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como uma apresentação geral da obra, uma síntese daquilo que o poeta
se propõe fazer. A Invocação era também uma das partes obrigatórias
da epopeia. Por sua vez, a Dedicatória era uma parte facultativa da
estrutura da epopeia, mas Camões incluiu-a ao dedicar a sua obra ao rei
D. Sebastião.
► "E aqueles que por obras valerosas — todos os que são dignos de
serem recordados pelos feitos heroicos cometidos em favor da pátria e
que por isso nem mesmo a morte os pode votar ao esquecimento, "Se
vão da lei da Morte libertando", pois foram imortalizados.
Nessa altura, D. Sebastião era ainda muito jovem e por isso era visto
como a esperança da pátria portuguesa na continuação da dilatação da
fé e do império, uma vez que passados os tempos áureos das
descobertas se caminhava em direção a uma crescente degradação de
costumes. (Poderás perceber melhor a caracterização da sociedade
portuguesa desta época em Gil Vicente.)
Repara também no exemplo: "O padre Baco ali não consentia/No que
Júpiter disse, conhecendo...". Neste exemplo, não foi Baco que
transmitiu a sua opinião, mas sim o Poeta que a deu a conhecer.
Há ainda uma terceira forma de discurso que não surge neste caso,
mas que deves conhecer, o chamado discurso indireto livre.
Aquilo que se escreve numa ata deve ser inteiramente fiel ao que na
realidade se passou na reunião, não se podem inventar ou exagerar
factos. Também não se pode, no caso de haver um engano, apagar ou
rasurar o texto. Deve-se escrever entre vírgulas "digo" e corrigir a
informação errada que se deu. Imagina o seguinte exemplo: Marte, digo,
Júpiter presidiu o Consílio dos deuses.
Para que ninguém altere nada do que foi escrito, todos os espaços
em branco da ata devem ser trancados com um traço. A linguagem a
utilizar deve ser muito clara e objetiva e não se deve recorrer a siglas ou
abreviaturas para se escrever mais rapidamente.
Uma ata tem um número próprio que a abre e deve seguir a seguinte
estrutura:
• introdução — onde se deve indicar a data de realização da reunião, o
local e a hora, quem presidiu à reunião, o número de pessoas que
estiveram presentes e a identificação das que faltaram e ainda a ordem
de trabalhos a tratar.
• desenvolvimento — onde são referidos os assuntos tratados, as várias
intervenções das pessoas presentes, as decisões que foram tomadas,
bem como os resultados de uma votação, se for realizada.
• encerramento — onde se termina a ata com uma fórmula própria que
indique o encerramento da reunião por não haver mais nenhum assunto
a tratar, a que se segue a assinatura do presidente da reunião e do
secretário que lavrou a ata.
Quando tiveres de assinar uma ata, não o faças sem ler ou ouvir ler o
que nela foi escrito. Uma ata é sempre um documento de grande
responsabilidade.
A paragem em Melinde...
Tal como os deuses tinham decidido em Consílio, a armada
portuguesa encontra um lugar para descansar (Canto II, estrofe 73), na
costa africana, em Melinde, onde os navegadores são muito bem
acolhidos por toda a gente, em especial pelo rei que já tinha
conhecimento da fama dos portugueses. O rei revela a Vasco da Gama a
sua vontade de conhecer melhor o povo lusíada e pede que este lhe
conte tudo sobre a sua pátria (Canto II, estrofes 109 a 113).
É por isso que o Canto III abre com uma nova invocação, desta vez a
Calíope, musa da epopeia e da eloquência, a quem o Poeta pede que o
ensine a narrar com exatidão aquilo que Vasco da Gama contou ao rei
de Melinde.
A partir da terceira estrofe deste canto, há uma mudança de narrador
da ação, pois deixa de ser o Poeta, narrador não participante, para ser
Vasco da Gama, um narrador autodiegético. Vasco da Gama revela nas
suas palavras o prazer que tem em contar ao rei a história do seu povo:
"Mandas-me, ó Rei, que conte declarando/De minha gente a grão
genealogia;/Não me mandas contar estranha história,/Mas mandas-me
louvar dos meus a glória." Vasco da Gama torna-se narrador, aquele que
conta, e o rei de Melinde, narratário, aquele a quem a história é narrada.
E é assim que Vasco da Gama inicia a narração da História de
Portugal, através de uma longa analepse, desde a fundação da
nacionalidade até ao momento da viagem, dando-se lugar na ação a um
outro plano diferente do da viagem e da mitologia, o plano da história.