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Psicologia Social

 Ao contrário de nós, os animais nascem com um programa genético


fechado.
 Nascemos sem saber absolutamente nada, mas ao longo do tempo
vamos desenvolvendo a nossa inteligência.
Criança selvagem: criança que cresceu fora do meio humano.
Ex: Vitor- uma criança que foi encontrada na selva e foi levada para a
“civilização”. Andava de forma quadruple e não sabia falar, comendo
apenas alimentos crus. Um médico francês levou-o para casa, na
tentativa de conseguir com que a criança recuperasse a fala, o andar…
mas não conseguiu.

 Recebemos um programa genético, designado de


hereditariedade.
Hereditariedade individual- cada um herda características
diferentes.
Hereditariedade especifica- um conjunto de características que
nos tornam seres individuais, mas que nos faz pertencer ao ser
humano.
 O meio está presente no nosso desenvolvimento.
 Nós nascemos com um programa genético aberto.

O ser humano é um ser prematuro

depende dos cuidados para sobreviver muito tempo

é um ser biologicamente inacabado

Neotenia
Vantagens do inacabamento biológico:
 O ser humano compensa com a aprendizagem a “desvantagem”
biológica;
 Tem de produzir, criar condições para sobreviver e adaptar-se ao
meio;
 Cria cultura que transmite de geração em geração.

Programa Genético
 Capacidades e competências não desenvolvidas:
o a fala;
o o andar;
 Outro fator que nos distingue dos outros animais, é o facto de
nascermos com o cérebro incompleto, sendo que será estimulado a
partir da interação com o meio.
 Temos a infância mais longa e dependemos dos outros para quase
tudo.

Versatilidade e plasticidade adaptativa- capacidade de nos adaptar


às situações.

 A sociedade e o meio em que vivemos influencia o nosso


crescimento e a nossa aprendizagem, pois desenvolvemo-nos no
seio da sociedade.
 Somos uma mera entidade biológica, mas temos que nos tornar
pessoas a partir do conjunto de capacidades que nascem connosco
e que precisamos de desenvolver – “espécie humana”.
 Não nascemos com nenhum programa específico, como respirar
debaixo de água etc.
 Sem o meio cultural humano a que pertencemos desde o início da
vida não desenvolveríamos as capacidades e características que
fazem de nós membros da espécie humana. A cultura transforma-
nos de indivíduos biológicos em seres humanos, isolados do
contacto com os outros, não nos tornamos verdadeiramente seres
humanos.
 Somos homens por intermédio da cultura.
 É fundamental a relação com os outros. As possibilidades de que
vimos dotados só se revelam a partir do momento que temos
contacto com o outro, ou seja, antes do outro não somos nada mais
que meras possibilidades.
 Temos que interiorizar um conjunto de princípios e valores que são
próprios de uma sociedade.
 O processo de socialização permite ao individuo a interação com
outrem construindo a nossa identidade social, ou seja, construímos
o nosso “eu” social. Interiorizando as crenças, padrões de cultura,
formas de ser e de estar típicas ou próprias do meio onde fomos
educados.
 Por outro lado, forma a nossa “identidade pessoal”, interagindo com
os outros vamos construindo como seres singulares e distintos.
 A integração social, tem assim, uma dupla função, a integração do
individuo no seio de um grupo ajustando a sua conduta às normas
vigentes, simultaneamente o desenvolvimento social torna possível
a diferenciação.

À medida que nos


construímos,
transformamo-nos
diferentes de todos os
outros, transformamo-
nos em seres únicos.

Socialização primária- nos primeiros anos de vida aprendemos a socializar.


Socialização secundária- ao mudarmos de local ou de rotina temos que
voltar a aprender.
 É no seio da família que aprendemos os nossos valores, como os
meios de comunicação, a creche, os amigos.
 Todas as sociedades têm uma determinada cultura.
 A cultura é um conjunto de costumes, tradições, linguagem,
gastronomia etc.
 A cultura divide-se para:
o Conteúdo material (o que construímos, a tecnologia);
o Conteúdo espiritual (valores e crenças que cada sociedade
tem);
O que nos torna humanos?
 Tornamo-nos humanos mediante um longo processo evolutivo em
que a criatividade cultural prevaleceu sobre fatores biológicos.
O que nos torna especificamente humanos?
 Bipedismo- os únicos a andar sobre os dois pés
 Libertação permanente das mãos- torna possível a criatividade e a
invenção
 Cerebralização crescente- temos o mais evoluído e complexo dos
cérebros
 Somos seres criadores e criados pela cultura- o principal fator
humanizador

 Só os seres humanos possuem cultura porque só eles são capazes


de linguagem abstrata.
 Nos seres humanos a adaptação cultural prevalece sobre a
adaptação genética (espécie artificial).
 Somos uma espécie neoténica. A fragilidade biológica é superada e
compensada pela imensa capacidade de adaptação e aprendizagem.

