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DADOS DO AUTOR
José Eduardo Agualusa, um dos mais importantes escritores africanos
da última década, nasceu em 1960 na cidade de Huambo, em Angola. É
romancista, contista, poeta e jornalista e divide seu tempo entre Luanda, Lisboa
e viagens ao Brasil. Conhece como ninguém a realidade angolana, a da guerra
e a do pós-guerra, as intermináveis lutas e abusos de poder, a luta diária de um
povo pelos seus direitos básicos, a miséria desse povo enquanto a riqueza do
país está a saque e nas mãos de largas dúzias de governantes corruptos. É esta
realidade que ele nos traz em alguns dos seus livros.
CARACTERÍSTICAS DO AUTOR
José Eduardo Agualusa virou um escritor em moda no Brasil. O visual
de galã de novela e principalmente os romances leves e povoados de aventuras
contribui para o seu sucesso.
Mas, certamente, não é essa a sua maior qualidade. A sua riqueza como
escritor está mesmo no seu jeito de contar as estórias, prenhes de sentidos e de
imagens que faz dele,um dos mais prolíferos escritores da língua portuguesa.
Nos textos de Agualusa as palavras ganham vida. Ora assombram, ora
seduzem, ora surpreendem. Um estilo que nos conquista em cada um dos seus
livros, quer seja romance, conto, novelas ou crônicas. Estilos que, por si só, são
sinônimo de um escritor multifacetado que não se prende nas margens de um
único estilo literário. Os deslocamentos (Brasil, Angola, Portugal) lhe
propiciaram desenvolver um molde peculiar de escrever, que mistura
brasileirismos e a gíria urbana de Luanda de forma enxuta e clara.
A característica mais marcante de sua literatura é a fusão de referências
de países de língua portuguesa, fazendo um entrelaçamento cultural
coerente com a idéia da lusofonia,a união dos povos através da língua em
comum.
O Vendedor de Passados
Contextualização da ação
A ação decorre em Luanda durante a Guerra Civil Angolana, um conflito
militar que seprolongou desde 1975 até 2002.
Este confronto surgiu após Angola conseguir a sua independência em
novembro de 1975,deixando de ser uma colónia de Portugal. Antes disso, na
década de 1960, um movimento anticolonial tinha-se manifestado no território
angolano, sendo composto por três grandes grupos: MPLA, FNLA e UNITA.
Partilhavam o mesmo objetivo, a independência de Angola. Contudo, quando tal
sucedeu, dois desses movimentos de libertação (MPLA e UNITA) entraram numa
luta pelo poder entre si, surgindo, assim, a Guerra Civil.
Personagens
Félix Ventura
Félix Ventura é um homem albino, residente em Luanda, que ganha a vida a
criar passados nobres a quem os deseja. Abandonado pelos progenitores
em bebé devido à sua condição, foi encontrado por um alfarrabista
(comprador e vendedor de livros usados) que o criou. Sendo dominado pela
solidão a nível pessoal, acaba por se refugiar totalmente no seu trabalho.
Contudo, conhece uma mulher que o fascina, Ângela Lúcia, por quem
eventualmente se apaixona.
Eulálio
Eulálio é o nome da osga (lagartixa) que habita a casa de Félix Ventura. Em
tempos, a lagartixa teria sido um ser humano, reconhecendo-se ainda em si
algumas características da sua forma anterior, nomeadamente o riso, que
permite que a sua presença seja frequentemente notada. Toda a história é
narrada por ela, surgindo dois planos narrativos que correspondem à sua
visão enquanto animal e à que possuía enquanto homem.
José Buchmann
Anteriormente conhecido como Pedro Gouveia, José Buchmann é um homem
estrangeiro que recorre a Félix Ventura para que este lhe idealize um
passado, bem como uma nova identidade pela qual está desesperado
(nascendo assim José Buchmann). Adotando esta nova vida, assume-se como
um fotógrafo profissional, natural de Chibia, que reside de momento em
Luanda. É através de Félix que Buchmann irá reencontrar a sua filha, Ângela
Lúcia, bem como o homem responsável pelo assassinato da sua mulher,
Edmundo Baratados Reis.
