueles que são
considerados inesgotáveis e que devem ser explorados de forma sustentável. Exemplos:
energia solar, vento, ondas.

Recursos não renováveis:


São aqueles que não se renovam na velocidade e na quantidade em que são usados,
podendo acabar. Por sua vez, são aqueles que, em um curto ou longo prazo, terão a sua
disponibilidade na natureza esgotada.

Exemplos: carvão mineral, petróleo, gás natural, metais, pedras


preciosas. 

Os recursos naturais podem ainda ser classi cados em energéticos ou não energéticos,


segundo a capacidade que têm de serem usados na geração de energia, como a água
empregada nas usinas hidrelétricas, ou o vento, cuja energia é capturada por usinas eólicas.
Em ambos os casos, há produção de energia elétrica.

Por ser um recurso natural estável, a agua acaba sendo um exemplo diferente isto é, sua
quantidade total no planeta (considerando os oceanos), praticamente não varia e, portanto, a
água disponível para o consumo ou uso humano, acaba sendo um recurso natural
potencialmente renovável. Entretanto, como temos uma diversi cada sociedade, clima e
geogra a no mudo, a quantidade de água disponível pode variar por in uência desses diversos
fatores, como: temperatura, desmatamento, assoreamento dos rios, remoção de matas
ciliares. 

Portanto, dento dos diversos recursos naturais renováveis e não renováveis disponíveis em
nosso Planeta, vamos aqui destacar o que consideramos os mais importantes e essenciais
para o controle do meio ambiente e, portanto, asseguram a  sobrevivência e conforto do
homem: água, ar e solo.
A seguir, algumas características e informações importantes sobre os principais recursos
naturais a saber:

Recurso Água
A água é um bem muito precioso e indispensável a todas as atividades humanas: não há vida
sem água. Considerando o ciclo, a água cai da atmosfera sobre a terra em forma de chuva ou
neve, constituindo grandes estradas de córregos, rios, lagos, geleiras aos quais, podem atingir
os oceanos. No caminho, é contida pelo solo, pelos animais e vegetação. A água retorna à
atmosfera, principalmente por evaporação e por transpiração vegetal.  A imagem, a seguir,
ilustra o ciclo da água como fonte de vida na Terra:

Figura 7
Fonte: Getty Images
Entretanto, como lemos anteriormente, a disponibilidade de água doce é limitada e se
tornaria, portanto, indispensável seu uso consciente com ações de preservação, controle e, se
possível, recuperação. As mudanças demográ cas e o rápido aumento das necessidades nas
atividades industriais e agrícolas acabam sendo uma ameaça para o ciclo da água, na
conservação e na disponibilidade desse recurso. 

Recurso Ar
Existem componentes naturais que formam a camada super cial da Terra. Para entender
melhor esse recurso, é importante o entendimento da composição das substâncias gasosas
que envolvem a terra, a qual chamamos de “atmosfera”. 

A atmosfera é uma camada de ar, com diversas misturas gasosas, dividida por várias capas ou
camadas. A camada inferior chamada de “troposfera” e as principais camadas superiores
chamadas de “estratosfera” e “ionosfera”.

A troposfera, por exemplo, compreende a camada de ar que se encontra entre 7 a 16 Km de


altitude acima da crosta terrestre e onde o homem desenvolve suas atividades. Logo acima
dessa camada, encontra-se a estratosfera, podendo chegar até uns 100 Km de distância da
crosta terrestre. E, depois, a ionosfera, onde a radiação ultravioleta da luz solar provoca
reações fotoquímicas, com formação de moléculas ativas ou decomposição das moléculas em
átomos ou íons.  

A composição média da troposfera, camada em que vivem os seres vivos terrestres, ou seja,
em que vivemos,  no que diz respeito aos componentes químicos, é formada principalmente
pelos seguintes gases:

Oxigênio - 21%;

Argônio - 0,9%;

Vapor d'água - 0,4%;

Dióxido de Carbono – 0,04%.


É, também, na troposfera que ocorre a formação de chuvas, relâmpagos, nuvens e poluição do
ar.

Você Sabia?
O signi cado de troposfera vem do grego "tropos" e quer dizer
mudança.

