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Tema: Cuidador Infantil

Introdução
Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se
mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação. Percebendo
isso, o cuidador tem condições de prestar o cuidado de forma
individualizada, a partir de suas ideias, conhecimentos e
criatividade, levando em consideração as particularidades e
necessidades da pessoa a ser cuidada. Esse cuidado deve ir
além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento
físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em
conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos
e emoções da pessoa a ser cuidada.
Cuidador é um profissional de qualidades especiais, expressas
pelo forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de
doação. A ocupação de cuidador integra a Classificação
Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o
cuidador como alguém que "cuida a partir dos objetivos
estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis
diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene
pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa
assistida". É a pessoa, da família ou da comunidade, que presta
cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja
necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações
físicas ou mentais, com ou sem remuneração.
Nesta perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador
ultrapassa o simples acompanhamento das atividades diárias dos
indivíduos, sejam eles saudáveis, enfermos e/ou acamados, em
situação de risco ou fragilidade, seja nos domicílios e/ou em
qualquer tipo de instituições na qual necessite de atenção ou
cuidado diário.
O cuidador infantil tem a função de acompanhar o
desenvolvimento global de crianças de 0 a 7 anos, observando as
suas necessidades particulares e realizando as seguintes
atividades:
• Observar e compreender a dinâmica da criança e do contexto
sócio-familiar, entendendo sua função e o papel de cada
indivíduo envolvido para atuar de forma adequada a cada
situação;
• Intermediar a relação entre a mãe e a criança, comunicando-se
adequadamente com ambas, mostrando interesse e
disponibilidade e ajudando nas rotinas diárias, a fim de dar à mãe
o suporte esperado;
• Facilitar as relações da criança com o grupo e com o ambiente,
atendendo às necessidades coletivas e singulares para permitir o
pleno desenvolvimento individual;
• Dar andamento às rotinas diárias, utilizando-se de práticas
apropriadas visando à saúde e o bem-estar da criança.
Crescimento e Desenvolvimento Infantil
Atender as necessidades essenciais da criança é uma das
formas de garantir o seu crescimento e desenvolvimento
saudáveis. Dessa forma, saúde, amor, segurança e presença de
novas experiências e estímulos, têm papel fundamental.
Nos seis primeiros anos de vida a criança descobre o mundo que
a rodeia, adquire as experiências básicas e elabora valores de
referência.
Entretanto, é sabido que, um número crescente de crianças vive
em condições sanitárias, culturais e sociais deficientes, o que
tende a afetar seu desenvolvimento, já que as oportunidades de
recreação e estímulo são poucas, constituindo um grave
impedimento para se alcançar suas potencialidades físicas,
psicológicas e espirituais.
Pais, educadores, atendentes de creches e todos que direta ou
indiretamente cuidam da criança devem trabalhar para que ela
tenha saúde e desenvolva-se integralmente. Nesta unidade
abordaremos algumas informações básicas sobre: crescimento e
desenvolvimento; fatores que influenciam o crescimento e
desenvolvimento; parâmetros utilizados para acompanhar o
crescimento e desenvolvimento infantil, enfim os fundamentos
para atuação do cuidador infantil.
Ao nascer, a criança não tem a percepção de todas as coisas que
estão ao seu redor. Ela inicia sua relação com o mundo por meio
de reflexos básicos. Executa o sugar, o movimento da língua, o
engolir e o pegar. Utiliza seus sentidos vendo, ouvindo, provando,
tocando, cheirando. Dessa forma vai gradualmente apropriando-
se do mundo a sua volta. O desenvolvimento da linguagem inicia-
se com o nascimento, com o primeiro choro. É um ato reflexo,
porém logo a criança aprende a usá-lo como forma de expressão.