Ângela Lúcia
Ângela Lúcia é uma mulher que Félix Ventura conhece e pela qual fica
enamorado, sendocorrespondido. É caracterizada pela esperança que tenta
transmitir a todos os que a rodeiam, algo que se reflete no seu trabalho
enquanto fotógrafa, visto que tenta apenas captar locais e momentos que
reflitam positividade, mantendo-se afastada da atmosfera caótica que
domina Luanda após os efeitos trágicos da guerra. É filha de José
Buchmann,algo que apenas descobre quando se vê reunida com este e com
Edmundo Barata dos Reis, assassino de sua mãe, em casa de Félix.
Enredo
A obra termina com José Buchmann e Félix Ventura a conversar sobre Ângela
Lúcia algum tempo depois da morte do mendigo, encontrando-se a jovem a
viajar pelo mundo, fugindo de todo o mal que acontecera, mandando-lhes
fotografias para os relembrar de que, apesar disso, nunca os esquecera.
A relação da osga (Eulálio) com a sua casa é visceral. A osga percebe sua
respiração, penetra-a em busca do útero “O corredor é um túnel fundo, úmido e
escuro, que permite oacesso ao quarto de dormir…”
Felix está muito bem nessa empreitada, leva uma vida razoavelmente
confortável.
José Buchmann procura o seu passado e, à medida que vai sendo criado por Félix
Ventura,o encontro com algumas situações surpreendem com a possibilidade da
coincidência com o absurdo.
A lucidez da osga é admirável: A única coisa que em mim não muda é o meu
passado: a memória do meu passado humano. O passado costuma ser estável.
Está sempre lá, belo ou terrível, e lá ficará para sempre.
Fonte: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_vendedor_de_passados/
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA
METALINGUAGEM
No livro também surge um tema caro à literatura universal: a meta-
literatura. Por exemplo,contar a história de um escritor. Meta-literatura um
tanto alterada em O Vendedor de Passados, porém presente. O ofício de
criar histórias e personagens de Félix Ventura para seus clientes é em
muito similar ao de um escritor.
A mãe de Eulálio aparece em seus sonhos (memórias da vida humana), fala
sobre a realidade e o sonho e aconselha: Nos livros está tudo o que existe,
muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo que
realmente existe. Entre a vida e os livros, meu filho, escolha os livros.
TEMA DA IDENTIDADE
A necessidade de uma nova identidade manifesta-se desde o início do livro,
sendo que o trabalho de Félix Ventura auxilia exatamente aqueles que procuram
uma genealogia diferente da que possuíam na realidade, ansiando por
ancestrais fictícios que possam ser associados ao presente ilustre que
vivem. Esta vontade e urgência de colmatar as falhas do passado resulta numa
crítica social onde são condenados os pertencentes à alta burguesia por
desejarem aparentar ter vindo de uma família nobre à qual não pertencem
verdadeiramente.
No entanto, no caso de José Buchamnn, o seu pedido a Félix foi feito com o
propósito de tentar ultrapassar acontecimentos que o atormentavam. Buchamnn
sentiu-se nanecessidade de começar a incorporar a nova identidade que lhe
foi idealizada, transformando-se, ao longo do tempo, nessa nova pessoa.
Assim, apagou da sua memóriaas recordações do sofrimento que viveu quando
assassinaram a sua mulher e maltratarama sua filha, adaptando-se à sua nova
realidade.
ADAPTAÇÕES
O Vendedor de Passados inspirou um filme com o mesmo nome, produzido no
Brasil. Lançado em 2015, foi dirigido por Lula Buarque e protagonizado
por Alinne Moraes e Lázaro Ramos.