Pelo fato de estar disponível livremente, sem que seu uso implique custos, normalmente, o ar
é utilizado pelas comunidades muitas vezes de forma abusiva ou indiscriminada. O uso básico
desse recurso natural é, acima de tudo, manter a vida. Todos os outros usos devem sujeitar-se
à manutenção de uma qualidade de ar que não degrade a saúde ou o bem-estar o ser humano. 

O ar é também um importante recurso para propagação do som, calor e luz.

Recurso Solo
O solo é um recurso essencial para as atividades econômicas como agronomia e indústria. Sua
formação natural resulta essencialmente, da interação dos processos físicos, químicos e
biológicos sobre as rochas super ciais da crosta terrestre. Por isso, o solo possui uma
característica que permite o desenvolvimento vegetal na superfície da terra, sendo assim
fundamental para a agricultura. Ocorre interação da litosfera, da atmosfera e da biosfera e de
suas respectivas matérias por meio da combinação de dois processos fundamentais: a
alteração da rocha mãe ou material original e a contribuição da matéria orgânica dos seres
vivos.  
A crosta terrestre é constituída dos solos de alteração das rochas que comumente a oram na
superfície, que são os granitos, migmatito, basaltos e as rochas sedimentares. Já na superfície,
quase 30% representam terras emersas, os 70% restantes são ocupados pelos mares, os quais
representam 97% da água na terra.

Re ita
Você sabe o que é Pedologia? É a ciência que estuda o solo sob o
aspecto do desenvolvimento vegetal na superfície da terra assim, o seu
estudo é fundamental para a agricultura.

Existem quatro grupos principais, responsáveis pela formação do solo:

Residuais: são solos em que o resultado do processo de decomposição de um


determinado produto, permanece no local em que ocorreu o fenômeno da decomposição;

Transportados: são solos que se formam devido à movimentação ou carregamento do


material pela ação uvial, eólica, marinha, entre outros;

Coluvionais: são solos formados pela movimentação lenta da parte mais super cial do
manto de intemperismo sob a ação de agentes diversos, principalmente da gravidade.

Orgânicos: são solos formados pela fração mineral argilosa acrescida de uma proporção
variada de matéria orgânica predominantemente vegetal.

Então, a constituição do solo se dá, basicamente, pela presença água, ar e minerais que são
fragmentos de rochas originais mais ou menos alterados, de tamanhos variados, elementos
coloidais de partículas muito nas, como argilas, silicatos de alumínio hidratados e íons
minerais essenciais à nutrição mineral dos vegetais.  

Neste estudo, é importante para entender a contribuição do solo na formação de aquíferos. A


permeabilidade do solo é uma atividade das condições e composições dos minerais presentes
no solo que favorecem a formação das águas subterrâneas, ou seja, é a propriedade do solo de
permitir o escoamento, ou percolação, de água por meio dele e, assim, contribuir com a
perenidade do lençol freático.

Como curiosidade, a permeabilidade do solo pode ser mensurada por meio do coe ciente de
permeabilidade e, tal coe ciente pode ser determinado experimentalmente pela Lei de Darcy
que, foi proposta a partir de resultados de experimentos realizados pelo francês Henry Darcy,
em 1856.

O que seria então a Lei de Darcy? 

Considere no seguinte esquema da Figura 8:


Figura 8 – Lei de Darcy
Fonte: Reprodução

Onde os níveis de água h1 e h2 são mantidos constantes e o uxo de água ocorre da esquerda
para direita através do solo.

Darcy observou que o uxo ocorria com uma vazão que podia ser obtida por meio da seguinte
formulação:

Figura 9
Fonte: Reprodução

Onde:

Q: vazão (m³/s);

k: coe ciente de permeabilidade do solo (m/s);

A: área transversal a amostra de solo;

L: Largura da disposição do solo.

Existem, também, diversos outros fatores que in uenciam no valor do coe ciente de
permeabilidade do solo, como:

Estrutura solo;

Grau de saturação;
Índice de vazios;

Temperatura.

Ainda considerando os diversos aspectos que podem interferir nas questões da


permeabilidade do solo, as características físicas e a qualidade têm grande in uência, como a
vegetação, topogra a (relevo), localização da zona saturada e impermeabilizações.

Sob o ponto de vista da necessidade de utilização do solo como recurso, é importante


monitorar esses aspectos físicos e de qualidade para prevenir fatores de risco que
impossibilitam a realização de atividades, como erosão ou infertilidade do solo para atividades
agrícolas.