 Grande diversidade comportamental;


 Programados para aprender a ter curiosidade;
 Programa genético aberto, flexível;

Relações precoces
 Primeira relação que estabelecemos com outrem.
 A única forma eficaz de comunicação do bebe é o choro.
 O primeiro vínculo afetivo é muito importante para o posterior
desenvolvimento psíquico-social. Considera-se que a mãe ou figura
materna é a pessoa com qual estabelecemos a relação mais
marcante.
 Como sinais de que há uma forte vinculação entre o bebé e a mãe é
a aproximação que este procura para estar junto da progenitora,
manifestação de alegria quando se aproxima da mãe, desconforto
emocional quando há separação. O bebé interage e reforça a
relação através do choro, do sorriso e das vocalizações.
 As relações inicias são fundamentais, pois moldam o nascimento
psicológico do ser humano.
 Dão à criança a primeira ideia do que pode ser o mundo social que a
envolve e influenciam o modo como posteriormente irá interagir
com ele.
 A relação inicial produz um fenómeno denominado de vinculação;

Um laço ou ligação emocional


forte e relativamente duradouro
entre a mãe e o bebé.

 As suas competências relacionais são o carinho, o amor, o conforto,


a estimulação para a descoberta do meio, o cuidado e a proteção.
 O bebé ajuda os pais a desenvolver o processo de vinculação
mediante comportamentos intrinsecamente reforçantes: a alegria e
sorrisos quando regressam ao seu convívio, chorar para que se
aproximem e a “atendam”, olhares prolongados e troca de
vocalizações.
 A vinculação não é imediata, pois é um processo que exige
interação, reciprocidade e conhecimento mútuo.
 Mary Ainsworth, estudou a vinculação, alegando que há 3 tipos de
vinculação (vinculação insegura, vinculação segura e a vinculação
evitante).
 Segundo Harlow o que relacionava o bebé e a mãe não era a fome,
mas sim a necessidade do contacto-conforto.
 As experiências de Harlow e Ainsworth vieram confirmar as ideias
de Bolbi e da importância da relação precoce de vinculação e
alteram profundamente as crenças defendidas até então sobre as
primeiras ligações afetivas. Podemos afirmar que os fundamentos
da personalidade do individuo são construídas a partir das ligações
socio-afetivas precoces. A ligação de vinculação repousa sobre
necessidades a fundamentos biológicos, e a tendência para
estabelecer ligações afetivas repousa sobre necessidades básicas, ou
seja, é uma necessidade independente de qualquer outra.

René Spitz- foi o primeiro a afirmar que as crianças podem sofrer de dor
psíquica (depressão).
Depressão anaclítica- ausência da mãe (choro etc).
Hospitalismo- atraso no crescimento; insónias

 Spitz nos seus estudos afirmou pela primeira vez que a criança pode
sofrer de dor psíquica que afeta consideravelmente o seu
desenvolvimento e pode deixar marcas irreversíveis no
desenvolvimento.
 Na sua perspetiva a privação afetiva precoce pode suscitar dor
psíquica, deste modo, na ausência da mãe e como consequência da
rutura da relação de vinculação, a criança ao fim de três meses pode
apresentar depressão anaclítica devido à ausência da figura materna
e ao fim de 5/6 meses um quadro grave de hospitalismo, que pode
não ser inteiramente reversível.
 O hospitalismo pode provocar efeitos devastadores e ocorre de uma
forma sequencial: no primeiro mês de separação a criança
abandonada chora e procura a proximidade do adulto e o conforto
que este lhe transmite. No segundo mês de separação, o choro vai
dando lugar ao gemido e ao lamento, a criança vai perdendo peso e
o seu desenvolvimento psico-motor. No terceiro mês após a
separação, a criança evita o contacto humano e passa largas horas
deitada e sofre de insónias.

Resiliência- teve origem na física


 Crianças que crescem/vivem em situações de violência e que
conseguiram superar essa situação para o seu desenvolvimento.
 A maior parte das crianças que sofreram de situações devastadoras
conseguiram superar os seus problemas.
 Percepõem a enorme capacidade de adaptação;
 Para percebermos a resiliência temos que saber identificar os
“fatores de proteção” como individuais, familiares e extrafamiliar.
 “tutor de resiliência”- adulta que ajuda a criança (sendo ou não do
seio familiar) no processo de resiliência.

Processos de cognição social


Cognição social- forma como pensamos acerca dos outros e de nós
próprias, tentando compreender os nossos comportamentos.
Influência social- forma como os outros influenciam o nosso
comportamento.
Grupo social-unidade social, estabelecendo uma relação duradora e
estável, com objetivos e valores partilhados.