PRÉMIOS
A AFIRMAÇÃO CRIOULA
Se existe uma palavra que possa caracterizar a obra e a personalidade de José
Eduardo Agualusa, essa palavra é sem dúvida a palavra crioulo: crioulo é, para
Agualusa, uma afirmação de raízes que contém em si todo um projeto de
futuro, de possibilidade de afirmação de valores culturais angolanos e das
culturas africanas e colonizadas em geral. Um valor, não da afirmação da
negritude, mas da miscigenação, não apenas rácica, mas, sobretudo,
cultural.
INTERTEXTOS
O autor, por ter morado no Brasil decora sua história com fontes de
citações, intertextos e afins extraídos de autores e compositores
brasileiros, portugueses e angolanos . Sua compreensão e literatura
conseguem passear de maneira extremamente eficaz pelos mais diversos
elementos formadores dessas culturas.
Trechos do livro
Félix Ventura estuda os jornais enquanto janta, folheia-os atentamente, e se
algum artigo lhe interessa assinala-o a tinta lilás com uma caneta. Termina de
comer e então recorta-o com cuidado e guarda-o num arquivo. Numa das
prateleiras da biblioteca há dezenas destes arquivos. Numa outra dormem
centenas de cassetes de vídeo. Félix gosta de gravar noticiários, acontecimentos
políticos importantes, tudo o que lhe possa ser útil um dia. As cassetes estão
ordenadas por ordem alfabética, segundo o nome da personalidade ou do
acontecimento a que se referem. O jantar dele resume-se a uma tigela de caldo
verde, especialidade da Velha Esperança, a um chá de menta, a uma grossa
fatia de papaia, temperada com limão e uma gota de vinho do porto. No quarto,
antes de se deitar, veste o pijama com tal formalidade que eu fico sempre à
espera de o ver atar ao pescoço uma gravata escura. Esta noite o estrídulo da
campainha interrompeu-lhe a sopa. Isso irritou-o. Dobrou o jornal, levantou-se
com esforço e foi abrir a porta. Vi entrar um homem alto, distinto, nariz adunco,
as maçãs do rosto salientes, bigode farto, curvo e lustroso, como não se usa há
mais de um século. Os olhos, pequenos e brilhantes, pareciam apoderar-se de
todas as coisas. Vestia um fato azul, de corte antiquado, que no entanto lhe
ficava bem, e segurava na mão esquerda uma pasta em cabedal. A sala ficou
mais escura. Foi como se a noite, ou alguma coisa ainda mais enlutada do que
a noite, tivesse entrado juntamente com ele. Mostrou um cartão de
visitas. Leu alto:
“Félix Ventura. Assegure aos seus filhos um passado melhor”. Riu-se. Um riso
triste, mas simpático: “É o senhor, presumo? Um amigo deu-me este cartão.”
Não consegui pelo sotaque adivinhar-lhe a origem. O homem falava docemente,
com uma soma de pronúncias diversas, uma sutil aspereza eslava, temperada
pelo suave mel do português do Brasil. Félix Ventura recuou:
“Quem é você?”
O estrangeiro fechou a porta. Passeou pela sala, as mãos cruzadas atrás das
costas, detendo-se um largo momento em frente ao belo retrato a óleo de
Frederick Douglass. Finalmente sentou-se numa das poltronas e com um gesto
elegante convidou o albino a fazer o mesmo. Parecia ser ele o dono da casa.
Amigos comuns, disse, e a voz fez-se ainda mais suave, tinham-lhe indicado
aquele endereço. Haviam-lhe falado num homem que traficava memórias, que
vendia o passado, secretamente, como outros contrabandeiam cocaína.
Também dessa vez não obteve resposta. O estrangeiro pediu licença para fumar.
Tirou do bolso do casaco uma cigarreira de prata, abriu-a, e enrolou um cigarro.
Os seus olhos saltitavam de um lado para o outro, numa atenção distraída, como
uma galinha ciscando entre a poeira. Deixou que o fumo se espalhassee
o cobrisse. Sorriu num inesperado fulgor:
“O trabalho liberta”, murmurou Félix. Disse-o talvez para provocar, para testar a
identidade do intruso, mas se era essa a intenção falhou, pois este limitou-se a
fazer com a cabeça um gesto de assentimento.
