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O diário de Anne Frank

Anne Frank foi uma jovem de família judia que ficou


internacionalmente conhecida por registar o seu confinamento num diário
pessoal, que, posteriormente, recebeu o título: Diário de Anne Frank. Anne
ficou confinada com sua família e outras quatro pessoas num prédio de
Amsterdão. Foi capturada e enviada para campos de concentração
nazistas, onde faleceu.

Nascimento
Annelies Marie Frank nasceu no dia 12 de junho de 1929, em
Frankfurt, na Alemanha. Ela pertencia a uma família de judeus que
estavam estabelecidos na Alemanha há muitas gerações e que tinham
abandonado diversas práticas da religião, convivendo tanto com judeus
quanto com não judeus.

Anne Frank e sua família passaram dois anos em um esconderijo para fugir do Holocausto promovido
pelos nazistas.[1]
O seu pai chamava-se Otto Frank e sustentava a sua família com
pequenos negócios. A sua mãe chamava-se Edith Holländer-Frank, e do
casamento de Edith e Otto nasceram duas filhas: Margot, em 1926, e
Anne, em 1929.

Antissemitismo

Anne Frank nasceu num cenário de grande hostilidade aos judeus.


Em 1929, os nazistas já eram um partido em ascensão na Alemanha, e,
em 1933, Hitler foi nomeado chanceler do país. A chegada dos nazistas
ao poder automaticamente deu início a medidas antissemitas. Com a
segregação em evidência, a família de Anne Frank decidiu abandonar a
Alemanha.
Edith e suas duas filhas mudaram-se para Aachen, cidade onde a avó
materna morava, e Otto se mudou para Amsterdão, nos Países Baixos. Lá
ele deu início a uma filial de uma empresa que comercializava pectina,
produto utilizado na fabricação de geleias. A empresa chamava-se
Opekta.

Com o novo emprego, Anne e sua família estabeleceram-se em


Amsterdão, sendo que a filha mais nova foi a última a mudar-se para lá,
em fevereiro de 1934.
Em Amsterdão, Anne Frank teve de se habituar ao novo idioma
(holandês) e foi matriculada numa escola judaica. A partir de 1938, Otto
Frank iniciou uma segunda companhia no mesmo país, sendo essa uma
companhia que não só comercializava produtos para geleias, mas também
produtos para fabricação de salsichas. A vida estável que a família Frank
tinha mudou com o início da Segunda Guerra Mundial.
Anexo secreto

Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polónia, e esse


ato deu início à Segunda Guerra Mundial. Logo, o conflito alcançou os
Países Baixos, e, no 10 de maio de 1940, o país foi invadido. O governo
holandês foi para o exílio, e o exército holandês rendeu-se cinco dias
depois. Mais uma vez, a família de Anne Frank estava sob domínio nazista.
Rapidamente os nazistas implantaram as medidas antissemitas nos
Países Baixos. Uma mudança significativa foi que Otto precisou abrir mão
de seu cargo, pois os nazistas não permitiam que judeus dirigissem
negócios. Essa foi uma de diversas restrições impostas aos judeus no
país. Entre outras medidas estavam, por exemplo, o uso obrigatório de
uma estrela de Davi na roupa, como forma de identificação, a proibição de
práticas de desportos, a imposição de um toque de recolher etc.
A família de Anne Frank decidiu que precisava de fugir novamente.
A primeira alternativa eram os Estados Unidos, mas o visto nunca foi
autorizado pela embaixada norte-americana. A situação agravava-se por
causa da guerra, uma vez que as fronteiras dos Países Baixos estavam
fechadas.
A saída encontrada por Otto Frank foi esconder a família onde já
estava. Levou-a para um anexo que ficava na Prinsengracht 263,
exatamente onde ele trabalhava. O prédio tinha um anexo que tinha a suas
entradas tapadas. Esse local espalhava-se pelos três andares do prédio.
A família Frank decidiu que a sua mudança ocorreria no final de julho de
1942, mas a convocação de Margot para trabalhar na Alemanha fez com
que todos eles se mudassem em 6 de julho de 1942 para o anexo. A
instalação da família Frank nesse local aconteceu com a ajuda de alguns
dos funcionários da empresa em que Otto trabalhava.
Anne Frank chamou esse esconderijo de Anexo Secreto, e a sua
família permaneceu nesse local por dois anos. Eles não podiam fazer
barulho durante o dia, pois nem todos os funcionários da empresa que
estavam no prédio sabiam que havia judeus escondidos lá. As
informações que eles obtinham vinham de um rádio ou de pessoas que os
auxiliavam.
Além da família Frank, o anexo secreto recebeu a família Van Pels,
formada por Hermann, Auguste e Peter, e também Fritz Pfeffer.