A criança ao fazer barulho, consegue gratificar-se, ao chorar
consegue alimento, a tagarelice lhe proporciona aprovação dos
outros. Isto tudo fará com que ela aprenda que a linguagem é
uma forma de interagir com o meio ambiente e as pessoas. Usar
as mãos para explorar o mundo por meio dos atos de tocar,
pegar e alcançar ajuda a criança a descobrir como sentir as
pessoas e as coisas. Sente diferença entre um pano suave e um
chocalho duro, uma barba áspera e um pele lisa e macia. Assim,
é necessário deixar à sua disposição objetos coloridos e
brincadeiras para que ela possa fazer várias vezes. A criança
goza e se beneficia com a repetição das ações dos demais.
À medida que cresce a criança vai necessitando de mais
experiências e de estímulos aprimorar o desenvolvimento dos
seus sentidos. Tem que escutar, olhar e tocar toda uma
variedade de coisas. Recebendo a necessária estimulação nos
primeiros meses de vida, terá capacidade de começar a
desenvolver um grande leque de respostas. A visão se
desenvolverá através da ação de olhar, a audição, da capacidade
de ouvir ou de escutar, seus movimentos descontraídos da mão
se convertem em atos de pegar; inicia-se então o
desenvolvimento de sua coordenação motora; olha para ver o
que faz ruído, volta-se para a direção de onde vem barulhos e a
voz das pessoas, etc.
Fases do desenvolvimento infantil

O conceito de desenvolvimento humano inclui todos os processos


de mudança ocorridos nas interações estabelecidas num
determinado contexto, levando em conta não somente os
processos biológicos, mas também as mudanças sóciohistóricas
ao longo tempo. Para entendermos melhor o desenvolvimento
humano, é necessário considerar os ciclos de vida como
fenômenos intrínsecos aos ciclos familiares e representados por
estágios vivenciados pelos membros da família.
Esses estágios são definidos também pelos papéis assumidos
entre esses membros e pelas tarefas de desenvolvimento a
serem cumpridas pelo grupo familiar. As escolhas e as decisões
tomadas pelos indivíduos na composição de sua trajetória
dependem tanto de fatores pessoais, quanto sociais, somados
ainda aos padrões socioculturais, que exercem grande influência.
Pelo fato de o indivíduo estar continuamente percebendo as
similaridades e diferenças entre ele e os outros, a forma como
constrói a si próprio está muito próximo à forma como ele constrói
o outro, e vice-versa. Os estudos específicos sobre o
desenvolvimento infantil entendem o comportamento do bebê e
da criança como resultado da interação dos seguintes aspectos:
biológico, social, afetivo e cognitivo.
Desde a gravidez, a relação entre mãe e filho já compõe um
espaço essencial no desenvolvimento da criança e da sua
personalidade. O apego e a vinculação entre o bebê e os pais e,
posteriormente, a construção dos laços afetivos sólidos com a
família extensa, propiciam a formação de um indivíduo mais bem
preparado para os desafios da vida. Uma criança com autonomia
e boa autoestima consegue refletir e encontrar soluções
utilizando suas competências e criatividade.
Convém destacar que esse processo vai se ampliando por meio
das troca com o outro e com o meio alicerçado pelo afeto que
envolve essas trocas. Mas o seu primeiro contato será sempre a
família, sistema que fornece as bases para que o
desenvolvimento humano aconteça de forma equilibrada. O
mundo da imaginação, do concreto, das brincadeiras, dos
símbolos, do imaginário, da fantasia, da realidade, do corpo, do
movimento, do som, das sensações…Tudo isso faz parte do
universo infantil e desempenha um papel fundamental na
construção da personalidade da criança.
O nível de curiosidade e espontaneidade de uma criança diz
muito acerca da forma com que ela vê o mundo e se coloca nele.
A partir do momento em que a criança trabalha junto com adultos
e pares num ambiente seguro e estável, ela dá um passo em
relação à sua autonomia e à sua autoconfiança. O espaço lúdico
que apresenta desafios sem, no entanto, criar pressão para a sua
resolução, cria uma atmosfera propícia para que ela se sinta à
vontade para experimentar o mundo à sua volta e encontrar o
suporte para as suas necessidades.
