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AFETIVIDADE NA INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM A FAMÍLIA

Aldneide Fabrício Tavares de Gusmão¹

RESUMO
Os sentimentos e emoções fazem parte da vida e interferem em todo indivíduo, no
conhecimento, na aprendizagem e, sobretudo, na convivência familiar. Nesse
contexto, desenvolve-se o interesse em abordar esse assunto por meio de uma
revisão bibliográfica, um assunto contemporâneo e de extrema importância, pois o
afeto, o carinho, a ternura e o amor sempre foram importantes para o
desenvolvimento de uma boa relação familiar e social.  A pesquisa nos possibilita a
pensar que quando a família interage plenamente com a criança contribui
efetivamente para uma melhor desenvoltura pessoal, despertar para novas
aprendizagens do cotidiano e aquisição dos conteúdos da escola. Para esse estudo,
além da realização de uma pesquisa bibliográfica, houve também a realização de
uma pesquisa de caráter qualitativa, investigativo exploratório com uso de
questionário. Neste estudo, objetiva-se mostrar a importância da afetividade na
família, possibilitando à criança dar significado às suas próprias descobertas. A
construção da linguagem oral permite à criança expressar suas ideias e sentimentos
em relação ao mundo e as pessoas com quem convive principalmente no âmbito
familiar. O presente estudo foi embasado em alguns teóricos, os principais foram:
Freire (1996), Wallon (1995) e Antunes (2006).

Palavras-chave: Família. Infância. Relações. Afetividade. Descobertas.

ABSTRACT

Feelings and emotions are part of life and interfere in every individual, in knowledge,
in learning and, above all, in family life. In this context, the interest in approaching
this subject is developed through a bibliographical review, a subject so ancient and at
the same time so contemporary, for affection, affection, tenderness and love have
always been important for the development of a good family and social relationship.
Research shows that when the family interacts fully with the child, it contributes
effectively to a better personal development, awakening to new everyday learning
and acquisition of school contents. For this study, in addition to conducting a
bibliographical research, there was also a qualitative research, exploratory research
using questionnaire. In this study, the family aims to facilitate the understanding of
the world, allowing the child to give meaning to their own discoveries. The
construction of oral language allows children to express their ideas and feelings
towards the world and the people with whom they coexist mainly in the family. The
present study was based on some theorists, the main ones were: Freire (1996),
Wallon (1995) and Antunes (2006).

Keywords: Family. Relations. Affectivity. Discoveries.

1 INTRODUÇÃO

Os primeiros contatos de uma mãe ao receber o filho expressa-se com gestos


afetivos, amorosos e com a intenção de acolhê-lo, ele reage através do aconchego e
sentir-se seguro. Nessa situação, a criança sente-se protegida e amplia seu estimulo
a desenvolver-se cada vez mais.
Desse modo, toda pessoa é afetada tanto por elementos externos como o
olhar do outro, com algo que chame a atenção, uma informação que recebe do
meio, quanto por sensações internas medo, alegria, fome e responde a eles.
É bem verdade que todo ser humano é afetado positiva e negativamente e
reage a esses estímulos. O estudo da criança exige também o estudo do meio ou
dos meios em que ela se desenvolve, um dos meios mais comuns que ocorre seu
desenvolvimento, é no ambiente familiar.
A afetividade deve estar constantemente presente na vida da criança,
independente de sua origem, gênero ou classe social. O afeto surge como um
instrumento para a integração do aluno com a sensibilidade, despertando a
motivação e o desejo de aprender. Uma criança com um aparelho fonador em
perfeitas condições, por exemplo, só vai desenvolver a fala se estiver em um
ambiente que desperte isso, com falantes que possam ser imitados e outros
mecanismos de aprendizagem.
Ao perceber a importância de uma relação positiva, podemos entender que a
criança que é tratada com carinho, pode se tornar capaz de encarar os obstáculos
que a vida lhe impõe e tornar-se uma pessoa mais centrada, principalmente no
âmbito familiar. Um relacionamento pautado no respeito e carinho favorece uma boa
relação na família.
A aprendizagem é um processo que envolve vínculos entre quem ensina e
quem aprende. A relação de afetividade deve ser construída em conjunto entre
professor e aluno, contribuindo no processo ensino/aprendizagem com maior
significado. Segundo Fernandez (2001, p.22) “O ser humano nasce inteligente, mas
a inteligência se constrói na relação com os outros, se dá à medida que os adultos
consideram a criança, acreditam que ela aprenderá”.
A família deve despertar a curiosidade das crianças, pois não é uma ação que
surge do nada, é uma tarefa diária, e eles devem encarar como obrigação. Porém, a
família tem que ter consciência que o seu papel é de facilitar o desenvolvimento
buscando compreendê-las e tentar levá-las à autorealização através de cada
descoberta feita.
Atualmente, ainda encontramos a falta da valorização dessa prática no meio
familiar, deixando de lado os valores tradicionais aprendidos, trazendo a criança
para o mundo moderno tecnológico onde a única forma de contato são as
ferramentas digitais como televisão, celulares e computadores, ficando de lado cada
vez mais a questão do afeto entre os membros da família.
A análise dos relacionamentos na família envolve interesses e intenções, pois
a educação doméstica é uma das fontes mais importantes desenvolvimento no
comportamento e formação do indivíduo, embora as relações humanas são
complexas, ainda assim são peças fundamentais para construção de valores e
respeito.
A afetividade acompanha o ser humano desde o nascimento até a morte, e
está ligada em nós como uma fonte geradora de potência e energia. A vida do ser
humano é extremamente afetiva, pois este está diretamente ligado à construção do
conhecimento racional.
Desse modo, objetiva-se mostrar a importância da afetividade no meio familiar
para uma melhor formação pessoal dos seres humanos.

