Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Relações precoces
As relações precoces são uma relação recíproca que tem por base o conjunto de
comportamentos que nos primeiros tempos de vida possibilitam marcar a ligação afetiva
entre a criança e quem cuida dela.
A presença, a influência dos outros, as primeiras interações e as relações precoces são
essenciais para o processo de construção do eu. Trata-se de uma necessidade adaptativas
que nos acompanha ao longo de toda a vida.
Vinculação
Segundo Bowlby, a vinculação é a necessidade básica, independente de outras
necessidades, de ligação do bebé à mãe e desta ao bebe, que se manifesta por um
conjunto de comportamentos característicos da espécie. Atualmente, inclui qualquer
comportamento que possibilite à pessoa, aproximar-se ou manter a proximidade das
suas figuras preferenciais ou privilegiadas. Esta é essencial ao desenvolvimento pessoal
e social do indivíduo.
Em relação às relações precoces, a vinculação é o laço afetivo recíproco que a criança
e uma pessoa específica, ou seja, a figura de vinculação, estabelecem, onde a criança
procura sustento, apoio e proteção. Une ambos num determinado espaço e num espaço
de tempo, sendo que se exprime a partir das reações que procuram manter a
proximidade com a figura de vinculação, ou seja, os comportamentos de vinculação.
Algumas características que distinguem relações precoces de vinculação de outras
interações sociais são a procura de proximidade, a noção base de segurança, o
comportamento de refúgio e angústia e o protesto face à separação involuntária.
O experimento de Harlow
Harlow decidiu provar a teoria da vinculação, de Bowlby, onde observou e registou o
desenvolvimento social de macacos Rhesus criados em situação laboratorial. A
manipulação experimental mais usada pela sua equipa foi o isolamento total ou parcial
durante os primeiros tempos de vida. Foram feitas várias investigações, mas os estudos
com “mães substitutas” de arame e de algodão foram as que ficaram mais conhecidas.
As suas experiências permitiram demonstrar a necessidade inato do conforto de
contacto.
As crias, cujos primeiros tempos de vida decorreram em situação de isolamento
revelaram comportamentos socio afetivos perturbados quando foram colocadas em
contacto com indivíduos da mesma espécie.
Harlow designou de síndrome de isolamento ao conjunto de perturbações provocadas
pela privação social. Estas consequências são progressivamente gravosas, ou seja,
quanto mais tempo for privado piores consequências terá para a vida.
Os sinais e os sintomas da síndrome de isolamento são os seguintes:
Privação específica Consequências no desenvolvimento
associadas à síndrome de isolamento
Isolamento total durante os 3 primeiros Medo e fuga ao serem postos com outros
meses de vida indivíduos criados normalmente.
Ação de isolamento, incapazes de
interagir, abraçam-se e embalam-se a si
Isolamento total durante os 6 primeiros mesmos, reações de terror, mostram-se
meses de vida incapazes de aprender e de se adaptarem
a uma nova situação; mais tarde, ficam
violentos.
Isolamento total durante os 12 primeiros Isolamento num período de a cerca de 5
meses de vida anos na vida de uma criança provoca
apatia e indiferença completa.
A resiliência
A resiliência é a capacidade de autorrestabelecimento e de resistência às doenças
mentais, face a situações adversas ou indutoras de grande ansiedade. Ser resiliente
obrigada a resistir, a desistir, a reconstruir e a reconstruir-se sob circunstâncias
desfavoráveis. É uma forma de adaptação positiva, como autoconstrução, que põe em
prática mecanismos adaptativos e evolutivos. A resiliência tem dois conceitos
fundamentais, enquanto capacidade de adaptação positiva a situações humanas:
fatores de risco, onde se incluem os fatores centrados na criança (patologia);
ligados à configuração familiar (violência doméstica);
fatores de proteção, que são os recursos pessoas, familiares ou extrafamiliares
que atenuam o impacto do risco e permitem fazer face à situação (saber e poder
procurar ajuda).
Algo que pode ajudar a superar é ter um tutor de resiliência, isto é, uma pessoa com
quem se cria um vínculo e tem um certo papel protetor.
A psicologia social
A psicologia social estuda a relação do indivíduo com a sociedade. Observa
comportamentos nos momentos em que estamos rodeados de outras pessoas. Uma das
suas ideias é que o nosso comportamento é diferente de quando estamos sozinhos e
quando estamos em comunidade.
Para entender a realidade social, as pessoas e os contextos sociais, as relações e o
funcionamento interpessoais são sistematicamente interpretados e simplificados através
das nossas crenças, valores e saberes prévios. A isto chama-se cognição social.