Quando da espontaneidade infantil surgem soluções criativas,
alcançamos a possibilidade de fazer parte, ao lado da família, de
uma engrenagem maior em prol do crescimento de uma criança
feliz. Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados
por grandes transformações e descobertas. Aos poucos, os
pequenos começam a entender o mundo em que vivem e
aprendem a lidar consigo mesmos e com os outros.
Para ajudar a compreender melhor o universo infantil,
abordaremos cada fase/estágio por idade cronológica.
Sensório-motor (Recém-Nascido, Lactente e Toddler)
É o período que vai do recém-nascido até os dois anos de idade
da criança, antes do surgimento da fala, sendo marcado pelo
desenvolvimento mental. Nesta fase a criança explora o mundo
através dos sentidos, isto é, ela precisa tocar e provar os objetos.
Nesse estágio as ações geralmente não são intencionais, a
aprendizagem ocorre "acidentalmente", por reflexos. A
inteligência é essencialmente prática, baseando-se em exercícios
de aparelhos reflexos: coordenações sensoriais e motoras de
fundo hereditário, que correspondem a tendências instintivas,
como a nutrição.
Faixa etária:0 a 3 meses
No primeiro mês, reage perante barulhos muito altos e pode se
assustar com barulho inesperado. Passa boa parte do tempo
dormindo. Seu sistema visual é limitado, portanto só enxerga
algum objeto ou alguém se estiver bem próximo a ele. 2º ao 3º
mês, o bebê já começa a acompanhar objetos e pessoas com os
olhos e reconhece os pais. Abre e fecha as mãos, leva-as à boca
e suga os dedos. Segura objetos com firmeza por certo tempo e
consegue pegar objetos suspensos.
Desenvolve um tipo diferente de choro para cada problema que
se apresenta, como por exemplo, o constante e agudo. Com
brincadeiras e músicas o bebê fica agitado, realizando
movimentos de pernas, braços, sorri e dá gritinhos.
Quando ouve a voz dos pais, o bebê vira a cabeça. Comunica-se
através do choro e ruídos. Imita alguns sons de vogal. Nesta
fase, é importante organizar a rotina do bebê, tornando os
horários das atividades fixos, como por exemplo, trocar a fralda
depois da mamada ou dar banho todos os dias na mesma hora. É
importante que a rotina seja de forma razoavelmente metódica.
aos 7 meses
Fica na postura de bruços e se apóia nos antebraços quando
quer ver o que está acontecendo ao seu redor. Rola de um lado
para o outro. Estende a mão para alcançar o objeto que deseja,
transfere-o de uma mão para outra e coloca-o na boca.
Apresenta equilíbrio quando colocado sentado.
Ri quando algo o agrada e quando o desagrada mostra raiva
através da expressão facial.Nesta fase, alguns bebês podem
demonstrar medo perante pessoas estranhas. Fica repetindo os
seus próprios sons e imita as vozes das pessoas ao seu redor
Movimenta a cabeça na direção do som escutado. Pára de chorar
ao ouvir música. Sorri quando quer atenção do adulto. Formação
do conceito de causa e efeito no momento em que está
explorando um brinquedo.
8 a 11 meses
Engatinha e senta sem apoio. Consegue ficar em pé com apoio.
Aponta para objetos ou pessoas. Pega pequenos objetos com o
indicador e o polegar.
Demonstrar raiva quando não é o centro das atenções.
Reconhece sua imagem no espelho e reage com euforia.
Reclama quando é contrariado.
Localiza a fonte sonora. Bate palmas, joga beijo e entende
quando lhe dizem tchau. Começa a compreende o significado de
alguns gestos. Balança a cabeça quando não quer alguma coisa.
Fase do treino com monossílabos do tipo: “ma-ma”, “da-da”,
“nene”.

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