2 DESENVOLVIMENTO
CONCEITUANDO AFETIVIDADE

No âmbito da psicologia, afetividade é a capacidade individual de


experimentar o conjunto de fenômenos afetivos (tendências, emoções, paixões,
sentimentos). A afetividade consiste na força exercida por esses fenômenos no
caráter de um indivíduo. A afetividade tem um papel crucial no processo de
aprendizagem do ser humano, porque está presente em todas as áreas da vida,
influenciando profundamente o crescimento cognitivo.
Um dos grandes pensadores que abordou o conceito de afetividade foi o
psicólogo francês Henri Wallon. Segundo Wallon (2005, p. 89), a inteligência não é o
elemento mais importante do desenvolvimento humano, mas esse desenvolvimento
dependia de três vertentes: a motora, a afetiva e a cognitiva. Assim, a dimensão
biológica e social é indissociável, porque se complementam mutuamente. A
evolução de um indivíduo não depende somente da capacidade intelectual garantida
pelo caráter biológico, mas também do meio ambiente que também vai condicionar a
evolução, permitindo ou impedindo que determinadas potencialidades sejam
desenvolvidas. A afetividade surge nesse meio e tem uma grande importância na
educação.Afetividade é um termo que deriva da palavra  afetivo e afeto. Designa a
qualidade que abrange todos os fenômenos afetivos.
As relações e laços criados pela afetividade não são baseados somente em
sentimentos, mas também em atitudes. Isso significa que em um relacionamento,
existem várias atitudes que precisam ser cultivadas, para que o relacionamento
prospere.
A afetividade potencia o ser humano a revelar os seus sentimentos em
relação a outros seres e objetos. Graças à afetividade, as pessoas conseguem criar
laços de amizade entre elas e até mesmo com animais irracionais, isto porque os
animais também são capazes de demonstrar afetividade uns com os outros e com
os seres humanos.

DEFINIÇÕES DA AFETIVIDADE

Observa-se que a área afetiva é a base de todo nosso conhecimento,


porque tudo que a gente viveu, em todos os outros departamentos, em todas as
outras áreas, da nossa auto estima,  na área social, na área corporal e na área
cognitiva.
Todas essas vivências vão trazer uma referência afetiva positiva ou negativa,
o indivíduo sempre vai ter sensações agradáveis e desagradáveis em relação ao
seu corpo, em relação ao que fala ou ao que não fala, dependendo do meio em que
ele vai estar inserido. A relação que o indivíduo tem com a mãe é a mais importante.
Por meio da possibilidade de sermos cuidados em nossas necessidades
físicas e psíquicas, do nosso nascimento até o início da nossa vida adulta, nas mais
variadas fases e diferentes necessidades e possibilidades, que estamos
apresentando nesse processo vão depender do olhar que a mãe tem sobre esse
processo, no qual o indivíduo desenvolve uma afetividade saudável ou não, quando
ele tem um olhar mais positivo dessa mãe consegue internalizar um bom olhar sobre
a si mesmo.
Se a criança tem no meio externo alguém que pode reconhecer e suprir suas
necessidades, no primeiro momento ela tem como sensação a de ser importante,
além de reconhecida ela está sendo suprida, por isso quando uma mãe acolhe um
choro de fome e dá comida ao bebê ou quando ela tenta interpretar o choro sentido
da criança tentando  traduzir porque o bebê está chorando ela traz ao bebê um
valor. Para Pulaski (2001):
Ao longo da história, vários pensadores e filósofos postularam a
separação entre aspectos racionais e aspectos afetivos, mas foi Jean
Piaget (1896-1980) quem iniciou um questionamento sobre o tema
repercutido nas concepções nascentes de sua época, defendendo a
idéia de que não existem estados afetivos sem serem permeados por
elementos cognitivos, da mesma forma que não existem
comportamentos cognitivos sem carga afetiva. (PULASKI, 2001, p.
20)

