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Lusíadas

Situar as estâncias
As três estâncias encontram-se no décimo e último canto da
obra, sendo que a estância 144 pertence à parte da Narração
(Plano da Viagem) e as duas restantes estrofes fazem alusão ao
Epílogo (Reflexões do poeta), que corresponde à fase final da
obra.

Plano da viagem
Est.144-narra o regresso dos marinheiros portugueses à pátria
“Entraram pela foz do Tejo ameno”, no qual a viagem decorreu
tranquilamente, pois o mar estava calmo “o mar sereno” e o
tempo estava sereno “Com vento sempre manso e nunca
irado…”
Entre o verso 5 e 8, o poeta apresenta o prémio e a glória que os
portugueses conquistaram com os seus feitos grandiosos, “E à
sua pátria e Rei temido e amado /O prémio e a glória dão(…)”
Esta estância pode ser dividida em duas partes, nos dois
primeiros versos retratam a viagem em alto mar, enquanto nos
restantes versos já se avista terra.

Reflexões do poeta
Est.145- O poeta lamenta-se pela falta de compreensão por
parte daqueles que ouvem aquilo que este “canta”, afirmando
que canta para “(…) gente surda e endurecida”, rematando assim
para a incapacidade que as pessoas apresentavam de não
conseguir valorizar o seu canto épico.
Nesta estância, o sujeito lírico refere-se ao comportamento das
hierarquias que detinham o poder no território português e que
faziam do nosso povo, um povo ignorante e austero.

Est.146- Nesta estância, o poeta elogia e aconselha D.Sebastião a


olhar para os seus guerreiros que os descreve como excelentes,
“Senhor só de vassalos excelentes.”, fazendo também uma
reflexão do estado em que o país se encontrava.

Na estância 145 e nos primeiros versos da estância 146, o poeta


dirige-se à Musa que é a Calíope (filha de Zeus), no qual se
lamenta pelo facto de ninguém lhe dar a devida importância.

O narrador nestas três estâncias é heterodiegético.

Intertextualidade
Na obra Os Lusíadas, D.Sebastião é referido como uma entidade
viva e por isso, o sujeito lírico incentiva-o a realizar novos feitos
juntamente com o povo português para darem matéria para uma
nova epopeia, enquanto que na obra poética de Fernando
Pessoa, a Mensagem, D.Sebastião é apresentado como um mito,
uma sombra e uma pessoa que não só marcou a história de
Portugal, como ainda vive no séc.XX na memória de todos
aqueles que relembram a sua vida.
Os dois poetas com as suas obras pretendem sensibilizar os
leitores para a necessidade de valorizar os seus heróis e de
mostrar às gerações futuras de como foi “construída” a história
do seu país e por quem foi.

Análise externa
As/si/ fo/ram/ cor/tan/do o/ mar /se/re/no,
Com vento sempre manso e nunca irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que naceram, sempre desejado.
Entraram pela foz do Tejo ameno,
E à sua pátria e Rei temido e amado
O prémio e glória dão por que mandou,
E com títulos novos se ilustrou.
   

Três estâncias (oitavas)


Esquema Rimático: a/b/a/b/a/b/c/c;
Rima: Cruzada e Emparelhada;
Métrica: Versos decassilábicos (10 sílabas métricas).

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