Fachada do prédio onde Anne Frank e mais sete pessoas se esconderam do antissemitismo nazista.

Todo o sofrimento das pessoas escondidas no Anexo Secreto foi


registado pela jovem Anne Frank no seu diário. Ela recebeu esse diário a
12 de junho de 1942, quando completou 13 anos, dando-lhe um
nome, Kitty, e considerando-o uma espécie de amiga imaginária.
O Diário de Anne Frank tornou-se um dos documentos históricos
mais significativos da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. Nele
pôde-se ter uma noção da agonia que aquelas pessoas escondidas
enfrentaram enquanto vítimas do antissemitismo nazista.
Ao longo de sua escrita, Anne Frank registou reflexões sobre seus
sentimentos e sobre a relação com sua família e com os outros presentes
no esconderijo. Ela também escreveu sobre a uma possível vida após a
guerra e fez diversos comentários sobre o conflito.

No seu registo, Anne Frank demonstrou interesse em seguir carreira


como escritora depois da guerra. O diário foi publicado, em 1947, por
decisão de seu pai, em homenagem à sua autora, que, como veremos,
não sobreviveu ao Holocausto. Otto Frank teve acesso ao diário de sua
filha só depois do fim do conflito.
Ele regressou a Amsterdão depois da derrota nazista, e lá uma das
pessoas que auxiliou a sua família durante o período do
esconderijo, Miep Gies, entregou-lhe as anotações de Anne. Gies tinha
resgatado o diário da jovem Anne após o esconderijo ter sido descoberto
pela polícia.

Captura e morte

Dia 4 de agosto de 1944, o Anexo Secreto foi invadido por soldados


da Schutzstaffel e por policiais. Com a invasão, todas as oito pessoas
escondidas foram presas, levadas a interrogatório e, em seguida,
encaminhadas a um campo de concentração na Holanda, o campo de
Westerbork.
Até hoje os historiadores não sabem o que levou a polícia e os
soldados ao prédio em que ficava o esconderijo. Uma das teorias é que o
local tinha sido denunciado por alguém que sabia de sua existência ou por
alguém que desconfiou que nele havia pessoas escondidas.
A outra teoria foi de que o esconderijo tinha
sido descoberto por acaso. Essa versão afirma que a polícia teria ido ao
Prinsengracht 263 para investigar uma denúncia de fraude na distribuição
de cupons de alimentação, mas que, durante a investigação, acabou por
descobrir o esconderijo. Independentemente do que levou os policias ao
local, o fato é que Anne Frank e toda a sua família foram enviadas para
Auschwitz-Birkenau.
Em Auschwitz-Birkenau era realizada a separação das pessoas
para os trabalhos forçados e das que eram encaminhadas diretamente
para a execução nas câmaras de gás. Anne, Edith e Margot foram
separadas de Otto e enviadas para o trabalho escravizado.
As meninas trabalharam exaustivamente, e as más condições
fizeram Margot e Anne apanhar a sarna.
Elas receberam um tratamento médico limitado e os cuidados da
sua mãe, Edith, que lhes dava toda a comida que conseguia.
Em novembro de 1944, Anne e Margot foram enviadas para Bergen-
Belsen, e Edith ficou em Auschwitz, morrendo, pouco tempo depois, de
fraqueza.
Anne e Margot Frank contraíram febre tifoide em Bergen-Belsen,
campo de concentração que estava abarrotado de pessoas. Não se sabe
o dia em que as duas morreram, mas sabe-se que isso ocorreu entre
fevereiro e março de 1945, sendo que Anne morreu um dia depois da sua
irmã. Os corpos das duas foram enterrados em valas comuns.
O único membro da família a sobreviver foi Otto Frank. Todos os
outros membros do Anexo Secreto morreram vítimas do Holocausto.

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