As impressões e as atitudes
impressão: é quando organizamos diversos traços particulares de um indivíduo
num todo coerente que o caracteriza, ou seja, quando criamos uma grelha de
leitura simplificada que nos permite criar uma imagem ou ideia sobre
determinada pessoa. Alguns sinais físicos, verbais, não verbais e
comportamentais, que interpretamos com os saberes e valores adquiridos, são
essenciais para a perceção em relação ao outro e para a formação de
impressões. O que a pessoa diz, a forma como se manifesta, as suas expressões
faciais, postura corporal, a maneira como se apresenta e a sua conduta
fornecem-nos informações que interpretamos e organizamos com o auxílio das
representações sociais. As impressões dependem de categorias, isto é, classes
de pessoas, objetos ou acontecimentos, que guiados pela cultura, criamos para
organizar e simplificar a realidade social. Alguns estudos mostram que algumas
qualidades (qualidades centrais) são mais decisivas para a impressão final do
que outras (qualidades periféricas). Também provaram que temos tendência
para colocar maior importância à informação inicial que retemos sobre uma
pessoa, isto é, o efeito de primazia.
Dissonância cognitiva
Segundo Festinger, a dissonância cognitiva é quando nos comportamos de forma
incoerente ou inconsciente com as nossas crenças e atitudes, ou quando existe
contradição entre duas ou mais atitudes, provocando um estado negativo, de
desconforto. Para este, a existência simultânea de elementos não concordantes faz com
que o sujeito tenha um esforço de análise para tentar torná-los mais concordantes,
eliminando ou reduzindo a dissonância.
Algumas soluções para eliminar ou reduzir a dissonância são a mudança de opinião
(alteração da cognição), evitar as situações em que pode haver maior dissonância
(preservação do eu) e a seleção das informações que são mais convenientes para
estabelecer a concordância dos elementos (reorganização).
A normalização e o conformismo
o normalização: processo do qual os vários pontos de vista adotados pelos
diferentes indivíduos de um grupo convergem em negociação, não sendo
enfatizada nenhuma norma individual.
As pessoas sentem-
se obrigadas a
conformar-se, para
se ajustarem.
A obediência
A obediência é a tendência para alterar o comportamento no sentido de responder pela
submissão a uma ordem que provém de um poder legítimo.
O experimento de Milgram sobre a obediência
Milgram estudou até onde é que as pessoas normais, que se limitam a obedecer, são
capazes de ir. A obediência era medida a partir das ações manifestas e implicava
comportamentos fonte de sofrimento para outros. Neste experimento participaram 40
sujeitos com idades compreendidas entre os 20 e os 50 anos, onde estes faziam o papel
de professor que aplicava choques aos alunos, sempre que ele errava a resposta.
As variações no procedimento de Milgram são as seguintes:
Proximidade da vítima Quanto mais perto se encontrarem perto
de uma vítima em sofrimento, menos os
sujeitos obedecem.
Proximidade da autoridade Quanto mais afastada se encontrar a
autoridade que dá a ordem, menos os
sujeitos obedecem.
Contexto institucional A realização da experiência em contextos
distintos revelou ligeiras oscilações na
obediência.
Pressão para o conformismo Se os seus pares forem obedientes, o
sujeito tenderá a tornar-se mais
obediente. Se os seus pares forem
rebeldes, o sujeito tenderá a tornar-se
menos obediente.
Papel da pessoa que dá ordens As pessoas tens a obedecer mais a
autoridades que são percebidas como
legítimas.
Traços da personalidade Não se observou correlação significativa
entre traços de personalidade e
obediência.
Diferença cultural A tendência para a obediência parece ser
transcultural, apesar de existirem
pequenas variações de cultura para
cultura.
Atitudes e ideologias As pessoas religiosas revelaram ser mais
obedientes do que as não religiosas.
Através do seu estudo, Milgram demonstrou a tendência para não resistir às exigências
da autoridade, mesmo tendo conhecimento que estas são incorretas ou eticamente
condenáveis. Os sujeitos totalmente obedientes só pararam de administrar os choques
quando o experimentador ordenou.
Efeito Lúcifer
O Efeito Lúcifer é um processo de transformação, onde uma pessoa aparentemente
normal, boa e integra é capaz de cometer atos atrozes. São casos em que predomina uma
influência poderosa de um fator situacional capaz de nos desumanizar.
Juntamente com a psicologia social, tenta demonstrar que existem diversas formas de
compreender o comportamento violento e criminoso como algo complexo e dividido
entre vários aspetos quando envolvem seres humanos a viver em sociedade.
Este efeito foi descrito e visível no experimento de Zimbardo na prisão de Stanford,
em relação aos comportamentos dos guardas.
A desinviduação
A desinviduação é a forma como as situações sociais deformam as identidades pessoais
e como os grupos influenciam o comportamento individual. Este fenómeno ocorre
quando as pessoas, inseridas em grupos, perdem a sua individualidade, deixando de
estar autoconscientes e de seguir padrões pessoais de regulação da conduta. Pessoas
desinviduadas alteram bastante o seu comportamento e fazem coisas em grupo que
nunca fariam sozinhas.