A ação das águas, do vento e a remoção das partículas do solo são um dos motivos em que a
erosão ocorre, mas os fatores como clima, tipo de solo e declividade do terreno são os
principais. As práticas recomendadas para a manutenção da erosão estão ligadas com a
cobertura vegetal, a utilização de árvores como “quebra-ventos”, a cobertura vegetal, a
cobertura do solo com serragem e as técnicas de caráter mecânico, como aração, plantio e
construção em curvas de nível, execução de canaletas para desvio das águas pluviais e
execução de muros de arrimo.

A disposição indiscriminada de resíduos no solo é outro uso que tem se mostrado inadequado,
uma vez que ocorre ao longo do tempo da in ltração dos líquidos gerados na decomposição
dos resíduos, ao quase se soma a ração das águas pluviais que se in ltram no solo e, nessa
passagem, lixiviam esses resíduos, correndo substâncias para as camadas mais profundas e
para os aquíferos subterrâneos, causando contaminação desses importantes mananciais de
águas. Os efeitos desses sistemas de disposição de resíduos no solo tendem a se de natureza
localizada. Nos locais de disposição de resíduos orgânicos, ocorre também a geração de gás
constituído, basicamente, de metano e gás carbônico, o qual limita o suprimento de oxigênio
para as camadas super ciais do aterro, causando a monte da vegetação. A presença de metais
nos resíduos aplicados no solo, quer na forma de despejos líquidos industriais, quer na forma
de lodos, também pode inibir a reposição da vegetação. Essa situação torna-se mais grave
quando tais aplicações são efetuadas na área agrícolas, já que alguns metais se mostram
totóxicos e, dependendo do volume aplicado e do nível de metais, podem acumular-se nas
partes comestíveis das plantas, o que pode causar problemas, tornando esses alimentos
impróprios para o consumo (DERISIO, 2013).
Veremos as questões da poluição do solo e dos demais recursos naturais aqui relatados nos
itens a seguir.

Introdução à poluição ambiental

De nição de poluição
O causador de problemas ambientais tem crescido devido à demanda populacional, somada ao
desenvolvimento industrial e tecnológico. Tais problemas têm afetado diretamente a saúde da
população e provocado desequilíbrios no meio ambiente. 

Esses problemas têm sido temas de reuniões das altas esferas governamentais e de
representantes dos grupos de defesa do meio ambiente. Diante disso, a Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento solicitou “uma agenda global para mudança”.
Tratava-se de um apelo urgente da Assembleia geral das Nações Unidas para: 

Propor estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento sustentável


por volta do ano 2000 e daí em diante; 

Reconhecer maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se reduza em maior
cooperação entre os países em desenvolvimento e entre países em estágios diferentes de
desenvolvimento econômico e social e leve à consecução de objetivos comuns e
interligados que considerem as inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e
desenvolvimento;

Considerar meio e maneiras pelos quais a comunidade internacional passa lidar mais
e cientemente com as preocupações de cunho ambiental;

Ajudar a de nir nações comuns relativas a questões ambientais de logo prazo e esforços
necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da melhoria do meio
ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos próximos decênios e os
objetivos a que aspira a comunidade mundial. 
Saiba Mais
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento reuniu-
se pela primeira vez em outubro de 1984 e publicou o relatório “Nosso
futuro comum”. 900 dias depois, em abril de 1987. Durante esse
tempo:

Na África, a crise ligada ao meio ambiente e ao desenvolvimento,


desencadeada pela seca, atingiu o auge, pondo em risco 35 milhões
de dessoas e matando aproximadamente 1 milhão;

Em Bhopal, na Índia, um vazamento numa fábrica de pesticidas


matou mais de 2 mil pessoas, deixando outras 200 mil cegas ou
feridas;

Em Chernobil, a explosão de um reator nuclear espalhou radiação


por toda a Europa, aumentando o risco de incidência de câncer
humano;

Na Suíça, durante o incêndio de um depósito, foram despejados no


rio Reno, produtos químicos agrícolas, solventes e mercúrio,
matando milhões de peixes e ameaçando o abastecimento de água
potável na república Federal da Alemanha e na Holanda;

Cerca de 60 milhões de pessoas morreram de doenças intestinais


decorrentes de desnutrição e da ingestão de água imprópria para o
consumo; as vítimas, na maioria, eram crianças.