“Tive muitos nomes mas quero esquecê-los a todos. Prefiro que seja você
a batizar-me.”
“Não!”, conseguiu dizer. “Isso eu não faço. Fabrico sonhos, não sou um
falsário…Além disso, permita-me a franqueza, seria difícil inventar para o senhor
toda uma genealogia africana.”
Eu, que permanecera o tempo todo no meu lugar habitual, junto à janela,
não consegui evitar uma gargalhada. O estrangeiro ergueu o rosto como se
farejasseo ar. Tenso, alerta:
Ao mesmo tempo sentia que falavam não de mim, mas de um ser alienígena, de
uma vaga e remota anomalia biológica. Os homens ignoram quase tudo sobre
os pequenos seres com os quais partilham o lar.
Nasci nesta casa e criei-me nela. Nunca saí. Ao entardecer encosto o corpo contra o cristal das
janelas e contemplo o céu. Gosto de ver as labaredas altas, as nuvens a galope, e sobre elas os
anjos, legiões deles, sacudindo as fagulhas dos cabelos, agitando as largas asas em chamas. É
um espetáculo sempre idêntico. Todas as tardes, porém, venho até aqui e divirto-me e comovo-
me como se o visse pela primeira vez. A semana passada Félix Ventura chegou mais cedo e
surpreendeu-me a rir enquanto lá fora, no azul revolto, uma nuvem enorme corria em círculos,
como um cão, tentando apagar o fogo que lhe abrasava a cauda.
— Ai, não posso crer! Tu ris?!
Irritou-me o assombro da criatura. Senti medo mas não movi um músculo. [Félix Ventura] tirou
os óculos escuros, guardou-os no bolso interior do casaco, despiu o casaco, lentamente,
melancolicamente, e pendurou-o com cuidado nas costas de uma cadeira. Escolheu um disco de
vinil e colocou-o no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora, a Cigarra,
cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma notoriedade nos anos setenta. Suponho isto
a julgar pela capa do disco. É o desenho de uma mulher em biquíni, negra, bonita, com umas
largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a Cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande
Sucesso do Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido esta a banda sonora
do crepúsculo. Sei a letra de cor. (...)
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004, p. 03.
[adaptado]
2. UEL 2022 - Leia o fragmento a seguir, retirado da obra O vendedor de passados, de José
Eduardo Agualusa, e responda às questões 2 e 3.
Félix conheceu Ângela Lúcia na inauguração de uma mostra de pintura. Creio – mas isto é mera
suposição – que se apaixonou por ela assim que trocaram as primeiras palavras, porque a vida
inteira o preparara para se entregar à primeira mulher que, vendo-o, não recuasse horrorizada.
Quando digo recuar, entendam-me, não é para ser tomado de forma literal. Ao serem
apresentadas a Félix Ventura, há mulheres que recuam realmente, dão um curto passo atrás, ao
mesmo tempo que lhe estendem a mão. A maior parte, porém, recua em espírito, isto é,
estendem-lhe a mão (ou o rosto), dizem “muito prazer”, e a seguir desviam os olhos e lançam
algum comentário frouxo sobre o estado do tempo. Ângela Lúcia estendeu-lhe o rosto, ele
beijou-a, ela beijou-o, e depois disse:
- É a primeira vez que beijo um albino.
Adaptado de. AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. São Paulo: Planeta do Brasil,
2018. p. 131-132.
Sobre o romance, considere as afirmativas a seguir.
I. A passagem “mas isto é mera suposição...” contribui para a verossimilhança do relato, pois o
narrador se restringe ao espaço físico da casa de Félix Ventura, sem acompanhá-lo em todos os
lugares.
II. O trecho “A maior parte, porém, recua em espírito...” explicita que o narrador tem
conhecimento das práticas de discriminação experimentadas pelo protagonista na vida social.
III. No trecho “lançam algum comentário frouxo sobre o estado do tempo.”, o narrador discorre
com ironia, tão comum em outras passagens do romance, sobre a dissimulação humana.