Tipos de grupos:
 Primários: a interação é frequente; baseiam-se nas ligações
emocionais; comunicam de forma direta, espontânea;
 Secundários: a interação é indireta; há uma escassa vinculação
afetiva; há apenas colaboração/cooperação quando surge interesse
funcional ou laboral; pode haver um sistema hierárquico e papéis
rígidos e impessoais;

Formação de impressões- processo de formação de opiniões sobre outras


pessoas, através da fala, indícios físicos, indícios psicológicos.
Perceção social- capacidade de ver e interpretar o comportamento de
outros indivíduos, o que é essencial para a interação social.
 Na construção do individuo a primeira imagem que adquirimos é
fundamental para a formação da impressão. (experiência de
Salomon Asch)

Efeito de primazia: as primeiras impressões sobre um


individuo têm tendência a fixar-se na mente de quem
está a fazer esse juízo de valor, condicionando o
significado que daí em diante será atribuído a outras
características que este venha a revelar. Colocamos as
pessoas em categorias sociais (categorização).

 As impressões desempenham um papel fundamental na interação


social e a sua rápida formação tem a ver com a necessidade de
enquadrar as pessoas em categorias para avaliarmos,
interpretarmos e nos posicionarmos em relação ao seu
comportamento, isto é, “sabermos o que podemos esperar”.
 Ao desenvolvermos expectativas sobre o comportamento e da
construção de impressões, possibilita planear as nossas ações, o que
é um fator facilitador no processo de interação social.
 Deste modo, o processo de formação de impressões e categorização
desempenha diferentes funções:
-função informativa e organizadora, ou seja, a informação da
realidade é simplificada e permite organizar os indivíduos em
categorias que servem da referência facilitando uma leitura do real.
-função de fornecer uma identidade, segundo o qual os indivíduos
se posicionam em termos de pertença ou não relativamente à
realidade social.
-função de orientação e significação da realidade, “sabemos aquilo
que podemos contar”
 Estes processos definem o lugar dos outros e definem o nosso lugar,
definindo as expectativas sobre o comportamento dos outros.
Atitudes- são juízos de valor (positivos ou negativos) relativos a um
objeto de natureza social. São crenças e sentimentos que nos
predispõem a agir de uma forma positiva ou negativa.
Agentes de socialização- as nossas atitudes são interiorizadas e
apreendidas no processo de socialização por intermédio dos agentes de
socialização, a saber a família, a escola, o grupo de pares e as redes
sociais. As nossas atitudes têm 3 componentes, a componente
cognitiva (crença e ideias sobre os outros indivíduos), a componente
afetiva (sentimentos sobre outra pessoa) e a componente
comportamental (forma como reagimos com outra pessoa).

Processos de influência entre os indivíduos


Condescendência- trata-se de aceder a um simples pedido e não a uma
exigência;
ex: quando acedemos a pedidos públicos porque não temos uma
opinião formada sobre o assunto.
 As normas socias rementem-nos para o que é socialmente
desejável. Aprendemos por intermédio do processo de socialização.
 As nomas reduzem a ambiguidade (um sentido) social.
 As normas socias estruturam as interações com os outros e são
aprendidas em contexto social, por intermédio do processo de
socialização. As normas são regras sociais básicas que estabelecem
o que as pessoas podem ou não fazer. Orientam o nosso
comportamento, definem o que é ou não desejável, apresentando
modelos de conduta.
 As normas permitem que os comportamentos e os indivíduos sejam
uniformizados, o que é uma vantagem, porque sabemos o que
podemos esperar dos outros e o que os outros podem esperar de
nós, isto é, permitem prever o comportamento. Traduzem os valores
dominantes constituindo um elemento fundamental de coesão
social, estabelecendo um conjunto de referências comuns que são
facilitadoras da adaptação ao meio social. Asseguram ao grupo uma
identidade, o que lhes confere um sentimento de segurança.
 As duas formas mais frequentes de exercício de influência social
são: o conformismo e a obediência.
Conformismo- tendência para aproximar as nossas atitudes e
comportamentos às atitudes e comportamentos dos grupos que
queremos inserir.
 Os fatores que podem levar ao conformismo é a unanimidade, o
olhar, a inclusão (a vontade de pertencer a um grupo), pessoas com
imagens mais fracas de si próprio

Experiências com primatas


Estudo desenvolvido por Harlow
 Harlow colocou macacos recém-nascidos num cenário de total
isolamento social, contando apenas com a presença física de duas
mães artificiais, uma feita de arame, com uma espécie de biberão
onde os bebés se alimentavam e outra revestida de um material
felpudo, que proporcionava contacto macio e agradável.
 Harlow verificou que os jovens animais estabeleciam facilmente um
vínculo com a mãe de pano, permanecendo a maior parte do tempo
abraçados a ela e procurando o conforto que a mãe de arame não
lhes podia dar.
 Quando se apercebiam da presença de objetos estranhos, corriam
para ela, agarrando-se-lhe fortemente. Acalmavam-se no seu colo e
só posteriormente iam explorando os objetos, usando a mãe de
pano como base de apoio;
 Harlow concluiu que, após estabelecido o vínculo com a mãe, esta
funcionava como símbolo de proteção, capaz de evitar o sentimento
de medo perante situações estranhas. A mãe de pano
proporcionava sentimentos de segurança, um valioso contributo
para a exploração e a conquista da autonomia.

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