Você está na página 1de 4

RELAÇÕES DE VINCULAÇÃO

A teoria da vinculação tem sido largamente utilizada na investigação sobre


parentalidade, nomeadamente a propósito do seu potencial impacto no desenvolvimento
infantil. Diversos estudos têm focado a influência das relações de vinculação nos
resultados desenvolvimentais das crianças (Sroufe, 2000).

Uma relação de vinculação pode ser definida como o forte laço afectivo, estabelecido
por volta dos 7/8 meses, que liga a criança a uma ou mais figuras estáveis e tidas como
únicas, ao longo da sua vida. Estas relações são construídas no contexto das interacções
entre a criança e a figura de vinculação e funcionam como um sistema de controlo
comportamental que regula os comportamentos de proximidade e de exploração do
meio, isto é, a segurança na vinculação reflecte-se pela forma como as crianças
organizam os seus comportamentos de modo a manter um equilíbrio entre a sua
necessidades de protecção e conforto e a sua necessidade de explorar o ambiente ao seu
redor.

A figura de vinculação funciona então como base segura – a criança afasta-se e regressa
para junto dela, periodicamente, para brincar ou estabelecer um breve contacto,
afastando-se novamente para explorar objectos ou interagir com outras pessoas.

Quando o sistema de vinculação é activado devido às necessidades sentidas pela


criança, vai despertar o sistema de prestação de cuidados do cuidador, que irá ao
encontro das necessidades da criança.

Diferenças individuais na organização dos comportamentos de base segura estão


fortemente relacionadas com as respostas comportamentais da figura de vinculação ao
nível da sua sensibilidade aos sinais da criança, da aceitação do papel de cuidador e das
necessidades da criança, da cooperação com os comportamentos da criança e da
disponibilidade nas interacções diárias com a criança (Ainsworth et al., 1978). É a
percepção que a criança tem do suporte disponível que aparece mais directamente
associada à segurança na figura de vinculação, ao permitir a exploração activa do
mundo à sua volta (Booth, Rubin, & Rose-Krasnor, 1998; Rubin, Hymel, Mills, &
Rose-Krasnor, 1991; Sroufe, 2000).

Mães de crianças com relações de vinculação seguras são frequentemente mais


responsivas e sensíveis (Ainsworth, 1982; Ainsworth et al., 1978). 396 De facto, a
segurança das relações de vinculação está frequentemente associada a uma
parentalidade responsiva e sensível (Ainsworth & Bell, 1969; Ainsworth et al., 1978;
Bell & Ainsworth, 1972). Ainsworth (Ainsworth & Bell, 1969; Ainsworth, Bell, &
Stayton, 1974; Ainsworth et al., 1978) introduziu o conceito de sensibilidade (também
referido, por vezes, como responsividade como a capacidade que a figura cuidadora tem
de perceber e interpretar os sinais da criança, respondendo de forma pronta e adequada
de acordo com as suas necessidades desenvolvimentais. Tal como outros autores
(Bowlby, 1971; Pederson & Moran, 1995; van IJzendoorn et al., 2007), assinala a
sensibilidade da figura de vinculação como uma característica de grande importância no
desenvolvimento de relações de vinculação seguras. Bornstein (2002) refere-se à
responsividade como um componente fundamental na parentalidade, na medida em que,
ao responderem pronta e adequadamente e de modo confiável aos sinais dos seus filhos,
os pais transmitem-lhes a mensagem de que os mesmos podem confiar neles e na sua
disponibilidade. Já De Wolff e van IJzendoorn (1997) definiram responsividade
(contiguity of response) como conceito distinto do de sensibilidade, na medida em que o
definem apenas pela prontidão ou frequência de respostas da mãe aos sinais da criança,
independentemente se esses comportamentos são apropriados ou não, ou seja, sem uma
avaliação qualitativa do comportamento da mãe. No entanto, o termo responsividade é
também utilizado na literatura com referência à prontidão, contingência e adequação das
reacções dos pais.