O que nos apresenta pra pensar é que a afetividade é contemporânea da


inteligência, onde tem a inteligência, tem afetividade, costuma se dizer que são
faces da mesma moeda. De acordo com Antunes (2006):
Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma
de emoções que provocam sentimentos. A afetividade se encontra
“escrita” na história genética da pessoa humana e deve-se a evolução
biológica da espécie. Como ser humano nasce extremamente imaturo,
sua sobrevivência requer a necessidade do outro, e essa necessidade
se traduz em amor. (ANTUNES, 2006, p. 5)

Um bebê entre 0 e 2 anos, com inteligência chamada de sensório motora para


interagir vai  sentir os cheiros, colocar na objetos na boca, o que poderia   se
harmonizar com essa configuração intelectual , ele vai ser um mar de sentimentos
instintivos. As palavras não são tão importantes. As necessidades fisiológicas de
conforto e desconforto da criança vão se expressar claramente em sentimentos de
êxito e fracasso que são aspectos perceptivos.
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA FAMÍLIA

Para um bom desenvolvimento da criança, o carinho e estímulos de novas


descobertas dentro da família são de suma importância, isso desde o nascimento
até o final de sua infância, já que é nesse período que se desenvolve a
personalidade do indivíduo.
Sobre esses períodos, Piaget foi um dos grandes estudiosos da Psicologia do
Desenvolvimento; dedicou-se exclusivamente ao estudo do desenvolvimento
cognitivo, quer dizer, à gênese da inteligência e da lógica. Ele concluiu pela
existência de quatro estágios ou fases do desenvolvimento das três inteligências.
Em cada estágio há um estilo característico através do qual a criança constrói seu
conhecimento. Cada estágio de desenvolvimento da criança é de extrema
importância perceber o quanto ela desenvolve bem as habilidades descobertas por
ela mesma, a inteligência desenvolve-se no indivíduo sem seguir uma lógica, até
porque isso não é regra.
Percebe-se nesse contexto que uma criança nas idades iniciais no ponto de
vista de Piaget, a inteligência ainda não tem desenvolvimento lógico, mas tem uma
capacidade enorme de representar o mundo, ela tem a teoria, dela, ela fantasia, ela
vê formas, tem jogos de casinha de mamãe e filhinha que não são regidos pela
lógica, é bem possível ter um jogo de cozinha onde vão ter três mamães e nenhuma
filhinha. 
Podemos então socializar com essa configuração tão rica da imaginação ele
pensa em sentimentos, que podem parecer para o outro sem razão alguma de ser, a
criança pode estar com uma folha na mão e dizer “Isso aqui é uma pizza”, esses
sentimentos se chamam simpatia e empatia. Um outro exemplo é uma criança que
vai à escola e tem um novo melhor amigo pelo motivo do amiguinho ter uma camisa
igual a dele, e no outro dia estar de mal e não querer falar mais, aí a gente tem um
tipo de manifestação afetiva  que parece se organizar.
Segundo Maldonado (1994):
Atitudes ríspidas, grosseiras e agressivas expressam com
frequência, a necessidade de formar uma carapuça protetora contra
o medo de ser rejeitado contra sentimentos de inadequação (“Já que
sou mesmo incompetente para tantas coisas, por aí eu me
destaco”) e contra a dor do desamor (“ninguém gosta de mim
mesmo, quero mais é explodir todo mundo”). (MALDONADO,1994,
p.39) 