Fonte: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991


A partir desse contexto, a poluição acaba sendo é um processo que consiste na introdução de
substâncias estranhas, ao meio ambiente, em concentrações que ultrapassam os padrões
estabelecidos num determinado país ou organizações internacionais, dependendo dos
parâmetros estabelecidos em normas e regulamentos, causando impactos com diferentes
graus de severidade, que provocam (ou podem provocar) danos, no caso, aos recursos
naturais presentes no nosso meio ambiente.

Entretanto, a Lei Federal brasileira, a Política Nacional do Meio ambiente, dá uma abrangência
maior para a de nição de poluição:

“Art. 3º. inciso III – poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades


que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou


indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.

Nesse caso, a poluição pode afetar a qualidade dos solos, das águas, ar e pode se manifestar
pela produção de ruídos (sonora). Daí que, a poluição pode ser classi cada em poluição dos
solos, das águas, atmosférica, sonora.

Saiba Mais
Você sabe do que se trata “`Primavera silenciosa (Silent Spring)? Trata-
se de um livro famoso, escrito por Rachel Carson (1907- 1964), que fez
o primeiro alerta mundial sobre os efeitos nocivos de agrotóxicos e
questionou os rumos da relação entre homem e a natureza.

Tipos de poluição

Poluição dos solos


É popularmente aquela causada pela prática de agricultura de regime intensivo, uso excessivo
de adubos e pesticidas de alto teor químico, irrigação mal conduzida, disposição de materiais e
resíduos sem controle e lixeiras a céu aberto. Essa poluição provoca o empobrecimento e
envenenamento dos solos, incluindo a poluição das águas e, portanto, interfere na
contaminação da cadeia alimentar dos seres vivos.

Entre as fontes de poluição do solo, destacam-se aquelas de origem natural, incluindo as


associados a catástrofes, tais como: chuvas com escoamento super cial, salinização,
decomposição de animais e vegetais mortos, terremotos, vendavais e inundações. Já as
derivadas da atividade humana são poluição decorrente da disposição de resíduos sólidos
domésticos, hospitalares e industriais, como: 
Poluição decorrente de resíduos líquidos sanitários e industriais;

Poluição decorrente da urbanização e ocupação do solo;

Poluição decorrente de atividades extrativas;

Poluição decorrente de acidentes no transporte de cargas.

Os resíduos, nos estados sólidos ou líquidos, gerados pela atividade humana são, na maioria
dos casos, os responsáveis pelas alterações das características do solo. Dispostos diretamente
sobre o solo, incluindo os aterros, a in ltração das substâncias contidas nos resíduos, seja
pela simples acumulação sobre o solo, pode causar importantes contaminam o solo e nas
águas subterrâneas, como lençol freático.

De acordo com a sua origem, os resíduos sólidos podem ser agrupados em:

Resíduos sólidos domésticos:

Gerados pelas residências, escritórios e atividades comerciais.   

Resíduos sólidos de serviços de saúde:

Aqueles que, por suas características, podem apresentar materiais contaminados com
microrganismos patogênicos. Eles são de origem hospitalar ou ambulatorial, incluindo as
atividades realizadas em farmácias e laboratórios de análises clínicas.

Resíduos sólidos industriais.

Gerados pelas atividades industriais dos diversos segmentos como: mineração, química,
metalúrgica, automotiva, elétrica e construção civil.

Conheça as atividades que realizam a ocupação do solo, consideradas como potenciais


para causar poluição:

Quadro 1 – Atividades de usos e ocupação do solo potencialmente poluentes


Aplicação no solo de lodos de esgoto,
Aterros e outras instalações de
lodos orgânicos industriais ou outros
tratamento e disposição de resíduos
resíduos

Silvicultura Estocagem de resíduos perigosos

Atividades Extrativistas Re narias de petróleo

Agricultura/horticultura Fabricação de tintas

Aeroportos Manutenção de rodovias

Atividades de processamento de Estocagem de produtos químicos,


animais petróleo e derivados

Atividades de processamento de
Produção de energia
asbestos

Estocagem ou disposição de material


Enterro de animais doentes
radioativo

Cemitérios Ferrovias e pátios ferroviários

Atividades de processamento de Atividades de processamento de papel


produtos químicos e impressão

Mineração Processamento de borracha

Atividades de dosagem e reparação de Tratamento de e uentes e áreas de


embarcações tratamento de lodos

Atividades de reparação de veículos Ferro-velho e depósitos de sucata


Aplicação no solo de lodos de esgoto,
Aterros e outras instalações de
lodos orgânicos industriais ou outros
tratamento e disposição de resíduos
resíduos

