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Apresentação minha parte

As perturbações emocionais e comportamentais na infância e adolescência são bastante


frequentes e muito relevantes, porque ela interfere no funcionamento psicossocial, nessa
fase crítica várias situações podem ocorrer que irão influenciar diretamente no
desenvolvimento e na manutenção da estrutura psicológica.

Bowlby foi dos primeiros psicólogos a estudar a vinculação entre o bebê e a mãe

Ambos descrevem a vinculação como um uma relação afetiva fortalecida através do tempo
e do espaço, levando em conta as interações entre criança-cuidador, que vão orientar à
imagem (representação mental) que o indivíduo cria acerca de si e do outro.

as crianças são motivadas desde o berço para se relacionarem com os outros e para criarem
um laço com uma figura de vinculação.

Ela cria Representações dessa relação que é internalizada pela criança fazendo com que
esse modelo psíquico persista durante o tempo, influenciando as suas futuras relações
interpessoais.

Existe uma forte ligação emocional a pelo menos um cuidador primário, que é crítica para o
desenvolvimento social e emocional saudável da criança. Problemas no estabelecimento
desta ligação nos primeiros anos de vida resultam em padrões de comportamentos
anormais e em dificuldades na regulação emocional da criança.

Se a criança tiver alguém que cuide dela por um longe periodo de tempo ela tende a
desenvolver uma vinculação com aquele adulto em particular, independente da qualidade
ou da forma desses cuidados (negligente, crítico, restritivo)

Nesse sentido, o desenvolvimento da vinculação é pré-programado na medida em que,


existindo um cuidador disponível por um longo período de tempo, a criança tenderá a
desenvolver uma vinculação com aquele adulto em particular, independentemente da
qualidade dos cuidados (Trevarthen, 2003). Deste modo, a vinculação e os laços afetivos são
processos que resultam da evolução, os quais foram, e são, em muitas situações,
adaptativos.

A estabilidade do laço afetivo criado com a figura de vinculação não pode ser substituída por
outra. Mas, apesar de estes laços terem um forte impacto e significado para cada indivíduo,
ao longo do desenvolvimento, vários laços podem ser formados, quebrados e
reorganizados. Além disso, a criança forma uma vinculação primária com quem cuida dela
que é insubstituível, independente dos cuidados que essa pessoa oferece.

As trajetórias do desenvolvimento das perturbações emocionais e comportamentais


dependem de um conjunto de fatores a nível individual, familiar e ambiental que
apresentam efeitos diretos na vida da criança, deste modo,

Mary Ainsworth (1913-1999) colaborou com John Bowlby e dedicou-se ao estudo da


relação materno-filial.

Em 1969 desenvolveu uma técnica conhecida como "situação estranha" para


estudar como os bebés equilibram a sua necessidade de apego e autonomia em
diferentes níveis de stress.

Descrição da Experiência:

A investigadora colocava uma mãe e o filho com cerca de um ano de idade numa
sala com brinquedos para que o bebé pudesse brincar e observava as interações de
ambos antes e depois da introdução de uma pessoa desconhecida na sala.

A situação estranha incluia momentos em que a mãe saia da sala e deixava o bebé
com o desconhecido, para logo regressar.

Para Ainswoth, a informação mais relevante sobre o vínculo mãe-filho não era
proveniente da reação do bebé quando a mãe saía, mas de como reagia ao seu
regresso, e sugeriu que as reações do bebé depois de voltar a reunir-se com a mãe
indicam três modelos ou tipos de apego.

Tipos de apego

1. Vinculação segura: cerca de 70% dos bebés apresentaram este tipo de


vinculo, eles utilizavam a mãe como base segura para explorar o ambiente.
Mostravam mal-estar se a mãe saisse da sala, mas brincavam
tranquilamente, inclusive na presença de um desconhecido, sempre que a
mãe não estivesse lá.
2. Vinculação ansioso-evitante: cerca de 15% dos bebés apresentaram este tipo
de apego. Estes bebés pareciam indiferentes à mãe e só reagiam quando
esta deixava a sala. Consolavam-se tanto com o desconhecido como com a
mãe.
3. Vinculação ansioso-ambivalente: os restantes 15% dos bebés apresentavam
este tipo de apego. Mostravam receio perante o desconhecido, inclusive na
presença da mãe. Quando esta saía da sala davam provas de intenso mal-
estar, mas continuavam aborrecidos e resistiam ao contacto com ela quando
regressava.
Ainsworth afirmou que o tipo de apego é em grande medida determinado pela
sensibilidade da mãe. Uma mãe sensível entende as necessidades do filho e
responde adequadamente, criando assim uma vinculação segura.
Em situações de *perigo* uma criança com vinculação segura procuram os pais enquanto as
crianças com uma vinculação evitante desviam a atenção dos estímulos potencialmente
ameaçadores como forma de defesa, focam a sua atenção em outros estímulos distraindo e
suprimindo suas emoções,