Toda criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para


que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado e o professor é
quem prepara e organiza o micro universo da busca e do interesse das crianças,
é na postura de um profissional que se manifeste a percepção e a sensibilidade aos
interesses das crianças, que em cada idade diferente em seu pensamento e modo
de sentir o mundo.
Sobre a afetividade, o psicanalista Sigmund Freud afirmava que os dados
fornecidos pela psicanálise têm consequências importantes para a compreensão das
relações inter-humanas, principalmente ao mostrar que o objeto de relação é um
objeto individual construído pelo mundo interno fantástico (de fantasia) variando com
nossos investimentos e em função de nossa história e de nossos estados afetivos.
Destaca-se ainda os estudos realizados por Henry Wallon, o qual não
separou o aspecto cognitivo do afetivo. Seus trabalhos dedicam um grande espaço
às emoções como formação intermediária entre o corpo, sua fisiologia, seus reflexos
e as condutas psíquicas de adaptação. A atuação está estritamente ligada ao
movimento, e as posturas são as primeiras figuras de expressão e comunicação que
servirão de base ao pensamento concebido, antes de tudo, como uma das formas
de ação. Segundo (WALLON, 2001, p. 37), “o movimento é a base do pensamento.
É a primeira forma de integração com o exterior”.
A criança no grupo busca satisfazer suas necessidades de amor, afeto,
acolhimento, registros que traz da primeira socialização, ela, mãe e pai. Ela procura
de imediato encontrar esses valores no professor e depois no grupo. A inter-relação
da família com a criança deve ser constante, em casa, na rua, nos passeios, sendo
em função dessa proximidade afetiva que acontece a interação com os objetos e a
construção de um conhecimento totalmente envolvente.
Nesse sentido (OLIVEIRA, 2001, p.55-56) afirmam que “conforme as crianças
vão estabelecendo vínculos, os conflitos vão sendo amenizados”.
Sendo a afetividade é um estado psicológico do ser humano que pode ou não
ser modificado a partir de situações, tal estado é de grande influencia no
comportamento e no aprendizado das pessoas juntamente com o desenvolvimento
cognitivo. Faz-se presente em sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores
e emoções, ou seja, em todas as esferas de nossa vida.
Nesse contexto, Wallon “traz a dimensão afetiva como ponto extremamente
importante em sua teoria psicogenética, apresenta a distinção entre afetividade e
emoção” (1999, p. 61). Diretamente ligada a emoção, a afetividade consegue
determinar o modo com que as pessoas visualizam o mundo e também a forma com
que se manifestam dentro dele.
Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz
recordações e experiências por toda sua história, dessa forma, a presença de afeto
determina a forma com que o indivíduo se desenvolverá. Determinando, assim
também a autestima das pessoas a partir da infância, pois quando uma criança
recebe afeto dos outros consegue crescer e desenvolver-se com segurança e
determinação.
Ressalta-se ainda nesse estudo que cada estágio da afetividade, seja as
emoções, o sentimento e a paixão, pressupõem o desenvolvimento de certas
capacidades, em que se revelam um estado de maturação. Portanto, quanto mais
habilidades se adquirem no campo da racionalidade, maior é o desenvolvimento da
afetividade. Sendo assim, as aprendizagens devem ocorrer inicialmente, no âmbito
familiar e depois, no social e na escola. Portanto, sabemos que o sentido da
aprendizagem é único e particular na vida de cada um, e que inúmeros são os
fatores afetivos.
Assim, o afeto explica a aceleração ou retardamento da formação das
estruturas: aceleração no caso de interesse e necessidades da criança,
retardamento quando a situação afetiva é obstáculo para o desenvolvimento
intelectual dela.