Atividades de lavagem a seco Construção civil

Manufatura de equipamentos elétricos Curtumes e associados

Indústria de alimentos para consumo Produção de pneus


animal

Produção, estocagem e utilização de


Atividades de processamento do carvão
preservativos de madeira

Atividades de processamento de ferro


Manufatura de cerâmica e vidro
e aço

Hospitais Laboratórios

Fonte: cetesb.sp.gov

Observe, na Figura 10, uma singela demonstração do ciclo da disposição dos materiais,
provenientes das atividades industriais, comerciais e domésticas, no solo, provocando a
poluição dos recursos:
Figura 10
Fonte: Adaptada de Cetesb.sp.gov

Diante da preocupação da sociedade e autoridades, o tema “poluição do solo” vem, cada vez
mais, sendo discutido. Isso devido aos aspectos da proteção saúde pública e ao meio ambiente
e de episódios críticos de poluição por todo o mundo. 

Abordaremos com mais ênfase esse assunto nas próximas unidades.

A Poluição das Águas


Podemos considerar que a poluição das águas ou dos recursos hídricos, sejam eles
super ciais ou subterrâneos, é provocada pela alteração da qualidade da água, normalmente
provocada por uma atividade humana, tornando-a imprópria para o consumo humano.

Nesse caso, a poluição pode ser causada pela descarga direta ou indireta de substâncias
poluentes capazes de alterar as respectivas qualidades, provocando efeitos nocivos de difícil
quanti cação e quali cação, à saúde humana.
As principais atividades causadores desse tipo de poluição são:

agropecuárias;

industriais; e 

atividades domésticas.

Figura 11
Fonte: Getty Images

Mas podemos considerar o consumo, também, provocador da poluição da água?

Se considerarmos o consumo excessivo das atividades causadoras da poluição, citadas acima


e, também, pensando que, após o consumo, a água é devolvida aos recursos hídricos com
descargas de substâncias poluentes, talvez a resposta seja “sim”. 

Re ita
“Segundo a ONU (Organizações da Nações Unidas), o consumo de
água aumentou de forma considerável em todo o planeta ao longo do
tempo. Em 1900, o mundo consumia cerca de 580 km³ de água; já em
1950, esse consumo elevou-se para 1400 km³, passando para 4000 km³
em 2000. Segundo previsões da ONU, é provável que em 2025 o nível
de consumo eleve-se para 5200 km³. A despeito dessa elevação da
utilização da água, registra-se também o aumento do número de
pessoas sem fácil acesso à água potável, totalizando 1,1 bilhão em todo
o planeta a sofrer com esse problema. Em linhas gerais, o consumo de
água aumentou de forma considerável em todo o planeta ao longo do
tempo. Em 1900, o mundo consumia cerca de 580 km³ de água; já em
1950, esse consumo elevou-se para 1400 km³, passando para 4000 km³
em 2000. Segundo previsões da ONU, é provável que em 2025 o nível
de consumo eleve-se para 5200 km³. A despeito dessa elevação da
utilização da água, registra-se também o aumento do número de
pessoas sem fácil acesso à água potável, totalizando 1,1 bilhão em todo
o planeta a sofrer com esse problema.” (PENA, 2021).
Grá co com o consumo mundial de água.

ACESSE

Poluição Atmosférica
A poluição do ar pode ser considerada como aquela provocada por emissões gasosas, emitidas
por fontes xas ou móveis. Tais emissões são responsáveis por alterarem os níveis
satisfatórios da qualidade do ar para o conforto e bem-estar da saúde da população. Ou seja,
são aquelas provocadas pela emissão de índices elevados de gases, como:

dióxido de carbono (CO2);

metano (CH4);

óxido nitroso (N2O);

cloro uorcarbonetos (CFC).

Tais emissões gasosas acabam prejudicando o meio ambiente, causando a elevação de


efeito de estufa e chuva ácida.

As fontes xas são aquelas que se situam em um local especí co que libera ou emite matéria
(gás) para a atmosfera, podendo ser essa emissão do tipo pontual ou fugitiva enquanto as
fontes móveis. Já as fontes móveis são aquelas que estão em movimento, como veículos e
correias transportadoras, dispersando poluentes por onde passam.