IV. No trecho “É a primeira vez que beijo um albino.”, o narrador compromete a veracidade do
relato, pois ele desconhece se Ângela teve experiências afetivas com outros albinos em sua vida.
3. UEL 2022 - Quanto aos recursos coesivos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. No fragmento “Ao serem apresentadas a Félix Ventura”, fica evidente o sentido condicional
condizente à sequência do que é narrado depois.
II. Em “... dizem ’muito prazer’, e a seguir desviam os olhos”, há na expressão entre aspas um
exemplo de discurso indireto livre.
IV. Ao longo do trecho, as ocorrências dos pronomes “o” e “lhe” fazem referência direta a Félix
Ventura.
Questão 04
Em "O vendedor de passados", entremeada à narração dos fatos, faz-se também uma reflexão
sobre a literatura e a linguagem. Todas as passagens são exemplos dessa reflexão, EXCETO:
a) "- Ainda tremo de cada vez que ouço alguém dizer edredom, um galicismo hediondo,
em vez de frouxel, que a mim me parece, e estou certo que você concordará, palavra
muito bela e muito nobre. Mas já me conformei com sutiã. Estrofião tem uma outra
dignidade histórica."
b) "Um nome pode parecer uma condenação. Alguns arrastam o nomeado, como as águas
lamacentas de um rio após as grandes chuvadas, e, por mais que este resista, impõem-lhe
um destino. Outros, pelo contrário, escondem, iludem. A maioria, evidentemente, não tem
poder algum."
c) "Existem pessoas que revelam, desde muito cedo, um enorme talento para a desventura. A
infelicidade atinge-os como uma pedrada, dia sim, dia não, e eles recebem-na com um suspiro
conformado. Outras há, pelo contrário, com uma estranha propensão para a felicidade."
d) "A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho. Nos livros está
tudo o que existe, muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo o
que realmente existe."
Questão 05
Sobre os personagens de "O vendedor de passados", é CORRETO afirmar:
a) José Buchman é a identidade criada por Félix Boaventura para o estrangeiro que a ele recorre
na tentativa de obter um outro passado e que vai, ao longo da trama, encarná-la cada vez com
maior realismo.
b) Félix Boaventura figura, na trama ficcional do romance, como filho do célebre escritor
português Eça de Queirós, autor de "A relíquia", e é isso que justifica seu talento nato para a
criação de genealogias falsas.
c) A personagem de Eulálio constrói-se como um duplo especular de Félix Boaventura, porém
com traços invertidos, atuando como seu antagonista na trama.
d) Ângela Lúcia, além de ser a amante de Eulálio, é quem comete o assassinato de José Buchman,
após descobrir que ele era seu verdadeiro pai.
Questão 06
"... o que me interessa é um pouco exercitar o absurdo", afirma José Eduardo Agualusa
sobre sua produção literária.
Em "O vendedor de passados", esse "exercício do absurdo" só NÃO propicia:
a) uma denúncia quanto à história e ao cenário político de Angola.
b) uma crítica às concepções religiosas que negam a possibilidade de reencarnação.
c) uma discussão acerca dos limites entre o real e o imaginário.
d) uma problematização da narrativa histórica enquanto detentora da verdade dos fatos.
Questão 07
Através dos sonhos de Eulálio, NÂO se pode afirmar que o narrador
A) revela ao leitor sua antiga forma humana.
B) promove diálogos com Félix Ventura.
C) promove questionamentos do que é realidade.
D) esclarece o leitor sobre questões relativas à religiosidade angolana.
Questão 08
Sobre o romance "O vendedor de passados", de José Eduardo Agualusa, é INCORRETO
afirmar que:
a) intercala cenas de sonho e realidade.
b) faz referência a elementos culturais do Brasil.
c) assume, em determinado ponto, a configuração de outro gênero textual.
d) apresenta os fatos sob uma mesma e única perspectiva.
GABARITO
1–C
2–D
3–C
4–C
5–A
6–B
7–D
8–D