Mães de crianças com relações de vinculação seguras apresentam níveis mais elevados
de sensibilidade, aceitação, cooperação e disponibilidade emocional (Ainsworth, 1967).
Por sua vez, as crianças com histórias de cuidados responsivos e vinculação segura
revelam valores mais elevados de competência social (Veríssimo, Fernandes, Santos,
Peceguina, Vaughn, & Bost, 2012), mais comportamentos de partilha afectiva e mais
competências de resolução de problemas, parecem ser também mais autónomas,
perseverantes, cognitivamente flexíveis (Ainsworth et al., 1978), empáticas e flexíveis
na gestão dos seus impulsos e emoções e apresentar maiores níveis de auto-estima e
autoconfiança (Bowlby, 1988; Sroufe, 1983).
É a partir das rotinas relacionais diárias com uma figura que se torna progressivamente
significativa que o bebé vai construindo expectativas sobre como será tratado e sobre as
reacções que suscitará. Por volta do quinto ou sexto mês, o bebé terá construído uma
representação/expectativa da figura de vinculação que no final do primeiro ano de vida se
admite ter uma relativa estabilidade (inerente à estabilidade da relação) (Bowlby, 1982;
Miljkovitch, 2002). Além da relação primária o bebé desenvolve outras relações significativas e
constrói outros vínculos, de igual ou diferente qualidade (Belsky, 1996; Bowlby, 1988; Howes e
Oldham, 2001). As experiências relacionais estão na base da construção dos modelos internos,
ou seja, de representações (préconscientes) acerca de si e das relações. A forma como se
interpenetrarão as sucessivas influências vinculativas suscita ainda diversas interpretações.

Uma criança segura vai construir um modelo de um cuidador responsivo, confiável e de si como
merecedor de atenção e amor. Por outro lado, uma criança insegura vê o mundo como um lugar perigoso,
onde as pessoas devem ser encaradas com cuidado e vê-se a si própria como não merecedora de atenção e
amor. A qualidade da vinculação tem sido consistentemente relacionada com vários aspectos de
funcionamento da criança, incluindo a sua sociabilidade, auto-estima e competências cognitivas.

Quando uma criança manifesta um padrão de vinculação insegura-evitante, normalmente tem cuidadores
negligentes, que não lhe deram o apoio e a atenção que necessitava, desenvolvendo um afastamento
emocional e físico. Uma criança com um padrão de vinculação seguro, sente que os seus
cuidadores/progenitores estão disponíveis nos cuidados básicos para o seu desenvolvimento, ou seja, é
transmitida uma base contentora ligada às primeiras relações objetais.

Importa perceber que a relação que estabelecemos com os nossos pais ou cuidadores, é muito definidora
das relações que iremos estabelecer na idade adulta, uma vez que é desde criança que aprendemos a
observar o mundo, criando padrões de comportamento e de expetativas em relação aos outros. Deste
modo, quando chegamos à idade adulta, as relações de vinculação refletem-se nos relacionamentos que
estabelecemos com o outro,

Podemos afirmar, que nas teorias de vinculação as crianças de famílias desestruturadas, desenvolvem
comportamentos de vinculação não adaptativos, os modelos internos tendem a ser desorganizados.
Quando o sistema de comportamento de vinculação é ativado, essas crianças vão estar em conflito, a
figura de vinculação, que deveria ser segura e protetora, surge como perigosa, indisponível e
desprotegida.

Influencia dos modelos internos construídos a partir da interação com outros significativos.

Modelos internos do próprio e dos outros – Estes modelos desenvolvidos através da interação com as
figuras de vinculação vão servir como grelhas de leitura e construção da realidade, sendo usados para
prever a disponibilidade e a responsividade do outro, e orientar a pessoa para as relações de
proximidade.

Ética vs Moral

A palavra Ética provém da Grécia, dos termos éthos e êthos, que se subdividem em

realidades diferentes mas ao mesmo tempo relacionadas e similares. Éthos traduz-

se no comportamento exterior, nos hábitos e costumes praticados, naquilo que é

demonstrado enquanto êthos respeita ao carácter, modo de ser e portanto possui

uma preocupação com o interior.

Ética parece assim significar numa primeira abordagem a demonstração exterior

do espírito, o comportamento daquilo que está interiorizado pelo Ser Humano, as

condutas adoptadas pelo Homem tendo em conta o seu raciocínio

Encontra-se efetivamente directamente relacionada com a Moral, que


parece indiciar regras que determinam uma conduta, a tal que é praticada
por um ente livre perante a sociedade onde está inserido tendo em conta
aquilo que pensa ser o mais justo, quer devido à sua própria consciência ou
àquilo que prevalece na área geopolítica onde habita.
Percebe-se que existe um enquadramento das duas no mesmo patamar,
dependendo uma da outra. Moral será pois o conjunto de regras sociais
que indicam a conduta a adoptar e que obrigatoriamente funciona de
modo harmónico e interligado com a finalidade de praticar o bem na
sociedade, de a tornar mais agradável para a qualidade de vida dos
indivíduos, procura o aperfeiçoamento constante do Homem. Será pois o
conjunto das convicções sociais sobre o comportamento humano, as
grandes linhas gerais relativas ao mesmo.

Você também pode gostar