Exemplos:

Fontes xas: as chaminés, geradores de energia, foros de produção de carvão, pilhas de


rejeito, vazamentos de conexões que podem surgir de forma descontrolada;

Fontes móveis: são aquelas que estão em movimento, como veículos e correias


transportadoras, dispersando poluentes por onde passam.
Entre as atividades econômicas que se destacam nesse tipo de poluição, podemos considerar
as indústrias que utilizam fornos no processo produtivos como: siderúrgica, usinas de carvão
e os veículos de transporte, incluindo o aéreo e o marítimo.

Figura 13
Fonte: Getty Images

Poluição atmosférica – Sonora


Esse tipo de poluição também pode ser considerado como uma emissão atmosférica, já que
emite ondas de vibração sonora que se propaga pelo ar. Essa poluição é causada pelo ruído
emitido pelas atividades industriais, comerciais e até domésticas. Na maioria das vezes, a
emissão do ruído provoca o incômodo aos habitantes urbanizados e residenciais que se
localizam, muitas vezes, em áreas próximas às atividades de indústria, aeroportos, portos e
vias de comunicação (como ferrovias, rodovias e estradas). 
Assim como as demais emissões, as fontes de poluição sonora também podem ser xas ou
móveis. 

As xas ou estacionárias seriam aquelas provocadas por atividades culturais como casas de
shows, eventos públicos ou as industriais, incluindo as fábricas e atividades da construção civil
(obras). Já as móveis seriam aquelas provocadas pela circulação de transportes como
automóveis ou veículos motorizados, trens, aviões. 

As consequências dessa poluição ambiental estão relacionadas com a perturbação do


equilíbrio e o incômodo às condições de bem-estar da população afetada.

Nas próximas unidades, estudaremos as formas de monitoramento, prevenção e controle de


cada uma dessas fontes de poluição.
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Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados


nesta Unidade:

Leitura

Atividades Econômicas do Brasil


Consulte as atividades e setores da economia, responsáveis pelo consumo dos recursos
naturais e consequentemente, pelas questões relacionadas à poluição do meio ambiente:

Atividades econômicas do Brasil


A ampla extensão territorial do Brasil permite inúmeras possibilidades no que
diz respeito às atividades econômicas. O Brasil desenvolve em seu território
atividades dos setores primário, secundário e terciário. Esse último é o
destaque do país, sendo responsável por mais da metade do seu Produto
Interno Bruto (PIB) e pela geração de 75% de seus empregos.
LEIA MAIS SÓ GEOGRAFIA 

Troposfera
Conceitos sobre as características da formação dascamadas que
compõe a nossa atmosfera terrestre

Troposfera: o que é, características e tropopausa


A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera terrestre, sendo a região em
que vivemos e onde ocorrem os fenômenos meteorológicos. A sua altura varia
conforme o ponto de distância da superfície. Nos polos, por exemplo, chega a 7
km de altitude e a 16 km na região do Equador.
LEIA MAIS TODA MATÉRIA 
Poluição
Informações publicadas pelo órgão ambiental do estado de são Paulo sobre o controle e
monitoramento do ar, solo e água, bem como dos processos de licenciamento ambientais:

Qualidade do Solo
O solo atua freqüentemente como um " ltro", tendo a capacidade de
depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No
entanto, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade
do solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de poluentes atmosféricos,
aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e disposição de resíduos
sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos.
LEIA MAIS CETESB 

Carta Europeia da Água 

carta europeia
O Comit Paulista para a Dcada da Cultura de Paz - um programa da UNESCO
tem o objetivo de promover conceitos e aes de no-violncia, dilogo, tolerncia,
cooperao e outros que contribuem para a construo da Cultura de Paz. As
reunies e fruns so quinzenais, na Faculdade de Sade Pblica da USP.
LEIA MAIS COMITEPAZ 
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Referências

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2005. (e-book)

DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: O cina de


Textos, 2013. (e-book)

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD. Nosso futuro comum.
Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1991.

MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental Brasileiro. 13. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005.

Nosso futuro comum – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – 1991)

KLUCZKOVSKU, A. M. R. Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas – 2015

PENA, R. F. A. "Consumo de água no mundo"; Brasil Escola. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/geogra a/consumo-agua-no-mundo.htm>. 

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