E as crianças com um comportamento de vinculação ambivalente exageram no comportamento com


o objetivo de garantir a atenção da figura de vínculo, fazendo escândalos e birras por exemplo.

Isso nos mostra que as crianças com um padrão de vinculação inseguro têm que desenvolver mais
esforços para lidar com o medo.

a vinculação é uma relação afetiva que influencia a imagem que a criança tem de si mesma e dos
outros.

ela influencia o desenvolvimento emocional e comportamental das crianças e como os diferentes


padrões de vinculação podem afetar a forma como as crianças lidam com situações de estresse e
perigo.)

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE VINCULAÇÃO

O desenvolvimento do sistema de vinculação entre crianças, jovens e adultos é um processo


complexo que ocorre ao longo da vida e desempenha um papel crucial no bem-estar emocional e no
desenvolvimento saudável. Desta forma podemos abordar os diferentes estágios desse processo:

Na Infância - A formação do vínculo entre bebês e seus pais começa desde o nascimento. O contato
físico, o cuidado, a alimentação, a atenção e o afeto são componentes essenciais para estabelecer
um vínculo seguro. Além disso, também podem desenvolver vínculos com outros cuidadores, como
avós, irmãos mais velhos ou babás, se estes estiverem envolvidos em sua vida cotidiana. E à medida
que as crianças crescem, começam a desenvolver vínculos com seus pares. Essas amizades
desempenham um papel importante em seu desenvolvimento social e emocional.

Na Juventude - Os jovens continuam a desenvolver e fortalecer vínculos com amigos, colegas de


escola e pessoas de interesses compartilhados. Estas amizades desempenham um papel
fundamental no apoio emocional e na formação de identidade. Os vínculos com a família ainda são
importantes, embora os jovens comecem a buscar mais autonomia e independência. Relações
saudáveis com os pais e outros membros da família podem desempenhar um papel de apoio na
transição para a idade adulta. À medida que os jovens entram na adolescência e na idade adulta,
podem começar a desenvolver relacionamentos românticos, que também envolvem a formação de
vínculos emocionais significativos.

Na vida Adulta - Os adultos geralmente estabelecem vínculos profundos com seus parceiros
românticos ou cônjuges. Estes relacionamentos podem envolver amor, intimidade e apoio
emocional. Se tornar pai ou mãe envolve o desenvolvimento de vínculos significativos com os filhos,
que são importantes para o desenvolvimento das crianças. Os adultos continuam a cultivar e
fortalecer vínculos com amigos, familiares e colegas de trabalho. Essas redes sociais desempenham
um papel fundamental na promoção do bem-estar emocional.

Por isso se entende que o desenvolvimento de vínculos ao longo da vida envolve comunicação,
confiança, apoio mútuo e a capacidade de compartilhar experiências emocionais. Esses vínculos
podem ser duradouros e resilientes quando baseados em respeito, empatia e cuidado mútuo. Além
disso, o desenvolvimento saudável de vínculos ao longo da vida é influenciado por fatores como a
qualidade das interações, a segurança emocional e a capacidade de enfrentar desafios e conflitos de
forma construtiva.

No que diz respeito à estabilidade da vinculação da pessoa ao longo do tempo existem duas
perspectivas extremas. A primeira afirma que é improvável que a experiência nos primeiros anos de
vida exerça uma influência tão duradoura, porque ela será apagada pelas experiências mais recentes
na idade adulta. Alguma aparente continuidade na vinculação ao longo da vida é ilusória e ocorre
apenas em situações em que o ambiente se manteve inalterado. Por outro lado, a segunda
perspectiva baseia-se na hipótese do Período Crítico. De acordo com esta hipótese, o tipo de
vinculação é estabelecido nos primeiros anos de vida e tem um caráter fixo, determinando, de uma
forma linear, o comportamento futuro do indivíduo.

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