3 METODOLOGIA 1
1
Para verificação da relação de afeto no âmbito familiar, realizou-se uma
pesquisa qualitativa, usando o questionário como meio de intermédio para análise
da prática docente com relação ao ensino psicomotor dos educandos. Esse tipo de
pesquisa favorece a relação direta entre entrevistador e entrevistado, podendo haver
troca de ideias (nas entrelinhas) e esclarecimentos quando aparece alguma dúvida.
O questionário foi desenvolvido para entrevistar a mãe de 3 famílias distintas,
contendo pelo menos 1 criança de 0 a 6 anos em casa. O questionário foi
organizado com 5 perguntas para melhor conhecimento da relação afetiva dentro da
família entre ela e a criança. As entrevistas aconteceram dentro da casa de cada
família, onde houve uma boa receptividade por parte de cada uma.
As questões que foram desenvolvidas entre entrevistador e entrevistas das
estão relacionadas diretamente à relação da afetividade entre a criança e a família.
As questões foram respondidas pelas entrevistadas de maneira tranquila e segura,
procurando a saber a respeito da relação do afeto entre a família e a criança; Se a
mãe considera o afeto entre ela e o filho bom para seu desenvolvimento; O que elas
acham mais importante na relação do afeto... Todas as questões as entrevistadas
responderam considerando indispensável o afeto familiar, não somente para o bom
desenvolvimento da criança no lar, como na escola e também no âmbito social, mas
que seja considerado o afeto primordialmente, na família!
Lobo (2003, p. 40) afirma:
A família recuperou a função que, por certo, esteve nas suas origens mais
remotas: a de grupo unido por desejos e laços afetivos, em comunhão de
vida. O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre
irmãos biológicos e adotivos e o respeito a seus direitos fundamentais, além
do forte sentimento de solidariedade recíproca, que não pode ser
perturbada pelo prevalecimento de interesses patrimoniais. É o salto, à
frente, da pessoa humana nas relações familiares.

Após a realização das entrevistas, observou-se que as famílias, consideram


importante a questão do afeto como meio de uma boa convivência entre eles. O
sentimento mais importante na afetividade é o carinho e o respeito de acordo com as
respostas das entrevistadas. As mães que responderam as perguntas mostraram-se
ser bem presentes no ambiente familiar e que sempre que tem tempo livre com os
filhos, aproveitam passando o tempo com eles ensinando valores, assistindo ou
mesmo brincando. De modo geral, a entrevista foi muito satisfatória, pois as mães
atenderam as expectativas do que seria manter o ato do afeto dentro da família.
Observemos neste gráfico ilustrativo o resultado da importância de se manter
o afeto na família:
Gráfico 1- Consideração da Importância da Afetividade dentro da Família.
6

5
100% DAS MÃES
4
ENTREVISTADAS
3 CONSIDERAM IMPORTANTE
O AFETO CONSTANTE NA
2
FAMÍLIA
1

0
Desnecessári Indispensável
o0,1

Gráfico elaborado no Word. Fonte: Éllen Cristina (após a realização da pesquisa qualitativa)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste estudo, foi possível compreender o modo como às


pessoas constroem as relações sociais desde o nascimento até o período da
primeira infância, utilizando-se de mecanismos primeiramente físicos, seguindo-se
dos aspectos mais subjetivos, tais quais as emoções, sentimentos e desejos, e que
é no período escolar que a ampliação dessas relações ganha maior significado por
ser um período em que a criança constrói para si a concepção social do mundo
enquanto relações humanas além-familiares.
O objetivo do presente estudo foi alcançado a partir das pesquisas realizadas,
com embasamento teórico de autores renomados e também com os resultados da
pesquisa qualitativa realizada. A partir desses meios, foi possível perceber a
importância da afetividade na família, possibilitando à criança dar significado às suas
próprias descobertas de acordo com o que foi visto. Sobre isso, Pino (2000, p. 128)
afirma que:
“os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos
repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um
elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo.
Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus
semelhantes à seu respeito são, sem sombra de dúvida, os mais
importantes, imprimindo às relações humanas um tom de dramaticidade.
Assim sendo, parece mais adequado entender o afetivo como uma
qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (...).
São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana,
conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas,
lugares, situações, etc.) um sentido afetivo” (idem, p. 130-131).

No percurso do desenvolvimento deste trabalho, observamos que a


afetividade é tida como uma ferramenta facilitadora do processo de desenvolvimento
do ser humano. Entende-se que ela quando estimulada no âmbito familiar possibilita
estabilidade e segurança emocional, requisitos essenciais ao ato da construção do
desenvolvimento.
Nesse contexto, podemos dizer que os objetivos do estudo foram alcançados,
já que as responsáveis das famílias entrevistadas consideram a construção de
vínculos afetivos essenciais à boa convivência familiar. Quanto à hipótese da
pesquisa foi confirmada, pois as mães entrevistadas percebem que quando à
criança não é tratada de forma afetuosa a relação na família tende a ser conflituosa
e a apresentar comportamentos inadequados ao convívio familiar como um todo.
Segundo Wadsworth (1997):

O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o


desenvolvimento. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de
desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a
atividade intelectual se concentrará (WADSWORTH, 1997, p.
23).

Portanto, percebe-se a importância de estimular a afetividade na família, pois


ele é fundamental na formação pessoal e social da criança.

REFERÊNCIAS

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