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Uma relação de vinculação pode ser definida como o forte laço afectivo, estabelecido
por volta dos 7/8 meses, que liga a criança a uma ou mais figuras estáveis e tidas como
únicas, ao longo da sua vida. Estas relações são construídas no contexto das interacções
entre a criança e a figura de vinculação e funcionam como um sistema de controlo
comportamental que regula os comportamentos de proximidade e de exploração do
meio, isto é, a segurança na vinculação reflecte-se pela forma como as crianças
organizam os seus comportamentos de modo a manter um equilíbrio entre a sua
necessidades de protecção e conforto e a sua necessidade de explorar o ambiente ao seu
redor.
A figura de vinculação funciona então como base segura – a criança afasta-se e regressa
para junto dela, periodicamente, para brincar ou estabelecer um breve contacto,
afastando-se novamente para explorar objectos ou interagir com outras pessoas.
Mães de crianças com relações de vinculação seguras apresentam níveis mais elevados
de sensibilidade, aceitação, cooperação e disponibilidade emocional (Ainsworth, 1967).
Por sua vez, as crianças com histórias de cuidados responsivos e vinculação segura
revelam valores mais elevados de competência social (Veríssimo, Fernandes, Santos,
Peceguina, Vaughn, & Bost, 2012), mais comportamentos de partilha afectiva e mais
competências de resolução de problemas, parecem ser também mais autónomas,
perseverantes, cognitivamente flexíveis (Ainsworth et al., 1978), empáticas e flexíveis
na gestão dos seus impulsos e emoções e apresentar maiores níveis de auto-estima e
autoconfiança (Bowlby, 1988; Sroufe, 1983).
É a partir das rotinas relacionais diárias com uma figura que se torna progressivamente
significativa que o bebé vai construindo expectativas sobre como será tratado e sobre as
reacções que suscitará. Por volta do quinto ou sexto mês, o bebé terá construído uma
representação/expectativa da figura de vinculação que no final do primeiro ano de vida se
admite ter uma relativa estabilidade (inerente à estabilidade da relação) (Bowlby, 1982;
Miljkovitch, 2002). Além da relação primária o bebé desenvolve outras relações significativas e
constrói outros vínculos, de igual ou diferente qualidade (Belsky, 1996; Bowlby, 1988; Howes e
Oldham, 2001). As experiências relacionais estão na base da construção dos modelos internos,
ou seja, de representações (préconscientes) acerca de si e das relações. A forma como se
interpenetrarão as sucessivas influências vinculativas suscita ainda diversas interpretações.
Uma criança segura vai construir um modelo de um cuidador responsivo, confiável e de si como
merecedor de atenção e amor. Por outro lado, uma criança insegura vê o mundo como um lugar perigoso,
onde as pessoas devem ser encaradas com cuidado e vê-se a si própria como não merecedora de atenção e
amor. A qualidade da vinculação tem sido consistentemente relacionada com vários aspectos de
funcionamento da criança, incluindo a sua sociabilidade, auto-estima e competências cognitivas.
Quando uma criança manifesta um padrão de vinculação insegura-evitante, normalmente tem cuidadores
negligentes, que não lhe deram o apoio e a atenção que necessitava, desenvolvendo um afastamento
emocional e físico. Uma criança com um padrão de vinculação seguro, sente que os seus
cuidadores/progenitores estão disponíveis nos cuidados básicos para o seu desenvolvimento, ou seja, é
transmitida uma base contentora ligada às primeiras relações objetais.
Importa perceber que a relação que estabelecemos com os nossos pais ou cuidadores, é muito definidora
das relações que iremos estabelecer na idade adulta, uma vez que é desde criança que aprendemos a
observar o mundo, criando padrões de comportamento e de expetativas em relação aos outros. Deste
modo, quando chegamos à idade adulta, as relações de vinculação refletem-se nos relacionamentos que
estabelecemos com o outro,
Podemos afirmar, que nas teorias de vinculação as crianças de famílias desestruturadas, desenvolvem
comportamentos de vinculação não adaptativos, os modelos internos tendem a ser desorganizados.
Quando o sistema de comportamento de vinculação é ativado, essas crianças vão estar em conflito, a
figura de vinculação, que deveria ser segura e protetora, surge como perigosa, indisponível e
desprotegida.
Influencia dos modelos internos construídos a partir da interação com outros significativos.
Modelos internos do próprio e dos outros – Estes modelos desenvolvidos através da interação com as
figuras de vinculação vão servir como grelhas de leitura e construção da realidade, sendo usados para
prever a disponibilidade e a responsividade do outro, e orientar a pessoa para as relações de
proximidade.
Ética vs Moral
A palavra Ética provém da Grécia, dos termos éthos e êthos, que se subdividem em