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“Mar Português”

A obra “Mensagem” de Fernando Pessoa está dividida em 3 partes:

 1º Parte - “Brasão”;
 2ª Parte - “Mar Português”;
 3ª Parte - “O encoberto”;

O poema “Mar Português” pertence à segunda parte da obra “Mensagem” de Fernando


Pessoa, também denominada por “Mar Português”. Nesta segunda parte da obra fala-se da
ação dos portugueses nos descobrimentos e no heroísmo da luta com o mar e o seu
desvendamento, iniciada por Infante D. Henrique. Este poema insere-se na segunda parte
porque, ele é uma reflexão do sacrifício e da dor sentida pelo povo português para
conseguirmos atingir o nosso objetivo (os descobrimentos). É o décimo poema da segunda
parte da obra.

Fernando Pessoa usa este poema para glorificar as ações dos portugueses no passado
esperando com que estes se inspirassem nesta tal gloria perdida e usassem-na como base para
poderem mudar o português apático.

Poema:

“Mar Português”

Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quer passar para além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu.
Mas nele é que espelhou o céu
Estrutura externa

Estruturaaaa internaaa

O poema Mar Portugues fala-nos do sofrimento e da dor dos portugueses e das suas conquistas no
mar.

Neste poema retratam-se heróis. Os heróis deste poema são os navegadores portugueses, pois
apesar de tantos sacrifícios e de tanta dor, continuaram e “conquistaram” o mar.

Podemos dividir o poema em 3 partes:

Dividido a primeira estrofe em duas partes (1ªparte- Dois primeiros versos e a 2ªparte –
últimos quatro versos)

1ªParte

O poeta dirige-se ao mar, um mar responsável pelas desgraças causadas aos Lusitanos “Ó mar
salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”

- O poeta exclama, sintetizando as desgraças que o mar causou aos Lusitanos: “Ó mar salgado,
quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”

2ªParte

Nesta segunda parte o poeta refere que o mar foi o responsável pelas maiores angustias dos
portugueses, pelo sofrimento das mães, dos filhos, das noivas, de todos aqueles que ousaram
cruzar as suas águas com o objetivo de o dominarem, como podemos ver no verso 6, “Para
que fosses nosso, ó mar!”.

3ªParte – 2ª estrofe

Nesta terceira parte do poema o poeta faz uma pergunta retorica com o objetivo de deixar o
leitor a refletir, dando de seguida a resposta a esta, dizendo que “quando a alma não é
pequena”, ou seja, se houver ambição, coragem e garra todo o possível sacrifício vale a pena.
Nos últimos quatro versos do poema, o poeta dá a entender que para conseguir atingir o seu objetivo de
descobrir o caminho marítimo para a Índia, o povo português teve de se sacrificar e de ultrapassar
muitos obstáculos.

Podemos interpretar nas palavras do sujeito poético a existência de 2 mares. O mau que é
expresso na dor, sofrimento, medo e perigo causado nos portugueses vindo este a ser
espelhado pelo abismo, mas que, ao ser ultrapassado, irá levar-nos à parte boa do mar, a que
nos atribui gloria, reconhecimento, recompensa e honra, sendo esta o céu espelhado.
A existência destes dois planos justifica-se pelo misto de epopeia (poema heróico narrativo) e
de lirismo (poesia em que se abordam os sentimentos pessoais).

Esta obra contém poesia de natureza épica-lírica:

● Na vertente épica apresenta uma exaltação heróica, a parte da História de Portugal e a


evocação dos perigos.

● Na vertente lírica apresenta a reflexão do poeta (o lamento do lado negativo dos


descobrimentos) e a descrição da dor e do sofrimento dos que o viveram.

(epopeia é o bom e lirismo é o mau)

Relação com o título “Mar Português”

Se analisarmos a relação entre mar, sal e lágrimas, podemos chegar à conclusão de que o sal
das lágrimas dos portugueses está contido no mar. Logo, o mar pertence ao povo português.

O título, constituído por duas palavras, há a destacar o adjectivo "português", que remete para
a conquista e o domínio dos mares pelos Portugueses. Essa união foi o resultado do sofrimento
e da coragem dos lusitanos, daí o mar ser "português".

Relação entre “Mar Português” e “Despedidas de Belém”


O poema “Mar Português” compara-se com o episódio “Despedidas de Belém” de “Os Lusíadas” pois, as
lágrimas de Portugal que tornaram o mar salgado são as mesmas que os familiares choraram perante a
partida dos marinheiros para a aventura marítima nas “Despedidas de Belém”.
Recursos expressivos:

1 e 2 verso – “Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal” – Apostrofe e tem
como objetivo realçar o responsável pelo drama e pelo sofrimento dos portugueses nos
descobrimentos

Hipérbole – exagera o sofrimento do povo português

Metonímia – (substituição de uma palavra por outra que designa algo parecido) - neste caso
Portugal = povo português

Imagem – (associação de realidades que têm características em comum, que representado por
um encadeamento de metáforas) – deve-se ao facto de se sugerir que o sal do mar provem das
lagrimas vertidas pelos portugueses, que, por sua vez simbolizam o sofrimento e a dor
provocadas pelos descobrimentos

Interrogação retorica – tem como objetivo deixar o leitor a refletir

Antítese – (ideias contrarias) – tem como objectivo mostrar os dois lados contrários do mar,
conforme referimos anteriormente, existe o mar bom e o mar mau.

PERGUNTASSSSSSSSSS

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